Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 28/04/2018

Link: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/concursos-e-emprego/noticia/ufjf-abre-edital-para-contratacao-de-especialistas-em-libras.ghtml

Título: UFJF abre edital para contratação de especialistas em Libras

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está contratando profissionais técnicos especializados em Linguagem de Sinais (Libras). O edital, publicado na última semana, vai selecionar três profissionais para atuarem na educação superior e básica.

Os interessados em participar do processo seletivo devem ficar atentos ao período de inscrições que será entre os dias 7 e 18 de maio. Elas serão realizadas apenas pela internet e o candidato precisa ter curso superior completo.

De acordo com o edital, além de traduzir textos e interpretar as atividades didático-pedagógicas e culturais, o profissional também deverá fornecer suporte nas ações de ensino, pesquisa e extensão. Os profissionais poderão atuar nos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares.

O candidato precisará fazer a prova prática, no dia 18 de junho, para comprovar os conhecimentos e a capacidade de traduzir e interpretar. Caso tenha mais de 20 inscritos, será aplicada também uma prova objetiva, de caráter eliminatório e classificatório, no dia 10 de junho.

A remuneração dos profissionais será R$ 4.180,66 e o contratado poderá receber ainda auxílio-alimentação, auxílio pré-escolar (para dependentes de até cinco anos) e auxílio-transporte.

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Veículo: Estadão

Editoria: Notícias

Data: 28/04/2018

Link: http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,mobilidade-ativa-no-curriculo,70002287084

Título: Mobilidade ativa no currículo

Qual é a chance de alguém que estuda Engenharia Civil ou faz um curso tecnológico em Transporte Terrestre estudar o deslocamento do pedestre ou as rotas de ciclistas? Até bem pouco tempo, esses temas inexistiam ou eram extremamente periféricos nos currículos universitários brasileiros. Recentemente, no entanto, os sinais de esgotamento do modelo urbanístico que prioriza o carro têm feito com que novos conceitos de mobilidade urbana conquistem espaço nas grades curriculares das graduações e das pós-graduações de áreas diversas do conhecimento.

“No Brasil, a mobilidade é uma área dominada por engenheiros, que vêm da tradição de construir pontes. Essa outra discussão é ainda incipiente aqui, mas ganha espaço com essa nova geração, que mudou a chave. Eles têm 20 anos de idade e o sonho de consumo é mais uma bicicleta elétrica e morar perto de ciclovia e de metrô do que ter um carro”, afirma Rodrigo Moita, professor do Insper.

Moita é professor de Economia e coordena um grupo de estudos sobre com alunos da graduação – a iniciativa surgiu há quatro anos com a proposta de ser provisória, mas o interesse dos estudantes fez com que se tornasse definitiva. Os alunos têm bolsa de iniciação científica para estudar temas como a economia do transporte urbano e a teoria econômica por trás do trânsito.

Custos. Algumas cifras mostram a urgência de se repensar os paradigmas de mobilidade vigentes. Um estudo do Observatório Nacional de Segurança Viária mostrou que os custos derivados de acidentes de trânsito chegam a R$ 56 bilhões por ano – soma de gastos com socorro, seguro, leito de hospital, medicamentos, afastamento de trabalho, indenizações e Previdência.

Esse valor seria suficiente para construir 28 mil escolas a um custo de R$ 2 milhões cada unidade ou 1,8 mil novos hospitais, custando R$ 30 milhões cada. A opção pela mobilidade ativa também previne doenças ligadas ao sedentarismo, que levam a um custo para o Sistema Único de Saúde (SUS) de cerca de R$ 3,5 bilhões por ano.

“Também vale citar o valor do tempo de cada indivíduo e de como ele tem sido desperdiçado em horas no trânsito”, completa Ingrid Ribeiro Aguiar, aluna do 4.º semestre de Economia do Insper.

Atualmente, Ingrid e os colegas desenvolvem uma pesquisa de Origem e Destino dentro do próprio Insper que, dentre outros fatores, revela a disposição dos estudantes em utilizar meios de locomoção ativos, como a bicicleta e a caminhada.

Poder público. Os resultados do interesse por mobilidade ativa ganham contornos ainda mais efetivos quando a disciplina extrapola o câmpus. Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o estudo do tema foi impulsionado pela parceria com a prefeitura desse município mineiro e se desenvolveu até chegar a um acordo de cooperação com a Frente Nacional dos Prefeitos e a WRI Brasil, ONG voltada à sustentabilidade urbana.

A disciplina, oferecida no curso de Arquitetura e Urbanismo, funciona como um ateliê de projetos com aplicação em vias de Juiz de Fora: os estudantes fazem o diagnóstico e propõem possibilidades de ruas completas, com ciclovias e ciclofaixas, prioridade do transporte coletivo e espaço seguro e adequado para pedestres.

“Nossa principal dificuldade é conscientizar as pessoas para transformar a lógica de organização das cidades, que ainda é pautada na centralização do automóvel. Mas a prefeitura já tem procurado estagiários com esse perfil e outras universidades da cidade também querem se unir a nós nesse projeto”, afirma o professor Fernando Lima.

O papel da academia como instigadora de políticas públicas na área da mobilidade urbana também é percebido e valorizado no mestrado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). O tema está associado às disciplinas Desenho e Planejamento Urbano e Cidades do Futuro.

“A Política Nacional de Mobilidade Urbana, em 2012, e as políticas de acessibilidade são nossos objetos de estudo, ao mesmo tempo que temos consciência de que tais políticas também são criadas pela pesquisa dentro da academia, associada aos movimentos sociedade civil organizada”, afirma André Turbay, professor da Escola de Arquitetura e Design da PUC-PR.

“Curitiba é a capital brasileira com maior número de carros por habitante, apesar de termos um transporte público até razoável. As conversas de bar tratam de problemas como engarrafamento. Só que no bar não conversamos sobre as alternativas que discutimos na universidade”, compara o professor.

Por isso, a importância da articulação entre cidade e academia, mesmo quando ela não é proposta pelo poder público. A PUC-PR, por exemplo, estuda o projeto de compartilhamento de bicicletas e a instalação de parklets – aquelas vagas de estacionamento transformadas em espaços de convivência.

Parceria Internacional. Como o Brasil ainda engatinha nessa área, em que muitos países já caminham com segurança e resultados, buscar conhecer e entender as experiências internacionais é um expediente comum no estudo de mobilidade urbana.

A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (FAU-Mackenzie), por exemplo, tem parceria com o instituto francês Cidade e Movimento, com a Universidade Politécnica de Barcelona, com a PUC do Chile, com a Universidade de Los Andes (em Bogotá) e com a Universidade de Hannover, uma das mais prestigiadas da Alemanha, com a qual a instituição oferece possibilidade de dupla titulação.

“Tivemos um doutorado defendido recentemente em dupla titulação em que nossa aluna estudou os nós de transporte e lugar. Ela discutiu a importância de uma estação de trem não ser vista só como um ‘nó de transporte’, mas como um lugar na cidade com várias atividades e uma dinâmica complexa”, explica Angélica Alvim, diretora da FAU-Mackenzie e conselheira do instituto francês Cidade em Movimento.

O princípio é que, para pensar na mobilidade, o aluno tenha de considerar a melhoria do espaço público, das atividades urbanas. “É uma visão ampla e transversal, que considera a promoção de uma cidade mais diversa, mais mista, em que se pense em trabalhar a pé, estudar perto de casa”, completa Angélica.

Nesse ponto, defende, a cidade de São Paulo sancionou, em 2014, um Plano Diretor promissor, com uma visão combinada entre uso do solo e transporte. “A lei propõe um trabalho intersetorial entre as Secretarias Municipais de Transporte e de Desenvolvimento Urbano porque não adianta pensar em um sistema de ciclovias e faixas de ônibus sem considerar a relação com o adensamento urbano.”

Mudança. A grade curricular do curso superior tecnológico de Transporte Terrestre da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) mostra como as instituições de ensino da capital têm se adequado a esse novo momento. Criado a pedido de organizações como Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e Desenvolvimento Rodoviário (Dersa), o curso nasceu com a grade voltada para a infraestrutura pura. “Em 2012 foi feita uma revisão e inserida uma visão mais humanística do processo, uma visão ampla de mobilidade urbana”, explica o coordenador do curso, professor Edegar Keretch.

Kereth conta que, entre os alunos, há muitos funcionários de empresas como a CET, o Metrô e a CPTM. “No geral, os alunos que nos procuram são muito direcionados, sabem o que querem. Conseguem enxergar os problemas da cidade. E, posteriormente, quando vão executar projetos como corredores de ônibus e faixas exclusivas, aplicam uma visão ampliada, tanto de usuário como de planejador, o que é impressionante.”

Rafael Drummond está no terceiro dos seis semestres do curso e conta que, nas aulas de planejamento urbano que teve nesse período, estudou como o desenho urbanístico afeta pedestres e ciclistas, como o transporte impulsionou o crescimento da cidade e também como as pessoas se relacionam com a cidade a partir do uso das calçadas. “Neste semestre, temos uma matéria sobre mobilidade e sustentabilidade e a professora tem focado muito na questão do compartilhamento das vias, na necessidade de haver mais ciclovias e de serem conectadas”, afirma.

De fato, mobilidade vai muito além do motor: inclui das rodinhas dos skates às cadeiras de roda, do pneu da bicicleta a andar sobre dois pés. E tudo isso cabe no currículo.

​Mobilidade Ativa

Significado. O termo mobilidade ativa se refere aos deslocamentos de pessoas e bens por propulsão humana. Os principais modos ativos são o caminhar e andar de bicicleta, porém também são considerados modos ativos usar skate, patins, patinetes e cadeira de rodas. A prática é considerada a mais eficiente para curtos deslocamentos, até cerca de cinco quilômetros, e também um dos modos mais eficazes de redução de custos na saúde pública. Algumas entidades se dedicam a pressionar os governos para a implementação de políticas públicas que valorizem a mobilidade ativa e a conscientização da sociedade para os benefícios decorrentes dela.

Pedestres. Em São Paulo, a associação Cidadeapé tem como foco a promoção de melhores condições para o pedestre e, para isso, elenca os fatores que dificultam a vida de quem caminha pelas cidades. “Os principais desafios são convencer a sociedade e o poder público a verem o andar a pé como uma forma de transporte e conseguir os investimentos em mobilidade para melhoria da caminhada, como melhores calçadas, tempo para atravessar a rua e mais faixas de pedestres”, explica Glaucia Pereira, membro do grupo. A especialista chama a atenção para o papel fundamental do pedestre dentro do sistema de mobilidade urbana. “Lembrando que é o meio de transporte mais utilizado, até porque é o que conecta todos os outros meios”, resume ela.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Economia

Data: 29/04/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/economia/29-04-2018/empresas-de-ti-apostam-na-mao-de-obra-de-jf.html

Título: Empresas de TI apostam na mão de obra de JF

Grandes nomes do setor de tecnologia da informação (TI) têm endereço em Juiz de Fora. Na lista, estão multinacionais e empresas locais reconhecidas internacionalmente. A cidade conta também com respeitadas instituições de ensino e pesquisa, um importante centro de formação de capital humano no país. Ainda assim, não pode ser considerada um polo de tecnologia. O município possui apenas 1.700 pessoas ocupadas em atividades intensivas em tecnologia, 1,18% da força de trabalho municipal. O percentual é maior do que as médias nacional (0,62%) e mineira (0,54%), mas está aquém da capacidade do município. Os números foram divulgados pela diretoria de Inovação da UFJF e mostram que, apesar da reconhecida vocação, é preciso convertê-la em investimentos e atração de negócios conectados com as potencialidades locais.

Hoje o setor de TI corresponde a quase 2% do PIB estadual e, no setor, há diversas ações com o objetivo de aumentar esse percentual consideravelmente nos próximos cinco anos, informa o Sindicato das Empresas de Informática de Minas Gerais (Sindinfor).

A Stefanini, uma gigante multinacional brasileira de tecnologia, escolheu Juiz de Fora pela capacidade de formação de mão de obra qualificada. “Melhor que a média do país”, explica a diretora de RH da Stefanini Brasil e América Latina, Cintia Bortotto. Segundo ela, também contou a proximidade com o Rio de Janeiro, permitindo o fácil acesso dos trabalhadores à cidade. Hoje são 72 empregos na unidade local, com média salarial de R$ 2.900. “Embora não tenhamos vagas abertas para Juiz de Fora neste momento, sempre procuramos perfis diferenciados, principalmente com mobilidade para outras regiões do país.”

Conforme a executiva, em geral, os profissionais são muito comprometidos, “mas requerem um investimento importante em complemento de formação para que fiquem melhor preparados para os grandes centros. Lapidamos o perfil de quem trabalha conosco.” Na sua opinião, cada vez mais, a tecnologia é uma ferramenta importante para os modelos de negócios atuais. “Neste momento de transformação digital, abre-se mais espaço para a participação de TI. Se avaliarmos o momento de mercado, novas carreiras têm surgido para dar conta de tanta inovação – Big Data, Analytics, cientistas de dados, growth hacker, arquitetos de soluções ou arquitetos de sistemas.”

A Thomson Reuters, líder mundial de informação estratégica e soluções em tecnologia para os principais segmentos da economia, também mantém escritório na cidade. O chief Technology Officer (CTO) da multinacional, Roberto Soria, explica que a localização em Juiz de Fora tem origem na aquisição que a provedora fez em 2013 da NovaProlink. “Essa aquisição fez parte de um projeto de expansão global da Thomson Reuters com a aquisição de mais de cem empresas em todos os segmentos em que atua.” Desde então, a unidade local passou por uma série de transformações e hoje conta com, aproximadamente, 250 colaboradores, que atuam principalmente em três grandes áreas: comercial, suporte e tecnologia, todas direcionadas para o mercado de soluções jurídicas.

Com foco na expansão dos produtos para outros países, explica Soria, as equipes daqui trabalham de forma integrada com profissionais do país e ao redor do mundo, domiciliados em Argentina, Estados Unidos, Reino Unido, China, índia, Espanha e Rússia. Segundo ele, a empresa está contratando e planejando contratar ao longo do ano “um número considerável de colaboradores e estagiários nas diferentes áreas para acompanhar a expansão dos produtos.” O executivo destaca a utilização de linguagens e tecnologias de desenvolvimento modernos em interação com fornecedores estratégicos e globais. “Diversidade e inclusão são alguns dos nossos pilares e regem o nosso relacionamento com os colaboradores e com a comunidade.”

Na avaliação do CTO, Roberto Soria, em um momento em que cada vez empresas se alinham ao mundo digital, o setor de TI é e seguirá sendo um dos mais importantes mercados de trabalho do país e do mundo. Para o executivo, a demanda por profissionais com elevadas habilidades técnicas está aumentando muito mais rápido que a disponibilidade de mão de obra qualificada – um desafio a ser superado.

Necessidade de união dos ecossistemas

A eMiolo.com, que trabalha com o lema “somos um cérebro dentro de um polvo”, é uma empresa genuinamente juiz-forana, que atua no desenvolvimento customizado de softwares e oferece outras soluções em web, móbile e aplicativos. Mantém cerca de 20 funcionários e atende a mais de cem clientes no país inteiro. Conforme a CEO Thelma Valverde, a prioridade é a contratação de mão de obra juiz-forana. O negócio acabou de ser selecionado pela Google para atuar como agência de desenvolvimento, podendo contar com certificação e suporte técnico a nível mundial. Na sua opinião, a cidade oferece mão de obra qualificada e reúne grandes talentos, mas “o ecossistema ainda está muito fraco”. Thelma cita a necessidade de mais incentivo por parte do Poder Público, de mais eventos relacionados ao setor e também de união entre as empresas do ramo para fomentar o crescimento e compartilhar o conhecimento.

“Juiz de Fora tem potencial, mas ainda há muita lacuna.”

Thelma Valverde, CEO da eMiolo

A necessidade de maior união entre os agentes do ecossistema mineiro também é destacada pelo presidente do Sindicato das Empresas de Informática de Minas Gerais (Sindinfor), Welington Teixeira. “Hoje é comum termos algumas organizações, grupos ou associações, mas é fundamental que as pessoas que estão no setor consigam se organizar melhor e com isso aumentar o seu potencial.” Na sua avaliação, Minas Gerais é um mercado em expansão quando o assunto é tecnologia e inovação, reunindo a maior comunidade startup do país. “Países extremamente conceituados na área, como Israel, conseguem ter uma visão de Minas Gerais extremamente positiva e o seu real potencial de crescimento.”

Para o presidente, o ensino oferecido nas universidades, de uma forma geral, ainda está aquém do que o mercado exige. “Todo o processo educacional é muito moroso, fazendo com que haja uma lacuna muito grande entre as necessidades do mercado e a qualificação de mão de obra.” Teixeira entende que as empresas de tecnologia têm como principal ativo o capital humano, na forma de um profissional capacitado e diferenciado do mercado. De acordo com a região e o porte da empresa, a remuneração do profissional de TI é considerada “bem variável”. Em uma pesquisa de remuneração salarial que o Sindinfor patrocinou, o salário médio de um programador pleno variava entre R$ 2.512 e R$ 7.018 no estado.

Experiência pode elevar ganhos para R$ 8 mil em JF

A coordenadora dos cursos de Sistemas para Internet e Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Vianna Júnior, Miriã da Silveira Coelho Corrêa, avalia que a absorção do profissional pelo mercado em Juiz de Fora acontece não apenas pelas empresas do setor, mas também em negócios com outros perfis, já que a tecnologia se faz presente em praticamente todas as áreas de atuação. A coordenadora explica que os profissionais do segmento são divididos em três categorias: júnior, pleno e sênior. De acordo com o perfil, os ganhos iniciais giram em torno de R$ 1.800 a R$ 2 mil por mês. Para um profissional sênior, a média salarial chega de R$ 7 mil a R$ 8 mil na cidade, dependendo da área de atuação.

Conforme a coordenadora de cursos, a média salarial em Juiz de Fora é menor do que a praticada em grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, “porque aqui o custo de vida é bem menor”, pontua. De acordo com Miriã, há multinacionais em atuação na cidade que contratam ainda na faculdade, na forma de estágio, permitindo a ascensão na empresa. Ela, que costuma ter contato direto com recrutadores de pessoal, comenta que o empregador busca, além da formação, um diferencial de qualidade.

“Não adianta só ser formado, se não tiver uma qualificação ou certificação. É preciso buscar diferenciais na carreira. As empresas dão prioridade aos profissionais mais qualificados.”

Miriã da Silveira Coelho, coordenadora dos cursos de Sistemas para Internet e Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Vianna Júnior

Ainda conforme Miriã, a formação em tecnologia oferece vasta gama de potencialidades para trabalho, como a possibilidade de montar o próprio negócio, fazer concursos ou ingressar no time de uma grande empresa.

Prefeitura elege setor

Para o coordenador de Projetos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur), Jackson Fernandes, não basta possuir capital humano qualificado, é necessário efetivar a sua alocação produtiva, ou seja, disponibilizar as condições necessárias para garantir a retenção desses profissionais formados no município e região. Pelas suas contas, somente em Juiz de Fora, a rede de ensino superior oferece, anualmente, cerca de 594 vagas em cursos específicos nas áreas de TI e, ainda, 25 vagas em programas de mestrado e dez em programas de doutorado. “A Prefeitura elegeu o segmento de TI e aqueles intensivos em tecnologia como estratégicos em suas políticas de desenvolvimento econômico.”

Jackson citou a Lei 12.838/2013, que prevê a redução de ISSQN de 5% para 2% para as empresas do ramo, com o objetivo de equiparar as condições tributárias praticadas nos principais centros de tecnologia do Brasil, elevando a competitividade das empresas já instaladas e atraindo outros negócios com este perfil. Atualmente, diz, está em estudo a possibilidade de estender os incentivos para as áreas de pesquisa, visando a fortalecer toda a cadeia produtiva associada aos temas tecnologia e inovação. A criação do novo Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação (Comdeti) tem por objetivos discutir o desenvolvimento de políticas públicas destinadas a fortalecer e consolidar a cultura inovadora e a indústria de alta tecnologia no município e apoiar ações privadas, principalmente as destinadas a viabilizar a implantação de ecossistemas de TI.

Como a Tribuna noticiou no início deste ano, Juiz de Fora estava na disputa para sediar um braço da gigante Tata Consultancy Services (TCS), mas perdeu o investimento para Londrina. Para Jackson, o processo de prospecção da TCS foi positivo e didático. Para ele, o fato de a cidade ter sido uma das duas finalistas entre outros 20 municípios “demonstra o potencial do município em atrair investimentos no segmento de TI”.

Na sua avaliação, o município é competitivo, com empresas internacionais estabelecidas e negócios locais exportando serviços para outros mercados.

“A matriz de serviços é bastante diversificada e o significativo número de startups que surgem demonstra vitalidade do segmento.”

Jackson Fernandes, coordenador de Projetos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur)

A preocupação da Prefeitura, diz, é contribuir com o fortalecimento do segmento, criando condições que favoreçam a competitividade das empresas já instaladas, bem como promover a prospecção e atração de novos investimentos.

Para o secretário Rômulo Veiga, prospectar grandes players é uma das ações possíveis para o município, uma vez que empresas deste porte aqui instaladas podem desencadear um processo de transbordo (spill over), acelerando a maturidade do segmento local. “É importante entender qual o momento correto para que as grandes não ‘canibalizem’ o mercado, formado por empresas locais, com uma possível prospecção agressiva de mão de obra especializada, inflacionando a massa salarial local do setor, o que poderia condenar empresas de menor porte.” Para ele, a atração de grandes players é interessante, desde que tenham relação positiva com o mercado local que começa a se estabelecer. Ainda segundo Rômulo, ser um polo tecnológico é uma meta, já que a cidade possui forte vocação para o setor.

A importância da conexão

Para o diretor de Inovação da UFJF, Ignácio José Godinho Delgado, os números do setor estão muito aquém da potencialidade da cidade, que dispõe de instituições de ensino e pesquisa de relevância, empresas criadas a partir de pesquisas desenvolvidas no meio acadêmico e transferência de tecnologia para os negócios já instalados. Para Delgado, apesar dos esforços para atração de grandes investimentos, a maior parte não tem ou tem pouca conexão com as potencialidades locais. “Esses grandes investimentos pouco usam fornecedores da cidade e, ao mesmo tempo, interagem pouco com as instituições de pesquisa aqui sediadas”, com reduzido encadeamento com o restante da cadeia.

“Toda vez que um grande investimento chegava, gerava surto de crescimento nos anos seguintes da instalação, mas não era consistente com o projeto de longo prazo de desenvolvimento da economia municipal.”

Ignácio José Godinho Delgado, diretor de Inovação da UFJF

Para o diretor de Inovação, é preciso fazer uma aposta mais vigorosa no que existe de potencialidade local: aproximando universidade e instituições de pesquisa do setor empresarial e potencializando o desenvolvimento de empreendimentos de base tecnológica, que resultem ou que se conectem aos conhecimentos gerados na universidade. No âmbito do Grupo de Trabalho Desenvolvimento e Inovação na Mata Mineira (GDI Mata), avalia, algumas iniciativas têm sido feitas, mas, na opinião dele, é preciso aprofundar. “O nosso potencial é enorme.”

Parque tecnológico

Sobre o Parque Tecnológico, importante vetor de desenvolvimento, o posicionamento é que a UFJF está atuando “de forma muito intensa” para viabilizar o projeto. Segundo o diretor de Inovação, o processo de licenciamento ambiental está avançado. Atualmente, há tratativas com órgãos de controle para a contratação de empresa para modular o projeto inicial de infraestrutura. Desta forma, seria possível adaptar a obra ao empenho de R$ 40 milhões feito pelo Ministério da Educação ainda em 2012.

“Concluídas essas tratativas, a expectativa é lançar o edital o quanto antes”. Com o edital nas ruas, diz, é possível iniciar uma segunda etapa que consiste na atração de empresas, especialmente nas áreas de TI, medicamentos, energia, laticínios e eletroeletrônicos, que integram o plano de negócios do parque. Mesmo com 1/3 do tamanho original, o núcleo teria capacidade de sediar de 50 a 60 empresas.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 29/04/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/29-04-2018/ricardo-cristofaro-novo-diretor-avalia-com-cautela-os-rumos-do-mamm.html

Título: Ricardo Cristofaro: Novo diretor avalia com cautela os rumos do MAMM

O conceito de arte acompanha a constante expansão do universo, chegando quase a uma sensação de colapso por perdermos os limites de classificação. Enquanto a produção cria artifícios e dispositivos na tentativa de reformular seus próprios testes e anseios expressivos, os espaços específicos para abraçarem tais manifestos buscam novas formas de montagem e expografia. Situações distintas coexistem, o museu deve estar para além do acervo e do ambiente acadêmico, muito embora a universidade seja o espaço destinado à pesquisa e a experimentações que rompem e recriam as formas e os discursos. “Eu me sinto bem confortável em trabalhar em um museu com uma perspectiva em artes visuais. Toda minha trajetória acadêmica e profissional como artista plástico é permeada por esse tipo de vivência e contato”, diz Ricardo Cristofaro, que acaba de assumir a direção do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm).

O artista plástico e professor graduou-se no antigo curso de Educação Artística da UFJF, leciona no Departamento de Artes há quase 30 anos e foi diretor do Instituto de Artes e Design (IAD) por dois mandatos consecutivos.

Nos sentamos no segundo andar do prédio do Mamm; uma janela de um canto ao outro areja as ideias de quem pretende enxergar o museu sob a mentalidade de Murilo Mendes. Basta subirmos o primeiro lance de degraus do museu para sermos levados ao pensamento do poeta evidenciado na parede: “Não sou meu sobrevivente, mas sim meu contemporâneo”.

Tribuna – O Mamm já recebeu a Bienal de Arte Itinerante de São Paulo. Há uma tendência em retomar essa parceria e também estabelecer conexões com outras instituições de arte do Rio e São Paulo?

Ricardo Cristofaro – Esse é um projeto viável. O princípio da contrapartida entre museus e instituições culturais é muito importante, principalmente, pela carência de recursos aplicados à cultura no Brasil. E isso não é diferente dentro das universidades. Às vezes, você demanda uma verba muito alta para realizar uma mostra, e é bom que ela circule por outras cidades. Isso já tem sido uma realidade no Brasil e demanda uma aproximação do Mamm com outros institutos, museus de arte e instituições universitárias, para que a gente possa trabalhar dentro de calendários de mostras que estão circulando em território nacional. O projeto da Bienal de São Paulo foi muito interessante e deve ser retomado. É lógico que há uma dificuldade de captação de recurso. Muitas mostras não vêm a Juiz de Fora porque o seguro inviabiliza, não é uma questão de espaço físico. O Mamm se posiciona como uma instituição muito respeitada por outros museus e instituições ligadas às artes visuais e à literatura. É muito apropriado e elogiado na forma e na seriedade como a Universidade trabalha para que seja um espaço de referência, como também um lugar que desde que foi implantado (2005) se manteve sempre ativo, com todas as dificuldades que o Brasil e a própria universidade têm em termos financeiros.

O Mamm, inclusive, possui um laboratório de restauração.

O laboratório é o melhor entre os dos museus universitários do Brasil. Cabe a essa nova direção do Mamm dar continuidade às experiências que vêm dando certo, de digitalização, restauração, mas o prédio depois de 12 anos de ocupação necessita de revisões dos seus próprios sistemas museológicos, que exigem um investimento na aquisição de novos equipamentos. A tecnologia avançou, e temos novos sistemas de iluminação, segurança, aclimatação. Não dá para a gente ter um museu estabelecido sob uma estrutura de 10 anos atrás. Museu exige investimento na sua equipe de trabalho, e isso tem sido feito. É uma equipe experiente, atualizada, atenta ao que está acontecendo no Brasil e no exterior.

Como educador e professor, qual a potencialidade do Mamm como espaço de formação?

Sou formado em educação artística e tenho muito apreço por esse tipo de atividade. Estou tentando ampliar equipe de trabalho, espaço físico. A própria renovação dos equipamentos e das ações está na pauta para acontecer. Ações relacionadas ao componente do museu de arte e educação e à expansão da atuação do museu para estas frentes vêm acontecendo fortemente no Brasil nos últimos anos. Temos que ter muita atenção, manter e aperfeiçoar estas práticas aqui dentro. Existe um projeto iniciado pelo professor José Alberto Pinho Neves que prevê a instalação de um ateliê de gravura. A gente ainda não tem um regulamento para esse espaço funcionar. A princípio seria um espaço de aprendizagem e prática para os artistas, aberto e democrático. A gravura é muito presente na coleção do museu, então há um interesse em trabalhar na manutenção desse tipo de linguagem porque tem se tornado rara no Brasil. Existe um modelo como esse na Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre que funciona com um sistema de contrapartida. Eles convidam os artistas para trabalhar, e isso realimenta o acervo também. Isso funcionaria no Mamm como uma oficina permanente com workshops, e também seria um ambiente de monitoria para a universidade. A técnica de gravura é interessante que seja coletiva, ter uma prensa para si é inviável, esse é um equipamento que pode ser compartilhado. A expectativa é que no segundo semestre seja aberto.

Espaço de escoamento da produção artística local, o Centro Cultural Bernardo Mascarenhas está fechado. O Mamm tem perspectiva de abrir editais de ocupação ou cocriar junto a produtores da cidade?

Nós estamos discutindo internamente o modelo de editais para adotarmos. Penso em um modelo que não atenda apenas os novos artistas, mas também os novos curadores e historiadores. Pode existir um sistema de editais por curadoria, que faria essa aproximação com os artistas locais, com certos recortes, assuntos, temas e trabalhos. Interessa ao Mamm manter essa vocação expositiva desde que alinhada aos objetivos do museu. Não é somente abrir espaço para artista, é também missão do Mamm abrir espaço para essa base teórica que existe na cidade e região.

“A tecnologia avançou, e temos novos sistemas de iluminação, segurança, aclimatação. Não dá para a gente ter um museu estabelecido sob uma estrutura de 10 anos atrás. Museu exige investimento”

Ricardo Cristofaro

Como é a sua relação com o Murilo Mendes? Desde a época de estudante, você esteve próximo à obra do poeta e ao Centro de Estudos?

Eu me aproximei da obra do Murilo Mendes por meio do professor Arlindo Daibert, que me mostrou fotografias tiradas em uma viagem à Europa seguindo trilhas de obras poéticas do Murilo. Também por meio do professor Leonino Leão. Ali, eu entendi um pouco mais a relação do poeta com as artes visuais e tive contato com um outro professor, o José Alberto Pinho Neves. Por conta destas três pessoas, acompanhei as ações que levaram à aquisição do acervo de artes visuais pela UFJF. Arlindo Daibert faleceu antes que isso fosse concretizado, e o projeto foi levado até o fim pelo professor José Alberto, de quem eu estive sempre por perto. Eu vivenciei efetivamente a chegada das obras, a abertura das caixas, estava ali entre o grupo das primeiras pessoas de Juiz de Fora que ajudaram na montagem destas primeiras exposições.

Como você pretende aproximar as escolas da cidade a fim de tornar o poeta e o museu mais acessíveis aos juiz-foranos?

O problema de acesso não é só ao Murilo Mendes. Este é um problema educacional brasileiro como um todo. Este acesso à literatura, à cultura e às artes visuais provém muito da organização educacional brasileira e no espaço que isso tem no nosso sistema de ensino, por exemplo disciplinas de arte no Ensino Médio já são facultativas. Um país que não tem um projeto educacional nesse padrão não pode esperar que a população adulta possa ter um grande conhecimento sobre artes visuais. No campo da literatura, eu acho, sim, que esse é um trabalho que cabe a nós juiz-foranos valorizarmos, apesar de considerar que a obra dele é bastante trabalhada em Juiz de Fora, muito mais conhecida do que em qualquer outro lugar. Temos grupos de estudo nas universidades, ações feitas por professores, e será sempre um papel da universidade expandir esse conhecimento através do Mamm e da ação de professores e projetos que lá são desenvolvidos. A gente vê todo um esboço de instituições culturais no Brasil de manter projetos de arte e educação e de alfabetização. A exposição se desdobra em produtos, sistema educacional, para levar este projeto até as escolas. A ideia não é somente atrair público jovem e infantil para o Mamm, mas expandir as ações e fazer o museu chegar às escolas de Juiz de Fora.

Como enxerga o museu para além dos acervos e laboratórios, como espaço de ocupação cultural e artística e de convivência? Pretende retomar projetos como o Musicamamm e o Cinemamm?

Sim, estes são dois projetos que temos em pauta. E até rever a necessidade de uma nova formatação do espaço arquitetônico do museu. Para uma ação educativa, esse museu precisaria de uma readequação, para ter mais conforto. Isso são coisas a se pensar, na volta da livraria, por exemplo. Esses projetos atraem muito público para o museu, as pessoas vêm para um evento musical, mas há essa interrelação entre eventos. Os espaços estão fechando, com exceção do Teatro Paschoal Carlos Magno que foi aberto. O acervo do Museu Mariano Procópio está fechado há mais de dez anos, existe uma geração inteira que não conhece o museu.

“Apesar de a vocação do Mamm ser a de abrigar um acervo de arte moderna, acredito nesse museu como espaço que se perfila com o que era o pensamento do poeta enquanto vivo. Murilo Mendes estava junto aos artistas que eram naquele momento contemporâneos”

Ricardo Cristofaro

Um espaço da cidade que foi retomado sem ter nenhum tipo de grande revitalização foi o Museu Ferroviário, que tem uma gestão muito ativa. Era um museu que estava fora do mapa e agora está sendo ocupado todos os dias com atividades educativas variadas. Se a gente observar o prédio que abriga o Mamm em comparação com a estrutura de lá, aqui podia acontecer muito mais coisas.

Basta você ter boas ações que será acolhido, porque as pessoas estão à procura disso. A cidade tem carências, precisamos de espaços e ações inteligentes que não demandam muitos recursos, porque existe muito talento em Juiz de Fora. A universidade sabe e faz esse papel bem através da Pró-Reitoria de Cultura há muitos anos, e o que eu pretendo é ver esse museu vivo e ativo para além do espaço expositivo. Isso é uma característica de todo museu, ele tem que ser inteligente para fazer diferente, precisa se voltar para a cidade, para as pessoas, para que elas não tenham medo de entrar no museu.

Tem um ponto de ônibus na porta do Mamm, mas quantas pessoas entram aqui? Talvez seja porque passa a ideia de um lugar muito acadêmico e intelectual? Os museus no mundo inteiro oferecem atividades acontecendo em paralelo e a própria montagem das exposições estimula a vontade de se visitar.

Exatamente, existem hoje profissionais especializados nessas estruturas expositivas. O Mamm tem apostado em um tipo de modelo, e é lógico que modelos mais sofisticados demandam equipamentos e um rearranjo de sua própria estrutura, mas isso favorece a proximidade, interação e conhecimento. Você consegue chegar melhor às pessoas através de dispositivos que são mais familiares a elas.

Sim, caso contrário, as instalações e montagens diferentes ficam restritas às galerias privadas que são pouquíssimas em Juiz de Fora.

Sim, eu penso nesse museu essencialmente como um espaço experimental. É papel dele trazer essa renovação. fazendo interface com professores universitários, que circulam e trabalham com exposições, curadores e historiadores. E o museu tem a estrutura para que isso aconteça, o que talvez uma pequena galeria e o CCBM, por certas limitações, neste momento não teriam.

Como artista e apreciador de arte, o que tem te chamado atenção nas artes plásticas brasileiras contemporâneas?

O mercado de arte caminha com a economia, qualquer sobressalto afeta diretamente. Sempre foi muito difícil, mesmo grandes e renomados artistas com trabalhos de uma faixa de preço alta tem dificuldade de sobreviver no Brasil. Há uma parcela muito pequena da população interessada em arte contemporânea. A gente tem que entender que todas as formas de artes visuais coexistem. Até uma arte com características moderna e acadêmica existe e deve existir, mas ela vai estar dentro dos espaços que se interessam por esse tipo de produção. A arte contemporânea é especializada, com território e forma de organização específicos. O Mamm guarda um acervo de artistas modernos que consolidaram a arte abstrata, experimental e que desemboca na arte contemporânea com outras perspectivas. E tem sido muito experimental, inclusive em um sentido de se apoiar menos nas instituições, apostando menos no mercado da arte que faz as produções circularem através de produtos nos museus e galerias. Existem muitos artistas contemporâneos que se formaram fora desse circuito e foram chamados para entrar. Esse artista opera fora do sistema, mas está atento ao que está acontecendo, produzindo até pensando neste público específico da arte contemporânea que não mata as demais manifestações. É papel do Mamm abrigar esse tipo de produção. Eu acompanho a arte jovem brasileira, temos artistas contemporâneos com projeção internacional, que galgaram esse espaço com muito esforço e seriedade.. Me interessa sim trazer artistas contemporâneos jovens e até internacionais para cá, porém isso depende de recurso.

Sim, mas existem também performances e instalações que são mais simples. Eu lembro que a exposição da Yoko Ono, “O céu ainda é azul, você sabe… “, foi mandada por e-mail para o Instituto Tomie Ohtake. Não existia esse valor no objeto, mas na ideia, com videoinstalações, estímulos sensoriais.

Essas são ideias maravilhosas. Apesar de a vocação do Mamm ser a de abrigar um acervo de arte moderna, eu acredito nesse museu como espaço que se perfila com o que era o pensamento do poeta enquanto vivo. Ele estava junto aos artistas que eram naquele momento contemporâneos. Então o papel desse museu é abrigar a produção contemporânea sim, manter um acervo de arte contemporânea sim, dar espaço e apostar nessa produção, porque se não ele viraria um museu que apenas se interessaria por artistas modernos por uma visão muito historicista. Um espaço tão bom como este tem que ser dinâmico para acompanhar exatamente esse movimento que a arte propõe ao longo do tempo de alargamento da noção de arte, de extensão das fronteiras, do conceito de arte sempre em expansão, e é com isso que a gente convive ao longo de toda a história da arte, porque as maneiras de se fazer arte se modificam com o tempo, e isso leva à mudança do próprio conceito do que é arte. Esse movimento o museu tem que acompanhar.

Isso é muito importante para a formação artística também.

Não só para o aluno do Instituto de Artes e Design, mas para todo aluno universitário. Não é só ação para fora, é uma ação também de sensibilizar um aluno que às vezes passa quatro anos na universidade e nunca entrou, não sabe o que é feito aqui.

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Veículo: O Tempo

Editoria: Ofício

Data: 29/04/2018

Link: https://www.otempo.com.br/o-tempo-contagem/hoje-veio-uma-por%C3%A7%C3%A3o-de-gente-com-espinhela-ca%C3%ADda-diz-benzedeira-1.1605519

Título: ‘Hoje veio uma porção de gente com espinhela caída’, diz benzedeira

Toda quarta e sexta-feira, dona Lili, 80, deixa as portas de sua casa abertas para quem quiser se benzer. Quando a reportagem chegou à residência, no bairro Estrela Dalva, na região Oeste da capital, duas mães esperavam para benzer seus filhos, e, na saída, por volta de 16h45, outros dois pais chegavam também trazendo seus filhos. “Bença, vó. Tô todo sujo de escola. Tem como benzer hoje, vó?”, disse o pai, segurando o filho no colo. “Tem. Ainda tem sol, né?”, respondeu dona Lili.

Benzedeira há mais de 40 anos, ofício que aprendeu com a mãe, a senhora natural de Ponte Nova, na Zona da Mata, conta como começou. “Lá em casa, mãe passou pra mim, falou ‘umas oração’, e eu fui fazendo. Não tive escola, o que eu sei está tudo guardado na cabeça. Agora a espinhela, um senhor aqui da rua que me ensinou a medir. Que é esse ossinho (disse apontando para o colo), para lá e para cá, aí que a gente sabe. Mau-olhado minha mãe me ensinou, é uma oração bem pequenininha”, disse.

Para saber se a espinhela está caída, tira-se a medida. Com um fio de algodão ou uma toalha, a benzedeira mede da ponta do dedo mínimo à ponta do cotovelo. Depois de um ombro ao outro. Se coincidirem as medidas, a espinhela está normal. Se não, está caída.

Viúva, católica, dona Lili mora com a filha e os dois netos e recebe em sua casa pessoas de várias partes da cidade, com um sorriso no rosto e sua fé. “Hoje veio uma porção de gente da Pampulha, todos com a espinhela caída. Acho que benzi uns 12 homens. Eu benzo até gente que é evangélico. Jesus é um só. E até enquanto Deus me der força eu vou benzer”, afirma.

No corredor estreito de cimento batido que dá acesso ao cômodo onde dona Lili realiza os atendimentos, em meio a plantas dependuradas, tanque de lavar roupa e um periquito azul na gaiola, a enfermeira Vanessa Silveira, 41, aguardava para benzer a filha. “Eu acredito e acho que mal não faz. Sempre quando ela não dorme bem à noite, fica mais irritada, ou, quando não se alimenta, eu trago para benzer, porque eu vejo que melhora. É como se estivesse tirando uma energia ruim e colocando a boa”, diz a mãe.

A dona de casa Maria, 83, também moradora da região Oeste, conta que aprendeu o cantar em voz baixa e o chacoalhar de ramos de ervas de arruda vendo as benzedeiras a que ela levava os filhos. No entanto, parou de benzer porque estes não aprovam a prática. No caso de dona Lili, a filha também não tem interesse em seguir com a tradição, mas a benzedeira já foi procurada por outras pessoas. “Teve uma senhora que já veio, trouxe um caderno. Eu falei umas orações pra ela, e ela escreveu tudo”, lembra.

Segundo o professor convidado da pós-graduação de ciência da religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Faustino Teixeira, essa tradição típica do catolicismo se mesclou com outras religiões. “Caracteriza-se por muita reza, pouca missa, muitos santos, pouco padre. Não se acabou, mas a linha de continuidade da tradição foi se enfraquecendo em razão de nem sempre filhos seguirem a trajetória dos pais, além do fato de ser muito perseguida por outras tradições”, analisa.

Documentário. A diretora Sílvia Batista Godinho decidiu dar espaço para as muitas histórias de mulheres responsáveis pelo tratamento místico em comunidades e produziu o documentário “Benzedeiras”. Filmado em São Sebastião das Águas Claras (Macacos), na região metropolitana, o documentário chama atenção para a resistência da tradição e está disponível no YouTube.

Decreto. Em 2016, a então presidente Dilma Rousseff assinou o Decreto 8.750, que cria o Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, onde as benzedeiras também têm espaço.

Pesquisas mostram que funciona

A ciência vem se interessando em decifrar como as experiências espirituais e religiosas se manifestam no cérebro humano e afetam, por exemplo, a saúde das pessoas. Uma das descobertas de neurocientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, publicada na revista “Neuroscience Social”, é que essas práticas ativam áreas cerebrais ligadas à concentração e à recompensa, assim como acontece em situações que envolvem amor, sexo, drogas, música e jogos.

Outras pesquisas já demonstraram que, de modo geral, as pessoas com maior envolvimento religioso tendem a ter melhores níveis de felicidade, menos casos de depressão, de suicídio e de uso de drogas. No entanto, algumas formas de religiosidade podem ser deletérias.

As pesquisas científicas que abordam a cura pela espiritualidade têm crescido exponencialmente. Nos Estados Unidos, cinco universidades tinham incluído a espiritualidade em seus currículos acadêmicos em 1993. Sete anos depois, o número subiu para 65, e, em 2004, 84 escolas médicas ofereciam disciplinas optativas ou obrigatórias.

Minientrevista

Maria Bezerra

Assistente social e benzedeira

Escola de Benzedeiras

O que é o benzimento?

É o ato de você interceder, se colocar como intercessor entre uma força maior que está além de você, que pela fé consegue alcançar o grande mistério, e uma pessoa que está diante de ti, em sofrimento e em dor. Então, você se coloca como um meio de acessar uma força maior por meio do seu amor incondicional. É preciso ter amor no coração e o desejo de cuidar e curar o outro. O benzimento também é o ato de bem dizer o outro, trazer palavras benditas, palavras que trazem o bem-estar, conforto, que resgata a fé e o equilíbrio emocional.

Quem precisa se benzer?

Todo aquele que assim sentir. Porque a necessidade está naquele que busca. Então, se aquele que busca diz “preciso ser benzido”, então aquele que pede o benzimento precisa.

O que pode ser benzido?

Várias enfermidades, várias doenças, inclusive que não estão no protocolo médico, como o quebranto, espinhela caída, cobreiro, erisipela (infecção de pele), torcicolo, luxações, quebraduras, enfim, quase tudo.

Está ligado a uma religião exclusivamente?

O ato de benzer não se vincula a nenhuma religião. Tem benzedeiras que não têm nenhuma religião, outras são católicas, espíritas, enfim, podem ou não ter religião. Mas é imprescindível ter fé, e a fé está para além de qualquer religião. A fé é primordial no ato de benzer.

O que é benzer pra você?

É um grande ato de humildade, de amor, de desejo de cura do outro e de mim mesma também, porque o ato de benzer tem mão dupla. É um ato de dar e receber. Ao mesmo tempo que eu estou bendizendo, benzendo, cuidando e curando o outro, eu cuido e curo a mim mesma.

É possível aprender a benzer?

Sim. Periodicamente realizamos oficinas de benzimento porque acreditamos que é possível ensinar o que se aprende do mesmo jeito que era antes. Não é preciso ter o dom. As benzedeiras com quem aprendi me provaram que não precisa ser parente de uma ancestral direta, pois a nossa família cósmica está aí para acessar e compartilhar o conhecimento dela.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Coluna Cesar Romero

Data: 29/04/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/29-04-2018/a-70.html

Título: Rumo ao ‘States’

Professor da UFJF e diretor do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde, Alexander Moreira Almeida vai participar do Congresso Nacional de Psiquiatria, em Nova York. Ele também dará aula em Harvard.

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Veículo: Correio Braziliense

Editoria: Concursos

Data: 29/04/2018

Link: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/ultimasnoticias_geral/63,104,63,112/2018/04/29/Selecao_Interna,676922/c.shtml

Título: Confira lista de concursos do GDF e da União

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF) I

Inscrições entre quarta-feira (2) e 22 de maio no site www.concurso.ufjf.br. Concurso com uma vaga para professor de educação física (1). Salário: entre R$ 2.236,30 e R$ 9.585,67. Taxa:R$ 150.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF) II

Inscrições entre quarta-feira (2) e 22 de maio no site www.concurso.ufjf.br. Concurso com 11 vagas  para professor de enfermagem na saúde do adulto e idoso, enfermagem em central de material e esterilização, enfermagem em centro cirúrgico, enfermagem em saúde mental e enfermagem em práticas educativas (1); enfermagem em saúde coletiva, saúde ambiental, enfermagem saúde da mulher, enfermagem saúde da criança e do adolescente, introdução a pesquisa e metodologia do trabalho científico (1); engenharia de operações e processos da produção (1); estruturas de concreto (1); conjunto de disciplinas da língua espanhola e disciplinas de tradução (1); semiologia médica, temas integradores em clínica ampliada, saúde mental; psicologia médica; antropologia médica (1); microbiologia (1); computação científica e processos estocásticos (1); sistemas de informação e estruturas de dados (1); criminologia e direito penal (1); e medicina da família e comunidade e semiologia médica (1). Salário: entre R$ 2.236,30 e R$ 9.585,67. Taxa:R$ 150.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Podcast

Data: 30/04/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/podcast/sociedade/30-04-2018/ufjf-no-ar-pichacao-e-grafite-qual-diferenca.html

Título: UFJF No Ar- Pichação e Grafite. Qual a diferença?

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Esportes

Data: 30/04/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/esportes/30-04-2018/amanda-oliveira-brilha-e-conquista-dois-ouros-no-brasileiro-de-atletismo-sub-23.html

Título: Amanda Oliveira brilha e conquista dois ouros no Brasileiro de Atletismo Sub-23

Atleta do Centro Regional de Iniciação ao Atletismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, o Cria UFJF, Amanda Oliveira foi um dos destaques da 12ª edição do Campeonato Brasileiro de Atletismo Sub-23, disputado nos último fim de semana em Porto Alegre. Aos 21 anos, a competidora local brilhou e repetiu o feito que já havia realizado no ano passado, levando o ouro nas competições de 5 e 10 mil metros rasos, disputados na pista do Estádio José Carlos Daudt, na Sociedade de Ginástica de Porto Alegre. Com bicampeonato nas duas modalidades na categoria sub-23, a corredora, que é natural de Mercês, na Zona da Mata, já planeja voo mais altos na atual temporada.

“Este ano está sendo muito produtivo para mim. No começo da temporada, fiquei em terceiro lugar na Copa do Brasil de Cross Country, disputando com atletas com mais idade que eu. Mesmo assim, consegui uma colocação muito boa. No ranking de corridas de rua venho sempre ficando em primeiro lugar e, da mesma forma, nas competições de rua venho conquistando vitórias em todo o estado. Agora, quero buscar o Troféu Brasil para melhorar ainda mais minhas marcas nos 5 mil e 10 mil. É lá que estão as melhores atletas do país. Quero também buscar o Sul-Americano sub-23, já que com esta marca que acabo de fazer estou em primeiro lugar no ranking”, projeta.

As medalhas de ouro, no entanto, não vieram sem suor. Em contato com a reportagem, a atleta revela que o forte calor, atípico em Porto Alegre nesta época do ano, foi um adversário extra. A temperatura, porém, não impediu Amanda de fazer boas apresentações e quebrar uma marca pessoal. “A prova dos 5 mil metros foi mais disputada e tinha mais meninas. Mas consegui abrir uma vantagem grande, apesar de estar um um calor intenso. Isto foi no sábado (28), que já estava quente, mas não tanto quanto no domingo, na prova de 10 mil metros. Eu me senti uma guerreira. O sol estava rachando, e a largada foi à tarde (às 15h25). Ainda assim, consegui fazer o melhor tempo de minha vida nos dez mil metros disputados em pista”, comemora a atleta da UFJF.

Além dos dois ouros de Amanda – completando os 5 mil metros em 17m20seg e os 10 mil metros em 36m56seg -, a delegação do projeto Cria UFJF ainda comemorou outro bom resultado. Com um lançamento que atingiu a marca de 65,13 metros, Luiz Maurício Dias, 18 anos, garantiu o bronze no dardo. Já Francisco Lima, 18, terceiro atleta da delegação juiz-forana, foi acometido por uma virose, desenvolveu um quadro febril e não pode participar das corridas de 5 mil e 10 mil metros.

“Nossa participação foi boa. A maioria de nossos atletas ainda é bem jovem e não tem idade para participar do Sub 23. O Luiz surpreende ao melhorar muito seu resultado. A Amanda fez um tempo esperado nos 5 mil metros, mas se superou nos 10 mil metros melhorando sua marca sob um calor muito forte”, avaliou o treinador Jorge Perrout, que acompanhou os atletas na competição juntamente com o também treinador Carlos Makleiton.

Resultado

Com dois ouros e um bronze, a UFJF ficou na 17ª posição no Campeonato Brasileiro de Atletismo Sub-23, com 38 pontos. No feminino, por conta do desempenho da Amanda, o resultado foi melhor, e a equipe local ficou na 13ª colocação, entre todas as 46 concorrentes, No Masculina o Cria UFJF ficou em 17º entre 51 equipes envolvidas na disputa.

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Veículo: Hoje Em Dia

Editoria: Da Redação

Data: 30/04/2018

Link: http://hojeemdia.com.br/horizontes/minist%C3%A9rio-da-sa%C3%BAde-libera-r-10-5-milh%C3%B5es-a-quatro-hospitais-de-minas-1.617632

Título: Ministério da Saúde libera R$ 10,5 milhões a quatro hospitais de Minas

O Ministério da Saúde liberou R$ 10,5 milhões para reestruturação de quatro hospitais ligados a universidades federais em Minas Gerais, e que fazem atendimento pelo SUS. Serão beneficiadas a Universidade Federal de Minas Gerais, com R$ 3.496.926,88; a de Juiz de Fora (UFJF), com R$ 936.706,09; a do Triângulo Mineiro (UFTM), com 2.310.147,68, e de Uberlândia (UFU), com R$ 3.812.952,99.

A liberação, que já foi publicada no Diário Oficial da União, corresponde ao crédito do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários, dos ministérios da Educação e da Saúde. Além de ser aplicado em pesquisas e na melhoria da qualidade da gestão e do atendimento à população atendida pelo SUS, a verba do REHUF também pode ser utilizada para reformas e aquisição de materiais médico-hospitalares, entre outras ações, conforme a necessidade e o planejamento da instituição.

“Além de serem unidades de atendimento ao cidadão, esses hospitais são importantes locais de formação de estudantes e residência médica, além de terem um papel fundamental na pesquisa em saúde, contribuindo para os avanços da área, com novos tratamentos”, ressalta o secretário de Atenção à Saúde, Francisco Figueiredo.

Criado em 2010, o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários visa a melhoraria da gestão hospitalar, a compra de equipamentos e o financiamento de obras nas unidades.

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