A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) vai conceder, na próxima sexta-feira, dia 18, o título de Doutora Honoris Causa à Adenilde Petrina Bispo, uma das maiores lideranças do movimento negro, do hip-hop e da militância pela democratização da comunicação na cidade. A sessão solene, que é aberta ao público, será realizada no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), às 20h.
Honoris Causa é uma expressão em latim, cuja tradução é ‘por causa de honra’, e resume com propriedade o reconhecimento da UFJF à trajetória da ex-aluna do curso de Filosofia. Ao longo de mais de quatro décadas, Adenilde atua no combate às desigualdades e na difusão da cultura negra.
No bairro Santa Cândida, no qual reside, na Zona Leste de Juiz de Fora, foi uma das lideranças responsáveis por reivindicar direitos, tais como: saneamento básico, energia elétrica, transporte coletivo, escola pública, etc. Entre os anos de 1997 e 2006, Adenilde atuou na rádio comunitária do bairro, a Mega FM, tendo sido coordenadora da emissora a partir de 2001.
“Esse título é de toda periferia, de todos os movimentos sociais que caminharam juntos para melhorar a sociedade”
A Mega FM divulgava, sobretudo, as necessidades da comunidade, levando formação e informação aos moradores. Por conta disso, foi premiada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora, em 1998, e pelo Movimento Gay de Minas (MGM), em 2002. Também estabeleceu parceria com a UFJF, através do Projeto de Extensão Programa de Mulher, da Faculdade de Comunicação Social.
Após o fim das atividades da Mega FM, que teve o pedido de concessão negado pelo Estado, Adenilde participou da criação do Coletivo Vozes da Rua, cujo objetivo é o mesmo da emissora de rádio: difundir a cultura negra, formar e informar os jovens da periferia.
“Eu fiquei surpresa. Nunca imaginava isso na minha vida. Quando comecei na militância nos anos de 1970, a gente só queria ter água na torneira de casa. Não tinha outra pretensão, não. Depois, veio a luta pelo calçamento, pelo esgoto, pela escola pública, e tomei gosto pela militância. Ao mesmo tempo que fiquei surpresa, estou muito agradecida em receber essa homenagem. É como se tirassem a periferia do isolamento. Esse título é de toda periferia, de todos os movimentos sociais que caminharam juntos para melhorar a sociedade. É uma maneira de mostrar que na periferia tem gente. Nós somos o quarto de despejo, mas, com a homenagem, nos tiraram da invisibilidade. Agradeço à professora Cláudia Lanhi que fez a proposta de homenagem à UFJF e, também, à universidade que teve coragem de acatar a proposta”, ressalta Adenilde.
O título
O título de Doutora Honoris Causa é concedido pela UFJF a personalidades, nacionais ou estrangeiras, cujas atividades, publicações ou descobertas tenham contribuído para o progresso da educação, das ciências, das letras e das artes. O processo para outorga da honraria à Adenilde Petrina foi iniciado na Faculdade de Comunicação, por indicação da professora Cláudia Lanhi, passou pela avaliação dos demais professores da unidade acadêmica e foi, em seguida, aprovado também pelo Conselho Superior (Consu).
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