Veículo: G1- Globoesporte

Editoria: Esportes

Data: 13/01/2018

Link:https://globoesporte.globo.com/mg/zona-da-mata-centro-oeste/volei/noticia/jf-volei-e-montes-claros-iniciam-calendario-2018-da-superliga-masculina.ghtml

Título: JF Vôlei e Montes Claros iniciam calendário 2018 da Superliga Masculina

Em busca de recuperação, times fazem clássico do interior de Minas neste sábado, às 18h, no ginásio da UFJF, pela segunda rodada do returno

O calendário 2018 começa oficialmente neste sábado para JF Vôlei e Montes Claros. As equipes entram em quadra para mais um clássico do interior mineiro na segunda rodada da Superliga Masculina, às 18h, no ginásio da UFJF. Enquanto os donos da casa buscam sair da penúltima posição, os representantes do Norte de Minas tentam entrar na briga por uma vaga aos playoffs.

Para o treinador do JF Vôlei, Henrique Furtado, a meta para o returno, que iniciou com vitória fora de casa sobre o Minas, no fim de 2017, é melhorar o ataque para buscar a reabilitação.

– Estamos muito estáveis no saque e na recepção. É importante passar por um crescimento no ataque, o sistema ofensivo nesse campeonato tão difícil é muito importante e acho que podemos fazer de uma forma melhor. Se evoluirmos nisso, será um ponto muito importante para novas histórias positivas dentro do campeonato.

O Montes Claros é 10º na competição, com oito pontos, e precisa de um returno acima da média para conseguir salvar a temporada. Além disso, a partir de fevereiro, o time vai conciliar a Superliga com a disputa, em casa, do Sul-Americano. O técnico Sérgio Cunha mantém boas perspectivas para que o MOC consiga evoluir.

Esperamos fazer um returno melhor e recuperar na competição, pois ainda temos condições e chances de classificar, mas para isso é importante encontrar o caminho das vitórias, procurando tirar o máximo proveito e pontos.

São nove pontos que separam o time norte-mineiro de Canoas e Campinas, que somam 17 pontos e seriam, atualmente, os últimos classificados aos playoffs da Superliga.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Esportes

Data: 13/01/2018

Link:https://tribunademinas.com.br/noticias/esportes/13-01-2018/jf-volei-perde-em-casa-para-o.html

Título:JF Vôlei perde em casa para o Montes Claros

Derrota por 3 sets a 1 para adversário direto contra o rebaixamento deixa equipe juiz-forana em situação difícil na competição

A Superliga masculina de vôlei ainda está na segunda rodada do returno, mas a situação do JF Vôlei já é dramática faltando nove rodadas para o fim da fase de classificação. Mesmo jogando em casa e com o apoio da torcida, a equipe juiz-forana foi derrotada na noite deste sábado (13) pelo Montes Claros Vôlei por 3 sets a 1 (23/25, 20/25, 25/2 e 23/25). Com o resultado, o JF Vôlei manteve na penúltima posição com quatro pontos, e viu o Montes Claros, adversário direto contra o rebaixamento para a Série B, chegar aos 11 pontos – sete a mais que os donos da casa, que enfrentam o Vôlei Renata no próximo sábado, às 18h, em Campinas.

O jogo

O Ginásio da UFJF recebeu um bom público, que durante toda a partida buscou apoiar o time. O resultado foi que o primeiro set começou equilibrado, com as duas equipes se revezando na liderança do marcador. O Montes Claros, porém, começou a errar muitos saques, e o JF Vôlei aproveitou para abrir uma diferença de quatro pontos (22 a 18) que parecia anunciar uma vitória tranquila. Mas aí foi vez dos anfitriões repetirem o que vem acontecendo em muitas partidas, perdendo o foco e desperdiçando pontos importantes. Os visitantes aproveitaram esse momento de vacilo para empatarem em 23 a 23 e em seguida fecharem o set em 25 a 23.

O equilíbrio, a princípio, parecia ditar o tom do segundo set, mas logo o JF Vôlei se desconcentrou, principalmente na recepção, e o Montes Claros Vôlei aproveitou para tomar a dianteira em definitivo ao virar o placar para 9 a 8. Logo abriram nada menos que sete pontos de diferença (19 a 12), e foi questão de administrar a vantagem para fechar o set em 25 a 20.

O JF Vôlei entrou no terceiro set com a responsabilidade de dar tudo em quadra, e com isso as duas equipes passaram a se revezar na liderança do placar. Nem quando o Montes Claros abriu dois pontos os juiz-foranos desanimaram: eles empataram a parcial em 11 a 11 e logo abriram três pontos de dianteira (16 a 13), que não demoraram a chegar a quatro (20 a 16). Com a torcida jogando junto, os donos da casa fecharam o terceiro set por 25 a 20.

Embalados pelo triunfo anterior, parecia que os jogadores do JF Vôlei levariam a partida para o quinto e decisivo set, ainda mais quando abriram facilmente uma vantagem de 6 a 2 e que chegou a ser de cinco pontos (12 a 7). Mas o Montes Claros, que tem em seu elenco dois ex-jogadores da Seleção Brasileira (Sandro e Lorena) estava disposto a sair com os três pontos de Juiz de Fora, e logo empatou o set em 13 a 13, virando para 15 a 14. O JF Vôlei ainda pareceu ter fôlego quando conseguiu nova virada (16 a 15), mas logo viu o adversário abrir três pontos (19 a 16) e ter a serenidade para fechar o set e a partida por 25 a 23.

Avaliação

Para o técnico do JF Vôlei, Henrique Furtado, a equipe encarou um jogo difícil, equilibrado, mas com detalhes fundamentais para que o time não conquistasse a vitória. “Tivemos sucesso em alguns fundamentos, como o saque, recepção, bloqueio, mas o ataque precisa melhorar em alguns momentos”, analisou. “Sobrou vontade, foco, mas algumas decisões que poderiam ter sido diferentes ajudaram bastante (para o resultado). A recepção, por exemplo, não funcionou no final do primeiro set, e isso prejudicou o ataque, o que se repetiu no segundo set.”

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Veículo: G1 – Globoesporte

Editoria: Esportes

Data: 13/01/2018

Link:https://globoesporte.globo.com/mg/zona-da-mata-centro-oeste/volei/noticia/no-duelo-mineiro-da-rodada-montes-claros-vence-jf-volei-na-superliga-masculina.ghtml

Título: No duelo mineiro da rodada, Montes Claros vence JF Vôlei na Superliga

Em confronto pela parte de baixo da tabela, MOC leva a melhor e vence por 3 sets a 1 em Juiz de Fora. Time da Zona da Mata segue sem vencer em casa na competição

Não faltou competitividade no encontro de duas equipes da parte de baixo da tabela da Superliga Masculina. JF Vôlei e Montes Claros entraram em quadra buscando a reabilitação na noite deste sabado, no ginásio da UFJF. No fim, melhor para o time do Norte de Minas, que venceu por 3 sets 1 (parciais de 25/23, 25/20, 20/25 e 25/23), em 2h de partida.

Com o resultado, o Montes Claros volta a vencer na Superliga e chega a 11 pontos, mesmo número do Caramuru. O JF Vôlei, que segue sem nenhuma vitória em casa, estaciona com quatro pontos. Na abertura da terceira rodada do returno, o Montes Claros joga em casa e recebe o Minas na próxima sexta-feira, às 19h, no ginásio Tancredo Neves, em Montes Claros. O JF Vôlei joga no sábado, contra o Campinas, às 18h, no ginásio do Taquaral, em Campinas.

O jogo

A partida começou com muito equilíbrio e um susto. Logo nos primeiros pontos, o ponteiro do JF Vôlei, Rammé, sentiu uma lesão e deixou a quadra. As equipes trocaram pontos, sem que nenhuma disparasse no placar. O ponteiro voltou para a quadra no décimo ponto e ajudou o time a ficar à frente a metade do set: 15 a 14. Era nítida a preocupação dos visitantes em tirar Leozinho do ataque, mas outras peças apareceram e ajudaram o JF Vôlei a abrir vantagem: 20 a 18 e tempo pedido por Montes Claros. A boa passagem de Guinter ajudou o MOC a reagir, buscar uma diferença de cinco pontos e empatar o jogo em 23 a 23.

Quebrando o passe dos donos da casa e aproveitando erros de ataque, Montes Claros virou e fechou o set em 25 a 23.

O Montes Claros manteve o bom ritmo no segundo set. Aproveitando erros de passe do time da casa, a equipe do Norte de Minas abriu 12 a 9 e forçou Henrique Furtado a pedir tempo. Com 16 a 12 no placar, o técnico do JF apostou na inversão com o jovem oposto Welinton, de 17 anos. O garoto até virou bolas, mas o MOC seguiu melhor: 20 a 13. Os visitantes administraram a vantagem, trocaram pontos e em saque para fora de Leozinho fecharam em 25 a 20.

O time da Zona da Mata voltou mais regular na terceira parcial e manteve a igualdade até o décimo ponto. A virada veio na metade do set em 15 a 13. O JF engrenou no set, o ataque virou bolas e contou com erros de comunicação da defesa do Montes Claros. Em ataque para fora de Luan, fechou o set em 25 a 20.

O Montes Claros voltou errando muito no quarto set. Somado à ótima passagem de Leozinho pelo saque, o JF abriu 5 a 2. Emerson, que errou muito nas primeiras parciais, começou a acertar a mão quando era acionado por Henrique Adami: 10 a 6. Mas a eficiência no ataque do Juiz de Fora caiu, Sandro encontrou atacantes em boas condições e o MOC empatou em 13 pontos. O bloqueio de Montes Claros seguiu bem na marcação e o time se manteve à frente no restante da parcial. O JF Vôlei até salvou alguns match points, mas não evitou a derrota no set por 25 a 23 e no jogo por 3 sets a 1.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Coluna do Cesar Romero

Data: 13/01/2018

Link:https://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/13-01-2018/joao-carlos-amaral-edinho-alvim-e-o-desembargador-federal-do-trabalho-jorge-berg-mendonca-em-bh.html

Título: Professores homenageados

O vereador Wanderson Castelar é autor de três projetos de lei para homenagear nomes da Faculdade de Educação Física da UFJF. O diretor Jeferson Macedo Viana vai receber o título de cidadão honorário, enquanto Jorge Perrout será o patrono da Semana Municipal de Atletismo e o saudoso Paulo Roberto Bassoli dará nome à quadra de areia da Praça CEU.

Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 13/01/2018

Link:https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/13-01-2018/jf-vive-epidemia-com-243-homicidios-por-cem-mil-habitantes.html

Título:JF vive epidemia com 24,3 homicídios por cem mil habitantes

Taxa de mortes é bem superior ao preconizado pela OMS, que considera epidêmicos os indicativos superiores a dez mortes para cada cem mil. Um dos assassinatos registrados na cidade é do marido de Patrícia Mota, o vigilante José Márcio Macedo Lima

A cidade vive uma grave epidemia de homicídios, com índice de 24,3 mortes para cada cem mil habitantes, conforme levantamento da Tribuna, que contabiliza 137 óbitos em decorrência de ações criminosas em 2017. A estatística leva em conta também os falecimentos ocorridos posteriormente em hospitais, mas como consequência dos crimes. O cálculo feito com base na última estimativa populacional do IBGE (563.769) é bem superior ao preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera epidêmico indicativos superiores a dez para cada cem mil pessoas. O pico da violência no município ocorreu em 2016. De acordo com dados do jornal, naquele ano foram 27,5 mortes para cada cem mil. Já levando-se em conta os números de Minas Gerais em 2016, divulgados pela então Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), o município teve taxa de 23,2 assassinatos, ficando quase empatado com Belo Horizonte (23,3) e bem acima da média do estado, de 19,2.

A situação também preocupa conforme o último estudo do Atlas da Violência publicado pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea). Enquanto os homicídios foram estabilizados no Rio de Janeiro e em São Paulo entre 2012 e 2015 e tiveram queda acentuada em Belo Horizonte, em Juiz de Fora houve um salto, ficando acima de Uberlândia na comparação entre as cinco maiores cidades mineiras nesse período (ver gráfico). O intervalo coincide com o observado pela Tribuna, quando os assassinatos saíram da casa dos 50 em 2010 e 2011 e praticamente dobraram no ano seguinte. Desde então, as mortes violentas foram mantidas em um patamar alto, acima de 130, segundo levantamento do jornal, com média de uma ocorrência a cada dois ou três dias.

Na sexta reportagem da série “Vidas perdidas – um raio X dos homicídios em JF”, o Executivo e o Legislativo municipais mostram o que têm feito para tentar mudar esse cenário desolador, com tantos jovens perdendo a vida para o crime – mais da metade das vítimas têm até 25 anos – , e os projetos para 2018. Ao mesmo tempo, um especialista avalia as possíveis causas dessa interiorização da violência no país, que tem a nona maior taxa de homicídios das Américas, com 30,5 mortes para cada cem mil habitantes, segundo dados de 2015. Juiz de Fora ainda foi na contramão da queda apresentada no Brasil no número de óbitos por crimes proporcional à população, que estava em 32,4 em 2014.

Redistribuição geográfica da violência

Cerca de 185 quilômetros separam Juiz de Fora do Rio de Janeiro. A proximidade cria uma relação entre o município mineiro e a capital fluminense que vai além das questões culturais. A cidade teve 24,9 homicídios por cem mil habitantes em 2015, ficando acima do Rio, com 23,4 no mesmo ano, segundo o Atlas da Violência (ver quadro). A quantidade de assassinatos é surpreendentemente superior à outrora pacata cidade de Minas desde 2013 em relação à capital tida como violenta. Para o pesquisador e professor da Faculdade de Comunicação da UFJF Wedencley Alves, a comparação confirma que a criminalidade avança para outros polos.

“Essa redistribuição se deu por questões como imobilidade de classe social e por cidades que ganharam uma elite financeira maior, ao mesmo tempo em que perderam em qualidade de trabalho para as classes menos esclarecidas. Além disso, houve o avanço do tráfico de drogas. Isso fez com que as guerras do tráfico chegassem a municípios do Nordeste e a Juiz de Fora, resultando numa mudança na geografia do crime, e as cidades de médio porte se tornaram mais violentas”, analisa o pesquisador.“A violência pode ter altos índices, mas, se ela não chega aos bairros da classe média, isso fica adormecido, não assusta.” Wedencley Alves, professor da UFJF.

Ele ainda ressalta que a violência no Rio ganha muita repercussão, uma vez que o município concentra um grande número de veículos de comunicação de alcance nacional, algo que não acontece com as cidades de médio porte e capitais da região do Nordeste. Wedencley ainda alerta para a questão de como a criminalidade é percebida. “A violência pode ter altos índices, mas, se ela não chega aos bairros da classe média, isso fica adormecido, não assusta. Todavia, existe situação em que há a metade desse índice, mas a violência chega à classe média. E não precisa ser o homicídio, que é muito centrado nas classes populares, mas a repercussão é muito grande, com semanas de discussão. Isso faz parecer que há um risco igual a todos, mas definitivamente não é.”

‘Meu mundo desabou naquele momento’

A epidemia de assassinatos sobrecarregou a já deficitária estrutura da Polícia Civil, que atualmente ainda apura mais de 800 inquéritos de homicídios e tentativas de homicídios na cidade, segundo dados do site Judiciário referentes a novembro, como mostrado na terceira reportagem da série “Vidas perdidas”. Um desses casos é o da morte do vigilante José Márcio Macedo Lima, 41 anos, assassinado com quatro tiros na cabeça quando trafegava de moto no dia 22 de outubro de 2016 pela Rua José Lourenço, no Bairro São Pedro, na Cidade Alta. Ele havia acabado de deixar o serviço em um condomínio na mesma região, quando foi alvejado por disparos realizados pelos ocupantes de um carro.“Eu tinha uma vida e, de repente, não tenho mais. Perder alguém por uma covardia e ver tamanho descaso é doloroso”. Patrícia Mota, secretária escolar.

Para a esposa da vítima e secretária escolar Patrícia Mota, 42, a dor é ainda maior diante da falta de justiça. O casal ficou 19 anos junto e tem um filho, 12. “Ele era trabalhador e honesto. Todo mundo falava bem dele.” Ela afirma se lembrar de cada detalhe daquele fatídico dia. “Era um sábado, ele saía do trabalho às 19h, e combinamos de fazer churrasco. Como não apareceu até 19h15, logo pensei que tinha acontecido alguma coisa. Dez minutos depois, o sobrinho dele me ligou chorando, falando que tinham acabado de matá-lo com tiros. Meu mundo desabou naquele momento. Não acreditei, mas cheguei lá, e ele estava estirado no chão, coberto com um pano.”

Desde então, a secretária, que trabalhava como diretora em escola municipal até o ano passado, tenta se reinventar. “Eu tinha uma vida e, de repente, não tenho mais. Perder alguém por uma covardia e ver tamanho descaso é doloroso”, diz ela sobre a demora na investigação. “Quero seguir em frente, e sei que meu filho precisa de mim. Estamos falando de um pai de família. Tento sobreviver a um dia de cada vez.” Na visão dela, falta família e educação para reduzir essa violência. “Os jovens que cometem crimes são respeitados. Vejo uma mudança de valores. E a lei não pune.”

Segundo o delegado da Especializada de Homicídios e atual responsável pelo inquérito, Armando Avólio Neto, o caso está sendo tratado com prioridade. “Quando o inquérito foi passado para mim, veio com diversas cotas do Ministério Público, que determinou o cumprimento de várias diligências, oitivas e juntadas de laudos. Despachei no mesmo momento, cumprimos (as exigências) e encaminhamos para o Fórum em setembro. Mas o MP pediu mais diligências, e estamos terminando de cumpri-las. É só isso que falta”, garante.

PJF ressalta projetos para mais de 5 mil crianças e adolescentes

A Prefeitura garante estar adotando uma série de medidas para integrar a segurança pública no município e atuar em projetos sociais voltados para a prevenção e retirada de jovens da vulnerabilidade social. A Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania articula ações com as polícias Civil e Militar e abriga a Guarda Municipal. Um Conselho Municipal de Segurança será criado “em breve”, mas detalhes não foram divulgados. “Temos um plano municipal de segurança em elaboração.”

Segundo a assessoria, os programas Bom de Bola, Gente em Primeiro Lugar e o Complexo Travessia, na Olavo Costa, envolvem mais de cinco mil crianças e adolescentes em ações de esporte, lazer e capacitação. Entre outros projetos citados, está o JF+Vida. “A proposta é tornar os serviços públicos acessíveis a populações vulneráveis aos problemas do álcool e outras drogas.” Também há a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e iniciativas voltadas para emprego. O Gente em Primeiro Lugar atua em 55 bairros, com oficinas em 67 locais, enquanto o Bom de Bola tem sete pontos espalhados por todas as regiões. O Núcleo Travessia conta com 11 oficinas e serviços, com quase 1.500 atendimentos desde 2016.

“A grande maioria dos casos com relação aos crimes violentos, aos assassinatos, é relacionada ao tráfico de drogas. Fizemos um trabalho durante esses anos de parceria com o Governo estadual como, por exemplo, o Olho Vivo. Temos a Guarda Municipal, mas o combate ao tráfico de drogas é mais um trabalho de exclusiva responsabilidade do Governo do estado, das polícias Militar, Civil e Federal”, afirma o prefeito Bruno Siqueira (MDB) em entrevista à Rádio CBN, apontando que deve-se evitar que os entorpecentes cheguem ao município.

Em relação à importância dos espaços públicos, o prefeito cita a Praça CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), inaugurada em sua gestão. “É um complexo social, cultural, de esporte e lazer para população na Zona Norte, exatamente para que possamos ter equipamentos públicos para que a população, principalmente as crianças e os adolescentes, possa ter locais de ocupação fora do horário de escolas.” Sobre o Travessia, o chefe do Executivo afirma estar diagnosticando as falhas do projeto para melhorar em 2018. “Um dos pontos é fazer com que a população que mora na região mais alta (da Olavo Costa) possa frequentar mais o Travessia.”

Câmara aposta em abordagem mais ampla do crime

A quantidade de mortes violentas na cidade e o fato de a maioria delas estar ligada à disputa de grupos rivais, tendo o tráfico como pano de fundo, levou a Câmara Municipal a instaurar, no ano passado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito, batizada de CPI de Combate às Gangues. Após quase oito meses de trabalho, os vereadores apresentaram relatório em dezembro com uma série de propostas, mas ainda não se sabe se ficarão só no papel. Inicialmente, chegou a ser proposta uma consulta popular sobre a proibição de bailes funks.

Entre as medidas divulgadas também está projeto para criar legislação exigindo estudos de impacto de segurança no entorno dos condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida, já que muitos desses, como o Araucárias, na Zona Sul, e o Parque das Águas, na região Norte, acabaram concentrando tragédias por reunir em um mesmo espaço pessoas de regiões e realidades distintas. Elaborar um Fundo Municipal de Segurança, com previsão de verbas para investimento em projetos sociais e melhorias na área, também foi apontado, além de um Seminário de Segurança Pública com o objetivo de reunir diversos setores para discutir o tema junto à população.

“A questão da violência em nosso município, já há algum tempo, integra a ordem do dia. Temos uma comissão permanente de Segurança Pública que vem realizando um trabalho excepcional, além de várias iniciativas da Casa, como realização de um seminário em conjunto com outras entidades (UFJF e OAB-JF) em 2013 e, mais recentemente, a criação de uma CPI, com foco na questão da violência entre gangues. Também aprovamos diversos requerimentos e promovemos mudanças da legislação municipal que trata do assunto”, elenca o presidente da Câmara, Rodrigo Mattos (PSDB).

Para o vereador, no entanto, chama atenção a permanência da questão da violência na pauta durante tanto tempo. “Precisamos de uma abordagem mais ampla do problema. Temos conversado quanto à necessidade de ampliarmos para outras comissões as discussões envolvendo violência, o que já vem ocorrendo em muitas ocasiões”, afirma, completando que a criminalidade passa pelas questões da saúde e educação, além dos direitos humanos, da criança e do adolescente, dos idosos e da mulher.

Ouvir os moradores e saber as reais necessidades

Professora de Direito Penal e Criminologia da Faculdade de Direito da UFJF e coordenadora do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Ciências Criminais (NEPCrim), Ellen Rodrigues, considera que o círculo de mortes violentas pode ser quebrado com programas que apostam no aumento das ofertas de escolas, lazer, cursos profissionalizantes, atividades musicais e artísticas, tudo feito em parceria com as famílias e as comunidades, procurando ouvir as reais necessidades e interesses dos moradores e não simplesmente impondo um modelo à força.

“(…) o investimento em ações afirmativas, construídas em conjunto com a comunidade, é o mais acertado caminho para a redução da violência em áreas degradadas e marcadas pelo crime.” Ellen Rodrigues, coordenadora do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Ciências Criminais

“Países como EUA, Alemanha, Nova Zelândia, Bélgica e Inglaterra foram pioneiros nessas práticas. Há muitas pesquisas sobre o tema que comprovam que o investimento em ações afirmativas, construídas em conjunto com a comunidade, é o mais acertado caminho para a redução da violência em áreas degradadas e marcadas pelo crime. Mais uma vez no Brasil, e também em Juiz de Fora, as coisas parecem ir na contramão: ao invés de ouvir a comunidade, muitas vezes se chega com um programa já todo definido, cujo desenho é feito por pessoas que desconhecem os processos de socialização da comunidade e, mesmo assim, querem convencer os moradores de que aquilo é o melhor para eles”, pontua Ellen, acrescentando que tal situação é especialmente problemática no município de Juiz de Fora, cuja violência entre jovens é muito marcada pelas brigas entre grupos de bairros rivais.

“Essa é uma característica da cidade e remonta ao processo de urbanização do município, que, atualmente, se vê agravada pelas disputas e conflitos relacionados a pontos de vendas de drogas e à posse de armas.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 13/01/2018

Link:https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/13-01-2018/funalfa-lanca-calendario-que-sera-vendido-este-ano.html

Título:Funalfa lança calendário, que será vendido este ano

Receita ajudará a complementar projeto de acessibilidade do Paschoal Carlos Magno

O atraso do contador do tempo denuncia dias áridos. Não fosse o interesse vivo, a Funalfa não lançaria o já tradicional calendário municipal. Com temática acerca do patrimônio, o projeto iniciado em 2010, inicialmente em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, pouco a pouco viu o caráter didático dar lugar ao arrojo artístico, valorizando fazeres como a pintura, o desenho, o bordado e a fotografia, expressão que ganha as páginas da versão de 2018. Pelas lentes de Bruno Meneghitti, com sua série “Memória coletiva”, vencedora do VI Prêmio Funalfa de Fotografia no JF Foto 17, a publicação deste ano apresenta uma cidade contemporânea e bela em seus contrastes.

“O calendário é uma ação muito valorizada pelo cidadão. Desde dezembro começou essa procura. Ele acabou virando um ativo da Funalfa”, comenta o superintendente Rômulo Veiga. “Pelo tamanho dele e pelo trabalho que demanda, não fica barato. Como estamos num período de contingenciamentos, questionamos se não seria interessante cobrar um valor por esse calendário, para que ele tenha seu custo zerado. Depois questionamos, também, se ele não poderia ser um motor para gerar receita para a Funalfa, já que ele é tão querido”, acrescentando, anunciando o valor de R$ 10 para o produto, que passa a ser comercializado na próxima quinta-feira (18), na sede da fundação, no Parque Halfeld, e na Praça CEU, na Zona Norte, de segunda a sexta, das 9h às 17h.

(Inicialmente a Tribuna havia divulgado que o calendário seria vendido a partir desta segunda (15), mas a informação correta é a de que a venda começa a partir desta quinta-feira, dia 18)

Sensível a uma paisagem de ritmos, reflexos e grafismos, o fotógrafo investiga uma harmonia desestabilizada pelo olhar viciado, corrido e pouco generoso. “Sempre trabalhei no mercado imobiliário, como corretor, e via que, como outros fotógrafos de fora, era possível mostrar algo diferente da cidade”, comenta Bruno, estudante do sétimo período do curso de arquitetura e urbanismo da Doctum. “Não queria os prédios inteiros, mas fragmentos dos contrastes entre eles, daí surgiu o grafismo. São ângulos de edificações da cidade que fui selecionando para mostrar a evolução dos estilos e pensando que, na correria, não reparamos nos detalhes”, acrescenta o artista, consciente de sua construção de um peculiar memorial do presente.

“Faz parte da educação patrimonial dar um olhar estético e artístico para a arquitetura urbana contemporânea. Às vezes é estimulada a sensação de que a preservação patrimonial deve sempre aos bens históricos, centenários, de outros estilos que não o contemporâneo, esquecendo que a cidade que a gente vive é um mosaico da pluralidade arquitetônica que conta um pouco de seu desenvolvimento social”, defende Rômulo Veiga.

“Despertam interesse: as faixas horizontais com os cavalinhos de Portinari tornam-se diagonais. As mísulas barrocas de Luis Signorelli (Museu do Crédito Real) contrariam o desenho moderno de Niemeyer (Banco do Brasil). As curvas sinuosas dos balcões do Edifício São Joaquim parecem remeter às similares de Copacabana e à carioquice dos juiz-foranos”, aponta o arquiteto Antônio Carlos Duarte, atual diretor-superintendente do Museu Mariano Procópio, em texto para a publicação. Autor dos livros “Arquitetura Art Déco – Juiz de Fora”, “Arquitetura Eclética – Juiz de Fora” e “Arquitetura Moderna – Juiz de Fora”, Duarte chama atenção, ainda, para os “detalhes do suntuoso Cine-Theatro Central (que) dialogam com a geometria escalonada e até certo ponto discreta do Déco Edifício Grippi (ambos desenhados por Raphael Arcuri). Os chamativos vidros azuis da agência do Banco do Brasil (que) espelham os mui sóbrios prédios vizinhos.”

Gratuidade para quem necessita

Após a experiência com o evento Ato, que substituiu o Festival Nacional de Teatro em dezembro e praticou preços populares para os espetáculos vindos de fora, a nova gestão da Funalfa classifica como viável a política que estabelece valor para produtos culturais promovidos pelo município. “O Brasil, de maneira geral na gestão pública, tem o princípio da universalização de acesso a produtos culturais, mas não necessariamente esse acesso vai ser justo. Acaba que fazemos um investimento alto que é consumido por uma população que, teoricamente, poderia até pagar por esses serviços. Se pegarmos o público que frequenta o festival historicamente, poderia pagar pelo acesso, desde que não fosse caro, e essa receita poderia gerar ações para um parcela da população que não pode pagar e por isso não tem interesse em acessar. Em várias ações nessa universalização, o Poder Público atinge mais quem precisa menos. Na cultura não é diferente”, comenta o superintendente da Funalfa Rômulo Veiga.

Segundo ele, em Juiz de Fora são identificadas distintas ações que apresentam tais distorções, como a já extinta Sessão Cidadão, no Cinearte Palace. “Como ela era linear e universal, nem sempre quem estava indo às sessões, que era onerosa para o município, era quem precisava realmente. Muita gente que poderia pagar aproveitava o preço promocional e ia porque gostava de cinema. Por isso, acaba sendo aprofundada a distância sócio-econômica que existe entre faixas demográficas brasileiras”, aponta o gestor. “É preciso equalizar as diferenças e isso passa pela cultura”, defende, num discurso que não exime o Poder Público da garantia às pessoas de seu direito constitucional e fundamental à cultura.

“O Poder Público não trabalha sobre a perspectiva de lucro, mas isso não significa, necessariamente, que ele sempre trabalhará pela perspectiva da gratuidade. O ‘Gente em Primeiro Lugar’, por exemplo, tem que ser gratuito, porque a ideia dele é atuar em áreas de vulnerabilidade, impactando crianças que, por motivos diversos, não têm a oportunidade de consumir produtos culturais. Ele é e será sempre mantido na política de universalização de acesso gratuito, mesmo sendo o maior investimento da Funalfa, junto da Praça CEU”, assegura o superintendente, apostando na sustentabilidade como motor do futuro da pasta. De acordo com o gestor, a expectativa atual é de que a venda do calendário permita a criação de uma receita que ajudará na complementação da acessibilidade do Teatro Paschoal Carlos Magno.

“Com certeza o Paschoal será o teatro mais moderno na recepção de público com restrições de mobilidade, auditiva ou visual. Ele tem locais acessíveis em pontos nobres da plateia, na frente e no fundo, assim como banheiro. O que não estava previsto era a acessibilidade frontal de palco. No projeto original, ele tinha acessibilidade de palco através de elevadores de backstage, mas consultando os teatros mais modernos que cumprem melhor as políticas de acessibilidade e conversando com o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, vimos que seria fundamental ter esse acesso frontal”, conta o superintendente, indicando a urgência na compra de uma plataforma elevatória móvel, que deverá ser fixada no local. “Essa é a nossa primeira iniciativa nesse sentido e será uma curva de aprendizado. Pela receita desse ano vamos ver o que o calendário é capaz de levantar, para criarmos projetos especiais atrelados a ele, seja de restauro, seja de complementação de equipamento público”, anseia o superintendente.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Esportes

Data: 13/01/2018

Link:https://tribunademinas.com.br/noticias/esportes/13-01-2018/jf-volei-encara-o-montes-claros-em-busca-dos-pontos-necessarios-para-fugir-do-rebaixamento.html

Título:JF Vôlei encara o Montes Claros em busca dos pontos necessários para fugir do rebaixamento

Locais duelam contra equipe do Norte de Minas neste sábado, às 18h, em partida válida pela segunda rodada do returno

O JF Vôlei retomou esta semana os treinamentos para os próximos compromissos da Superliga masculina de vôlei ainda sob o impacto positivo da vitória sobre o Minas Tênis Clube. O triunfo por 3 sets a 2 conquistado no dia 21 de dezembro, fora de casa, ajuda a dar moral à equipe comandada pelo técnico Henrique Furtado, afinal o Minas ocupa a quinta colocação no campeonato, mas foi apenas mais um passo dentro da longa batalha que aguarda a equipe para fugir do rebaixamento para a Superliga B na próxima temporada. Vale lembrar que o regulamento mudou este ano, e as duas últimas colocadas são automaticamente rebaixadas.

A vitória em Belo Horizonte serviu ainda para distanciar os juiz-foranos do Copel/Telecom/Maringá: os dois pontos do segundo triunfo no campeonato levaram os mineiros aos quatro pontos, enquanto os paranaenses continuaram com apenas dois. O JF Vôlei, porém, manteve-se no penúltimo lugar da tabela, mas agora a quatro pontos de distância do décimo colocado, o Montes Claros Vôlei – o primeiro adversário deste ano, neste sábado (13), no Ginásio da UFJF.

Por isso, é hora de a equipe começar a fazer as contas e buscar vitórias mais elásticas. Um triunfo por três sets a zero ou três sets a um contra o Montes Claros, por exemplo, levaria o JF Vôlei a sete pontos, um a menos que o seu adversário direto na luta contra o rebaixamento. O retrospecto na Superliga deste ano, porém, joga contra, pois o Montes Claros venceu por 3 a 1 o primeiro confronto.

Uma derrota neste sábado pode fazer com que o alerta amarelo na equipe juiz-forana seja trocado por um vivo e extremamente preocupante alerta vermelho: se obtiver os três pontos pela vitória, o Montes Claros abrirá sete de vantagem em relação ao JF Vôlei, e até mesmo um triunfo por três sets a dois deixaria os juiz-foranos cinco pontos atrás (cinco pontos contra dez). E, no momento, quem deve estar na alça de mira do time de Juiz de Fora são seus adversários mineiros, pois o nono colocado, o Ponta Grossa/Caramuru, já tem 11 pontos, e os sétimo e oitavo colocados, o paulista Vôlei Renata e o gaúcho Lebes/Canoas, já estão 13 pontos à frente. Com outras nove rodadas pela frente, seria uma diferença muito complicada de se descontar.

Retrospecto

Vale lembrar que, mesmo com a vitória, O JF Vôlei terá que alcançar um retrospecto bem superior ao do primeiro turno, em que obteve apenas uma solitária vitória sobre o lanterna Maringá, para se garantir na primeira divisão na temporada 2018/2019. Vencer uma equipe melhor classificada como o Minas Tênis Clube foi um bônus imenso, mas um melhor desempenho contra os adversários na parte baixa da tabela poderia ser suficiente.

Daí, uma questão essencial é vencer em casa, coisa que o JF Vôlei ainda não conseguiu na competição. A quebra desse tabu já seria muito bem-vinda contra o Montes Claros, mas depois seria fundamental repetir a dose pelo menos contra o Maringá e o Canoas. Vitórias (ou derrotas por três sets a dois) sobre o Sesi-SP e EMS/Taubaté/Funvic também podem render os pontos que farão a diferença ao final do returno.

Ao mesmo tempo, voltar a surpreender nos domínios adversários também faz parte da equação, e vitórias sobre o Vôlei Renata e Ponta/Grossa Caramuru não podem ser consideradas missões impossíveis – principalmente após derrotar o Minas Tênis em BH. Até mesmo eventuais pontos tirados dos líderes Sesc-RJ e Sada Cruzeiro dependem apenas do grupo manter o nível e a concentração nos momentos decisivos.

Das dez derrotas sofridas pelo JF Vôlei até agora, quatro delas foram por três sets a um (Minas Tênis, Montes Claros, Ponta/Grossa/Caramuru e Lebes/Canoas), e em todas a equipe perdeu sets por placares apertados que, por detalhes, poderiam render pelo menos um ponto em revezes por três sets a dois – ou até mesmo permitir uma reação que garantiria uma vitória de pelo menos dois pontos, o que deixaria os juiz-foranos mais próximos do Montes Claros, se não até mesmo à frente.

Um jogo de cada vez, com foco e seriedade

Se usarmos como parâmetro a classificação final da fase de confrontos diretos da última Superliga, o penúltimo colocado na ocasião (São Bernardo Vôlei) conquistou 12 pontos e apenas duas vitórias – mesmo número tanto do JF Vôlei quanto dos Montes Claros. Por isso, a princípio, poderia se estimar em nove os pontos necessários para escapar do rebaixamento nas próximas dez partidas.

Porém, mesmo que a hora de ter a calculadora às mãos já tenha chegado, o técnico Henrique Furtado prefere manter o (coerente) discurso de “um jogo de cada vez” e apostar no crescimento do grupo durante as partidas que ainda estão por vir. E isso vale mesmo quando se encara um adversário direto.

“Sabemos o quanto é importante vencermos nosso próximo compromisso, assim como os que virão, para sairmos dessa situação difícil, mas nós vemos este jogo contra o Montes Claros da mesma forma de sempre: com foco, seriedade. Encaramos todos os adversários com respeito e cientes das suas qualidades, afinal a Superliga é difícil, equilibrada. Por isso, precisamos continuar evoluindo nosso jogo para superarmos esse desafio”, pontua Henrique.

Leozinho é o homem de confiança na rede

A mostra do quanto o grupo ainda pode evoluir estão nos números do ponteiro Leozinho. De acordo com o site da Superliga, o jogador do JF Vôlei é o terceiro maior pontuador da competição, com 178 pontos, e tem a melhor média de pontos por set, com 4,94 nos 36 sets que disputou. Ou seja: quando a situação está difícil, ele é o homem de referência para os levantadores.

Para o ponteiro, os bons números são reflexo, principalmente, do trabalho coletivo, mas também de como lidar com a responsabilidade de ter tantos ataques passando por ele. “Eu encaro essa responsabilidade de forma tranquila. Gosto de jogar, receber as bolas, me sinto confortável assim”, afirma. “O time ajuda, e muito, e isso faz com que não me sinta pressionado. Apenas busco dar o meu melhor, sempre.”

Leozinho afirma ainda que as estatísticas divulgadas pela Superliga ajudam a aumentar sua confiança para entrar em quadra, mas também tem ciência de que todo bom desempenho cobra seu preço. “É difícil chegar lá, e mais difícil ainda se manter. O campeonato tem muitos jogadores de alto nível, e qualquer bobeada você pode ficar para trás. Espero me manter entre os melhores, mas primeiro tenho que ajudar o JF Vôlei a conseguir as vitórias”, diz o atleta, que mantém como objetivo futuro a convocação para a Seleção Brasileira.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 14/01/2018

Link:https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/14-01-2018/violencia-se-descortina-nas-801-vidas-perdidas-em-seis-anos.html

Título:Violência se descortina nas 801 vidas perdidas em seis anos

Na última reportagem da série, a Tribuna faz um mapeamento dos homicídios ocorridos desde 2012 no município, quando teve início a escalada da violência. A dor de quem

perdeu familiares para o crime é lembrada. Especialistas fazem análises do quadro preocupante e apontam alternativas que vão além da repressão, que não tem sido capaz de arrefecer os números

A violência urbana em Juiz de Fora tomou proporção devastadora e se descortina na perda de mais de 800 vidas para o crime nos últimos seis anos, 403 delas de jovens com até 25 anos. Apesar das centenas de mortes, muitas de pessoas que nem sequer conseguiram planejar um futuro, a cidade parece ter sucumbido à lógica dos grandes centros urbanos, onde a impessoalidade das relações e a correria do dia a dia tapam os olhos de seus habitantes diante da tragédia alheia. Mas a realidade precisa ser vista: só na Vila Olavo Costa, Zona Sudeste, 46 pessoas foram brutalmente executadas nesse período. O número equivale a um ônibus repleto de passageiros e, sim, é um desastre.

Se ampliarmos o raio de visão para as circunvizinhas vilas Ideal, Ozanan e o Bairro Furtado de Menezes, os óbitos entre os anos de 2012 a 2017 chegam a 86, ou a mais de um décimo dos homicídios do período em toda a cidade. Atrás da Olavo Costa, o São Benedito aparece como o segundo local mais violento nestes seis anos, com 32 crimes, e alcança 54 junto com Vila Alpina e Santa Cândida, situados bem próximos. Em seguida, Linhares tem 27 assassinatos e, aglutinado com Bom Jardim e Santa Rita, totaliza 56. Isolada, Benfica aparece na nona posição dos bairros mais sangrentos, mas o número é elevado a 47 com as Vilas Esperança I e II. Criado em 2012, o Residencial Parque das Águas, na Zona Norte, do programa Minha Casa, Minha Vida, desponta como umas das áreas mais alarmantes do período, se levarmos em conta sua pequena dimensão geográfica, com menos de 600 casas: 15 pessoas já foram assassinadas.

Na sétima e última reportagem da série “Vidas perdidas – um raio X dos homicídios em JF”, a Tribuna mapeia as mortes violentas desde 2012 – quando os homicídios dobraram e começaram a se multiplicar. O levantamento exclusivo foi realizado cuidadosamente ao longo dos anos, inclusive junto aos hospitais, pois muitas vítimas morrem dias e até meses depois de terem sido alvo de ações criminosas. Como a Polícia Militar contabiliza apenas os falecimentos ocorridos ainda durante os registros das ocorrências, o objetivo é apontar o quadro mais próximo do real. A evidência é que não se pode mais esperar para prevenir com medidas eficazes o aliciamento de inocentes pelo crime e para resgatar a juventude já imersa na violência que suga até o instante do tiro ou da morte. Como revigorar o sentimento de esperança como alternativa ao caos? Especialistas e autoridades ouvidos pela Tribuna nesta série apontam possíveis caminhos para uma cidade mais generosa em todos os sentidos, sobretudo com suas crianças e seus jovens.

Manchas vermelhas

Por trás das manchas vermelhas destacadas no mapa estão muitas lágrimas de famílias inteiras e também incontáveis falhas do Poder Público, várias delas históricas, que resultaram em crescimento urbano desordenado, desigualdade social, desemprego, baixo nível de escolaridade e um sistema penal que não ressocializa. A situação é agravada pelo tráfico cada vez mais armado, como comprova o fato de que 78% dos assassinatos foram provocados por armas de fogo, totalizando 629. Em 2017, o número de mortes a tiros atingiu seu ápice, representando 83% (114 casos), enquanto em 2012 o índice representava 66%, equivalente a 66 mortes.

Os homens disparadamente morreram mais (92%), e os jovens de até 25 anos correspondem à metade das vítimas, sendo que 311 tinham mais de 18 anos e outros 92 eram adolescentes. Em 37% dos casos, os crimes aconteceram em finais de semana. Apesar de ter sido ultrapassada pela Zona Leste no último ano, a Zona Norte lidera as mortes violentas entre 2012 e 2017, com 245 homicídios, enquanto a Sudeste ficou em segundo no triste ranking, com 175. Na análise dos seis anos, a Leste está em terceiro, com 161 óbitos. Com números bem menores, seguem as regiões Sul (67), Cidade Alta (56), Nordeste (53), Central (23) e Zona Rural (21).

Em 2017, o Centro apresentou o menor número de homicídios desde 2012, com um assassinato, mas totaliza 20 nos últimos seis anos. Na contramão, o São Benedito vivenciou, nos últimos 12 meses, a explosão no número de casos, com dez mortos.

Homicídios registrados desde 2012 (por região)

“Quem é mãe nunca supera”

“Choro todos os dias. Parece que minha vida acabou. Estou vivendo por viver. Quem é mãe nunca supera”, desabafa a doméstica Vanderléia Ribeiro Silva, 46 anos, vítima de uma tragédia cuja dor é imensurável: seus dois filhos, Lucas Ribeiro da Silva, 17, e Elias Alves Ribeiro, 19, morreram abraçados, cruelmente executados com tiros na cabeça em plena manhã do dia 28 de julho de 2016 na Vila Ozanan, Zona Sudeste. Um amigo deles, 16, que também estava sentado na mesma escada de acesso a residências na Rua Aníbal de Paiva Garcia, foi baleado, mas conseguiu correr e sobreviveu. Na época, a Polícia Civil apurou que a ordem para matar um dos irmãos havia partido do Ceresp. O mandante, 26, já teria cinco passagens por homicídio. A sentença de morte teria sido emitida porque Lucas teria se recusado a deixar um ponto de drogas, no mesmo local onde foi assassinado. Ainda conforme a polícia, o suposto executor do duplo homicídio, 16, foi morto com seis tiros no dia seguinte ao crime por vingança na Vila Olavo Costa, na mesma região. O suspeito de matá-lo seria outro adolescente, 17.

Além de escancarar o tenebroso círculo de homicídios de jovens, o caso chocante demonstra o sofrimento daqueles que amam incondicionalmente, mas se veem de mãos atadas diante de uma realidade assustadora. “Eu estava trabalhando e, quando cheguei, não podia fazer mais nada. Não me conformo e sinto muita falta deles. Como pode uma maldade dessas?”, questiona Vanderléia. “Dói demais, a gente não esquece. Quero mudar daqui, porque sempre passo perto do local e tenho muitas lembranças dentro de casa”, diz a mãe, que tem uma filha, 17.

A doméstica conta que o pai de um dos jovens nem chegou a registrá-lo, enquanto o genitor do outro foi embora quando o filho ainda era pequeno. Com a responsabilidade de criá-los sozinha, a mulher não conseguiu que eles completassem o ensino fundamental. “Trabalhei em muitas casas, senão morriam de fome. Como fazer? Lucas só foi até a terceira ou quarta série. Ficou com medo de ir para a escola, porque estava sendo ameaçado. Eu falava para cuidarem das amizades, para não caírem nesse mundo. Elias já tinha melhorado. Eles até brigavam, mas um protegia o outro.” Para a doméstica, faltam atividades extra escolares para que jovens mais vulneráveis não morram como seus filhos. “Não quero que ninguém passe pelo que passei. É muito triste.”

Criminalidade não é exclusiva das classes populares

A filósofa alemã Hannah Arendt, uma das pensadoras mais importantes do século XX, defendia que era muito perigoso deixar um segmento social sem nada a perder, porque sem ter o que esperar, as pessoas podiam ser capazes de tudo. O pensamento filosófico dela sobre a política, o totalitarismo, a responsabilidade, a verdade, o mal, entre outros, até hoje dialogam com as ideias e as questões contemporâneas. Numa época em que a máxima “bandido bom é bandido morto” encontra eco nos mais variados discursos, o pensamento de Arendt é vital dentro da temática abordada pela série “Vidas Perdidas”. Quem traz a filósofa para essa discussão é o pesquisador e professor da Faculdade de Comunicação da UFJF, Wedencley Alves, que tem estudos na área de violência. “Se por muito menos a classe média que não é a maior vítima já prega a violência, por meio do discurso do ódio, como é que jovens que sabem que estão com os dias contados vão reagir de forma moderada”, dispara o professor.

Na concepção dele se faz necessário entender a noção de criminalidade como algo que não é exclusivo às classes populares, porque criminalidade tem a ver com crimes, que também podem ser de colarinho branco, sonegação de impostos, violência intencional no trânsito. “Imagina se um jovem bem-sucedido que aprendeu a sonegar impostos é tido como envolvido com a criminalidade? Sim, ele está, mas não é visto assim. Da mesma forma que um rapaz que leva ecstasy para a festa com os amigos, o que seria tráfico de drogas, não é visto dessa forma. Então, é preciso desmistificar a ideia de que a criminalidade é somente aquela que tem a ver com o pobre. Ela tem a ver com qualquer tipo de crime”, ressalta Wedencley.

Outro ponto fundamental para o qual é preciso se atentar na visão do professor é que existem níveis de criminalidade. Uma coisa é alguém que pega em arma para matar, outra é um indivíduo que atua como “fogueteiro” no tráfico de drogas. “É preciso perceber que, dentro dos níveis de criminalidade, existem várias atividades distintas e que devem ser consideradas. Boa parte dos nossos presos, por exemplo, são jovens que eram aviãozinhos, e eles são jogados lá, não há julgamento, e isso só vai produzindo um ciclo absolutamente desesperador e fomentador da violência”, avalia.

Wedencley acredita que, para minimizar a violência, é preciso investir numa cultura de paz. “Para isso é preciso o apoio da população, criação de políticas públicas. Para o governador de estado, por exemplo, espera-se que ele passe por uma política de responsabilização. Ele é o comandante e o chefe das polícias e tem que ser chamado a colocar metas de redução de violência do estado, que é um grande fator de fomento à violência que vem dos jovens. Os estados que matam mais têm, consequentemente, sociedades que matam mais”.

Especialista destaca o insucesso do aumento da repressão

Com um trabalho desenvolvido junto a adolescentes e jovens há mais de dez anos em Juiz de Fora, a professora de Direito Penal e Criminologia da Faculdade de Direito da UFJF e coordenadora do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Ciências Criminais (NEPCrim), Ellen Rodrigues, defende que a melhora desse cenário pode vir pelo emprego em investimento em ações afirmativas.

“Se quisermos outros resultados, temos que fazer novas escolhas. A opção pelo aumento da repressão e baixos investimos em educação, lazer e oportunidades de trabalho vem mostrando claramente seu insucesso. Até quando os poderes públicos vão investir neste modelo? Até quando a sociedade vai compactuar com isso? O artigo 227 da Constituição Federal dispõe que é “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Para a professora Ellen, “quando um adolescente descumpre uma lei, o Estado e a sociedade cobram dele este descumprimento, sujeitando-lhe à maior repressão e punição. E, quando o Estado, a Família e a Sociedade não cumprem os deverem impostos pela Constituição para com os adolescentes, quem os cobrará? Certamente não é desejando que os jovens pobres e negros se matem entre si que estaremos colaborando”. Ellen é uma das coordenadoras do projeto “Além da Culpa: Justiça Restaurativa para Adolescentes”, que atingiu, por meio de suas intervenções entre 2015 e 2016, 652 pessoas nos procedimentos de apuração de ato infracional e 595 pessoas nos de execução de medidas e reinserção familiar, totalizando 1.247 beneficiados afetados diretamente pelas ações restaurativas. O “Além da Culpa” foi tema da quinta reportagem da série “Vidas Perdidas”, publicada na última sexta-feira (12).

“JF tem jeito?”

Em seis anos, mais de 800 vidas foram perdidas, em Juiz de Fora, para a violência. O acúmulo é estarrecedor, principalmente, quando se constata que cerca de 400 assassinados são jovens com até 25 anos de idade. Com a série “Vidas Perdidas – um Raio X dos homicídios em Juiz de Fora”, a Tribuna objetiva mostrar que a violência não é apenas uma questão de polícia e que precisa ser debatida e combatida por vários segmentos. Para tanto, se faz fundamental provocar a sociedade, chamá-la a sua responsabilidade, numa tentativa de encontrar caminhos para traçar um futuro que possa partir de uma cultura de paz.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 15/01/2018

Link:https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/15-01-2018/macaco-encontrado-no-museu-mariano-procopio-tinha-febre-amarela.html

Título: Macaco encontrado no Museu Mariano Procópio tinha febre amarela

Segundo a Secretaria de Saúde, três primatas encontrados mortos na cidade em um mês estavam infectados. Na Zona da Mata, três mortes de humanos por conta da doença já foram confirmadas: em Mar de Espanha, Goianá e Barra Longa.

A Secretaria de Saúde confirmou que o macaco encontrado morto no parque do Museu Mariano Procópio, no dia 3 de janeiro, estava infectado com febre amarela. Boletim epidemiológico da pasta também confirma que outros dois macacos achados mortos na cidade foram vítimas da doença. Além dos diversos casos de epizootias na cidade e na região, foram registrados casos de humanos que morreram após serem infectados com febre amarela na Zona da Mata. Duas mortes já foram registradas em Mar de Espanha e Goianá, ambas localizadas a cerca de 50 quilômetros de Juiz de Fora. Em Viçosa, três pessoas estão internadas com suspeita da doença. Com o aumento expressivo do número de casos de animais mortos e de suspeitas de febre amarela em humanos, as prefeituras da região têm promovido campanhas de vacinação na tentativa de fechar o cerco contra a doença.

Com a confirmação de febre amarela no Bugio encontrado morto no parque do museu em Juiz de Fora, a unidade permanecerá fechada por mais 60 dias. A expectativa é que o local volte a receber visitantes em meados de março, após nova avaliação do departamento de Vigilância Epidemiológica para verificar se o parque poderá ser reaberto. Outros dois primatas achados mortos em Juiz de Fora estavam infectados com a doença, segundo o documento divulgado à imprensa pela Secretaria de Saúde: um deles encontrado em Palmital, há exatamente uma semana; o outro localizado no Bairro Previdenciários, em 13 de dezembro de 2017.

Na manhã dessa segunda-feira (15), mais dois macacos foram encontrados mortos em Juiz de Fora. Os animais, segundo informações da Secretaria de Saúde, estavam em uma via no Bairro Linhares, Zona Leste, e tratavam-se de uma mãe e um filhote. Material biológico de ambos foi recolhido e encaminhado para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, para verificar se eles também morreram por conta da doença. Com a notificação desta segunda, a pasta já contabiliza nove primatas mortos na cidade somente neste ano.

Depois da dupla encontrada no Linhares, o caso mais recente aconteceu na última quinta (11), nas imediações do Museu Mariano Procópio, onde um outro macaco foi encontrado morto em decorrência de um atropelamento. As demais notificações ocorreram no Bairro Vitorino Braga; em Palmital; em Rosário de Minas; na Estrada de Caeté, no Retiro (as três localidades estão na Zona Rural); e na UFJF, onde o macaco também foi atropelado. Dos nove primatas, só foi possível coletar amostras de sete animais. As demais foram descartadas devido aos estados avançados de decomposição em que eles foram encontrados.

Macacos em 2017

Macacos mortos voltaram a aparecer em Juiz de Fora no final do ano passado. De outubro até esta segunda, 18 animais foram encontrados mortos. Ainda em 2017, foram nove: dois em Nova Era, um no Aeroporto, um no Francisco Bernardino, dois no Graminha, um no Bom Pastor e um no Previdenciários. O primeiro animal notificado neste período foi encontrado na UFJF, em 31 de outubro.

Dos nove primatas, a pasta obteve resultado de sete investigações. Na maioria delas os exames apontaram “não reagente” ou “não detectável”, o que significa negativo para a febre amarela ou que houve dificuldade para constatar se havia o vírus nas amostras. Destes, o único caso que segue em investigação é o do macaco encontrado no Bairro Francisco Bernardino, na Zona Norte. O animal que estava no Bairro Previdenciários, Zona Sul, tinha febre amarela.

Já no primeiro semestre do ano passado, foram 63 macacos registrados, sendo que só foi possível coletar material de 40 deles. Desses, três foram positivos para a febre amarela. Os animais contaminados foram encontrados nas regiões do São Pedro e do Aeroporto.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a Prefeitura de Goianá, cidade localizada a 50 quilômetros de Juiz de Fora, confirmaram nesta segunda-feira (15) que um homem morreu de febre amarela naquele município. Segundo informações do secretário de Saúde da cidade, Lúcio Alvim, o homem teria apresentado os sintomas no dia 28 de dezembro, mas só procurou um hospital no dia 5 de janeiro, quando já se encontrava em estado considerado gravíssimo. Ele morreu no dia seguinte, sábado (6), no HPS, em Juiz de Fora. Ele teria cerca de 40 anos e não era vacinado.

Ainda conforme o secretário, a suspeita é que ele tenha adquirido a doença na Zona Rural, enquanto trabalhava em uma propriedade próxima à divisa com as cidades de Rio Novo e São João Nepomuceno. No entanto, não há notificações de epizootias no local. Ainda assim, outros homens que trabalharam com ele foram entrevistados e disseram que já tinham sido vacinados. Uma equipe da secretaria ainda realizou uma investigação com a família do paciente e verificou que ele era o único membro não vacinado. A informação é de que ele teria resistência em ir ao médico.

Por conta da confirmação, a vacinação na cidade foi intensificada e pode ser realizada diariamente nas unidades de saúde, das 8h30 às 15h30. O óbito é o terceiro confirmado na Zona da Mata em decorrência da doença. O primeiro caso ocorreu em Mar de Espanha, distante 60 quilômetros de Juiz de Fora. No município também houve intensificação do esquema de vacinação. A prefeitura tem realizado busca ativa para imunizar os moradores. A cidade deve receber carros fumacê para eliminar os vetores nos próximos dias.

Viçosa

Em Viçosa, distante 175 quilômetros de Juiz de Fora, três pessoas foram internadas com suspeita de febre amarela. Segundo informações da prefeitura, dois dos pacientes seriam moradores da cidade de Porto Firme, localizada a 36 quilômetros, e foram transferidos para Viçosa no último domingo (14). O outro possível infectado seria um morador da cidade que frequentou a região da cidade vizinha. Ele está internado no Hospital São Sebastião desde sexta (12).

De acordo com a secretaria de Saúde do município, todos os pacientes apresentaram os sintomas da doença, como icterícia, febre alta de sete a dez dias, vômito e hemorragia. Um dos pacientes de Porto Firme apresentou alto grau de insuficiência hepática e precisou ser encaminhado para Belo Horizonte. Ainda conforme informações divulgadas pela Prefeitura de Viçosa nesta segunda, não é possível afirmar onde o morador de Viçosa teria sido infectado. No entanto, ele relatou que visitou uma localidade na Zona Rural. Já os moradores da cidade vizinha teriam viajado para Mariana, cidade onde duas mortes causadas por febre amarela já foram confirmadas.

Amostras coletadas dos três pacientes foram enviadas para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), onde devem ser analisadas em 72 horas. Será realizada busca ativa nas zonas rurais de ambas as cidades, com intensificação da vacinação. Um posto extra deve ser montado em Viçosa no fim de semana para imunizar pessoas que trabalham em horário comercial durante a semana.

Vacinação é melhor forma de prevenção

Em todo o estado, segundo boletim epidemiológico da SES, 11 óbitos por febre amarela silvestre já foram confirmados até esta segunda. Outra morte suspeita ainda está sendo investigada. Além dos casos confirmados na Zona da Mata, em Mar de Espanha, Goianá e Barra Longa, a 270 quilômetros de Juiz de Fora, as outras mortes já confirmadas aconteceram em Brumadinho, Carmo da Mata, Mariana (duas mortes) e em Nova Lima (quatro mortes). O único caso confirmado que não evoluiu para óbito ocorreu em Brumadinho. O homem que foi infectado era vizinho da vítima que morreu na mesma cidade e é considerado curado. Outras 34 suspeitas da doença seguem em investigação.

Ainda conforme a SES, os sintomas relacionados à febre amarela e que geram notificações sobre possíveis casos da doença são definidos pelo Ministério da Saúde. Assim, são notificados casos suspeitos de febre amarela: todo indivíduo que apresentar quadro febril agudo (até sete dias), de início súbito, acompanhado de elevação de enzimas encontradas no fígado e que podem demonstrar alterações nas funções hepáticas, icterícia ou manifestações hemorrágicas. Os diagnósticos de pacientes com essas características e residentes ou procedentes de municípios de jurisdição das unidades regionais de saúde de Belo Horizonte, Divinópolis, Juiz de Fora e Ponte Nova, não vacinados contra febre amarela ou com estado vacinal ignorado, serão considerados suspeitos.

Outros sintomas podem ser febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. As manifestações costumam ser repentinas. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.

A melhor forma de se prevenir contra a doença é por meio da vacinação. Em Juiz de Fora, desde que o primeiro macaco foi encontrado morto no parque do Museu Mariano Procópio, a Secretaria de Saúde efetuou ações de bloqueio contra os vetores no entorno do local. Cinco postos extras de vacinação foram criados durante a última semana, imunizando um total de 2.675 pessoas. Destas, 484 se vacinaram no último sábado, em ação realizada no Espaço Cidadão, no Centro. Também já foi realizada aplicação de inseticida nos bairros Mariano Procópio, Previdenciários e Vitorino Braga, além da UFJF.

A cobertura vacinal na cidade é estimada em 89,85% do público-alvo, que envolve crianças com idade superior a 9 meses e adultos com até 60 anos. Gestantes e idosos precisam de autorização médica para obter a imunização. A meta é vacinar 95% deste público. Uma dose da vacina imuniza o paciente por toda a vida.

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Veículo: IHU – Instituto Humanitas Unisinos

Editoria: Entrevistas

Data: 15/01/2018

Link:http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/575173-beneficios-economicos-gerados-pela-mineracao-nao-revertem-em-desenvolvimento-humano-entrevista-especial-com-heloisa-pinna-bernardo

Título: Benefícios econômicos gerados pela mineração não revertem em desenvolvimento humano. Entrevista especial com Heloísa Pinna Bernardo

A expressão “maldição da mineração” refere-se a um fenômeno observado nos municípios onde ocorre este tipo de atividade. Uma parcela do efeito positivo que decorre do incremento da economia “é absorvida pelos efeitos negativos da atividade que seriam os impactos sobre o meio ambiente e sobre a saúde das pessoas”, além de geração de subempregos e má distribuição de renda. Nas regiões de base mineral, as taxas de crescimento são inferiores às das regiões nas quais a atividade é inexpressiva.

Esta análise é consequência de uma pesquisa realizada pela professora Heloísa Pinna Bernardo. Ela publicou recentemente um artigo apresentando uma série de estatísticas para contrapor o argumento da relação entre mineração e desenvolvimento local. O objetivo da pesquisa que originou o texto foi avaliar o impacto da atividade mineradora no indicador de desenvolvimento humano nas cidades do estado de Minas Gerais. Os resultados indicaram que, embora a atividade mineradora gere receitas para o município, a presença dela tem um efeito negativo sobre o índice de desenvolvimento municipal.

“Foi observado no período apurado que nas 18 cidades mineras mineradoras com CFEM[Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais] relevante – ou seja, com a CFEM representado mais que 5% das receitas correntes – existia um efeito negativo dela sobre o IFDM [Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal]”, explica Bernardo em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Desta forma, a professora considera “razoável supor que, em média, os benefícios econômicos gerados não são revertidos em desenvolvimento humano”.

Do ponto de vista teórico, é possível praticar a atividade mineradora de forma sustentável, “sendo necessária uma série de boas práticas dos gestores municipais e das empresas mineradoras para que tal objetivo seja alcançado”. No entanto, salienta Bernardo, “não se tem exemplos no Brasil de empresas com esse perfil”.

Heloísa Pinna Bernardo é doutora em Contabilidade e mestra em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo – USP e graduada em Engenharia Mecânica pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. Leciona Finanças da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, onde coordena o Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como foi feita sua pesquisa acerca do impacto da atividade mineradora no desenvolvimento local de Minas Gerais?

Heloísa Pinna Bernardo – Para avaliar o impacto da mineração sobre o desenvolvimento econômico, foram utilizados os seguintes indicadores: PIB[produto interno bruto], porte do município e o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal – IFDM. O IFDM é o resultado de um estudo do Sistema FIRJAN que acompanha anualmente o desenvolvimento socioeconômico de todos os mais de 5 mil municípios brasileiros nas áreas de Emprego e Renda, Educação e Saúde. Criado em 2008, ele é obtido, exclusivamente, com base em estatísticas públicas oficiais, disponibilizadas pelos ministérios do Trabalho e Previdência Social, da Educação e da Saúde. A última edição do índice disponível atualmente refere-se a 2013.

Abarcou-se o período de 2009 a 2013 e foram analisados dados de todas as cidades mineiras que disponibilizaram informações das receitas correntes do município no período, do PIB e tiveram o Índice FIRJAM divulgado. A pesquisa teve por base os dados fornecidos pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] para a obtenção do PIB per capta e da população, dados do Tesouro Nacional para a mensuração das Receitas Corrente, os levantamentos fornecidos pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e o índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado pelo Sistema FIRJAN.

Os municípios com atividade mineradora relevante, para efeito do estudo, são aqueles em que a CFEM corresponde a pelo menos 5% das receitas correntes do município, refletindo o grau de dependência da atividade mineral.

Também se considerou que o efeito dos investimentos dos recursos sobre os indicadores econômicos e sociais que compõe o índice FIRJAN (lembrando que o índice FIRJAN usa estatísticas de Trabalho e Renda, Educação e Saúde) tem um tempo de maturação e, logo, os indicadores econômicos também foram considerados como uma média no período.

Foi usado o método da regressão linear múltipla para avaliar o efeito da atividade mineradora sobre o IFDM. A regressão linear possibilita a avaliação do impacto conjunto de diversas variáveis sobre uma variável dita dependente. No caso do estudo em tela, a variável dependente foi o IFDM, com base na hipótese de que ele depende de vários fatores como atividade econômica, medida pelo PIB; do porte do município, avaliado pela população; e pelo efeito (positivo ou negativo) da atividade mineradora. Então, nesse estudo buscou-se avaliar se a atividade mineradora relevante teria algum impacto no indicador de desenvolvimento econômico, após serem retirados os efeitos do porte e da atividade econômica sobre o IFDM dos municípios.

É fato que a atividade mineradora tem impacto sobre a atividade econômica e consequentemente sobre o PIB dos municípios em que essa atividade está presente, mas o que o estudo se dispôs a avaliar é se essa atividade econômica adicional teria um impacto positivo, indicando que a atividade mineradora traz benefícios para o município ou se parcela do efeito positivo decorrente do aumento da atividade econômica é absorvida pelos efeitos negativos da atividade que seriam os impactos sobre o meio ambiente e sobre a saúde das pessoas.

Esse viés de absorção dos benefícios é tratado na literatura como a “maldição da mineração”, propiciando a geração de subempregos, a má distribuição de renda e taxas de crescimento das regiões de base mineral inferiores às das regiões nas quais a mineração é inexpressiva.

IHU On-Line – Qual é, segundo os resultados da sua pesquisa, o impacto da atividade mineradora no indicador de desenvolvimento humano nas cidades do estado de Minas Gerais? Esses impactos ocorrem por conta do próprio funcionamento das empresas ou por conta de uma má gestão dos municípios em que as empresas estão instaladas?

Heloísa Pinna Bernardo – Os achados do estudo indicam que a atividade mineradora relevante teve um efeito negativo sobre o IFDM [índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal], após serem eliminados os efeitos da atividade econômica (PIB) e do porte em termos de população. Foi observado no período apurado que nas 18 cidades mineras mineradoras com CFEM [Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais] relevante – ou seja, com a CFEM representado mais que 5% das receitas correntes – existia um efeito negativo dela sobre o IFDM.

Com isso é razoável supor que, em média, os benefícios econômicos gerados não são revertidos em desenvolvimento humano. Lembrando que o IFDM abarca as dimensões Emprego e Renda, Educação e Saúde.

O estudo, de caráter exploratório, não se debruçou nos aspectos da atividade mineradora que pudessem impactar nos indicadores de desenvolvimento municipal que compõe o IFDM: Emprego e Renda, Educação e Saúde. O estudo avaliou de maneira agregada e em termos médios. Na média, as cidades com atividade mineradora têm IDH menor do que as cidades sem atividade mineradora, expurgando-se os efeitos sobre o IFDM do porte do município e do PIB per capta do município.

Esse achado é importante para que se justifiquem estudos em que sejam aprofundadas justamente as questões relativas aos efeitos da mineração sobre os indicadores de desenvolvimento. Não se pode também deixar de mencionar que a forma como o gestor municipal administra os recursos oriundos de todas as fontes influencia os indicadores. Essas questões merecem ser aprofundadas em outros estudos daqui para a frente.

IHU On-Line – Quais são os impactos sociais, econômicos e ambientais gerados pela mineração nos locais estudados?

Heloísa Pinna Bernardo – Tradicionalmente a mineração pode gerar problemas ambientais, como remoção da cobertura vegetal, poluição e inundação; problemas sociais e econômicos com o aumento da população e demanda por serviços públicos. Estudos apontaram a geração de subempregos, a má distribuição de renda e taxas de crescimento das regiões de base mineral inferiores às das regiões com mineração inexpressiva. Contudo, o impacto dos problemas apontados acima não é objeto da presente pesquisa, não sendo possível afirmar que esse seja o caso das cidades estudadas.

IHU On-Line – Que tipo de indicadores socioeconômicos deveriam ser esperados em uma região onde há atividade mineradora?

Heloísa Pinna Bernardo – Como a CFEM é um excedente que somente as cidades mineradoras fazem jus, o que se esperava é que elas – por terem uma renda adicional e com isso uma vantagem econômica – tivessem um desenvolvimento mais pujante do que as cidades não mineradoras. Mas o que se observou é que a CFEM funcionou mais como um contrapeso do que um trampolim para o desenvolvimento. Explicando, ao invés de catapultar o IFDM para valores elevados, a CFEM pesou demais em sentido contrário, minimizando e até mesmo desfazendo a obtenção de um melhor índice socioeconômico.

IHU On-Line – É possível estimar qual é a receita gerada pela atividade mineradora para os municípios de Minas Gerais?

Heloísa Pinna Bernardo – O DNPM divulga que todos os municípios recebem em razão da exploração. Contudo, a CFEM é a receita direta obtida da exploração mineral, mas há outras receitas que acabam vindo de forma indireta, como o IPTUrecebido das instalações e toda a dinâmica econômica que a existência da mineração pode gerar.

O impacto financeiro da atividade mineradora sobre o orçamento dos municípios não foi mensurado neste estudo. No entanto, nele foram identificados 18 municípios com atividade mineradora relevante (arrecadação da CFEM supera 5% das receitas correntes do município), dos quais 12 tinham população inferir a 50 mil habitantes. Em São Gonçalo do Rio Abaixo, a arrecadação da CFEM correspondeu a 73,47% das receitas correntes, sendo o município com maior relação entre arrecadação da CFEM e as receitas correntes no período 2009-2013. Em seguida estava Mariana, onde a arrecadação da CFEM correspondeu a 45,55% das receitas correntes.

Cabe aqui uma consideração importante: o estudo abordou um período anterior ao desastre da Samarco. Em 2016, pelo critério adotado de relevância da atividade mineradora medida pela relação entre a arrecadação da CFEM e as receitas correntes, Mariana não seria um município com atividade mineradora relevante. Contudo, os indicadores de Emprego e Renda, Educação e Saúde foram afetados negativamente em função justamente da atividade mineradora, ou melhor, pelas consequências dessa atividade. Se formos além, é razoável supor que outros municípios sem atividade mineradora e que foram afetados pelo desastre da Samarco possam ter seus indicadores de desenvolvimento afetados desfavoravelmente. Isso é outro ponto que merece ser investigado como provocação a partir dos resultados desse estudo.

IHU On-Line – É possível praticar a atividade mineradora de uma forma sustentável?

Heloísa Pinna Bernardo – Do ponto de vista teórico, sim. Há teóricos que defendem que a mineração pode ser conciliada com o desenvolvimento sustentável, sendo necessária uma série de boas práticas dos gestores municipais e das empresas mineradoras para que tal objetivo seja alcançado. No entanto, não se tem exemplos no Brasil de empresas com esse perfil.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Heloísa Pinna Bernardo – O estudo traz mais perguntas do que respostas. Os achados nos provocam a questionar esse modelo de desenvolvimento tão agressivo como o da atividade mineradora. Quando se anuncia que a mineração vai levar desenvolvimento para uma localidade, trazendo empregos, há que se perguntar sobre a qualidade desses empregos e se esses empregos beneficiarão a população local. Esse estudo é o início de uma investigação sobre aspectos econômicos e sociais da atividade mineradora comparativamente a outras atividades econômicas.

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Veículo: Carta maior

Editoria: Entrevista

Data: 15/01/2018

Link:https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Mae-Terra/Entrevista-especial-com-Heloisa-Pinna-Bernardo/3/39133

Título:Entrevista especial com Heloísa Pinna Bernardo

‘Benefícios econômicos gerados pela mineração não revertem em desenvolvimento humano’

 

A expressão “maldição da mineração” refere-se a um fenômeno observado nos municípios onde ocorre este tipo de atividade.Uma parcela do efeito positivo que decorre do incremento da economia “é absorvida pelos efeitos negativos da atividade que seriam os impactos sobre o meio ambiente e sobre a saúde das pessoas”, além de geração de subempregos e má distribuição de renda. Nas regiões de base mineral, as taxas de crescimento são inferiores às das regiões nas quais a atividade é inexpressiva.

Esta análise é consequência de uma pesquisa realizada pela professora Heloísa Pinna Bernardo. Ela publicou recentemente um artigo apresentando uma série de estatísticas para contrapor o argumento da relação entre mineração e desenvolvimento local. O objetivo da pesquisa que originou o texto foi avaliar o impacto da atividade mineradora no indicador de desenvolvimento humano nas cidades do estado de Minas Gerais. Os resultados indicaram que, embora a atividade mineradora gere receitas para o município, a presença dela tem um efeito negativo sobre o índice de desenvolvimento municipal.

“Foi observado no período apurado que nas 18 cidades mineras mineradoras com CFEM[Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais] relevante – ou seja, com a CFEM representado mais que 5% das receitas correntes – existia um efeito negativo dela sobre o IFDM [Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal]”, explica Bernardo em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Desta forma, a professora considera “razoável supor que, em média, os benefícios econômicos gerados não são revertidos em desenvolvimento humano”.

Do ponto de vista teórico, é possível praticar a atividade mineradora de forma sustentável, “sendo necessária uma série de boas práticas dos gestores municipais e das empresas mineradoras para que tal objetivo seja alcançado”. No entanto, salienta Bernardo, “não se tem exemplos no Brasil de empresas com esse perfil”.

Heloísa Pinna Bernardo é doutora em Contabilidade e mestra em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo – USP e graduada em Engenharia Mecânica pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. Leciona Finanças da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, onde coordena o Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como foi feita sua pesquisa acerca do impacto da atividade mineradora no desenvolvimento local de Minas Gerais?

Heloísa Pinna Bernardo – Para avaliar o impacto da mineração sobre o desenvolvimento econômico, foram utilizados os seguintes indicadores: PIB[produto interno bruto], porte do município e o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal – IFDM. O IFDM é o resultado de um estudo do Sistema FIRJAN que acompanha anualmente o desenvolvimento socioeconômico de todos os mais de 5 mil municípios brasileiros nas áreas de Emprego e Renda, Educação e Saúde. Criado em 2008, ele é obtido, exclusivamente, com base em estatísticas públicas oficiais, disponibilizadas pelos ministérios do Trabalho e Previdência Social, da Educação e da Saúde. A última edição do índice disponível atualmente refere-se a 2013.

Abarcou-se o período de 2009 a 2013 e foram analisados dados de todas as cidades mineiras que disponibilizaram informações das receitas correntes do município no período, do PIB e tiveram o Índice FIRJAM divulgado. A pesquisa teve por base os dados fornecidos pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] para a obtenção do PIB per capta e da população, dados do Tesouro Nacional para a mensuração das Receitas Corrente, os levantamentos fornecidos pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e o índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado pelo Sistema FIRJAN.

Os municípios com atividade mineradora relevante, para efeito do estudo, são aqueles em que a CFEM corresponde a pelo menos 5% das receitas correntes do município, refletindo o grau de dependência da atividade mineral.

Também se considerou que o efeito dos investimentos dos recursos sobre os indicadores econômicos e sociais que compõe o índice FIRJAN (lembrando que o índice FIRJAN usa estatísticas de Trabalho e Renda, Educação e Saúde) tem um tempo de maturação e, logo, os indicadores econômicos também foram considerados como uma média no período.

Foi usado o método da regressão linear múltipla para avaliar o efeito da atividade mineradora sobre o IFDM. A regressão linear possibilita a avaliação do impacto conjunto de diversas variáveis sobre uma variável dita dependente. No caso do estudo em tela, a variável dependente foi o IFDM, com base na hipótese de que ele depende de vários fatores como atividade econômica, medida pelo PIB; do porte do município, avaliado pela população; e pelo efeito (positivo ou negativo) da atividade mineradora. Então, nesse estudo buscou-se avaliar se a atividade mineradora relevante teria algum impacto no indicador de desenvolvimento econômico, após serem retirados os efeitos do porte e da atividade econômica sobre o IFDM dos municípios.

É fato que a atividade mineradora tem impacto sobre a atividade econômica e consequentemente sobre o PIB dos municípios em que essa atividade está presente, mas o que o estudo se dispôs a avaliar é se essa atividade econômica adicional teria um impacto positivo, indicando que a atividade mineradora traz benefícios para o município ou se parcela do efeito positivo decorrente do aumento da atividade econômica é absorvida pelos efeitos negativos da atividade que seriam os impactos sobre o meio ambiente e sobre a saúde das pessoas.

Esse viés de absorção dos benefícios é tratado na literatura como a “maldição da mineração”, propiciando a geração de subempregos, a má distribuição de renda e taxas de crescimento das regiões de base mineral inferiores às das regiões nas quais a mineração é inexpressiva.

IHU On-Line – Qual é, segundo os resultados da sua pesquisa, o impacto da atividade mineradora no indicador de desenvolvimento humano nas cidades do estado de Minas Gerais? Esses impactos ocorrem por conta do próprio funcionamento das empresas ou por conta de uma má gestão dos municípios em que as empresas estão instaladas?

Heloísa Pinna Bernardo – Os achados do estudo indicam que a atividade mineradora relevante teve um efeito negativo sobre o IFDM [índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal], após serem eliminados os efeitos da atividade econômica (PIB) e do porte em termos de população. Foi observado no período apurado que nas 18 cidades mineras mineradoras com CFEM [Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais] relevante – ou seja, com a CFEM representado mais que 5% das receitas correntes – existia um efeito negativo dela sobre o IFDM.

Com isso é razoável supor que, em média, os benefícios econômicos gerados não são revertidos em desenvolvimento humano. Lembrando que o IFDM abarca as dimensões Emprego e Renda, Educação e Saúde.

O estudo, de caráter exploratório, não se debruçou nos aspectos da atividade mineradora que pudessem impactar nos indicadores de desenvolvimento municipal que compõe o IFDM: Emprego e Renda, Educação e Saúde. O estudo avaliou de maneira agregada e em termos médios. Na média, as cidades com atividade mineradora têm IDH menor do que as cidades sem atividade mineradora, expurgando-se os efeitos sobre o IFDM do porte do município e do PIB per capta do município.

Esse achado é importante para que se justifiquem estudos em que sejam aprofundadas justamente as questões relativas aos efeitos da mineração sobre os indicadores de desenvolvimento. Não se pode também deixar de mencionar que a forma como o gestor municipal administra os recursos oriundos de todas as fontes influencia os indicadores. Essas questões merecem ser aprofundadas em outros estudos daqui para a frente.

IHU On-Line – Quais são os impactos sociais, econômicos e ambientais gerados pela mineração nos locais estudados?

Heloísa Pinna Bernardo – Tradicionalmente a mineração pode gerar problemas ambientais, como remoção da cobertura vegetal, poluição e inundação; problemas sociais e econômicos com o aumento da população e demanda por serviços públicos. Estudos apontaram a geração de subempregos, a má distribuição de renda e taxas de crescimento das regiões de base mineral inferiores às das regiões com mineração inexpressiva. Contudo, o impacto dos problemas apontados acima não é objeto da presente pesquisa, não sendo possível afirmar que esse seja o caso das cidades estudadas.

IHU On-Line – Que tipo de indicadores socioeconômicos deveriam ser esperados em uma região onde há atividade mineradora?

Heloísa Pinna Bernardo – Como a CFEM é um excedente que somente as cidades mineradoras fazem jus, o que se esperava é que elas – por terem uma renda adicional e com isso uma vantagem econômica – tivessem um desenvolvimento mais pujante do que as cidades não mineradoras. Mas o que se observou é que a CFEM funcionou mais como um contrapeso do que um trampolim para o desenvolvimento. Explicando, ao invés de catapultar o IFDM para valores elevados, a CFEM pesou demais em sentido contrário, minimizando e até mesmo desfazendo a obtenção de um melhor índice socioeconômico.

IHU On-Line – É possível estimar qual é a receita gerada pela atividade mineradora para os municípios de Minas Gerais?

Heloísa Pinna Bernardo – O DNPM divulga que todos os municípios recebem em razão da exploração. Contudo, a CFEM é a receita direta obtida da exploração mineral, mas há outras receitas que acabam vindo de forma indireta, como o IPTUrecebido das instalações e toda a dinâmica econômica que a existência da mineração pode gerar.

O impacto financeiro da atividade mineradora sobre o orçamento dos municípios não foi mensurado neste estudo. No entanto, nele foram identificados 18 municípios com atividade mineradora relevante (arrecadação da CFEM supera 5% das receitas correntes do município), dos quais 12 tinham população inferir a 50 mil habitantes. Em São Gonçalo do Rio Abaixo, a arrecadação da CFEM correspondeu a 73,47% das receitas correntes, sendo o município com maior relação entre arrecadação da CFEM e as receitas correntes no período 2009-2013. Em seguida estava Mariana, onde a arrecadação da CFEM correspondeu a 45,55% das receitas correntes.

Cabe aqui uma consideração importante: o estudo abordou um período anterior ao desastre da Samarco. Em 2016, pelo critério adotado de relevância da atividade mineradora medida pela relação entre a arrecadação da CFEM e as receitas correntes, Mariana não seria um município com atividade mineradora relevante. Contudo, os indicadores de Emprego e Renda, Educação e Saúde foram afetados negativamente em função justamente da atividade mineradora, ou melhor, pelas consequências dessa atividade. Se formos além, é razoável supor que outros municípios sem atividade mineradora e que foram afetados pelo desastre da Samarco possam ter seus indicadores de desenvolvimento afetados desfavoravelmente. Isso é outro ponto que merece ser investigado como provocação a partir dos resultados desse estudo.

IHU On-Line – É possível praticar a atividade mineradora de uma forma sustentável?

Heloísa Pinna Bernardo – Do ponto de vista teórico, sim. Há teóricos que defendem que a mineração pode ser conciliada com o desenvolvimento sustentável, sendo necessária uma série de boas práticas dos gestores municipais e das empresas mineradoras para que tal objetivo seja alcançado. No entanto, não se tem exemplos no Brasil de empresas com esse perfil.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Heloísa Pinna Bernardo – O estudo traz mais perguntas do que respostas. Os achados nos provocam a questionar esse modelo de desenvolvimento tão agressivo como o da atividade mineradora. Quando se anuncia que a mineração vai levar desenvolvimento para uma localidade, trazendo empregos, há que se perguntar sobre a qualidade desses empregos e se esses empregos beneficiarão a população local. Esse estudo é o início de uma investigação sobre aspectos econômicos e sociais da atividade mineradora comparativamente a outras atividades econômicas.

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Veículo: Estado de Minas

Editoria: Geral

Data: 15/01/2018

Link:https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2018/01/15/interna_gerais,931113/exames-confirmam-que-tres-macacos-morreram-devido-a-febre-amarela-em-j.shtml

Título:Exames confirmam que três macacos morreram devido à febre amarela em Juiz de Fora

Museu Mariano Procópio, uma das atrações turísticas da cidade, teve visitação suspensa até março. Um dos animais com a doença foi encontrado no local

A Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata, confirmou que as amostras coletadas dos corpos de três macacos no município apontam para febre amarela como causa das mortes. Os resultados positivos são de animais encontrados no Bairro Previdenciários, no ano passado, no Museu Mariano Procópio, no último dia 3, e no Palmital, dia 8.

Com a constatação, a visitação ao museu, um dos pontos turísticos da cidade, está suspensa até o começo de março, quando o Departamento de Vigilância Epidemiológica da Subsecretaria de Vigilância em Saúde fará nova avaliação. A Secretaria de Saúde local não vai adotar ações extras, devido aos trabalhos de controle já executados nos locais imediatamente após o encontro dos corpos.

A administração municipal informou que vem atuando no monitoramento da febre amarela e antecipando os protocolos de ações preventivas, buscando o bloqueio da cidade e a proteção da população, desde o ano passado. As ações foram iniciadas no final de outubro de 2017, quando novos casos de epizootias começaram a surgir. O foco agora da secretaria de saúde local, é vacinação daqueles que não foram imunizados contra a doença. A cobertura vacinal em Juiz de Fora está estimada em 99,85%.

De acordo com informações da prefeitura, este ano, até esta segunda-feira, foram encontrados nove macacos mortos em Juiz de Fora: dois no Museu Mariano Procópio (sendo um atropelado), um no Bairro Vitorino Braga, um no Distrito de Rosário de Minas, um em Palmital, um na UFJF (também atropelado), um em Retiro e dois em Linhares, mãe e filhote. Foram enviadas seis amostras para análise junto a Fundação “Ezequiel Dias” (Funed), em Belo Horizonte. As demais foram descartadas, devido ao estado avançado de decomposição em que os animais foram encontrados.

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Veículo: Rádio Caraça

Editoria: Brasil e mundo

Data: 15/01/2018

Link:http://www.caracafm.com.br/#/exames-confirmam-que-tres-macacos-morreram-devido-febre-amarela-em-juiz-de-fora/

Título:Exames confirmam que três macacos morreram devido à febre amarela em Juiz de Fora

A Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata, confirmou que as amostras coletadas dos corpos de três macacos no município apontam para febre amarela como causa das mortes. Os resultados positivos são de animais encontrados no Bairro Previdenciários, no ano passado, no Museu Mariano Procópio, no último dia 3, e no Palmital, dia 8.

Com a constatação, a visitação ao museu, um dos pontos turísticos da cidade, está suspensa até o começo de março, quando o Departamento de Vigilância Epidemiológica da Subsecretaria de Vigilância em Saúde fará nova avaliação. A Secretaria de Saúde local não vai adotar ações extras, devido aos trabalhos de controle já executados nos locais imediatamente após o encontro dos corpos.

A administração municipal informou que vem atuando no monitoramento da febre amarela e antecipando os protocolos de ações preventivas, buscando o bloqueio da cidade e a proteção da população, desde o ano passado. As ações foram iniciadas no final de outubro de 2017, quando novos casos de epizootias começaram a surgir. O foco agora da secretaria de saúde local, é vacinação daqueles que não foram imunizados contra a doença. A cobertura vacinal em Juiz de Fora está estimada em 99,85%.

De acordo com informações da prefeitura, este ano, até esta segunda-feira, foram encontrados nove macacos mortos em Juiz de Fora: dois no Museu Mariano Procópio (sendo um atropelado), um no Bairro Vitorino Braga, um no Distrito de Rosário de Minas, um em Palmital, um na UFJF (também atropelado), um em Retiro e dois em Linhares, mãe e filhote. Foram enviadas seis amostras para análise junto a Fundação “Ezequiel Dias” (Funed), em Belo Horizonte. As demais foram descartadas, devido ao estado avançado de decomposição em que os animais foram encontrados.

Estado de Minas

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Veículo: Hoje em dia

Editoria: Horizontes

Data: 15/01/2018

Link:http://hojeemdia.com.br/horizontes/laudo-confirma-morte-de-macacos-por-febre-amarela-em-juiz-de-fora-1.589572

Título:Laudo confirma morte de macacos por febre amarela em Juiz de Fora

A Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, divulgou o resultado laboratorial de três amostras de macacos encontrados mortos no município que apontaram febre amarela como a causa. Os casos positivos são dos animais encontrados no bairro Previdenciários, no Museu Mariano Procópio e em Palmital.

De acordo com a prefeitura, por causa disso, o Museu Mariano Procópio permanecerá fechado por 60 dias, até o início de março, quando o Departamento de Vigilância Epidemiológica da Subsecretaria de Vigilância em Saúde fará uma nova avaliação.

A Secretaria de Saúde informou que vem atuando no monitoramento da doença e antecipando os protocolos de ações preventivas, buscando o bloqueio da cidade e a proteção da população.

Postos extras de vacinação

Cinco postos extras foram montados para vacinação contra a febre amarela até o último sábado. A cobertura vacinal para a febre amarela no município está estimada em 89,85%.

Além de intensificar a vacinação, a secretaria bloqueou as áreas urbanas, onde macacos foram encontrados mortos, antecipando as ações previstas em casos de amostras positivas para febre amarela e seguindo as orientações definidas em protocolo da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e do Ministério da Saúde.

A aplicação de inseticida foi realizada nos bairros Mariano Procópio, Previdenciários e Vitorino Braga, além da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Na área rural, a Subsecretaria de Vigilância em Saúde já havia intensificado as ações de bloqueio e busca ativa de vacinação em novembro e dezembro de 2017, nas 14 regiões.

Em 2018, até esta segunda (15), foram encontrados nove macacos mortos na cidade: dois no Museu Mariano Procópio (sendo um atropelado), um no Bairro Vitorino Braga, um no Distrito de Rosário de Minas, um em Palmital, um na UFJF (também atropelado), um em Retiro e dois em Linhares, mãe e filhote.

Outras seis amostras foram enviadas para análise na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, e aguardam o resultado.