O Grupo de Estudos Tutoriais (GET) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (FAU – UFJF) e o Grupo de Pesquisa e Extensão Urbanismo em Minas Gerais são formados por estudantes orientados pelo professor Fábio Lima. Os alunos prestam apoio técnico à comunidade externa e a órgãos públicos e, atualmente, desenvolvem dois projetos extensionistas: a construção da Capela de Santa Rita e o amparo técnico à Fazenda Pedra Redonda.
Há dois meses, o grupo trabalha na elaboração da planta da Capela de Santa Rita de Cássia, que atenderá aos fiéis da Quase-Paróquia de Nossa Senhora Aparecida. Após realizarem medições no terreno, no bairro Recanto dos Lagos, os estudantes desenvolveram os primeiros esboços. A integrante do Grupo de Estudos, Vitória Vargas, conta que o projeto está sendo um processo colaborativo, uma vez que recebe o retorno da comunidade de forma direta. “Na celebração do feriado de Nossa Senhora Aparecida deixamos a maquete prévia exposta e eles vieram comentar com a gente, apontando o que gostaram, fazendo perguntas sobre o que não tinham entendido, dando sugestões. Vamos atender às necessidades da comunidade, para ter o máximo dela no projeto.” Outra integrante do GET, Valéria Eleutério, destaca que, “para este trabalho nosso grupo está fazendo uma análise mais crítica e sensível e, ao mesmo tempo, fazemos uma análise entre nós, de como está nossa dinâmica e o que estamos produzindo para fora, como estamos contribuindo com nosso conhecimento adquirido na faculdade.”
O padre Luciano Bonatto é o principal intermediador entre a comunidade e os acadêmicos envolvidos no projeto. “Os estudantes trouxeram uma proposta de construirmos a capela em formato de anfiteatro, pois assim não ficaria tão caro nivelar o terreno, que apresenta um declive. Além disso, o projeto é moderno e já estamos ansiosos para começarmos a construção, porque este será um presente para o bairro,” afirma padre Bonatto, que também já coordenou projetos de extensão na UFJF quando foi professor na Faculdade de Letras, na década de 1970.
Outro projeto extensionista desenvolvido pelo Grupo Urbanismo MG, que atende às demandas populares é a parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) na qual os acadêmicos prestam apoio técnico ao órgão. No caso da Fazenda Pedra Redonda, localizada em Ubá, que é protegida por um decreto de tombamento, o grupo realizou visitas técnicas ao patrimônio, fez levantamentos fotográficos e análises documentais. De acordo com a estudante Lara Scanapieco, “constatou-se que, além da degradação provocada pelo tempo, que é um processo natural, houve ação humana. Retiraram intencionalmente esquadrias e telhas para acelerar o processo de deterioração da fazenda”. Ela aponta também que cabe ao Ministério Público fiscalizar a situação dos bens culturais, e a parceria com o grupo Urbanismo MG permite aos alunos participarem dessas avaliações técnicas, acompanharem pareceres de especialistas e elaboração de Planos Diretores de municípios.
Para aprofundar as discussões sobre o uso e aproveitamento dos espaços urbanos, os integrantes do GET aproveitaram o Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura (Erea), realizado em São João da Barra (RJ), no início de setembro, para ter um retorno dos moradores sobre como percebem a própria cidade. Juliana Aquino explica o trabalho desenvolvido pelo grupo. “Construímos um mapa de São João da Barra e a ideia era deixar as pessoas livres para interferirem nele. Queríamos saber como elas se sentiam ao caminhar na cidade e que elas nos contassem suas experiências com os espaços municipais a fim de detectarmos as problemáticas e, a partir daí, pensarmos em soluções.”
O professor Fábio Lima, um dos responsáveis pelos trabalhos do GET e do grupo Urbanismo MG, enfatiza que as experiências práticas dos alunos nos projetos de pesquisa e extensão enriquecem as discussões do grupo de estudos. “São trabalhos nos quais abordamos o aspecto global da cidade, especificamente a insustentabilidade, como a poluição de rios, trânsito caótico, casas construídas em áreas de risco. Mas também temos a oportunidade de atendermos às demandas da comunidade, que é a principal afetada por toda esses transtornos dos espaços urbanos e de criarmos novas alternativas”, conclui.
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