“O efeito estufa é natural. Qualquer planeta que tenha uma camada atmosférica irá reter uma parcela de calor. O problema é que, nas últimas décadas, a concentração de gases poluentes na atmosfera terrestre aumentou, fazendo com que o efeito estufa se transformasse em aquecimento global”, destacou o biólogo Felipe Costa, em palestra, nesta terça-feira, 7, durante a 40ª Semana da Biologia (Sembio), que está sendo realizada no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Na palestra “A curva de Keeling e o aquecimento global”, Costa, que é mestre em Ecologia pela Unicamp e doutorando, na mesma área, na Universidade de Brasília (UnB), apresentou resultados da concentração de gás carbônico (CO²) na atmosfera. O biólogo mostrou um dado de que, entre 2005 e 2014, cerca de 9,9 gigatoneladas de CO² foram emitidas a cada ano.
Segundo ele, “o CO² está circulando o tempo todo, sendo fixado e liberado na atmosfera, no solo e nos oceanos. Porém, desde a Revolução Industrial, tem sido liberada uma quantidade enorme desse gás, e os principais fixadores estão saturados, de forma que a absorção dele tem sido mais lenta. Como consequência, ele está se acumulando na camada atmosférica e alterando a composição dela.”
De acordo com Felipe Costa, os estudos sobre a concentração de CO² na atmosfera começaram a ser feitos no início do século XX e, a princípio, todos duvidaram de que a emissão do gás pudesse trazer danos ao meio ambiente. Contudo, no final da década de 1950, o cientista Charles Keeling desenvolveu um gráfico, que registra mensalmente a concentração de CO² na atmosfera.
“Todos os anos a curva de Keeling aponta aumento na emissão de gás carbônico, e a imprensa sempre divulga que bateu mais um recorde, só que isso não é novidade, porque desde os anos 50, as variações são sempre para mais. Outro fato é que a concentração de CO² é maior durante o inverno, pois diminui a quantidade de fotossíntese nessa estação,” explicou Felipe.
No Observatório de Mauna Loa, localizado no Havaí, são feitas leituras diárias da atmosfera, e é analisado o que a compõe naquele dia. Em 60 anos de medição, a curva de Keeling retrata que a camada atmosférica está sendo alterada, mas o método não confirma que a ação humana seja um dos responsáveis, nem que a mudança climática seja resultado dessa alteração.
A 40ª Semana da Biologia acontece até sexta-feira, 10. A programação completa pode ser conferida no site do evento.