A identificação e a análise dos fatores que podem fazer com que as mulheres fiquem em desvantagem com relação aos homens no mercado de trabalho motivaram a acadêmica Débora Chaves Meireles a desenvolver sua tese de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Economia, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A pesquisa foi realizada a partir de três ensaios independentes que abrangem um conjunto de evidências relacionadas à desproporção do número de mulheres em relação aos homens dentro de empresas.
Débora revela que o interesse pelo tema surgiu ao perceber que, apesar do aumento da participação feminina na força de trabalho em diversos países, não houve uma transformação em relação às desigualdades salariais entre os dois sexos e nem aumento de oportunidades de empregos. “Mesmo que o hiato por gênero no acesso à educação, às universidades, ao trabalho tenha diminuído e que a disparidade de rendimentos se encontrasse baixa em todas essas dimensões, ainda assim encontra-se a persistência de diferenciais de inserção no mercado de trabalho.” Dessa forma, a pesquisadora observou alguns dos canais que tenham impacto sobre essa desigualdade, como a licença-maternidade e a discriminação contra mulheres.
Para compreender e realizar um diagnóstico sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro, bem como detectar os fatores que contribuem para essa desigualdade, a acadêmica realizou uma série de ações. Assim, ao longo do trabalho executou uma modelagem empírica assumindo técnicas de microeconometria aplicada aos dados longitudinais a partir de microdados da Rais do MTE (Relação anual de informações sociais do Ministério do Trabalho e do Emprego).
No primeiro capítulo, Débora apresentou as evidências empíricas mais recentes sobre os diferenciais de inserção no mercado, além de mostrar as principais teorias sobre esse cenário. Já no segundo, analisou o impacto do aumento da licença-maternidade, a partir do Programa Empresa Cidadã (PEC), sobre as contratações e salários nas empresas entre 2006 e 2013. O terceiro, por fim, constitui-se de um teste para conferir se os dados brasileiros corroboram com as previsões teóricas de discriminação contra as mulheres que são: o fato de as empresas que fazem o menor uso relativo de mulheres em relação aos homens possuírem menores lucros e terem maior probabilidade de saírem do mercado de trabalho.
A acadêmica destaca que o trabalho adquire grande importância pois, a partir de seus resultados, possibilita identificar os principais efeitos da licença-maternidade e do preconceito contra as mulheres sobre o processo de inserção das mulheres no mercado de trabalho. “Identificamos que as empresas da indústria extrativa e de transformação que fazem um menor uso relativo de mulheres auferem lucros menores, principalmente as com um elevado market-share, isto é, maior poder de mercado. Não há indicativo de que as empresas com poder de mercado e que fazem menor uso relativo de mulheres terão maior probabilidade de sair do mercado.”
O professor orientador Ricardo da Silva Freguglia defende que a tese de Débora é relevante por analisar os aspectos históricos e sociais que influenciaram a desigualdade de gênero no mercado de trabalho existente nos dias de hoje, além de contribuir para sua possível extinção. “A tese da Débora contribui socialmente ao analisar os impactos da ampliação da licença maternidade nos salários de contratação das empresas e também no número de contratados, além de expor como uma maior contratação de mulheres pelas empresas pode influenciar o lucro dessas firmas e o rendimento dos trabalhadores.”
Contatos:
Débora Chaves Meireles (mestranda):
deborameireles_88@yahoo.com.br
Ricardo da Silva Freguglia (orientador- UFJF):
ricardo.freguglia@ufjf.edu.br
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Ricardo da Silva Freguglia – (orientador- UFJF)
Prof. Dr. Carlos Henrique Leite Courseuil – ( co-orientador- IPEA)
Profa. Dra. Flávia Lúcia Chein Feres – (UFJF)
Prof. Dr. Marcel de Toledo Vieira – (UFJF)
Profa. Dra. Cecília Machado – (EPGE/FGV)
Prof. Dr. Miguel Foguel – (IPEA)
Outras informações: (32) 2102-3543- Programa de Pós-Graduação em Economia