Por mais de 40 anos, o apartheid (“separação”, em africâner) submeteu a população negra da África do Sul a opressões e violências sistemáticas. O regime, que durou entre 1948 e 1993, deixou grandes marcas na história do país e se tornou um exemplo mundial da institucionalização do racismo.
Em 1993, durante um discurso, Nelson Mandela relembrou que, apesar das negociações, “para as pessoas negras e comuns deste país, o apartheid está vivo e muito bem”. Para comemorar o centenário do nascimento do líder político, principal símbolo da luta contra a segregação, separamos algumas fotos que mostram os horrores deste episódio tão recente da história ocidental.
Crianças brincam em um dos distritos nos arredores da cidade de Joanesburgo. A população negra era obrigada por lei a morar em territórios segregados, longe das cidades brancas – os chamados bantusões. As pessoas eram removidas à força de suas casas e realocadas para estas áreas.
A Faixa Negra foi uma organização não violenta constituída por mulheres brancas que eram contra o apartheid. Elas ficavam paradas, em silêncio, em locais públicos das cidades sul-africanas, esbanjando cartazes com palavras de ordem. Além disso, elas ofereciam assistência jurídica para a população negra. A organização está em atividade até hoje, monitorando questões relacionadas aos direitos humanos.
Sul-africanos não brancos eram obrigados a carregar documento de identidade específico quando estivessem em determinadas áreas ou fora de suas terras natais. No documento para negros, constavam nome, foto e tribo. Em alguns documentos, a linha que indica cidadania aparece em branco. Conforme o Museu do Apartheid, a ausência indicava que os negros não faziam parte da nação.
Em 21 de março de 1960, a polícia matou mais de 60 manifestantes negros durante o que ficou conhecido como o Massacre de Sharpeville. Exatos 25 anos depois, outras 20 pessoas são mortas em um novo massacre, na estrada entre as cidades de Uitenhage e Langa.
O sul-africano Ernest Cole (1940-1990) foi um dos primeiros fotojornalistas a expor ao mundo a vida sob o regime de Apartheid. A visibilidade do trabalho de Cole e repressão do regime o levou à prisão em 1966. Em seguida foi exilado – viveu entre a Suécia e os Estados Unidos. Morou nas ruas e nas estações de metrô de Nova York até morrer de câncer aos 49 anos, uma semana depois de Nelson Mandela ser libertado da prisão.
O calor é visível no rosto deste estudante negro, que, como seus colegas, conviviam em condições precárias de ensino
Homens negros algemados por estarem em área destinada a brancos (Foto: Ernest Cole/The Ernest Cole Family Trust)
Na foto, mineiros negros forçados a se realocarem para centros urbanos, principalmente para Joanesburgo, após a terra deles ter sido tomada pelo regime de Apartheid. São postos nus como parte de um procedimento de inspeção física para o trabalho subterrâneo em minas.
Uma corda divide a arquibancada entre brancos e negros em uma possível apresentação de dança
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