Iniciando a programação do 28º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, a oficina de musicalização para bebês, com a professora Aline Carneiro, apresentou novas abordagens sobre a educação musical na infância. O workshop foi realizado nesta sexta-feira, 21, no Instituto de Artes e Design (IAD).
Formada em psicologia, com especialização em educação musical, Aline atualmente é professora na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, ambos em Belo Horizonte. Segundo ela, por meio de conhecidas teorias de aprendizado e de desenvolvimento musical, já se sabe que existe a possibilidade de desenvolver a criança musicalmente.
“O ensino de música já está na educação básica, quando as crianças aprendem diversas linguagens. As artísticas são essenciais para os pequenos, e, entre elas, está a musical. Muitas pesquisas mostram que, a partir dos quatro meses de gestação, o feto já está escutando, então já se pode estimular e fazer uma educação musical com ele. Sendo uma das inteligências múltiplas, é preciso pensar a música como um conhecimento próprio e específico”, relata.
Aline acrescenta que, trabalhando música com crianças pequenas, pode-se identificar alguns problemas. “Certa vez, lidando com instrumentos de sopro, havia uma criança inquieta que chegava a gritar. Percebi que havia um incômodo grande com a flauta. Ela foi direcionada a uma psicóloga infantil, que confirmou que a criança apresentava um problema neurológico, afetando sua cognição. Sendo diagnosticada cedo (a criança tinha por volta de um ano), o trabalho realizado com ela foi bem-sucedido, graças à boa plasticidade cerebral naquela idade.”
Uma das participantes da oficina, a professora do Conservatório Musical de Santos Dumont, Gabriela Amorim, foi acompanhada do namorado, também licenciado em música. Para ela, os ensinamentos foram muito valiosos.
“Vimos como as teorias dão suporte às práticas musicais. A maioria dos professores ‘joga’ canções para as crianças – tem a canção de chegada, da hora do lanche, de voltar para a sala – e, muitas vezes, eles não levam a criança a refletir, pois não entendem todo o processo que Aline apresentou aqui, ou por estar repetindo algo que foi ensinado a eles. A criança vai captar a mensagem que está sendo passada na canção muito mais rápido se a forma que o professor contá-la for mais bem pensada.”
Professora da Faculdade de Educação, Ana Rosa Picanço tem projeto de pesquisa e extensão em creche, visando a questão do desenvolvimento infantil. “A fala da Aline faz eco com algumas coisas que também penso sobre a prática educativa com bebês. A prática musical que ela apresenta, respeita o bebê como pessoa, com suas potencialidades. Podemos pensar essas brincadeiras e interações com o bebê a partir de algumas referências teóricas, que concebem a criança como autora, ativa no processo de desenvolvimento e aprendizagem.”
Ana Rosa lamenta, no entanto, o fato de, na pedagogia, os professores, terem o olhar verticalizado. “Desde sua formação, o professor pensa saber o que é melhor para a criança. O que eu venho discutindo é o contrário. Sabemos, sim, alguma coisa, pois temos os estudos, mas precisamos trazer esse conhecimento para a conversa com o bebê, adaptando e atualizando essas teorias, se necessário.”
A oficina terá continuação no sábado, 22, a partir das 9h, tendo como foco os instrumentos sonoros e musicais. Além de oficinas, o 28º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga oferece palestras e concertos gratuitos a todos. Confira a programação.