Com mais de 400 participantes, foi aberto nesta sexta, 25, no Ritz Plaza Hotel, o I Congresso Multidisciplinar de Transplantes da Zona da Mata Mineira. O evento, voltado para acadêmicos e profissionais de Saúde, é organizado pela Liga Acadêmica Unificada de Transplante de Órgãos (Lauto), que conta com alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O evento, que se estende até este sábado, conta com palestras, workshops e mesas-redondas. A programação, com caráter multidisciplinar, aborda o processo de tratamento e recuperação do paciente transplantado, que necessita da colaboração de diferentes profissionais. Até o final do evento, palestrantes de seis diferentes esferas vão transmitir informações e experiências.
“É uma roda. Todos têm que dar os braços para que a roda rode. É psicologia, enfermagem, assistência social e nutrição, por exemplo. Porque tem alimentos que o paciente que fez transplante renal não pode comer. Daí a importância de um nutricionista. Os remédios que ele toma, por exemplo, podem fazê-lo emagrecer muito, ele pode ter diarreias. Aí o nutricionista entra e passa uma dieta que o ajude a se recuperar. O objetivo de colocar o multidisciplinar já no título do congresso é formalizar isso”, afirma o presidente da Lauto, Ariel Duarte.
Diferentes tipos de transplantes, como renal, hepático, de córnea ou cardíaco estão sendo abordados nas discussões. A temática dos transplantes ainda é recente e não é conhecida por tantas pessoas, nem mesmo no meio acadêmico. É o que afirma a professora de nefrologia da UFJF e coordenadora do serviço de transplante renal do Hospital Universitário (HU), Hélady Sanders.
“É um momento em que você consegue veicular para a comunidade acadêmica não só as atividades da Liga, mas também os conhecimentos relacionados à doação de órgãos e à transplantação. O transplante de órgãos é um tratamento para doenças em sua fase mais avançada. E é algo muito complexo, nem sempre do conhecimento de todas as pessoas. Esses são conhecimentos que, mesmo dentro das faculdades, têm um espaço muito restrito. Para os alunos, é uma oportunidade para que mergulhem em uma quantidade maior de informações relacionadas ao tema”, avalia a professora.
É o caso do estudante de medicina da Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), Bruno Ribeiro de Lima. O acadêmico já participou de outro evento da Lauto e voltou neste ano. “O número de transplantes hoje em dia vem crescendo e salvando cada vez mais vidas. Vim novamente este ano porque é um assunto muito bom e importante para a nossa formação médica, para, quem sabe, no futuro, possamos aplicar”.
Falta informação
A falta de informação sobre a doação de órgãos entre a população é um entrave para os médicos e para pacientes que precisam de um novo órgão. Segundo Hélady, que também coordena a Liga Acadêmica Unificada, o grupo realiza ações para trazer o assunto à luz, com abordagens em áreas comuns da cidade e entrevistas.
“Temos um contato direto com a população para chamar atenção para o tema. E a gente está fazendo um estudo, entrevistando pessoas na rua, para avaliar o conhecimento delas sobre doação de órgãos e ver quais pontos dentro da nossa população são conceitos que precisam ser trabalhados”, afirma a professora.
A Lauto
A Lauto reúne estudantes de três instituições de ensino na área da Saúde em Juiz de Fora: UFJF, Unipac e Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (Suprema). Os jovens realizam atividades em várias etapas do transplante renal, desde antes da captação do órgão até o acompanhamento do paciente já transplantado. Os membros também participam de práticas junto à comunidade em geral.
Interessados em ingressar na Liga podem participar de um processo seletivo no próximo dia 31 de agosto, às 19h, no salão nobre da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. É obrigatório que o candidato tenha participado do Congresso. Confira o edital no link.
Outras informações
Ligas Acadêmicas Unificadas de Transplante de Minas Gerais