Com o fim do inverno, chega o momento de tomar um chope gelado em boa companhia e, também, de começar a se preocupar com aquele visitante inconveniente que, todos os anos, perturba nosso sono e causa um dos problemas de saúde pública mais persistentes no Brasil: o mosquito Aedes aegypti. Essa foi a motivação do segundo encontro do Chope com Ciência, apresentado pelo professor Fábio Prezoto na próxima terça-feira (05).
Conduzindo a conversa “Estratégias Inócuas, Estrambólicas e Inseguras no Combate ao Mosquito da Dengue”, o professor irá abordar aspectos do comportamento do mosquito que podem ser usados no combate a sua proliferação, além de alertar para os riscos de informações incorretas divulgadas a respeito do Aedes aegypti. Tudo isso no clima informal e descontraído proposto pelo evento.
Combate, também, contra as falsas informações
De acordo com Prezoto, muitas estratégias de combate ao mosquito que circulam na mídia e nas redes acabam prestando um desserviço a população: não tendo nenhuma comprovação científica, essas informações não são eficientes e, por vezes, até agravam a situação com esse desagradável hóspede de verão.
“Existe, por exemplo, essa ‘dica’ recorrente de plantar crotalárias para atrair libélulas, que seriam predadoras das larvas do mosquito. Tem muita coisa errada aí. A libélula, em sua fase jovem, realmente se desenvolve na água. Mas não necessariamente na mesma agua em que se desenvolve o Aedes aegypti. As pessoas, então, ficam com a falsa impressão de que plantando essa leguminosa, os predadores já virão. Não existe nenhuma comprovação científica disso”, comentou o professor. “Apesar disso, muitas prefeituras saíram plantando crotalárias pela cidade, iniciaram programas de distribuição da planta, dizendo que, com isso, conseguiriam diminuir os casos de dengue. O que ocorreu foi a continuidade do crescimento de ocorrência da doença.”
Conforme Prezoto, as estratégias mais eficientes de combate e prevenção ao mosquito continuam sendo baseadas nos comportamentos, ecologia e biologia do Aedes aegypti observados e registrados pela ciência. “A característica mais ilustrativa é o comportamento de colocar os ovos em ambientes pequenos, com pouca água, em locais sombreados. Essa situação, normalmente, é encontrada no interior das residências. Dessa forma, se conseguirmos observar esse controle, é possível reduzir muito os focos de procriação do mosquito.”
Chope com Ciência
Não é a primeira vez de Prezoto quando se trata de divulgar ciência na mesa do bar. Ano passado, o professor participou do Pint of Science: evento internacional de divulgação científica, nascido na Inglaterra, que inaugurou esse formato de conferências.
Para ele, são muitas as vantagens do clima descontraído para compartilhar conhecimentos e movimentar as discussões. “O clima informal propicia que as pessoas se sintam à vontade para fazer perguntas que, em outro tipo de ambiente, não sentiriam tanta abertura. Na minha experiência com o Pint of Science, recebemos várias perguntas depois da palestra, quando a conversa foi longe e as pessoas se aproximam. É uma forma bem interessante de romper as barreiras entre o público e o que se faz na Universidade, nem sempre tão acessível.”
Essa edição do Chope com Ciência ocorre na próxima terça-feira (05), às 19h, no bar Arteria, localizado na Rua Oswaldo Aranha.