Lâmpada de lava, monocórdio de Pitágoras, energia gerada a partir de batata, regeneração celular dos super heróis, alternativas para limpar rios poluídos e foguetes. Estes são alguns dos projetos que foram apresentados na Feira de Ciências do Departamento de Física da UFJF, nesta quinta-feira, 25, no Instituto de Ciências Exatas (ICE) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Estudantes dos ensinos Fundamental e Médio de escolas públicas e privadas da cidade e região apresentaram experimentos envolvendo conceitos de matemática, biologia, química e física.
Um deles foi o projeto “Super heróis e Regeneração Celular”, desenvolvido por alunos do 8º ano da Escola Municipal Cecília Meireles, no qual células tronco e hepáticas foram o tema central de estudo. “A gente achou que seria legal trazer o tema de super heróis para a feira, porque este é um tema legal, e nos filmes que assistimos há regeneração de tecidos, fator de cura, e isso chama muito nossa atenção. Então criamos a relação dos heróis com a ciência”, explicam Fabiano, João Guilherme, Luís Felipe e Júlio, que têm entre 13 e 14 anos.
Outros conceitos como densidade e reações químicas foram abordados pelos estudantes do 5º ano da Escola Municipal Antônio Faustino da Silva, Júlia e Pedro Henrique, que têm 10 anos, no experimento “Lâmpada de Lava”. A dupla explica que “o efeito é o que chama mais atenção no projeto. A primeira coisa que a pessoa nota é que as duas substâncias (água e óleo) não se misturam, porque a água é mais pesada do que o óleo, e fica embaixo dele. E quando jogamos uma pílula de antiácido efervescente, ela reage com a água, liberando gás carbônico, criando uma movimentação dentro da jarra, parecida com a que acontece no interior dos vulcões.”
Vivências cotidianas
As vivências cotidianas também influenciaram a criação de projetos, como o “Águas Limpas”, criado por alunos do 3º ano do Centro Integrado SESI/Senai, de São João Nepomuceno. “O Ribeirão São João é muito poluído e passa nos fundos da nossa escola. Por isso resolvemos propor uma solução para ele, e vimos que no Espírito Santo há projetos de tratamento de cursos d’água feitos com plantas aquáticas, como a taboa.”
A partir disso, o grupo de estudantes incrementou o processo de purificação colocando um gradeado em zigue-zague, feito com mourões de eucalipto, que diminui o fluxo d’água e barra os detritos maiores, antes que eles cheguem à barreira de taboas – plantas que têm raízes fixas na água e nas quais se desenvolvem microrganismos que filtram a matéria orgânica presente na água suja. “Com o curso d’água mais limpo, a qualidade de vida dos moradores da cidade aumenta, pois não precisamos mais lidar com mau cheiro, insetos e outras consequências que um rio poluído traz para nós,” salienta Beatriz, uma das integrantes do grupo.
Também do município de São João Nepomuceno, foi apresentado o projeto “Avaliação Antropométrica e Consumo Alimentar dos Oitavos Anos da Escola Municipal Doutor Augusto Glória”, que consistiu em avaliar o índice de massa corporal (IMC) e os hábitos alimentares dos estudantes. Após montarem tabelas com os dados obtidos, os alunos fizeram testes para descobrir a quantidade de sal e açúcar que há nos alimentos que mais gostam.
Para encontrarem alternativas de alimentação saudável, os alunos foram para a cozinha da escola e criaram suas próprias receitas, como quibe de abóbora, sanduíches naturais e sucos. “A parte mais divertida foi montar um cardápio que não tivesse tanto sal, açúcar e gordura como os alimentos industrializados que comemos e bebemos todos os dias. A gente viu que dá para melhorar a nossa alimentação, e tudo por causa de um trabalho da escola,” conta a estudante Maria Eduarda.
Projetos de foguetes também foram apresentados pelos participantes da Feira, como o que foi desenvolvido por alunos do 2º ano do Colégio Apogeu de Pouso Alegre, que usou apenas água como comburente. “Enchemos o nosso foguete – que é todo feito de garrafas PET – com água, e então colocamos na base de lançamento. Com uma bomba de pedal, colocamos pressão no interior dele, e ao ser lançado, ele atingiu nos testes, 30 metros de altura, no mínimo.”
Engajamento
Todos os experimentos foram feitos com a supervisão dos professores das escolas, que se mostram orgulhosos pelo engajamento das crianças e dos jovens. “É interessante porque às vezes, nos conteúdos escolares, o aluno nem é tão brilhante, mas para a feira ele pega um assunto que é do interesse e gosto pessoal dele, e deslancha naquele projeto,” afirma Gésus Luis de Andrade, professor de Ciências da Escola Municipal Antônio Faustino da Silva, que há nove anos promove uma feira interna.
O pró-reitor adjunto de Graduação da UFJF, Cassiano Caon, ressalta que eventos que articulam a Universidade com as redes de ensino básico são fundamentais para a troca de sabedoria e experiências. “É um momento para a UFJF mostrar uma parte do conhecimento que ela produz para esses estudantes e seus professores, e eles mostrarem para nós aquilo que produzem. Todo mundo aprende um pouco um como o outro”.
Os trabalhos estão divididos em três categorias: A, destinada às turmas até o 5º ano do Ensino Fundamental; B, do 6º ao 8º ano do Fundamental; e C, que vai do 9º ano do Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio ou Técnico. E todos serão avaliados levando em conta a criatividade do projeto, sua adequação à série em que se encontram os alunos e grau de dificuldade de sua execução.
Apoiada pelo CNPq, a Feira de Ciências do Departamento de Física da UFJF contemplará os três melhores trabalhos de cada categoria com premiações , assim como os professores orientadores do projeto.
A previsão é de que o resultado seja divulgado ainda nesta quarta, 25, e a lista dos projetos vencedores poderá ser conferida no site http://www.ufjf.br/feiradeciencias/resultados/