A necessidade de compreender os impactos da crise política na sociedade brasileira motivou a acadêmica Mayra Regina Coimbra a desenvolver sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A pesquisa foi realizada através de uma análise dos discursos da ex-presidente Dilma Rousseff e da sua imagem construída pela mídia.
Mayra conta que o interesse pelo tema surgiu na época de sua graduação, quando teve contato direto com o tema e percebeu a crise que o país estava passando. “ É notório como a política atualmente passa por um momento de profunda crise institucional. As pessoas não se sentem mais representadas pelos políticos que estão à frente do governo, nem estimuladas a exercerem sua participação através do voto ou de discussões políticas.” A acadêmica acrescenta, ainda, que, quando entrou para o programa de mestrado, a ex-presidente Dilma estava passando pelo processo de impeachment e este contexto norteou as análises de discursos do seu trabalho.
Para compreender quais foram as estratégias acionadas de Dilma Rousseff para construir e administrar a sua imagem diante da crise e também analisar qual foi o perfil construído pela mídia através dos enquadramentos noticiosos da ex-presidente, a pesquisadora reuniu dois materiais de estudo: os discursos proferidos pela ex-presidente e as matérias publicadas pelo jornal Folha de São Paulo. Ambos os materiais são referentes ao período em que se deu o processo de impeachment. “Como o processo foi muito extenso, começou em 02 de dezembro de 2015 com a admissão pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e terminou em 31 de agosto de 2016, com o afastamento definitivo da presidente, eu precisei fazer um recorte com os principais acontecimentos políticos que aconteceram nesse período.”
Após analisar as amostras obtidas, Mayra chegou a algumas constatações que considerou significativas. Em relação à imagem construída pela própria ex-presidente, notou que era predominantemente uma afirmação de inocência e uma acusação de tentativa de golpe por parte dos seus adversários. Do outro lado, notou a articulação midiática incessante de uma imagem de despreparo político de Dilma Rousseff. “Importava apenas saber que o impeachment era uma medida plausível e pertinente para uma pessoa que não tinha conseguido ser política.”
O professor orientador Luiz Ademir de Oliveira considera a dissertação de Mayra importante por tratar de um dos períodos mais agitados da história política do Brasil. “Mayra registrou um momento peculiar da história política que, certamente, servirá para quem quiser e precisar revisitar o percurso bem conturbado da democracia brasileira.” Além disso, destacou a relevância para a análise de como se deu a defesa da ex presidente e a forma como a mídia tratou o caso.
Uma conclusão expressiva da pesquisa foi a de que não só os políticos e instituições políticas são detentores de poder. Muito além desses grupos, o poder também encontra-se na mão de terceiros, principalmente da mídia. “Quando a mídia escolhe aquilo que ela vai noticiar, ou seja, quando ela recorta um fato e seleciona o que vai ser notícia ou não ela está tomando uma ação dotada de poder, uma ação arbitrária. Pois quando eu seleciono alguma coisa eu deixo outras tantas do lado de fora. Esse processo de recorte dos acontecimentos pode, por fim, significar uma coordenação política, por parte da mídia de elucidar um lado dentre outros vários possíveis de um mesmo fato.”
Contatos:
Mayra Regina Coimbra (mestranda):
mayrarcoimbra@gmail.com
Luiz Ademir de Oliveira (orientador):
luizoli@ufsj.edu.br
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Luiz Ademir de Oliveira (orientador-UFSJ)
Prof. Dr. Paulo Roberto Figueira Leal (UFJF)
Profa. Dra. Carla Montuori Fernandes (UNIP)
Outras informações: (32) 2102-3616- Programa de Pós-Graduação em Comunicação