O professor do Departamento de Ciências Sociais da UFJF, Paulo César Fraga, conversou com alunos das turmas do sexto ao nono ano da Escola Municipal Antônio Carlos Fagundes, no bairro Francisco Bernardino, nesta sexta-feira, 10, como parte das atividades do projeto “A ciência que fazemos” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Com pesquisas que têm ênfase na Sociologia do Crime e da Violência e na Sociologia da Juventude, Paulo César Fraga explicou para os adolescentes o que é pesquisa social e qual é o papel do sociólogo, usando exemplos dados pelos próprios alunos. “A vida social é muito ampla e cabe ao sociólogo entender o comportamento das pessoas dentro da sociedade. Como vocês mesmos falaram, cada sociedade é diferente da outra. Na Bahia, as pessoas comem acarajé; em Minas, comem pão de queijo e os aspectos do dia a dia delas precisam ser levados em conta durante uma pesquisa social.”
Apresentando seu principal tema de estudo – Juventude e Violência – o pesquisador trouxe dados que eram desconhecidos pelos estudantes, como a estatística de que nascem mais meninos, porém, entre a faixa etária de 20 anos, há mais mulheres do que homens. “A palestra foi legal porque falou de tudo que prejudica a gente ou pode prejudicar no futuro. Eu sabia que a criminalidade entre jovens no Brasil era grande, mas não imaginava que tantos homens jovens morriam em decorrência dela”, conta o aluno do sexto ano, Caíque Júnior.
Fazendo perguntas aos adolescentes, Paulo Fraga esclareceu quais são os fatores implicados na questão da violência entre jovens. “Tornar conceitos e termos científicos claros para eles é um pouco mais difícil, pois é uma linguagem com a qual eles não estão acostumados ou não tiveram contato ainda. Com as perguntas, eles puderam interagir e entender o tema com mais facilidade.”
Com a palestra, os estudantes conheceram um novo tipo de cientista, que não se encaixa aos estereótipos normalmente associados a este profissional. “Eu não pensava que tinha uma ciência que estuda a sociedade. Para mim, o cientista era quem inventava coisas. E com a palestra, conheci uma nova ciência e entendi melhor o que é desigualdade social. Eu pensava que era apenas uns serem ricos e outros não, mas agora sei que ela é um problema social, que só pode ser resolvido com políticas públicas e que no nosso país, questões raciais também estão relacionadas com a desigualdade”, considerou a estudante do sexto ano, Mariana Andrade.
A professora de ciências do sexto ano da Escola Municipal Antônio Carlos Fagundes, Helen Kelmer, participa de um grupo de estudos no Centro de Ciências da UFJF, no qual professores do ensino básico de Juiz de Fora se reúnem quinzenalmente para discutir novas formas de trabalhar conteúdos com seus alunos. Os docentes que frequentam o encontro cadastraram suas escolas e receberam as visitas do projeto “A ciência que fazemos”. “A presença de um cientista na escola, para contar a experiência de como é esse trabalho é ótima para os alunos, pois eles ficam muito curiosos. E, com isso, já começam a criar um vínculo com a Universidade e a pesquisa, que talvez não criariam se não surgisse essa curiosidade com a profissão que conheceram hoje.”
A ciência que fazemos
Mostrar para estudantes dos ensinos fundamental e médio que cientista não é apenas quem usa jaleco branco e trabalha com microscópio é um dos objetivos do projeto “A ciência que fazemos”, no qual professores da UFJF visitam escolas públicas e privadas de Juiz de Fora para explicar as pesquisas desenvolvidas por eles, aplicadas em diversas áreas do conhecimento.