O cérebro é o órgão que controla todo o funcionamento do organismo, suas ações, emoções, pensamentos. Cada região é responsável por diferentes funções, que se interligam por meio de sinapses, uma verdadeira rede de comunicação entre neurônios de todo órgão. Alterações nesta rede podem causar diversas condições neurológicas como síndrome de Parkinson, enxaqueca e também condições psiquiátricas, como a depressão. Em 1985, foi introduzida uma nova técnica de uso diagnóstico e terapêutico para o tratamento dessas condições. A estimulação magnética transcraniana (EMT) é uma ferramenta não-invasiva que utiliza campos magnéticos para estimular as regiões do cérebro por meio de indução eletromagnética.
Para discutir sobre o uso clínico desta técnica, nesta terça-feira, 17, às 19h30, o Auditório do Centro de Biologia da Reprodução (CBR) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebe o engenheiro e biomédico Matthias Kienle, de Dusseldorf, na Alemanha. O convidado realizará uma demonstração prática do sistema de estimulação magnética transcraniana durante sua apresentação, intitulada “Estimulação magnética transcraniana: fundamentos e aplicações clínicas”. Kienle analisa a EMT no grupo dinamarquês MagVenture — fazendo treinamentos de como manusear os equipamentos e a aplicação clínica da técnica –, e compartilhará esse conhecimento durante sua visita à UFJF.
Como funciona a EMT?
A neuromodulação, por meio da estimulação magnética transcraniana, funciona através da aplicação de pulsos elétricos externos, com objetivo de reorganizar o sistema neuronal. É uma técnica não-invasiva, utilizada em conjunto com a medicamentação farmacológica para tratamento de condições neurológicas e psiquiátricas. Marcelo Quesado explica que “a neuromodulação não-invasiva é feita através de aparelhos que ficam externos ao organismo. Os pulsos são aplicados em sessões, o médico faz um planejamento com a quantidade de estímulos que o paciente tem que receber de acordo com a condição de cada um.”
Abrindo caminhos para aplicações futuras
A palestra foi uma iniciativa do neurocirurgião e pesquisador do CBR, Marcelo Quesado, e da professora Martha Guerra, do Programa de Pós-Graduação em Saúde da UFJF. A ideia surgiu da ampliação da gama de pesquisas do CBR com a nova linha sobre neuromodulação promovida por Quesado, além do vínculo entre ele e pesquisadores da área. “Foi um alinhamento de objetivos, devido ao fato da UFJF ter este foco de divulgar a inovação científica e tecnológica”, esclarece o pesquisador.
O evento tem como público-alvo psiquiatras, neurologistas, fisioterapeutas, psicólogos, biomédicos, pesquisadores e profissionais que atuam na área. “O objetivo é divulgar o conhecimento com pessoas que possam vislumbrar aplicações da técnica”, explica Quesado. O pesquisador acredita que ao abrir esse espaço para a discussão de novas linhas de pesquisa, a UFJF possibilita a futura integração de inovações científicas na universidade, implantando essas técnicas Hospital Universitário, por exemplo. “É um mundo — a partir do momento que você abre uma porta, você abre inúmeras outras possibilidades”, acrescenta Quesado.