Colocar o aluno como protagonista no processo de aprendizagem e fazê-los autores do conhecimento. Esse foi um dos assuntos debatidos na abertura oficial da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que aconteceu na noite desta terça-feira, 25, no Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora. A mesa redonda com a temática das “Feiras Científicas” foi composta pelos professores Marco Antônio Escher da UFJF e Eduardo de Campos Valadares da Universidade Federal de Minas Gerais, que dividiram suas trajetórias e também os desafios de tornar a ciência atrativa aos mais jovens.
Autor do livro “Física mais que divertida”, Eduardo de Campos iniciou sua apresentação mostrando trabalhos científicos feitos com a participação de jovens, que foram confeccionados com materiais de baixo custo e muita imaginação. “A ciência é sofisticada, mas para o público que estamos falando devemos mostrar o lado simples, lúdico. A essência da ciência é a curiosidade, a capacidade de perceber o mundo a nossa volta e fazer ligações. Esse processo começa com coisas muito simples” relatou. “O essencial que considero na divulgação científica é a criatividade, a inovação. É possível tornar o processo participativo e inclusivo, com uma linguagem que seja acessível às pessoas tirando esse mistério vocabular da ciência”.
Dando continuidade à discussão, o doutor em Educação Matemática, Marco Escher, dividiu sua experiência como organizador de feiras exclusivas da disciplina. Para o professor, apesar das dificuldades logísticas que os alunos possam enfrentar para participar de uma feira científica o resultado compensa. “Os alunos se tornam empoderados por aquilo que fazem, não existe apenas reprodução de conteúdo, eles têm autoridade no que dizem pois participaram de todo o processo de elaboração, basta o professor dar a chance para que o aluno retorne isso.” comenta. “Entender as feiras como extensão da sala de aula, é abrir o espaço para que que possa modificar a forma de ensinar”.
Papel do professor e da escola
Outra discussão levantada durante a conversa foi o papel do professor e da escola para despertar o interesse pela ciência em um contexto no qual as pessoas já se encontram imersas em diversas tecnologias e o investimento em educação nem sempre é prioritário. Para Valadares, os profissionais da educação devem ficar atentos à maneira como as novas gerações percebem o mundo “As escolas devem se atualizar, muitas ainda trabalham em um sistema arcaico, onde se ensina como usar ferramentas mas não se mostra a utilidade desse uso. Nós sofremos com o excessos de recursos e meios e ausências de fins, isso causa desinteresse dos alunos”.
Ambos os professores apontaram como saída a inserção do estudante como autor do conhecimento. “Ele tem que sentir que é capazes de pensar e agir, o professor tem que ser um orientador disso“ comentou Valadares. Escher ainda acrescentou a necessidade de atualização dos métodos de ensino dos professores. “É importante que os professores discutam como são suas práticas dentro de sala de aula. Nesse momento o conhecimento desenvolvido dentro do meio acadêmico pode auxiliar no processo. O contato entre academia e o ensino básico é aproximado em oportunidades como as feiras científicas”.