Quais as instâncias educativas para além da família e da escola? Como são naturalizadas as normas estabelecidas em nossa sociedade, especialmente no que diz respeito às relações de gênero? Essas foram as indagações que nortearam a oficina “Relações de gênero e pedagogias culturais”, realizada na última quinta-feira, dia 21, sob coordenação do professor Roney Polato, na Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A atividade integra o projeto Encontros Formativos, desenvolvido pelo Núcleo de Educação em Ciência, Matemática e Tecnologia, e teve como público-alvo estudantes de licenciaturas e profissionais da educação.
Professor de Filosofia no ensino médio, Paulo Victor Zaquieu Higino, foi um dos participantes. O docente destaca a importância da troca de saberes entre a UFJF e as escolas. “Oficinas como essa são muito importantes. São muitos os conflitos vivenciados em sala de aula no que se refere, por exemplo, às questões LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), às práticas religiosas, dentre outros, por isso me inscrevi. Também tinha curiosidade em saber sobre os artefatos culturais no processo educativo”.
A avaliação é compartilhada pela professora de Português e Informática da rede municipal de ensino, Ilka Barbosa Costa. “As questões de gênero surgem com frequência na sala de aula no ensino básico. Tenho 20 anos de docência e passei a me interessar pela temática no decorrer da minha prática profissional. Vivemos numa sociedade muito machista e precisamos trabalhar na construção de novos modos de ser e viver.”
Pedagogias Culturais e Relações de Gênero
O professor da Faculdade de Educação, Roney Polato, ressalta a forte presença das pedagogias culturais em nosso cotidiano. “Chamamos de pedagogias culturais a multiplicidade de processos educativos em curso, para além daqueles que têm lugar em instituições historicamente vinculadas a ações de educar, como é o caso da escola, da família, da igreja. Também são instâncias educativas o convívio social, os artefatos culturais, as literaturas e artes, a ciência e, sobretudo, as mídias e os meios de comunicação.”
Sobre gênero, Polato salienta que em cada sociedade, nas diversas culturas e períodos da história, são estabelecidas normas diferentes que determinam o que é feminino e/ou masculino. Essas regras são, segundo o docente, traduzidas em símbolos, comportamentos, gestos, habilidades. “Identidade de gênero é como nos reconhecemos e nos apresentamos à sociedade. É construída ao longo da vida, não é estabelecida ao nascimento. O aprendizado nada mais é do que um processo de constituição. As normas, inclusive as de gênero, são mantidas pela reiteração e repetição de elementos e, quando colocamos as normas em questão, estamos falando da possibilidade de que as pessoas possam viver plena e dignamente, construindo uma cultura de problematização das diferenças e combate a todas as formas de desigualdades e violências.”
Outras informações: (32) 2102-3666 Núcleo de Educação em Ciência, Matemática e Tecnologia ou secretarianec@gmail.com ou “Encontros Formativos: relações de gênero e pedagogias culturais”