O projeto “Sensoriamento remoto de áreas do entorno de reservatórios utilizando Veículos Aéreos Não Tripulados” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), desenvolvido pelo Laboratório de Telemetria (Litel), recebeu duas das três premiações concedidas no IX Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica (Citenel), o maior evento de inovação no setor elétrico realizado no Brasil.
Representando o Litel — composto por diversos professores e alunos, de graduação e pós-graduação, do curso de Engenharia Elétrica –, os professores Alexandre Bessa e André Marcato apresentaram um artigo técnico e expuseram um dos Veículos Aéreos Autónomos Não Tripulados (VAANT’s, popularmente conhecidos como drones) desenvolvidos na UFJF. Posteriormente, receberam os prêmios, ambos de 1º lugar, nas categorias “Melhor Trabalho Técnico em Pesquisa e Desenvolvimento P&D” e “Melhor Produto em Exposição”.
“Durante o evento, nós encontramos representantes das principais universidades brasileiras e centros de pesquisa, apresentando diversos produtos inovadores e de qualidade. Nesse contexto, esse prêmio é muito importante por servir como um selo de qualidade do trabalho que desenvolvemos aqui, na UFJF”, avaliou Marcato.
O Citenel
O Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) compele empresas do setor energético a destinar 1% de seu faturamento ao fomento de pesquisas no setor. Anualmente, os centros de pesquisa (como a UFJF) beneficiados com esse investimento apresentam os resultados de seu trabalho no Citenel.
“No momento atual, com a redução do financiamento para as universidades, iniciativas como a da Aneel são fundamentais por propiciarem mais bolsas para os estudantes envolvidos nas pesquisas, além de oferecer recursos para a compra de equipamentos para nossos laboratórios, melhorando nossa estrutura”, constatou o professor.
Nessa edição, realizada em João Pessoa, foram apresentados cerca de 230 artigos técnicos e 82 produtos em exposição, dentre os quais esteve o drone mostrado pela UFJF. Esse veículo, desenvolvido com financiamento da China Three Gorges (CTG) Brasil, se destaca, principalmente, em dois aspectos: seu sistema de navegação e sua autonomia de voo. Embarcando um computador, uma simples webcam e uma câmera hiperespectral no drone, os pesquisadores conseguiram desenvolver uma tecnologia que permite um usuário comum — sem conhecimentos de programação ou habilidades de piloto — criar uma rota, que será salva num arquivo de texto, dentro de um pendrive, e inserido no computador embarcado. Daí em diante, a webcam e a hiperespectral irão captar as imagens do voo, que serão processadas pelo computador. Dessa forma, o veículo se torna realmente autônomo, além de não tripulado.
Com esse sistema de identificação e processamento ótico, o drone pode, inclusive, pousar por conta própria. Utilizando uma ponto de pouso marcada com target ótico (um código de barras que vem em alguns produtos e, quando lido por uma câmera de smartphone, oferece informações adicionais ao usuário), o veículo localiza o ponto de aterrissagem e começa a diminuir gradativamente sua altitude. Esse recurso permite um pouso seguro mesmo em pontos móveis, como carros ou barcos, o que seria muito mais complicado por meio de controles manuais ou por GPS.
Outra inovação desenvolvida é o uso de motores a combustão. A maioria dos VAANT’s utiliza apenas baterias elétricas, tendo um tempo de voo bastante limitado, em média 20 minutos. Embarcando um motor e um reservatório de combustível para trabalhar junto das baterias, os pesquisadores esperam aumentar a capacidade dos drones para uma hora de voo.