O interesse pelos efeitos da obesidade infantil na vida reprodutiva de um adulto e pelos consequentes impactos gerados na sociedade levou a acadêmica Mariana Bolotari a desenvolver sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Saúde, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A pesquisa foi realizada a partir de um experimento de superalimentação feito durante a infância em ratos da linhagem Wistar. Com esta iniciativa científica, o trabalho simulou a obesidade infantil em seres humanos.
Mariana conta que se interessou pelo tema pois, apesar de saber que a obesidade altera significativamente a reprodução de um adulto, queria estudar alguma possível interferência na fase da infância. A acadêmica buscou também compreender quais efeitos seriam observados com a prática de exercícios físicos moderados e leves por esses ratos. “Como a obesidade possui ligação direta com a reprodução, eu quis avaliar se ela é capaz de produzir resultados quando ocorre na infância em seres que não praticam exercícios físicos e nos que praticam.” A pesquisadora acrescenta que a obesidade infantil está cada vez mais presente no Brasil e, por isso, merece destaque nas pesquisas acadêmicas.
O experimento consistiu na superalimentação de ratos machos Wistar que, em seguida, foram divididos em três grupos: Os que não realizaram nenhum exercício físico, os que foram submetidos ao HIT ( High Intensity Training- exercícios aeróbicos em alta intensidade por um curto período de tempo, intercalados com momentos de descanso) e, por fim, os que foram sujeitados ao Endurance (exercícios aeróbicos longos e moderados). O processo de superalimentação foi realizado a partir da redução da ninhada para 4 filhotes (geralmente variam entre 8 e 12). “A gente reduz a quantidade de filhotes para diminuir a concorrência para o leite materno. Assim, cada filhote, que já possui grande plasticidade metabólica, recebe uma quantidade de alimento maior do que ocorreria em condições normais.” Nesse processo, Mariana apenas esclarece que a superalimentação nos humanos, entretanto, ocorre pela ingestão de fórmulas, e não por leite materno. Os exercícios aeróbicos foram realizados em uma esteira para todos os grupos.
Após todo o procedimento, a acadêmica analisou variados aspectos nos animais de cada um dos grupos: metabolismo, dados biométricos, consumo de ração e perfil bioquímico. Logo em seguida, para estudar a interferência ou não na reprodução, fez contagens, análise morfológica e estudo da vitalidade dos espermatozóides dos ratos em questão. Ela concluiu que, apesar de a obesidade na fase adulta afetar a reprodução, não tem influência quando ocorre na infância. “Não obtivemos nenhuma prova que indicasse que a superalimentação na infância afetou de algum modo a capacidade reprodutiva dos adultos.”
A professora orientadora Vera Maria Peters considera que a pesquisa assume fundamental importância ao gerar conhecimentos aprofundados sobre essa área da ciência, além de tratar de um assunto que diz respeito à sociedade. “O estudo desenvolvido envolve problemas de epidemia de obesidade, reconhecida mundialmente como um problema de saúde pública, além de trazer observações quanto a meios de reduzir as comorbidades induzidas pela doença.”
Mariana relata que sua maior preocupação durante o experimento foi treinar os ratos para a prática dos exercícios na esteira. “Como sou bióloga, entendo pouco de treinamento físico e sempre tivemos a preocupação de garantir a saúde e o bem-estar dos animais.”
Contatos:
Mariana Bolotari (Mestranda):
marianabolotari@hotmail.com
Vera Maria Peters (Orientadora- UFJF):
peters.vera@ufjf.edu.br
Banca Examinadora:
Profa. Dra. Vera Maria Peters (Orientadora- UFJF)
Profa. Dra. Martha de Oliveira Guerra (UFJF)
Prof. Dr. Hussen Machado (SUPREMA)
Outras informações: (32) 2102-3848 – Programa de Pós-Graduação em Saúde