Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 01/06/2018

Link: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/apos-fim-da-paralisacao-dos-caminhoneiros-servicos-voltarao-ao-normal-na-segunda-feira-na-zona-da-mata-e-campo-das-vertentes.ghtml

Título: Após fim da paralisação dos caminhoneiros, serviços voltarão ao normal na segunda-feira na Zona da Mata e Campo das Vertentes

As prefeituras de Juiz de Fora, Barbacena e de Rio Pomba, além da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) , do Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais (IF Sudetste MG) e a empresa responsável pelo transporte urbano em Muriaé anunciaram a normalização das atividades na próxima segunda-feira (4).

Em Juiz de Fora, o comitê de gerenciamento da crise divulgou a revogação do decreto de situação de emergência a partir deste sábado (2).

Os municípios registraram impactos por causa da paralisação de dez dias dos caminhoneiros. O protesto nas rodovias da Zona da Mata e Campo das Vertentes foi encerrado na quarta (30). Algumas decretaram ponto facultativo nesta sexta (1º) após o feriado de Corpus Christi na última quinta (31) como forma de minimizar reflexos. Filas foram registradas após comboios abastecerem postos com combustíveis e gás de cozinha e os serviços essenciais tiveram prioridade.

Na região ainda estão em situação de emergência em virtude do desabastecimento as cidades de São João del Rei, Leopoldina, Viçosa, Muriaé, Ubá, São João Nepomuceno e Recreio.

Decretos

A revogação do decreto de situação de emergência foi decidida na reunião do comitê de gerenciamento de crise da PJF na tarde desta sexta (1º). A revogação será publicada no Diário Oficial Eletrônico do Município (Atos do Governo) com vigente a partir de 0h de sábado (2).

A venda de combustível acima de 20 litros e a comercialização de gás de cozinha acima de uma unidade por residência volta a ser permitida nos postos a partir de sábado.

De acordo com a Prefeitura, três comboios com quase 150 carretas para reabastecimento foram realizados com o apoio das forças de segurança realizando escoltas, com destino a Betim (MG) e Duque de Caxias (RJ).

Educação

Em Juiz de Fora, expediente da administração municipal também retorna ao horário normal na segunda (4), das 8h às 18h,

A rede municipal e creches reabrem em Juiz de Fora, em Barbacena. Em Rio Pomba, também volta a ser oferecido o transporte escolar municipal.

A Administração Superior da UFJF confirmou que retoma na segunda (4) as aulas, o atendimento nos setores administrativos e bibliotecas. As unidades do Restaurante Universitário (RU) voltam a servir o cardápio tradicional. Os ônibus para funcionários, RU e circular terão aos horários habituais.

O IF Sudeste MG explicou que as aulas e as atividades administrativas estarão regularizadas a partir de segunda.

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) também comunicou que vai teromar as rotinas administrativas na segunda. As aulas, no entanto, vão reiniciar no dia seguinte. O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) se reunirá também na terça-feira para discussão do calendário escolar, tendo em vista o período de recesso acadêmico realizado nos dias 28, 29 e 30 de maio, e 04 de junho.

Transporte Urbano

Em Juiz de Fora, o transporte coletivo urbano retorna à rotina normal no sábado, com os horários habituais para este dia. A partir de segunda-feira, a informação é de que 100% dos ônibus estarão circulando.

Em Muriaé, a Viação União enviou nota comunicando que as linhas de ônibus voltam a circular normalmente a partir de segunda, após a adoção de medidas para comprometer o mínimo possível a rotina dos usuários.

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Veículo: Hoje em Dia

Editoria: Primeiro Plano

Data: 01/06/2018

Link: http://hojeemdia.com.br/primeiro-plano/volunt%C3%A1rios-s%C3%A3o-aliados-no-combate-ao-desvio-de-dinheiro-p%C3%BAblico-1.626185

Título: Voluntários são aliados no combate ao desvio de dinheiro público

Em meio aos crescentes escândalos de corrupção em todos os níveis de governo, a população começa a se unir em várias regiões de Minas, em entidades apartidárias e sem fins lucrativos, para tentar dar um basta nesses crimes e garantir o acompanhamento e fiscalização não só das prefeituras e das câmaras municipais, mas de todos os órgãos da administração direta e indireta.

Em Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a resposta da comunidade ao escândalo de desvios de recursos da Câmara Municipal, em 2014, veio com a instalação do Observatório Social Sete Lagoas (OS Sete Lagoas), no ano passado. A entidade é ligada ao Observatório Social do Brasil (OS Brasil), com sede no Paraná.

O resultado do trabalho feito pelo OS Sete Lagoas entre janeiro e abril deste ano rendeu um extenso relatório que, entre outros ganhos, resultou em uma economia de R$ 7,78 milhões para o município (71% dos recursos destinados) em processos licitatórios que foram analisados pelos voluntários da entidade. Trechos do documento foram, inclusive, divulgados em dez outdoors espalhados pela cidade.

O vice-presidente do OS Sete Lagoas e empresário do segmento de transporte de cargas, José Roberto da Silva, afirma que movimento foi fruto da indignação da comunidade. “A destinação e o uso dos recursos públicos interessa a toda a população porque esse dinheiro é de todos nós”, enfatizou.

Atualmente, a equipe do OS Sete Lagoas é composta por uma funcionária, cinco estagiários, 20 voluntários e 40 associados, que fazem contribuições entre R$ 15 a R$ 100. Há, ainda, um grupo de empresários que também apoia financeiramente a entidade com R$ 100 mensais.

Para o prefeito da cidade, Leone Maciel (PMDB), a administração pública ganha muito com o trabalho do OS Sete Lagoas. “Na minha administração, as portas estarão sempre abertas para a fiscalização apartidária, que visa a aplicação dos recursos de forma correta. Qualquer prefeito vai governar com mais tranquilidade sabendo que, além da fiscalização interna, as ações do Núcleo de Licitações e Compras são monitoradas para que não ocorram erros ou desvios”, ressaltou.

O presidente da Câmara Municipal de Sete Lagoas, vereador Cláudio Nacif “Caramelo” (PRB), disse que o OS Sete Lagoas é um grande aliado para ajudar a Casa a desenvolver um trabalho social na cidade. “Este foi o primeiro relatório, mas é preciso avançar para garantir a liberdade da fiscalização e de trabalho do vereador”, afirmou.

Em relação à Câmara Municipal, constam também do relatório elaborado pelo grupo as informações sobre presença, desempenho e gastos dos vereadores do município.

Federaminas quer ampliar unidades do OS do Brasil no Estado

Em dois meses, Belo Horizonte ganhará também uma filial do OS do Brasil. O projeto é fruto da união de diversas entidades que representam o setor produtivo estadual, sob a coordenação da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas).

O presidente da entidade, Emílio Parolini, adianta que a meta é chegar a 60 unidades do OS até dezembro de 2019, em todo o Estado. Hoje, existe apenas a de Sete Lagoas em atividade em Minas Gerais, com cases de sucesso nacional.

“Na situação crítica em que se encontra o Brasil, o cidadão precisa participar da política. O diferencial desse projeto é que já existe uma metodologia do trabalho desenvolvida e testada para direcionar o trabalho”, destacou.

Controle

Segundo o cientista político e professor do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Paulo Roberto Figueira Leal, a sociedade tem constatado que a má atuação dos políticos vem acompanhada de um distanciamento das demandas da comunidade. “A resposta do povo tem sido um controle maior sobre a gestão municipal”, afirmou.

Com acesso a informações confiáveis, os critérios de avaliação da população tendem a mudar, principalmente na hora de escolher candidatos. “Não há solução para os problemas políticos fora da política e o cidadão tem um importante papel a cumprir”, disse.

Mobilização garantiu posto dos bombeiros no Vale do Aço

A mobilização da comunidade em Timóteo, no Vale do Aço, já rendeu a instalação de uma unidade do Corpo de Bombeiros, há cerca de quatro anos. Mas o trabalho de voluntários tem sido intensificado a cada dia no município. Enquanto a Associação dos Amigos de Timóteo (AATIM) tem acompanhado e fiscalizado a aplicação dos recursos públicos, o Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep) trabalha para garantir melhorias na segurança pública para a população.

Um dos voluntários do Consep é o atual secretário de Obras, Serviços Urbanos e Meio Ambiente, Edward Garzon Moreira Cesar. “Estamos unidos para mobilizar, conscientizar e incentivar o espírito de solidariedade para gerar um ambiente de autoproteção”, enfatizou.

Para ele, que atualmente é gestor público do município, a proximidade da sociedade civil é fundamental para garantir o bom uso dos recursos públicos e a transparência da gestão. “Todos nós temos um trabalho a fazer. Não adianta só cobrar de longe”, argumentou.

Em Santa Luzia, movimento acompanhou adensamento urbanístico o município de Santa Luzia, também na Grande BH, o movimento “Sou Luziense” começou nas redes sociais, em 2016, quando a população foi surpreendida pela denúncia de corrupção eleitoral na cidade.

Segundo o advogado Alexandre Augusto Carvalho Gonzaga, a primeira luta do movimento foi pela mudança na legislação urbanística do município. “A comunidade percebeu um adensamento habitacional desordenado. A cidade passou a ser alvo do setor imobiliário por estar no Vetor Norte. Avaliamos como seriam construídos mais empreendimentos sem ampliar os serviços e equipamentos públicos”, comentou.

A partir daí, o grupo, que conta com profissionais de diversas áreas, passou a atuar juntamente com o Legislativo municipal para modificar o projeto de lei sobre regulação urbana.

“Apesar dos avanços alcançados, o processo retrocedeu ao ponto inicial devido a manobras políticas entre o Legislativo e o Executivo”, apontou.

As reuniões do grupo são semanais, sempre às terças-feiras, na sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). Nessas oportunidades, os membros trocam informações que têm sido úteis em outras demandas da comunidade.

“Estamos nos alinhando ao Movimento Fiscal Cidadão. Entendemos que transparência nas informações interessa a todos”, adiantou.

O Hoje em Dia entrou em contato com a prefeitura de Santa Luzia, mas a agenda do atual prefeito e ex-presidente da Câmara Municipal, Sandro Lúcio de Souza Coelho (PSB), estava fechada para entrevistas.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da prefeitura não retornou às ligações até o fechamento desta edição.

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Veículo: G1 Centro Oeste – MG

Editoria: Notícias

Data: 02/06/2018

Link: https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/morre-escritor-divinopolitano-pedro-pires-bessa.ghtml

Título: Morre escritor divinopolitano Pedro Pires Bessa

Morreu, na manhã deste sábado (2) o escritor divinopolitano Pedro Pires Bessa. Integrante da Academia Divinopolitana de Letras, publicou mais de 100 artigos e 20 livros. Segundo a família, ele estava internado há 13 dias em um hospital de Belo Horizonte devido a um câncer.

Há cerca de um mês, o quadro de saúde do escritor ficou bastante delicado. Apaixonado por livros, Pedro Pires Bessa era pós-doutor em Literatura Comparada e foi professor da Fundação Educacional de Divinópolis (Funedi) entre 1994 e 2014, quando ocorreu a estadualização da instituição.

Em nota, a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), antiga Funedi, comunicou com pesar o falecimento do ex-professor, que também lecionou por 30 anos na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e disse se solidarizar com os familiares e amigos do professor.

Por telefone, o presidente da Academia Divinopolitana de Letras, Fernando Teixeira, informou pesar e tristeza com o falecimento do escritor, que integrou a Academia por 20 anos.

O velório do escritor está sendo realizado na Igreja Nossa Senhora da Aparecida, no Bairro Bom Pastor, em Divinópolis. O sepultamento está previsto para este domingo (3), na parte da manhã, em horário ainda a ser definido pela família.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 02/06/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/02-06-2018/arte-reflete-o-caos-e-o-caos-reflete-arte.html

Título: A arte reflete o caos e o caos reflete arte

Ruas desertas. Supermercados vazios. Ausências de combustível e negociações. Ao que o Brasil experimentou na últimas duas semanas muitos adjetivaram como sendo o caos, como uma tradução de eventos que tanto a literatura quanto o cinema, principalmente, representaram e continuam a representar, conformando a filosofia distópica, termo criado pelo britânico Tomás Morus, em 1516, referindo-se ao inverso da utopia. Presentes em produções recentes – sucessos de público, como a série britânica “Black mirror” ou a nacional “3%”, que acaba de estrear sua segunda temporada no Netflix -, os cenários catastróficos não saem de cena. Literalmente. Para a pesquisadora Carolina Dantas de Figueiredo, professora do departamento de comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pensar a distopia contribui para a reflexão do real.

“Desde que a ideia de utopia surge, na idade moderna, ela sempre aparece em momentos de crise. As mais clássicas, ‘1984’ (de George Orwell) e ‘Admirável mundo novo’ (de Aldous Huxley), surgem na reflexão da Segundo Guerra Mundial, num momento em que o mundo estava na iminência da distopia, na beira do abismo. Elas aparecem para que haja a discussão, porque quando nos confrontamos com a ideia do distópico na arte, pensamos se, realmente, é esse o caminho que os sujeitos querem para si e para o mundo”, analisa Carolina, apontando para a popularidade da série juvenil “Jogos vorazes” e para o recém-saído de cartaz dos cinemas “Jogador Nº 1”, filme de Steven Spielberg. “Tem muitas distopias sendo produzidas, seja com caráter político, ambiental ou de gênero, no cinema, na literatura e mesmo nos games. E se tem muita gente trazendo esse tema, é hora de pensarmos sobre o que está acontecendo em nossa sociedade, sobre o que tem de ameaça distópica ao nosso redor. A distopia na arte vem para gerar incômodo, mal-estar e, principalmente, respostas.”

Autor de “A metrópole replicante” (Editora UFJF), o professor do departamento de cinema e fotografia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Alfredo Suppia aponta para o potencial de previsibilidade contido em clássicos como os filmes “Metrópolis” (1927), do austríaco Fritz Lang, e “Blade Runner” (1982), de Ridley Scott. “O universo de ‘Blade Runner’ está nas ruas de São Paulo e Rio, talvez mais presente nas grandes metrópoles de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento do que no mundo mais desenvolvido. Por ser um país de contrastes, como o Brasil, os EUA continuam assombrados pelo fantasma do universo de Blade Runner. A sequência do filme, ‘Blade Runner 2049’, comprova essa longevidade das ideias de P. K. Dick e do filme de Ridley Scott. As ruas continuam sujas e abarrotadas. As diferenças de classe só se acentuaram. A catástrofe ambiental continua escalando. A realidade é cada vez mais esfacelada, substituída por múltiplas formas de simulacro. O trabalho escravo perdura. As megacorporações avançam dominando o planeta”, avalia.

Opressão por toda parte

Onipresentes nas salas de exibições e nas prateleiras das livrarias, obras distópicas despontam como oráculo de tempos críticos, como o resgate de “O conto da aia”, livro escrito pela canadense Margaret Atwood em 1985, considerado um presságio da Era Trump. Décimo título de ficção mais vendido no Brasil, o romance inspirou a série homônima do serviço por streaming Hulu e narra um futuro no qual as pessoas vivem sob um regime de governo totalitarista, num Estado teocrático, onde as mulheres são as preferenciais vítimas de opressão. Nessa corrente, foi reeditado no país o precursor “Nós”, do russo Ievguêni Zamiátin, considerado por especialistas como “a distopia original”, por apresentar uma sociedade na qual o Estado, certo de fazer o bem, exterminou o livre-arbítrio, a individualidade, a imaginação, a liberdade de expressão e o direito à própria vida, com pessoas mecanizadas, como o engenheiro D-503, que começa a revolucionar seu mundo quando desconfia da própria felicidade.

A liberdade, segundo a pesquisadora Carolina Dantas de Figueiredo, funciona como um dado extremamente positivo para sociedades utópicas. “Todas as utopias que tive oportunidade de ler e estudar são plenas de liberdade individual, os sujeitos são livres para fazerem o que quiserem. Principalmente no momento atual do Brasil, em que se discute liberdades individuais, temos a sensação de que é possível fazer tudo e que esse tudo pode afetar o outro negativamente. Justamente aí que entra o sentido de utopia, pois utópica é aquela sociedade que tende à perfeição, em que os sujeitos são dotados de uma grande garantia de direitos, de um nível de consciência bastante avançado, de educação avançada ou sem educação formal, mas com sensação geral de paz e desenvolvimento espiritual, e as pessoas são capazes de exercer a liberdade sem afetar o outro negativamente”, discute, para logo explicar que o inverso faz sentido nas sociedades distópicas. “Todos nós somos sujeitos a algum nível de cerceamento de liberdade, menores ou maiores, seja na vida familiar, ou na escola, ou na profissão. E isso não é distopia. Níveis muito radicais de ausência de liberdade são distópicos, configuram regimes necessariamente opressores, colocando o sujeito em condições catastróficas para si e, como reflexo, para a sociedade.”

De acordo com o pesquisador Alfredo Suppia, a modernidade, e também a pós-modernidade, se alimentaram das ideias utópicas. “Também é verdadeiro afirmar que, muito cedo, essa voragem utópica revelou-se potencialmente negativa. Dentre alguns famosos utopistas, os mais argutos já foram capazes de prever o quanto a fé cega no progresso da modernização poderia levar a realidades pesadelares. Atualmente, acho que a distopia continua cumprindo essa função: a de um exercício intelectual voltado à reflexão sobre futuras catástrofes. Se funcionou e continua funcionando no teatro e na literatura, no cinema a distopia ganha alcance suplementar, por talvez atingir, de forma mais rápida e potente, um maior número de pessoas”, explica, apontando para a capacidade de ampliar discursos que a arte possui, possibilitando referências diversas, perceptíveis ou não no cotidiano, bem como espelhamentos, conscientes ou não, do dia a dia para a tela grande.

“A influência é mútua e ambivalente, ou seja, dá-se nos dois sentidos. Por vivermos numa sociedade do espetáculo, altamente midiática e cercada de telas por todos os lados, o cinema pauta muito da nossa vida – até mesmo daqueles que não costumam ir ao cinema. Este está em nossas casas, mas também em detalhes da vida cotidiana. Quem vai a um barzinho inspirado no filme ‘Casablanca’, por exemplo, está sendo pautado, em alguma medida, pela cultura cinematográfica, mesmo que não o saiba. As novelas de televisão são muito pautadas pelo cinema, e nisso reside outra influência. Nossa maneira atual de ver o mundo é influenciada, em maior ou menor grau, pelo cinema, arte de grande impacto ao longo de todo o século anterior. E, neste caso, nossa maneira de encarar o presente e o futuro é influenciada também, em maior ou menor grau, por filmes como ‘Metropolis’ e ‘Blade Runner’”, reflete o professor da Unicamp, que durante cinco anos pertenceu ao quadro docente do Instituto de Artes e Design da UFJF.

Para Suppia, a refilmagem de “Blade Runner” intitulada “Blade Runner 2049” atesta e atualiza essa influência ao trazer para a contemporaneidade, para cenários palpáveis, o que Ridley Scott parecia prever em 1982. “Sem dúvida, uma infinidade de filmes recentes ou contemporâneos paga tributo ao universo narrativo e plástico de ‘Blade Runner’. Refiro-me a filmes como ‘O quinto elemento’, de Luc Besson; ‘Matrix’, das irmãs Wachowski; e séries como ‘Altered carbon’, da Netflix, entre incontáveis exemplos. Até o presente momento, creio que ‘Metropolis’, em certa medida, mas sobretudo ‘Blade Runner’, continuarão influenciando produções audiovisuais contemporâneas, atuando como modelos de narrativa futurista, design de produção e atmosfera”, aponta.

Chamado constante à superação

Cada novo passo da humanidade, defende Carolina Dantas de Figueiredo, anuncia novas complexidades. “A capacidade de negociação ininterrupta vai mover as múltiplas tramas sociais. Nesse momento de radicalização dos afetos, de discurso de ódio, de dualidade do grupo A versus o grupo B, pensamos as coisas de maneira muito simplista, quando, na verdade, as sociedades, os sujeitos e os processos políticos são muito mais complexos”, pontua, atualizando-se com o cenário social, político e econômico atual: “O exemplo recente da paralisação dos caminhoneiros nos mostra a dimensão da necessidade de negociar em diferentes níveis e também como estamos articulados. Para um caminhoneiro, para um país inteiro. Para a produção de um determinado produto, para todo o país. E, então, percebemos que está todo mundo conectado. Não temos como separar as coisas em nossa sociedade como se pensava antigamente, com a lógica da tese, síntese e antítese, como se cada elemento tivesse clareza. Estamos no meio de uma confusão, e por isso também somos confusos, e não somos capazes de analisar o presente com clareza. A forma de escapar disso é partindo para a reflexão, para a negociação, para a arte e para a pausa.”

Segundo a pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco, a arte carrega consigo a marca de manter-se distante das datações próprias da era tecnológica e sua fluidez. “A literatura é sempre contemporânea. A cada momento que abro um livro, olho para um quadro, escuto um disco, assisto uma série, aquilo é novo, porque vou ressignificar. A gente nunca se banha num mesmo rio, a filosofia vai dizer. As literaturas distópica e utópica, em particular, é feita para ser permanente. As discussões que elas trazem não são sobre o presente. Quando Tomás Morus escreve ‘Utopia’, não estava dizendo apenas daquele momento. Ele não fala sobre o Reino Unido no século XVI. Aquilo é uma metáfora para discutir o ser humano, que não muda em suas questões fundamentais. Se pensarmos a humanidade nos últimos 10.000 anos, muitas das questões fundamentais permanecem, como a liberdade, os direitos, o totalitarismo. As tensões são sempre presentes, mas a cada momento têm nuances novas. ‘1984’, ‘Admirável mundo novo’ e ‘Farenheit 451’, livros que analiso em minha pesquisa, quase não tratam de questões de gênero. Já ‘O conto da aia’, da década de 1980, traz a questão de gênero como fundamental. Se pegarmos distopias mais contemporâneas, veremos questões digitais. A cada nova negociação, a cada tensão social, a cada episteme, problemas que sempre existiram aparecerão para serem rediscutidos e, com sorte, superados”, discute. E conclui: “Que bom que não temos que discutir a escravidão da forma que as distopias antigas discutiam! E espero que as distopias do presente sirvam para que tenhamos um futuro um pouco mais utópico e, por isso, mais leve.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Esportes

Data: 02/06/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/esportes/02-06-2018/tupi-futsal-encara-o-corinthians-para-fazer-historia.html

Título: Tupi Futsal encara o Corinthians para fazer história

Quando entrar na quadra do Ginásio do Parque São Jorge, em São Paulo, nesta segunda-feira (4), às 20h, para enfrentar o Corinthians, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, o time o Tupi Futsal irá mudar de patamar. A equipe, criada há apenas três anos, já está fazendo história no cenário nacional e, pela segunda vez na disputa, irá duelar com uma das principais equipes da modalidade por uma vaga nas quartas de final do torneio nacional.

Isso, graças à classificação sobre o Álvarez Cabral (ES) na primeira fase da competição que reúne 17 equipes de 15 estados diferentes e concede vaga ao campeão na Supercopa, que reúne equipes vencedoras de outros torneios e garante lugar na Copa Libertadores da América da modalidade. Com uma estrutura diferente dos anos anteriores, a equipe de Juiz de Fora conta hoje com um melhor planejamento e com jogadores mais rodados, o que faz o grupo acreditar em vôos mais altos no torneio.

“Cresci na cidade, e a gente tinha equipes de futsal, que eram de alto nível, como o Sport, Bom Pastor e depois a AABB. Durante um bom tempo, o futsal deu uma caída da cidade e agora, com o retorno do Tupi, estamos conseguindo alcançar um lugar bem alto. A expectativa é muito grande. A gente está sob os holofotes, estamos sendo visados e isso é muito bom, não só para nós, jogadores e comissão técnica, mas também para a cidade. Queremos chegar o mais longe possível nessa competição. Para isso, estamos treinando todos os aspectos para chegarmos muito bem para o jogo, pois temos que ter um dia perfeito, para que tudo dê certo”, destaca o pivô juiz-forano Lucão, artilheiro da equipe com 3 gols, marcados nos confrontos contra os Capixabas.

No comando da equipe desde o ano passado, o técnico Henrique Biaggi considera que houve uma melhora significativa do projeto com a adoção de alojamentos para os atletas e treinamento em dois períodos. Mas ele acredita que a equipe ainda precisa de maior apoio financeiro. Por isso, considera que encarar o Corinthians pode representar uma mudança de patamar para o futsal da cidade.

“Os atletas do Corinthians têm dedicação exclusiva ao futsal. Eles jogam a Liga Futsal e a Liga Paulista. Esse ano é a primeira vez que estão na Copa do Brasil, sem contar a experiência que eles têm com jogadores renomados. Sabemos que a estrutura deles é completamente diferente da nossa. Temos as nossas limitações, mas temos condições de vencê-los. A gente sabe o que é o esporte. No futsal tudo pode acontecer. Mas não coloco o meu time como zebra. Coloco um time capaz de vencer uma equipe de ponta do cenário nacional, como é o Corinthians”, acredita o técnico.

“Informante”

Para conseguir pregar uma peça no time do Parque São Jorge, o treinador conta com um informante – o ala Érico, que atuou na equipe paulista no ano passado e agora é uma das principais peças da equipe Carijó. “Não cheguei a jogar no time adulto, mas atuei com vários jogadores que hoje estão na equipe principal do Corinthians. Estamos motivados, principalmente depois da vitória sobre o Álvarez Cabral. Será uma grande experiência, não só para mim mas também para os 14 integrantes do grupo.Vamos enfrentar as lendas do futsal do Corinthians, como Vander Carioca, Guita, Nenem. Isso traz motivação para todo mundo, pois é a chance de mostrarmos o nosso trabalho”, conta.

A maior visibilidade e a consolidação do projeto são apontados como objetivos para o confronto diante do Corinthians pelo presidente da equipe, Rafael Gomes, que espera o ginásio da UFJF lotado para o jogo de volta, marcado para o dia 16 de junho. “Esta partida traz três tipos de retorno: o histórico, pois pela primeira vez classificamos numa competição nacional. O técnico, já que estamos vendo que nosso trabalho está sendo bem feito, e o de imagem para os parceiros e para a torcida, já que estamos divulgando cada vez mais a marca do Tupi Futsal no cenário nacional. Estamos preparados para conseguirmos algo maior”, ressalta.

‘Torcedor ilustre’, Léo Santana manda recado de apoio

“Espero que a população abrace a causa e apoie o time neste jogo histórico contra uma das principais equipes do país. Estou na torcida. Bica Galo!”

Léo Santana, fixo do Barcelona (ESP) e da Seleção Brasileira

Para a partida histórica, os jogadores do Tupi receberam um reforço de peso na torcida: Leo Santana, fixo do Barcelona (ESP) e da Seleção Brasileira de Futsal. O juiz-forano, que já vestiu a camisa carijó, contou que no início de carreira, quando defendia o time da AABB de Juiz de Fora, também enfrentou uma das principais equipes do país. “Enfrentamos o Flamengo, no ginásio do Sport Club de Juiz de Fora e, vencemos. Foi um jogo que me marcou muito, porque sou torcedor do Flamengo. Foi especial, pois o povo fez muita festa depois de vencermos um time da grandeza que é o Flamengo”, conta Leo Santana, que tempos depois despontaria para o futsal mundial.

Mesmo na Espanha, onde no último mês conquistou o título da Copa do Rei pelo time Catalão, o jogador mandou uma mensagem de incentivo aos jogadores do Tupi Futsal e considera o momento importante para o esporte da cidade. “Eu, como um atleta profissional, fico feliz em ver o futsal de Juiz de Fora voltar ao patamar que merece. Espero que a população abrace a causa e apoie o time neste jogo histórico, contra uma das principais equipes do país. Estou na torcida. Bica Galo”, disse Léo Santana no vídeo.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Outras ideias

Data: 02/06/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/especiais/outras-ideias/02-06-2018/danca-da-reconstrucao-de-tufic.html

Título: A dança da reconstrução de Tufic

“Acorda, Tufic! Acorda!”. Basta ouvir o chamado e chegam as recordações. Não importa a hora e tudo vira noite. “Durante 16 anos da minha vida, eu estava dormindo e chegava meu pai e meus irmãos me acordando, chamando para ir embora. Pegávamos sacos de dormir e íamos para o subterrâneo, que tinha em cada prédio. A guerra era sempre uma surpresa. Como meu pai era militar (dos setores administrativos), quando desconfiava que ia estourar, via um jeito de levar a gente para o Norte, fugindo. A gente sofria. Tudo parava, telefone, televisão, energia elétrica”, lembra Tufic Kamel Nabak, cuja pele moura, o nariz adunco, não lhe deixam esconder a ascendência árabe. “Minha vida toda foi em guerra. As lembranças que tinha de lá eram só de tristeza, de um passado negro. O trauma foi grande. Lógico que tenho a lembrança dos costumes, da família, da minha avó, mas a guerra acabou afetando muito a minha vida. Não tive infância de calma como as pessoas têm. Por isso a guerra ficou muito forte em mim.”

Em 1990, quatro anos após o pai Kamel visitar Juiz de Fora, a família Nabak comprou as passagens para partir de Beirute. O desejo de mudar-se não cabia mais na casa sempre vulnerável. “No Líbano só tem um aeroporto, porque é um país muito pequeno. Quando compramos a passagem, a guerra estourou na semana do voo. Ficamos naquela de ‘vai ou não vai’. O aeroporto foi fechado, mas saiu na rádio que para quem fosse naquele voo, a empresa disponibilizaria um navio para pegar o voo em Chipre, numa ilha. Fomos para a casa de um tio no porto e conseguimos embarcar. O voo era para ter 300 passageiros, mas estava vazio, com cerca de 20 pessoas. Poucos conseguiram chegar. Era sinal de que deveríamos vir mesmo”, acredita o homem, que deixou para trás um país devastado e colocou-se a reconstruir a rotina na cidade cujo aniversário, 31 de maio, é exatamente um dia após o seu.

Ao lado dos pais Kamel e Hassnate, e dos irmãos Claude e Tony, Tufic desembarcou em Juiz de Fora e desfez as malas na casa de uma tia avó, no Bairro Bairu, onde a família passou os dois primeiros meses. “Parentes do meu pai e da minha mãe, que vieram no início do século passado, de navio, se instalaram aqui. Meu pai, quando decidiu sair do Líbano, escolheu um país onde tivéssemos alguém para nos receber. Não foi fácil recomeçar. Ficamos quase uma semana para poder acordar, porque tudo foi muito louco. Não foi fácil adaptar, porque era outra cultura, outro país. Sentia saudades. Vim com meu pai, minha mãe e meus irmãos, mas os primos, tios, avós, vizinhos e amigos ficaram lá. Meus parentes aqui são de segundo grau.”

Detrás

Ras Baalbek, onde Tufic nasceu, fica ao norte do Líbano, entre as montanhas que divisam suas terras com a Síria, num frio tão desolador no inverno quanto o calor excessivo do verão. Daí a decisão de a família migrar para a capital Beirute, onde Tufic cresceu. “Nos três meses de férias – julho, agosto e setembro – íamos para Ras Baalbek para descansar. Como eu era muito ligado às artes, participava de grupos de escoteiros da minha cidade, fazendo teatro e dança. Em Beirute, durante o dia a dia, eu participava do grupo de teatro da escola e me apresentava no Dia das Mães e em outras datas”, recorda-se. Quando começava a guerra, porém, a vida parava. “Ficávamos no subterrâneo ou íamos para a Síria. Por isso nunca me profissionalizei nas artes. Quando cheguei ao Brasil, em 1990, fui estudar idioma na UFJF, fazendo português para estrangeiros”, conta o homem, bastante à vontade com a norma culta da língua, o que lhe permitiu, em 1998, ser selecionado num teste de elenco para o filme “Lavoura arcaica”, de Luiz Fernando Carvalho baseado na obra homônima de Raduan Nassar. Durante o processo de estudos sobre o folclore árabe, Tufic acabou se envolvendo ainda mais. “As gravações e os ensaios foram em São José das Três Ilhas. Ficamos seis meses imersos naquilo, fazendo aulas. O diretor também me colocou para dar aulas e compor o elenco de apoio. Tudo o que vivemos, numa fazenda, com os costumes, foi maravilhoso, como se eu revivesse o que havia deixado para trás. Ali me apaixonei por aquilo e decidi: É isso que eu quero. Foi, então, que fui fazer curso de teatro com o Grupo Divulgação, depois com o GTA e mais tarde com o Marcos Marinho. Estava focado no teatro para fundar o grupo”, lembra, referindo-se ao Grupo Nabak, criado em 2001 no Clube Sírio e Libanês. Há 20 anos, portanto, Tufic viaja pelo Brasil palestrando, dançando e ministrando cursos de idioma e cultura árabe. “A colônia árabe fica maravilhada porque a dança faz reviver nossa cultura, nossa tradição”, comenta o dançarino, que em 2007 regressou para sua terra natal. “Quando fui para lá pela primeira vez, conheci o país, coisa que não fiz quando morava lá. Agora tenho as lembranças bonitas de lá, do turismo, da alegria do povo. O Líbano está sempre preparado para ser reerguido.”

Imediato

Juiz de Fora ofereceu aos Nabak o acolhimento e o respeito de que precisavam. “Os meus parentes que foram para o Canadá e Estados Unidos sofreram muito. Aqui eu nunca sofri preconceito. O povo recebe todos muito bem”, pontua Tufic, que vive num apartamento no Bairro Granbery, enquanto a mãe mora no Centro da cidade. O pai faleceu há cinco anos. E um dos irmãos estabeleceu-se no Nordeste do país. “Não saio de Juiz de Fora, gosto muito daqui, não vejo motivos para sair”, comenta ele, que diante da oportunidade cinematográfica abandonou o curso de engenharia e seguiu para a graduação em turismo, feita na vizinha Santos Dumont. “O curso me ajuda muito na área de elaboração de projetos, entretenimento, promoção de eventos. Combinou com o trabalho que eu começava nas artes”, diz Tufic, que, passados 16 anos, voltou a receber um telefonema da Globo, convidando-o para ministrar um curso de cultura árabe para os atores da série “Dois irmãos”, também dirigida por Luiz Fernando Carvalho e exibida em 2017 na TV Globo. “Hoje as pessoas têm muita curiosidade. Quando eu cheguei ao Brasil, não via isso. A novela ‘O clone’ despertou muito esse interesse. E, desde o atentado de 11 de setembro, o mundo árabe começou a despertar mais atenção do Ocidente”, avalia. “Hoje o país (Líbano) também está calmo. Tudo o que está acontecendo na guerra da Síria já aconteceu no meu país. Há problemas políticos, mas está calmo, aberto ao turismo novamente. Beirute voltou a ser a ‘Suíça do Oriente’. Vários programas brasileiros fazem matérias sobre lá. E muitas companhias aéreas começaram a fazer pacotes para lá. Aqui em Juiz de Fora mesmo foi um grupo enorme em março para o Líbano.”

Adiante

Questionado sobre pertencimento, Tufic não titubeia: “Já sou mais brasileiro. Já moro aqui mais do que lá. Mas jamais vou me esquecer da minha terra. Nela nasci e nela me inspiro. Nem a distância, nem o tempo conseguiram apagar esse amor pelo Líbano.” Cabe ao país, no entanto, fazer a própria parte, conta ele. “Não me sinto estrangeiro, mas luto, até hoje, pela naturalização. É muito complexo conseguir. Conheço gente que está aqui há 50 anos e não é naturalizado. Nesse ponto sofro muito e fico triste, porque atrapalha meu trabalho. Já recebi convite para dançar na Espanha, Peru, Paraguai, mas não posso. Tenho a permanência definitiva, CPF e tudo mais, mas para viajar tenho que usar o passaporte libanês. E outros países não dão visto para árabes. Se eu fosse naturalizado, não viveria isso. E também poderia fazer concursos públicos. Também não posso votar”, lamenta, diante do terceiro processo indeferido e de um fôlego descomunal para alcançar seu objetivo. E, ainda, para constituir a própria família. Como não imaginava resistir tanto, Tufic diz encher-se, todos os dias, de esperanças novas, que divide generosamente com o lugar que o abraçou quando sua fragilidade parecia sem fim. “Quando eu cheguei, foi época da Copa de 1990. Depois aconteceu o impeachment do Collor. Peguei muitas transformações. E hoje, não vou mentir: quando alguém fala mal do Brasil eu fico muito triste. Gosto muito desse país. Aqui tem problemas, mas nada se compara à guerra. As pessoas dão mais valor quando vivem uma guerra, quando morrem amigos, parentes e vizinhos seus, quando as bombas caem em cima de você. O Brasil, com todos os seus problemas, não tem guerras, não tem terremotos. É um país maravilhoso, que merece viver mais tranquilidade.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Coluna Cesar Romero

Data: 02/06/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/02-06-2018/a-89.html

Título: Estágio em Harvard

Médico formado pela UFJF, Bernardo Rodrigues Mendes Moraes embarca dia 16 para Boston, onde fará estágio em cirurgia de retina, durante dois meses, em Harvard – a mais famosa universidade do mundo. Ele conquistou a vaga por ter sido o primeiro lugar nos dois anos finais de residência na USP.

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