Um prédio feito com blocos de madeira, uma casa erguida com material dourado, uma cidade construída com legos. Essas são algumas das construções que toda criança provavelmente já fez brincando com blocos de montar. Mas será que sabiam que uma brincadeira lúdica como essa poderia ser tema de uma pesquisa científica?
Os alunos do 9º ano da Escola Estadual Batista de Oliveira receberam, nesta quarta-feira, 23, a visita do pesquisador da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Frederico Braida. O encontro, cujo tema foi “Como os jogos de montar podem ajudar os arquitetos?”, faz parte da iniciativa “A ciência que fazemos”, promovida pela coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional da UFJF. Dentre os objetivos da iniciativa, o projeto busca humanizar o cientista e mostrar as outras faces do desenvolvimento científico, com olhar lúdico e atraente.
Já no início do encontro, Frederico Braida revela que estudou na Escola Estadual Batista de Oliveira quando era pequeno. “É ótimo eu poder voltar e dar esse retorno. É o nosso papel sair dos muros da Universidade e contribuir com o incentivo à formação. Eu não tinha ideia de que eu poderia estar na UFJF algum dia, e quero mostrar que é possível”, destaca. Em seguida, lançou a pergunta: “Como vocês imaginam um cientista?”. As respostas foram tímidas, porém ligeiras: “óculos”, “jaleco branco”, “cabelo despenteado” e, novamente, a figura de Albert Einstein surge ao mencionar ciência. O pesquisador apontou para sua camiseta vermelha, calça jeans e tênis esportivo e disse: “se vocês passassem por alguém como eu na rua, diriam que era um cientista? Diriam que uma pessoa normal como nós pode ser um cientista?”.
A pesquisa apresentada na palestra, orientada por Frederico Braida e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), tinha como objetivo geral testar os diversos tipos de blocos de montar e analisar se poderiam utilizá-los como material didático para o ensino de Arquitetura e Urbanismo, para que os alunos pudessem ter uma forma de representar suas ideias com suas próprias mãos. Posteriormente, os estudantes se basearam nesses projetos montados com os blocos para desenhá-los virtualmente, transformando-os em obras arquitetônicas.
Ao trazer a pesquisa para os alunos do 9º ano, Braida explica que “a ideia era mostrar para eles os joguinhos, tentar ativar a memória deles e depois mostrar o que fazemos e, daí, surge o impacto”. E assim foi. Braida mostrou para os alunos imagens das simples construções com os blocos e, logo depois, mostrou os projetos prontos, desenvolvidos pelos seus bolsistas. Os olhares automaticamente se intrigaram com o que viam. Um monte de blocos de madeira empilhados se transformavam em um lúdico museu de brinquedos; uma construção com material dourado virava um elegante bar; blocos de lego estrategicamente encaixados davam lugar a um elegante museu de arte moderna.
A aluna do 9º período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF e bolsista de Iniciação Científica da pesquisa, Janaina Mendes, destaca: “eu sentia muita falta de projetos como o ‘A ciência que fazemos’ na hora de eu decidir que área eu ia seguir.” Ela também afirma que, quando era mais jovem, não sabia a diferença entre engenharia e arquitetura, e ter uma experiência como essa seria muito esclarecedora. Já a professora de ciências Ludmila Lacerda acrescenta que o projeto “é essencial para que os meninos entendam um pouco mais o que é uma faculdade, o que é um curso superior, para eles melhorarem sua perspectiva de futuro. Eles têm a oportunidade de abrir seus horizontes.”
Ao fim da palestra, as alunas Júlia Ferreira e Grasiela de Carvalho disseram que o encontro “despertou o nosso interesse, foi bem intuitivo”. Por fim, afirmaram que a imagem que tinham dos cientistas mudou. Agora, pensam que cientistas são pessoas comuns, que podem esbarrar com elas na rua.
Outras informações:
A ciência que fazemos