A importância da atenção primária à saúde para a prevenção e a consequente redução nos casos de internações no Estado de Minas Gerais são temas da dissertação de mestrado da acadêmica Luíza Furtado e Silva. Ela apresentou a pesquisa “Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária em Minas Gerais: análise da prevalência e dos gastos nas macrorregiões de saúde” ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A pesquisadora ressalta que os custos com internações são responsáveis por uma fração bastante significativa do orçamento público para a área, sendo importante um estudo detalhado acerca do tema. A pesquisa buscou identificar o impacto que a atenção primária à saúde pode ter na redução do número destas internações. Entre as condições consideradas evitáveis por meio da prevenção, encontram-se as crônicas e as passíveis de imunização.
“A atenção primária tem a potencialidade de ser o nível de saúde com melhor capacidade de acompanhar as pessoas. Desta forma, podemos ter a população com melhor nível de cuidados, podendo evitar complicações”, avalia a orientadora da dissertação, professora Estela Márcia Saraiva Campos. A professora destaca que pesquisas como esta auxiliam na melhor tomada de decisões por parte de responsáveis do setor público: “os estudos propiciam analisar quais perfis de internações estão ocorrendo. As pesquisas auxiliam através de dados, o que é muito bom para os gestores. Desta forma, eles podem ter uma tomada de decisão orientada por dados e evidências.”
Neste contexto, Luíza relata os resultados obtidos: “o aumento de 19,5% da cobertura populacional pela estratégia de saúde da família observado no Estado associou-se estatisticamente à redução das internações por condições sensíveis à atenção primária.” A acadêmica acrescenta, ainda, que o estudo vislumbrou as diferenças existentes em Minas Gerais quanto aos cuidados preventivos: “A análise descritiva das variáveis de estudo permitiram o conhecimento do Estado e suas macrorregiões, evidenciando disparidades e diferenças entre os subgrupos populacionais.”
A pesquisadora pontua, também, que “quanto aos cenários regionais, alguns estudos têm estabelecido tipologias das regiões de saúde, sob a perspectiva socioeconômica e de estrutura dos serviços.” Sobre o cenário mineiro avaliado, ela aponta: “no caso de Minas Gerais, 32,5% apresentam baixo desenvolvimento socioeconômico e baixa oferta de serviços de saúde, concentradas nas macrorregiões Norte, Nordeste, Jequitinhonha e Leste do Sul.”
Segundo a professora Estela, maiores gastos em saúde não oferecem necessariamente melhores resultados: “Em alguns países desenvolvidos, como o caso dos Estados Unidos, gasta-se muito com saúde, mas os indicadores são ruins. O fortalecimento da atenção primária não acontece só no Brasil, este é um reflexo do mundo.”
Os norte-americanos não possuem um sistema universal de saúde, como o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, e o National Health Service (NHS) no caso britânico: “Na Inglaterra, há um sistema de saúde universal, o que só ocorreu de fato no Brasil em 90. Lá, eles têm evidências que mostram que a atenção primária é mais eficiente.”, explica a professora, que também aponta a situação cubana, frequentemente destacada como referência de bons índices na saúde com gastos relativamente baixos: “No caso de Cuba, há toda uma lógica voltada para um sistema de saúde, que envolve inclusive a escolarização. Em outros casos, há uma lógica mais voltada para as doenças.”
Contatos:
Luíza Furtado e Silva
luizafurtado04@gmail.com (mestranda)
Estela Márcia Saraiva Campos
estela.campos@ufjf.edu.br (orientadora – UFJF)
Banca examinadora:
Profa. Dra. Estela Márcia Saraiva Campos – UFJF
Profa. Dra. Maria Tereza Bustamante – UFJF
Profa. Dra. Arlinda Barbosa – Fiocruz
Outras Informações: (32) 2102 – 3830 – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva