Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cultura
Data: 13/07/2017
Título: UFJF estreia no Spotify com bandas de estudantes
No Dia Mundial do Rock, 13 de julho, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) estreia seu perfil no Spotify com uma playlist de bandas de rock dos próprios estudantes. Confira quem está lá:
Vivenci
Formada pelo guitarrista Vinicius Polato, estudante de Comunicação, pelo baterista João Cordeiro, estudante de Música, e pelo baixista e vocalista Victor Polato, em cinco anos a banda já gravou dois EPs autorais, sendo o mais recente ”O seguinte”.
Inoutside
Mariana Campello, estudante de Artes e Design, vocal e guitarrista, é acompanhada por Remy Martins, estudante de Ciências Biológicas, na bateria, e por Sofia Musso, no baixo. “Inoutside” apresenta uma fusão de hardcore, punk rock e heavy metal. O trio planeja lançar o primeiro EP no próximo semestre.
Frickets
Formado há três anos, o grupo conta com Rodrigo Almeida, do curso de Direito, nos vocais; Marco Zambelli na guitarra; Phillipe Moreira, de Administração, no baixo; e Adam Rocha, da Economia, na bateria. A banda lançou seu primeiro EP no início do ano, “Attention Intervention”, com cinco faixas autorais.
Uivos
Lançada em 2013, a atual formação conta com Luan Baptista, estudante de Artes e Design, no vocal; Everton Surerus, do curso de Ciências Sociais, na guitarra; Igor Zoffoli, estudante de História, no baixo; e Eric Prates na bateria. A sonoridade é um híbrido entre o indie, o pós-hardcore e o funk. A banda apresenta duas demos gravadas, um pequeno hiato no currículo e uma aparição em um podcast russo.
Os Capivaras de Netuno
Em uma vibe “Raul Seixas”, o grupo faz da música uma brincadeira, com referência aos clássicos do rock nos dourados anos 1960 e 1970 e à Tropicália. As composições autorais falam de amores pastelões e pós-ressaca, com os estudantes Paulo Careli, de Engenharia Elétrica, e Renan Sena, nos teclados e bateria, respectivamente; com o baixista Rogério Martins, aluno de Filosofia; com o guitarrista Luis Dadalti, do curso de Letras, e com o vocalista e fundador da banda Brunno Esteves.
Drunken Tales
Ao longo de quatro anos, a banda passou por várias reformulações e hoje tem o estudante de Comunicação, Matheus Medeiros, como vocalista, o aluno de Engenharia Elétrica Lucas Santiago como baixista, e o guitarrista Higor Soffe, vindo de Artes e Design. A bateria fica sob responsabilidade de Anderson Santos, da Arquitetura; Rafael Ribeiro também assume a guitarra. Apesar de sua tradição ser com o indie rock, os atuais integrantes da banda estão estruturando novo estilo, misturando ritmos musicais brasileiros com o funk americano. O EP “Volátil” apresenta o trabalho autoral da banda.
Overdue
Formada pelo guitarrista Rodrigo Ferreira, estudante de Comunicação, pelo vocalista Yan, pelo baixista Lucas Müller e pelo baterista Thalles Oliveira, a banda tem combinado a sonoridade do rock com críticas político-sociais. O grupo já regravou o samba “Classe média”, de Max Gonzaga, na versão rock and roll.
Contratempo
Com uma inclinação para o pop rock, a banda conta com Leonardo Pacífico e Ian Sad nos vocais e guitarra, Luana Sad na bateria, e Guilherme Flauzino no baixo, que cursa Artes e Design. O som é influenciado pelo rock nacional, principalmente, por bandas da década de 1980. Recentemente, a Contratempo divulgou o lyric vídeo de seu primeiro som autoral, “Novas direções”.
Coroña
O trio formado pelo estudante de Comunicação Jordan Pereira, vocalista, Ramon Montorse, estudante de Economia, baixista, e Leonel Prestes, na bateria, possui como principais influências o grunge, o stoner e o hard rock.
Legrand
Com um pé no pop rock dos anos 1980 e o outro no indie rock dos anos 2000, a banda tem o estudante de Ciências Sociais Diego Neves no vocal, os alunos de Direito Vinícius Fonseca, no baixo, e Guilherme Lima na guitarra. O quarteto é fechado com Cyro Soares, de Artes e Design, que assumiu recentemente a bateria. Além do rock, o grupo se inspira em cantores e compositores de MPB e Clube da Esquina, como Lenine e Lô Borges. Suas composições falam sobre temas cotidianos, como falta de dinheiro e tempo, e assuntos comuns à vida universitária, como a transição para a fase adulta e a saudade de casa.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Casa&Cia
Data: 13/07/2017
Título: Preços baixos são um convite às compras
O planejamento financeiro para a compra da casa própria vai além de poupar dinheiro e avaliar as melhores condições para pagamento oferecidas por bancos e construtoras, conforme detalhado na última reportagem do caderno Meu Imóvel da Tribuna de Minas. É preciso que o consumidor verifique se é uma boa hora para realizar o investimento. Uma avaliação do cenário pode indicar se é melhor guardar o recurso poupado para render mais ou se é o momento certo para comprar um imóvel. Especialistas alertam para a importância de considerar os impactos das crises política e econômica no setor imobiliário. Nos últimos anos, a retração da economia brasileira reduziu a demanda por moradia e freou os preços, mas a expectativa é de que a retomada do mercado comece a partir de agora. E este é o momento propício à negociação.
“A demanda ainda está desaquecida, e há oferta representada pela conclusão das obras iniciadas e pela necessidade de novos lançamentos, já que as construtoras precisam manter os empregos”, avalia a professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e integrante do projeto Conjunturas e Mercados Consultoria, Fernanda Finnoti Perobelli. “Entre abril e maio, o preço médio do imóvel residencial construído no país registrou queda de 0,16%, a maior dos últimos cinco anos. Com certeza, pode ser uma boa hora de comprar um imóvel se o consumidor estiver preparado financeiramente”, diz o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.
O Guia Imóveis 2017, projeto realizado pela revista “Exame” em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mapeou preços de imóveis em mais de 200 cidades brasileiras e constatou que este é o melhor momento, dos últimos dez anos, para negociar preços e conseguir descontos. A justificativa dada pela publicação é de que muitos empreendimentos estão sendo vendidos por valores mais baixos para que os proprietários não amarguem prejuízo. O estudo mostrou, ainda, que o preço do metro quadrado nos principais municípios do país registrou queda de 5% em 2016.
Em Juiz de Fora, a movimentação do mercado foi menos agressiva. Segundo informações da Associação Juiz-Forana de Administradores de Imóveis (Ajadi), “as pesquisas nacionais são embasadas, principalmente, nas capitais, onde a oferta de imóveis é bem maior. Na cidade, os preços pararam de subir e ficaram estáveis nos últimos dois anos”. A associação confirma que o momento é bom para fechar negócio. “Esperamos o início de uma retomada ainda em 2017, por isso, agora é a hora para garantir o imóvel antes de os preços voltarem a subir.”
Mercado está mais aberto a negociações
O empresário Wilson Rezende Franco, sócio do Grupo Rezato, explica como ocorreu a oscilação dos preços diante da crise. “O ano de 2017 começou com valores até 25% mais baratos em comparação com 2014. Isto por si só já facilita a compra. O mercado também está mais aberto às negociações. Por conta destas condições favoráveis, nós começamos a enxergar o início de uma reação.”
Segundo ele, a expectativa é de que o setor volte a crescer. “Vivemos uma forte retração nos últimos tempos. O ano de 2015 foi o pior dos últimos 15 anos. Mas agora as pessoas estão começando a mudar o comportamento e entender que não é possível parar a vida por causa da crise. Estimamos que, nos próximos dois anos, teremos crescimento de 10% das vendas.”
Wilson ressalta que, apesar do momento favorável, é importante o consumidor se preparar financeiramente. “Um dos principais pontos a ser analisado é a capacidade financeira. A pessoa deve dar um passo de cada vez. É melhor comprar um imóvel mais barato e que caiba no orçamento para, posteriormente, adquirir outro, do que escolher um fora das condições e não conseguir quitá-lo e causar frustração.”
Orientação
O gerente de vendas da imobiliária Universal Imóveis, Luciano Esteves, destaca a necessidade de o comprador buscar informações especializadas. “Com o aumento de imóveis disponíveis para venda, os preços tendem a retrair. Esse cenário realmente se torna propício para a compra. Então, sem dúvida, é um momento de conseguir bons negócios, porém é sempre importante não se aventurar sozinho. É necessário o suporte de empresas e profissionais que possam reduzir o risco das negociações, tornando o momento da aquisição o mais tranquilo possível.”
Oportunidades
Os juiz-foranos estão atentos às oportunidades de negociação com o mercado imobiliário. Nos dias 24 e 25 de junho, quando foram realizadas simultaneamente as edições do Salão do Imóvel e do Feirão da Caixa no Shopping Jardim Norte, mais de 400 contratos para compra de imóveis foram firmados, conforme informações da assessoria da Caixa Econômica Federal.
Cerca de quatro mil pessoas passaram pelo local durante os dois dias de evento, que alcançou R$ 67 milhões em geração de negócios. Na ocasião foram ofertadas mais de três mil opções de imóveis novos, usados e na planta. As unidades foram comercializadas com condições de até 90% de financiamento do valor e prazo de até 35 anos para pagamento.
Perfil do investidor deve ser avaliado
Se o momento é propício para quem deseja comprar o primeiro imóvel, ele exige mais atenção de quem pretende comprar para investir no segmento, já que a demanda por moradia está dando os primeiros sinais de recuperação. “Para quem está pagando aluguel, esta é uma boa hora para comprar. Quem deseja investir precisa estar atento às oportunidades, pois é melhor ter o dinheiro da compra na mão do que um imóvel sem uso”, diz o presidente da Abefin, Reinaldo Domingos.
Para a economista Fernanda Perobelli, as residências mais baratas podem ser bons investimentos para locação. “Os imóveis mais atraentes para serem adquiridos no mercado ‘físico’ – ou seja, ‘fora’ dos fundos imobiliários, que investem em imóveis de alto valor para fins comerciais em regiões aquecidas – são os de menor valor. Estes costumam gerar um rendimento mais atraente.” Ela exemplifica que um apartamento de R$ 120 mil adquirido pelo programa Minha Casa, Minha Vida numa região de demanda permanente, como é o caso do Bairro São Pedro, próximo à UFJF, pode ser alugado por R$ 1.200 mensais, o que representa um retorno bruto de 1%, enquanto um residencial com custo de R$ 600 mil será alugado por R$ 2.000 por mês, o que significa retorno bruto de 0,33%.
Na avaliação de Fernanda, a demanda por residenciais deve crescer apenas em 2018. “O setor é muito sensível a incertezas. Entretanto, a longo prazo, sempre haverá demanda. Pessoas saem de casa, se casam, iniciam novos negócios. A vida precisa de imóveis para crescer e prosperar, sejam eles próprios ou para locação.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 13/07/2017
Título: UFJF altera funcionamento durante as férias acadêmicas
O período de férias acadêmicas na UFJF tem início a partir desta quinta-feira (13) e, por conta disso, algumas unidades no campus vão apresentar alterações em seu funcionamento até a retomada das atividades, marcada para o dia 1º de agosto. As unidades do Restaurante Universitário (RU) vão funcionar em horário reduzido, servindo apenas o almoço, de segunda a sexta-feira, das 11h às 14h. Sobre os atendimentos relativos às carteirinhas de estudante e aos selos de validação, o RU do Campus atenderá das 8h às 16h, e o do Centro, das 8h às 14h. A Biblioteca Central não abrirá a partir deste sábado para empréstimos e devoluções de livros, pois estará trocando seu sistema de gerenciamento. O retorno está previsto para o dia 31 deste mês. Já as bibliotecas do Museu de Arte Moderna Murilo Mendes (Mamm) e a do Memorial da República Presidente Itamar Franco funcionarão normalmente.
Os ônibus circulares vão funcionar normalmente, tanto os dos estudantes quanto os dos servidores, porém, com frota reduzida. As duas unidades do Hospital Universitário (HU) – Dom Bosco e Santa Catarina – não terão alteração em seu funcionamento. A Central de Atendimento (CAT) abrirá normalmente durante as férias, funcionando de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados das 9h ao meio-dia.
Para quem deseja aproveitar as férias na cidade, as visitações ao Mamm e ao Memorial da República não sofrerão alterações, funcionando em horário integral: terça a sexta-feira das 9h às 18h, sábados, domingos e feriados do meio-dia às 18h. O Fórum da Cultura também ficará aberto de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h. Cine Theatro Central, Casa de Cultura e Centro Cultural Pró-música não terão horários diferenciados.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cultura
Data: 13/07/2017
Título: Fundador do Museu de Arqueologia e Etnologia Americana da UFJF morre aos 101 anos
Especialista na interpretação de códigos, ideogramas e hieróglifos de culturas antigas, o austríaco Franz Joseph Hochleitner investigou, ao longo de sua vida, o enigma da Porta do Sol, portal localizado no sítio arqueológico de Tiahuanaco, na Bolívia. Pesando cerca de dez toneladas, a estrutura esculpida num único bloco de andesite guarda mistérios sobre os quais o professor e pesquisador da UFJF se debruçou. Profissional responsável por aperfeiçoar a radiocomunicação da Força Aérea Alemã durante a Segunda Guerra Mundial, Franz dedicou-se a sistemas complexos. Aos 101 anos, despediu-se apenas quando transpôs ilógicas regras que teimavam em não reconhecer sua coleção pessoal, com exemplares raros da cultura pré-colombiana dentre outras peças de reconhecida relevância histórica, como um dos significativos museus universitários. Quatro dias após dar seu nome a uma das salas do agigantado Centro de Ciências da UFJF, Franz foi internado com insuficiência respiratória. Na noite de terça, 11, no Hospital São Vicente de Paulo (antigo HTO), exatos oito dias após ter reconhecido seu esforço científico, artístico e íntimo, o homem naturalizado brasileiro saiu de cena. Enterrado na quarta, 12, no Cemitério da Paróquia de São Pedro, bairro onde morou grande parte de sua vida, Franz deu adeus quando certificou-se de sua permanência.
“O professor Franz foi um grande mestre. Vários alunos foram atraídos por seu empenho e simpatia”, emociona-se uma de suas mais fiéis aprendizes, a pesquisadora Luciane Monteiro Oliveira, que conheceu o estudioso em sua graduação, na década de 1990, e desde então acompanhou seus passos, tendo vivido os últimos cinco anos a seu lado. “Ele tinha uma resiliência muito grande, conseguia lidar com as adversidades sem perder a educação, o carinho e o carisma”, reforça Luciane.
Parte da resignação foi posta à prova quando, em 1986, ao se aposentar das salas de aula do departamento de história, Franz doou sua coleção arqueológica com a condição de que a universidade criaria um espaço específico para as peças que incluem pontas de flechas e crânios pertencentes a tribos tradicionais americanas. Vivendo em São Pedro, o intelectual frequentou, diariamente, a sala onde ficava sua doação, no campus, até que, em 1999, sofreu um AVC e se viu debilitado e fragilizado para a luta, logo encampada por alunos e alunas, como Luciane.
Um cientista dedicado
“As pesquisas eram realizadas, mas não havia um reconhecimento institucional. Conseguimos nos impor por nosso trabalho e chegamos a ocupar uma sala no Museu de Arte Murilo Mendes. Tudo degringolou, quando a sala onde estava o material foi fechada entre 2010 e 2011. Por um período, ficamos no limbo, até que há alguns poucos anos reiniciamos as negociações para compreender a coleção como museu. O professor acompanhou o processo de montagem dessa sala que leva o nome dele no Centro de Ciências da UFJF e estava muito emocionado e entusiasmado”, comenta Luciane.
Com fortes dores de garganta, o centenário não participou da cerimônia de abertura do espaço no campus no último dia 3. Conectado, todos os dias jogando paciência no computador, viu fotos de todo o complexo e da sala dedicada à arqueologia. “Foi uma realização para ele. Ele teve uma satisfação muito grande nessas últimas semanas. Não externou, mas deixou claro para todos os que conviviam com ele que havia cumprido uma missão”, emociona-se a também pesquisadora, que assinou ao lado do mestre trabalhos como o artigo “Estudo etno-histórico da literatura dos viajantes e naturalistas estrangeiros em Minas Gerais no século XIX”.
“A morte do professor Franz Hochleitner nos causa enorme desolação, por representar uma perda inestimável para todos que conheceram sua dedicação à UFJF e em especial ao Museu de Arqueologia e Etnologia Americana (Maea), criado por ele na década de 1980. O professor Franz deixou um exemplo formidável de vocação científica e estímulo à pesquisa acadêmica”, reconhece a pró-reitora de Cultura da UFJF Valéria Faria, responsável pela montagem e manutenção da sala que leva o nome do professor no Centro de Ciências.
“Seu empenho e entusiasmo pela investigação legou à UFJF um de seus acervos de maior valor cultural. A Pró-Reitoria de Cultura sente-se honrada em cuidar de seu acervo, que passou a contar com uma sala em sua homenagem. É o nosso modesto tributo em reconhecimento a seu nobre trabalho.”
Raízes construídas
Investigador de ancestralidades, Franz Joseph Hochleitner fez das próprias raízes um silêncio a representar as dores que carregava consigo. Sua participação na guerra e a juventude na Áustria, conforme recorda Luciane, não faziam parte de suas falas frequentes. “Como ele recomeçou a vida no Brasil, partindo do zero, evitava comentar esses assuntos. Ele sempre disse que sua pátria era o Brasil, onde estava a família que construiu”, pontua ela, citando a vida social que o mestre levou até o fim. “Ele gostava de ir à Festa Alemã. Proporcionava atividades mais simples para ele nesses últimos anos, como ir ao shopping ou a um bar tomar chope. Ele gostava muito de gente.”
Tudo o que Franz não disse durante sua trajetória escreveu em “Memórias autobiográficas de Franz Joseph Hochleitner”, autobiografia lançada em 2005. Nela está escrito o nome do amigo Hermmann Mathias Görgen, filósofo alemão que em 1941 conseguiu trazer para o Brasil 48 vítimas do nazismo cruel de Hitler, dentre elas, Franz, que deixou os pais, duas irmãs e um irmão, hoje já falecidos, para trás. Na vinda, trouxe também a esposa (já falecida) e a filha de um ano, hoje com 70, residente na Alemanha, onde teve um filho, que lhe deu dois netos, portanto, bisnetos de Franz. “Adoro o Brasil e Juiz de Fora”, disse o professor em entrevista à Tribuna, em 1991. “Sou um brasileiro fanático, apesar de muitos defeitos que o nosso povo tem, mas que os outros povos também têm. O Brasil é inegavelmente a primeira Nação da América do Sul em tecnologia, cultura e progresso.”
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Veículo: Rádio CBN
Editoria: País
Data: 13/07/2017
Título: Corte de verba em universidades federais mineiras atinge pesquisas sobre chikungunya e zika
Lentidão nas pesquisas científicas. Menos recursos para serviços básicos, como limpeza e segurança. E paralisação de obras. É essa a situação de muitas universidades públicas mineiras, devido aos cortes de verba da União.
A Universidade Federal de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, é uma das mais prejudicadas. A instituição teve um corte de 27% no valor de custeio em relação ao ano passado. Acima da média nacional, que é de 10%. O repasse caiu de R$ 91 milhões para R$ 66 milhões. O pró-reitor de Planejamento, Eduardo Condé, teme que a instituição não consiga funcionar plenamente no ano que vem.
“Nós estamos tentando compensar uma parte da perda com receita própria, outros recursos são os chamados restos a pagar que vieram do orçamento de 2016. Mesmo assim, nós estamos projetando um déficit até dezembro. De R$ 4 milhões, pelo menos. Agora o importante é o seguinte: esse recurso tenho esse ano. Então no ano que vem, se for mantido um corte dessa ordem, eu não sei como a universidade vai funcionar.”
Já na UFMG, a Federal de Minas Gerais, pesquisas importantes são afetadas pela redução de recursos. O alerta foi feito pela professora Leda Vieira, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da instituição. Ela ironiza o fato de profissionais hiper qualificados não conseguirem dar continuidade aos trabalhos.
“Nós já detectamos diminuição radical de bolsas para residentes pós-doutorais. Então pessoas que estão trabalhando por exemplo com doença de chagas, leishmaniose, zika, chikungunya não têm mais acesso a essas bolsas e estão tendo que abrir uma padaria com um doutorado em bioquímica nas costas. Nós temos a diminuição no número de bolsas de iniciação científica que é uma bolsa muito importante porque é a bolsa que traz o estudante de graduação pra dentro do laboratório.”
E essas não são as únicas áreas afetadas na UFMG. Para se ter uma ideia, de 2014 para 2016, o número de bolsistas do CNPq foi reduzido de 6.200 E 200 para 4.600. Isso porque o valor investido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico despencou de R$ 105 milhões para R$ 62 milhões.
Na região central de Minas, a UFOP, Universidade Federal de Ouro Preto, também sofre com os cortes da União. Funcionários terceirizados que prestam serviços básicos, como limpeza e segurança, podem ser demitidos em breve, já que a verba para esses contratos teve corte de 20%.
A Universidade Federal de Viçosa, que fica na zona da mata, é outra instituição mineira que passa por dificuldades. O orçamento deste ano caiu 11%: de R$ 117 milhões para R$ 104 milhões. Por causa disso, a reitoria alertou que as obras de vários laboratórios, de dois restaurantes universitários e de uma Unidade de Atendimento em Saúde podem ser paralisadas.
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Veículo: Jornal do Sudoeste
Editoria: Notícia
Data: 14/07/2017
Link: http://www.jornaldosudoeste.com.br/noticia.php?noticia=1290
Título: Polo da UAB em Paraíso oferece 30 vagas de “Pós” em Ciências Biológicas pela UFJF
A UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) está com inscrições abertas para especializações a distância em diversas áreas de ensino. Para o Polo de São Sebastião do Paraíso estão sendo oferecidas 30 vagas para o curso de Pós Graduação em Ciências Biológicas. Ao todo, o Centro de Educação a Distância (Cead) disponibiliza 560 vagas nos polos de apoio presencial da Universidade Aberta do Brasil (UAB), que são vinculados à universidade.
De acordo com o edital, o curso visa ampliar o número de professores em formação continuada, bem como qualificar os profissionais cuja formação ainda carece de complementação ou aprimoramento. O candidato deverá possuir como formação mínima curso de graduação em Ciências Biológicas reconhecido pelo MEC, além da apresentação de uma cópia dos documentos especificados no edital.
Os editais são para 150 vagas em Ciências Biológicas, 200 vagas para Mídias na Educação e 210 para Tecnologias de Informação e Comunicação para o Ensino Básico. As 150 vagas para Ciências Biológicas estão distribuídas em cinco polos de apoio presencial, sendo 30 delas no núcleo de São Sebastião do Paraíso. As demais vagas estão distribuídas nos polos em Carlos Chagas, Durandé, Juiz de Fora e Ilicínea. As inscrições terminam no dia 17 de julho e o resultado está previsto para ser divulgado dia 2 de agosto.
A inscrição e a validação ocorrem no período de 9 de junho a 17 de julho. Na primeira etapa, o candidato deverá obter e preencher o Formulário de Inscrição no site do Cead/UFJF. Na segunda etapa, o candidato deverá encaminhar ao Cead, exclusivamente via Sedex, a documentação, organizada de acordo com a sequência definida no formulário. A seleção será realizada por uma Banca formada por três membros indicados pela coordenação do curso. O processo seletivo será desenvolvido por meio de Avaliação Curricular no valor de 100 pontos.
Os candidatos devem preencher formulário no site do Cead (Centro de Educação à Distância). Outras informações estão disponíveis na Coordenação Acadêmica e Pedagógica, através do e-mail acadêmico. cead@ufjf.edu.br e do telefone (32) 2102-3488 (Ramal 210).
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Veículo: TV Globo – Integração
Editoria: MGTV
Data: 14/07/2017
Título: Museu de Arqueologia e Etnologia da UFJF apresenta cultura de civilizações antigas
Resumo: O Museu de Arqueologia e Etnografia da UFJF traz para os visitantes a história dos povos americanos. Ele fica no Centro de Ciências, inaugurado nesse mês no Campus e homenageia o arqueólogo Franz Joseph Hochleitner que doou as peças que fazem peça do acervo.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 14/07/2017
Título: Confira o funcionamento da UFJF nas férias e alterações das linhas de ônibus
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) encerrou o primeiro semestre letivo. Com isso, o funcionamento da instituição passará por alterações, bem como a circulação de linhas de ônibus. as atividades acadêmicas serão retomadas no dia 1º de agosto.
O Restaurante Universitário (RU) terá horário reduzido. A Biblioteca Central fecha nesta sexta-feira (15) para troca de sistema e retorna às atividades no dia 31 de julho.
O Cine-Theatro Central, a Casa de Cultura e o Centro Cultural Pró Música não trabalharão com horários diferenciados.
A Central de Atendimento (CAT), o Hospital Universitário, o Museu de Artes Murilo Mendes e o Memorial da República Itamar Franco e o Fórum da Cultura duncionarão normalmente. Confira:
- Central de Atendimento (CAT): segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados, das 9h às 12h.
- Restaurante Universitário (RU): segunda a sexta-feira, das 11h às 14h.
- Mamm e Memorial da República Itamar Franco: terça e sexta-feira das 9h às 18h, e sábados, domingos e feriados. das 12h às 18h.
- Fórum da Cultura: segunda a sexta-feira, das 14h às 18h.
Transporte público
A partir desta sexta-feira (14), as linhas de ônibus 545 e 555 (Universidade) deixarão de circular nos horários regulares. Já as linhas 525 e 535 (Universidade) irão cumprir horários diferenciados (veja abaixo). O atendimento será normalizado a partir de 31 de julho.
Linha 525:
- Saídas do Centro: 6h35, 7h33, 8h38, 9h45, 10h52, 11h59, 13h6, 14h13, 15h20, 16h27, 17h34, 18h41, 19h48, 20h55 e 22h2.
- Saídas da UFJF: 7h3, 8h8, 9h13, 10h20, 11h27, 12h34, 13h41, 14h48, 15h55, 17h2, 18h9, 19h16, 20h23, 21h30 e 22h37.
Linha 535:
- Saídas do Centro: 6h49, 7h43, 8h54, 10h11, 11h27, 12h38, 13h49, 15 horas, 16h16, 17h36, 18h56, 20h16, 21h36.
- Saídas da UFJF: 7h11, 8h9, 9h26, 10h42, 11h53, 13h4, 14h15, 15h26, 16h46, 18h6, 19h26, 20h46 e 22h45.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 14/07/2017
Título: Dupla rouba aparelhos do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF
Uma condensadora e uma evaporadora, ambas usadas em aparelhos de ar-condicionado, foram furtadas de dentro do prédio do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF, que passa por reforma. O circuito de câmeras da instituição flagrou o crime, que chamou a atenção, já que os materiais são pesados e difíceis de serem carregados.
De acordo com o registro policial, o representante da empresa, 63 anos, que faz a obra no prédio e no laboratório de microbiologia foi quem deu falta dos aparelhos na última terça-feira (11). Ele relatou que a condensadora pesa cerca de 80kg e que os produtos levados foram deixados no espaço para serem instalados posteriormente.
Ele fez contato com um vigilante assim que notou o furto. Foi feita uma ocorrência interna, e a PM também foi acionada. Em consulta às gravações do circuito interno de câmeras da UFJF, as imagens mostram dois criminosos foram flagrados furtando a condensadora e fugindo em seguida.
A UFJF informou que está investigando o caso e que realizou o procedimento padrão, que é de orientar a empresa responsável pela obra a registrar ocorrência policial. A instituição esclareceu ainda que os materiais e a obra são de responsabilidade da firma contratada. A universidade informou que não pode divulgar as imagens enquanto o caso estiver em apuração.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cultura
Data: 14/07/2017
Título: José Dias Ibiapina lança livro de cordel e “causos”, neste sábado, no Mamm
Como o leitor e a leitora podem perceber pelos toscos versos escritos acima por este repórter, a literatura de cordel não é para os fracos. Mas serve (espero) de convite para o lançamento de quem entende do assunto: no caso, o professor e médico aposentado José Dias Ibiapina, que promove neste sábado (15), às 10h, no Mamm, o livro “A literatura de cordel, as histórias e as invencionices do Professor Ibiapina”.
Em pouco mais de 160 páginas, o Professor Ibiapina (como é mais conhecido pelos amigos, ex-pacientes e ex-alunos) escreve em prosa e cordel histórias suas e de sua família, dos amigos, relembra “causos” dos quais foi ouvinte ou testemunha e dá conselhos de saúde. Foi questão de levar para o papel as histórias que Ibiapina sempre gostou de contar para os amigos e também o seu talento para os versos com o qual ajudou muitos alunos da UFJF, Faculdades de Barbacena e Suprema a guardarem seus ensinamentos na memória.
A estreia tardia do Professor Ibiapina no mundo literário – aos 77 anos – se deu como necessidade de ajudar a ocupar o tempo após passar 14 dias no CTI do Hospital Monte Sinai, em 2016, devido à dengue hemorrágica. Após ser liberado do hospital, ele foi para Brasília ficar com dois de seus filhos, Érika e Ricardo, de onde veio para promover o lançamento do livro em Juiz de Fora – a exemplo do que aconteceu em maio na capital federal – e reencontrar velhos amigos.
Ainda se recuperando da dengue, Ibiapina continua a caminhar com uma bengala, e a voz sai baixa, pausada, porém serena. Mas a memória continua firme e forte, capaz de recitar inúmeros cordéis sem precisar recorrer ao livro, assim como “causos” e histórias que estão na publicação e outros que ficaram de fora. Tudo isso durante duas horas de conversa, em que se lembra de histórias como as de seu pai, Antônio Félix Ibiapina, que era conhecido por “Mão Santa” pela capacidade de “encanar” (engessar) braços e pernas fraturados mesmo sem ter cursado medicina, e de como ele enfrentou o avô do escritor para se casar com a mulher que desejava, Filomena, mesmo que ela não tivesse dote.
Ou quando canta a música que sua mãe entoava quando estava a costurar, o dia em que quebrou o braço ao montar no jumento Jagunço, o cavalinho de madeira que ganhou de Natal aos 5 anos, o “causo” do porco e a bicicleta, o último carnaval do Gamboa e a solidão de Cândido Tostes, que escreveu uma carta para si mesmo.
Uma vida, muitas histórias
Essas e muitas outras situações ele carrega desde a infância na cidade cearense de Sobral, onde nasceu em 1939. José Dias Ibiapina se mudou para Juiz de Fora aos 16 anos, acompanhando o irmão João Dias, para cursar o segundo grau (atual Ensino Médio) na Academia de Comércio, antigo nome da Escola Cristo Redentor. Ele concluiu o curso Científico praticamente ao mesmo tempo em que terminou o curso técnico na Escola de Laticínios Cândido Tostes, engrenando em seguida no curso de medicina da então recém-criada UFJF.
Trabalhou como fiscal de Receita Estadual de Minas Gerais até concluir a faculdade, quando passou a exercer a especialização de pediatra em seu consultório particular e também na Secretaria Regional de Saúde. Posteriormente também trabalhou como professor no curso de medicina da UFJF, além das Faculdades de Barbacena e Suprema. Foi também atleta na juventude, tendo disputado provas de salto em altura e basquete.
A habilidade de contar histórias sempre esteve presente, mas a tradição oral passou a ser compartilhada com a escrita quando participou – e venceu – um concurso de poesias promovido pela Funalfa, que tinha como tema “passageiros especiais”. Desde então passou a escrever a literatura de cordel, mas somente com a convalescença provocada pela dengue hemorrágica é que se dedicou a escrever um livro.
“Meu filho Cássio viu alguns dos escritos e disse que eu precisava escrever um livro, e toda a minha família incentivou. Foi uma forma de ajudar na minha recuperação, escrevia muito durante a madrugada”, relembra, destacando que outro de seus filhos, Ricardo, já começou a se aventurar no mundo do cordel. “O cordel sempre esteve presente na minha vida, eu o usava nas aulas de medicina ainda na época da UFJF. Rimar ajuda a memorizar os ensinamentos.”
Com a melodia na cabeça
O Professor Ibiapina utiliza em seus versos o esquema de sextilhas, com estrofes de seis versos e rimas nos versos pares. É onde ele conta a história de parentes e amigos como o general Cássio Rodrigues da Cunha, Jonas Bomtempo, Zé Lírio Ponte Aguiar, o radialista Márcio Augusto, relembra o cordel “Passageiros especiais”, o nascimento da “Expopinga” e alunas e funcionários da Faculdade Suprema.
“O (ex-prefeito) Tarcísio Delgado se emocionou muito com o cordel que fiz para ele e sua mãe, que eu chamo de ‘Anna com dois enes’.” Muitos dos cordéis presentes no livro foram escritos, segundo Ibiapina, com a melodia na cabeça, que ele logo se põe a cantar durante a entrevista que se tornou uma boa conversa acompanhada de café e biscoitos. “O editor do livro sugeriu a gravação de um CD com esses cordéis musicados, vamos ver se vai acontecer.”
Com uma vida bem vivida e cheia de histórias para contar e compartilhar, o Professor Ibiapina diz que sempre teve algo de bom para tirar de cada fase por que passou, e que mantém o gosto tanto de ouvir quanto de contar histórias (“O bom de ouvir é que sempre temos mais histórias para contar”).
O septuagenário estreante no universo literário lista, para terminar a entrevista, o que mais marcou sua vida na juventude em Sobral e também nas mais de seis décadas vividas em Juiz de Fora. “Da infância em Sobral eu guardo a lembrança das férias, quando ficava pegando passarinho na Fazenda Fonte Vidal. De Juiz de Fora tenho que agradecer a oportunidade de ter um estudo melhor, me tornar um atleta, e tudo que conquistei aqui.”
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 14/07/2017
Título: Ensaio de moda chama a atenção para história do Morro do Cristo em Juiz de Fora
O Morro do Cristo foi palco nesta sexta-feira (14) do ensaio de moda “O Morro”, que conta a importância histórica do ponto turístico em Juiz de Fora. O primeiro projeto após a reabertura do local é comandado por dois jovens e tem apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur).
O Coordenador, Vítor Costa, contou que o projeto “O Morro” surgiu durante um evento na Faculdade de Turismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “O palestrante contou que o local estava reabrindo, que o restaurante estava arrumado. A ideia surgiu como uma forma de divulgar o espaço para as pessoas irem lá. Então, tivemos a ideia de fazer um ensaio fotográfico que contasse a história do Morro do Cristo”, explicou.
O diretor artístico do ensaio, Tiago Nieves, disse que os dois aprenderam sobre o espaço durante a elaboração do projeto. “Falamos com o historiador Roberto Dilly para entendermos como fazer as marcações históricas das fotos. A gente não conhecia muitas coisas e a nossa ideia é trazer esta história para as pessoas”, afirmou.
“O Morro”
Um dos pontos mais altos de Juiz de Fora também é conhecido como Morro do Imperador e já foi até chamado de Morro da Liberdade. Oficialmente, o nome é “Morro do Redentor”, conforme o decreto nº 4.312, de 24 de maio de 1990, que determina o tombamento e as formas de uso e acesso ao espaço.
O texto destaca que a barreira natural constituída por uma escarpa abrupta tem a área central no sopé e foi visitada em 1861, pelo Imperador Dom Pedro II, durante inauguração da estrada “União e Indústria”. O local que possui valor histórico, cultural, paisagístico e ambiental, com encostas revestidas de vegetação heterogênea, que funciona como um “agente de equilíbrio ambiental”.
De acordo com a Prefeitura, o monumento ao Cristo foi o primeiro do país, inaugurado em 1906. O historiador Roberto Dilly explicou como o “Morro do Imperador” se tornou “Morro do Cristo”.
Segundo o historiador, a valorização do aspecto turístico só veio quase meio século depois. “Em 1950, o prefeito Dilermando Cruz fez o primeiro mirante, na verdade uma mureta com gradil para que as pessoas avistassem a cidade com segurança. Na década de 1960, o local recebeu o complexo em estilo modernista que abrigou a TV Industrial e, em 1970, o prefeito Itamar Franco viabilizou o projeto que conhecemos atualmente, que inclui o parque e um restaurante”, comentou.
Para o historiador, o local poderia ser mais valorizado. “Ali já foi espaço de eventos religiosos, solenidades, apresentações musicais, piqueniques familiares. Infelizmente faltou visão e preocupação turística aos últimos gestores da cidade para atrair movimento para o local. Precisa melhorar a segurança e o acesso, sem descaracterizar a área e ampliar o transporte coletivo para que mais pessoas visitem o Morro do Cristo Redentor”, analisou.
Por isso, ele aceitou ser o consultor histórico da iniciativa dos organizadores do ensaio “O Morro”. “Eu achei interessante porque eles são jovens. Abordamos dados pontuais, que eram os mais relevantes. É uma iniciativa belíssima, tinha que haver outras e espero que o governo municipal continue disponibilizando o espaço para que este seja o primeiro de muitos”, disse.
E o viés diferenciado do ensaio pode ajudar a despertar o interesse da população para o local, como analisou o assessor da Sedettur, Marcos Miranda. “O projeto sugeriu algo que a gente não esperava: contar a história do Morro do Imperador a partir da moda. Geralmente, se pensa em fotografias e pinturas. Eles construíram uma narrativa com uma linguagem contemporânea e perspectiva diferenciada. Isso valoriza e chama a atenção”, comentou.
De acordo com Marcos Miranda, atualmente, cinco horários de linha de transporte coletivo funcionam aos domingos para levar os interessados em visitar o local. “Havendo demanda, podemos colocar uma linha regular. Nosso objetivo é qualificar o espaço, para que o Morro do Imperador volte a ser apropriado pela população, volte a ter sentido e a fazer parte da vida do juiz-forano novamente”, afirmou.
Segundo ele, há planos para o restaurante no mirante e o complexo da antiga TV Industrial “Agora o nosso objetivo é qualificar o espaço para poder abrir um novo chamamento público para acolher propostas para uma utilização mais definitiva do restaurante. O segundo passo será ocupar o espaço da TV. Todo este conjunto arquitetônico precisa de uma proposta que integre e converse com a valorização e faça com que os olhares se voltem lá para cima”, afirmou.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 14/07/2017
Título: Quase 7 mil estão sem receber dinheiro do Poupança Jovem
Seis mil e 700 ex-alunos de ensino médio já formados pelas escolas estaduais de Juiz de Fora estão sem receber o pagamento do benefício Poupança Jovem, criado em 2007, pelo então governador e hoje senador Aécio Neves (PSDB). Esse número corresponde apenas a uma pequena parte do problema. Segundo a própria Secretaria Estadual de Educação (SEE), todos os estudantes de escolas estaduais das nove cidades integrantes do Poupança Jovem enfrentam o mesmo imbróglio.
São jovens que se formaram em 2014, 2015 e 2016 e não receberam o que foi prometido, embora sejam considerados aptos e tenham cumprido todos os requisitos. A SEE reconhece que o pagamento encontra-se em atraso, em razão da situação de dificuldades orçamentárias enfrentadas pelo Estado, que decretou calamidade financeira no final do ano passado. A pasta informa ainda que o Governo de Minas está mobilizando todos os esforços para sanar as dificuldades financeiras enfrentadas, a fim de que o repasse do recurso possa ocorrer o mais breve possível.
Somente em Juiz de Fora, a dívida chega a mais de R$ 20 milhões, já que deverá ser pago R$ 3 mil a cada um dos 6.700 estudantes. Em todo o estado, o montante soma mais de R$ 72 milhões, considerando que o número total de alunos que ainda não receberam o benefício chega 24 mil jovens. Esses dados incluem apenas os anos de 2014 e 2015, já que ainda estão sendo apurados os resultados escolares de 2016. Mas a dívida pode passar dos R$ 100 milhões se considerarmos a média anual de 12 mil beneficiários que concluíram o ensino médio no estado.
A fim de buscar uma resposta para os atrasos que se arrastam há anos, o então deputado Wander Borges (PSB), atual prefeito do município de Sabará, requereu audiência pública na Assembleia Legislativa em outubro do ano passado. O encontro reuniu beneficiários, representantes das cidades participantes do programa, bem como deputados e responsáveis da SEE. Durante os debates, o Governo do estado reconheceu a dívida. Segundo consta no Portal da Transparência, R$ 34,85 milhões já foram empenhados e liquidados. No entanto, não há data ou prazo limite estabelecido para o pagamento.
As ações do Poupança Jovem encerram-se no final deste ano, e, desde 2015, o programa está fechado para novas adesões. Quando surgiu há 10 anos, o projeto abrangia apenas Ribeirão das Neves, e a principal ideia era a de que ele ia ser oferecido em cidades com mais vulnerabilidade social e educacional. No ano seguinte, Esmeraldas, Governador Valadares e Ibirité foram incluídas. Juiz de Fora, Montes Claros, Sabará e Teófilo Otoni foram contempladas em 2009, e Pouso Alegre, em 2011. Atualmente, 194 escolas estaduais são atingidas pelo programa.
Alunos não têm cartão para receber
Juiz de Fora foi a primeira cidade do estado em que o programa foi implementado de forma municipalizada, ou seja, os recursos vêm do Estado, mas a responsabilidade pela condução é da Prefeitura. Em outros municípios, algumas ONGs ou fundações estão à frente do convênio. Segundo o chefe do Departamento de Inclusão Sócio-produtivo em Juiz de Fora, José Francisco Oliveira Sobrinho, todas as 33 escolas estaduais da cidade são atendidas pelo programa. Leonardo Alves é o coordenador local do Poupança Jovem desde 2015, responsável por estar em contato com as escolas, os educadores e repassar as informações para Belo Horizonte.
De acordo com Leonardo, não há abertura de contas bancárias para recebimento do benefício desde a metade do ano de 2014. E isso é geral. “Me parece que está tendo uma licitação da folha de pagamento do Estado. Está em aberto, quando falarem em qual banco vão abrir essas contas, nós vamos repassar aos alunos. Quem já tem conta no Bradesco (que estava pagando o benefício) vai receber no Bradesco. E, mesmo que a pessoa não tenha o cartão, quando o dinheiro for liberado, poderá pegar na boca do caixa.” A Tribuna conversou com alguns alunos que estão com problemas com o cartão do benefício. Um deles informou que a validade de seu cartão só vai até 2018. Já outra estudante disse que não houve emissão de cartão para a turma na qual estudou.
Mas isso é o de menos para os estudantes. A liberação do dinheiro é a grande questão. Há uma expectativa de que o Governo divida os valores dos três últimos anos e pague aos poucos, a fim de não onerar demais o orçamento de uma só vez. No entanto, alguns jovens estão desacreditados que possam vir a receber um dia.
Estudantes cobram pagamento e informações
Pedro Henrique Bernardes de Resende tem 21 anos, formou-se em 2014 pela Escola Estadual Antônio Carlos, no Bairro Mariano Procópio. Ele está desacreditado e diz que, pelo tempo que passou e pela falta de clareza de informação, os estudantes nunca mais irão receber o que foi prometido. Logo que saiu do ensino médio, Pedro Henrique ingressou na UFJF e esperava ter os R$ 3 mil para ajudar na sua permanência na universidade. “Meu objetivo, na época, era guardar (o dinheiro), para poder me manter na faculdade por algum tempo.” Atualmente, ele está buscando por alguma bolsa que o auxilie, já que estuda em horário integral, impedindo que trabalhe.
Segundo o estudante, amigos que concluíram o ensino médio em 2013 tinham uma documentação mais completa. “Em 2014, não deram muita coisa, rolou um descaso, mas os nomes estão em uma lista no Bradesco. Algumas das pessoas que se formaram em 2013 receberam só em 2016, outras receberam no prazo de um ano após a formatura.” Nathalia Gerheim de Jesus, 20, formou-se em 2014 pela mesma escola do Pedro. Ela reclama que não há informações explícitas e organizadas: o que sabem vão repassando para os colegas que estão na mesma situação. Após o colégio, ela ingressou, através do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), numa faculdade particular, e espera que, até 2020, já tenha conseguido receber os R$ 3 mil, pois conta com esse dinheiro para pagar o fundo. Ela faz estágio e trabalha como manicure para ajudar nas suas despesas.
Débora de Paula Faria, 21, é outra estudante que concluiu o estudo em 2013 e até hoje não recebeu. Débora estudava na Escola Estadual Professor José Freire, no Bairro Industrial. O que consta no site da Assembleia Legislativa (almg.gov.br) é que, durante a audiência pública, Virgílio Garcia, supervisor-técnico do Processo Estratégico Poupança Jovem, afirmou que todos os alunos formados em 2013 e aptos pelo programa já receberam o benefício. Exceto um grupo pequeno que não cumpriu com os requisitos formais para tal efetivação.
Segundo a estudante, seu documento de identidade não chegou a ser entregue ao Poupança Jovem, e, só após se formar, ela conseguiu regularizar a documentação. Com isso, ela não entrou no pagamento daquele ano, que foi o último devidamente creditado. Seu nome está na atual lista do Portal da Transparência, entre os 12.019 registros, com status do valor de R$ 3 mil liquidados, aguardando ser efetuado o pagamento. Débora planejava utilizar o dinheiro para começar um curso técnico de química no Colégio de Aplicação Pio XII e também tem o sonho de estudar direito. Atualmente está desempregada.
Proposta para reformulação do programa
O chefe do Departamento de Inclusão Sócio-produtiva da PJF, José Francisco Oliveira Sobrinho, diz que tem trabalhado na busca de solução. No entanto, afirma estar preocupado em não iludir os jovens. “Nós temos a esperança que (o dinheiro) sairá o mais breve possível. (O recurso) já está empenhado e liquidado, o que reforça o compromisso de o Estado honrar esses valores. Na verdade, isso são instrumentos do orçamento, que depende de o Estado ter o dinheiro. Eu sempre falo isso com os estudantes: o Estado reconhece essa dívida e vai ter que pagar.”
José Francisco defende uma reformulação do Poupança Jovem, propondo que sejam mantidas as ações junto aos jovens, mesmo sem as bolsas de benefício. “Hoje estamos vivendo situações de conflito envolvendo a juventude e não podemos recuar com as políticas públicas que já existem.” Em conjunto com o deputado Isauro Calais (PMDB), a proposta é criar um novo programa com apoio de recursos de emenda parlamentar. Segundo o deputado, a ideia proeminente é que sejam oferecidas capacitações para que o jovem saia um pouco mais preparado para o mercado do trabalho ou para realizar um curso pós-ensino médio, mas sem a oferta de bolsas.
Em agosto
“Estamos fazendo estudos sobre a viabilidade do projeto, mantendo eixos de ação envolvendo cidadania, noção de território, mercado de trabalho. Vamos ver o que há possibilidade de ser feito, porque algumas coisas geram gasto”, explica José Francisco, dizendo que, até a primeira quinzena de agosto, será encaminhada a proposta aos supervisores técnicos do Estado. O deputado disse ainda que irá encaminhar ao Governo de Minas pedido de informação sobre os pagamentos.
Promessa é DÍVIDA: Debora de Paula Faria, Samuel Leandro Rodrigues dos Reis, Gabriela Batista e Larissa Martins (da esquerda para a direita) são alguns alunos de JF que não receberam o pagamento.
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Veículo: Globo Esporte
Editoria: Zona da Mata
Data: 15/07/2017
Título: Corrida na Faculdade de Educação Física da UFJF é novidade no circuito de Juiz de Fora
Resumo: Uma novidade desse ano no ranking de corridas de rua de Juiz de Fora. Vem ai uma corrida na FAEFID, a Faculdade de Educação Física da UFJF.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 15/07/2017
Título: Lago do museu o começa a receber intervenções
A água esverdeada do lago do Museu Mariano Procópio foi tema da tese de doutorado “Medidas de mitigação para controle e manejo das florações de cianobactérias em um sistema tropical raso” da bióloga e pesquisadora da Universidade Federal de Juiz de Fora (PGECOL/UFJF), Marcela Miranda.
O trabalho indica um conjunto de medidas que devem ser adotadas para minimizar as florações das algas e foi apresentado à equipe do museu na última quarta-feira (12). Novas reuniões operacionais devem ser feitas, de acordo com o gerente de Planejamento e Manejo do Parque do Museu Mariano Procópio, Dirceu Falce, para tratar da implantação das intervenções.
A princípio, foram indicadas algumas mudanças logísticas, como a forma de alimentação dos gansos, por exemplo. Depois que todas essas questões estiverem resolvidas, começam as intervenções para reduzir as entradas internas e externas de nutrientes, que possibilitarão a diminuição do número de algas no lago. “Será um trabalho de gestão integrada. Quando mexemos com a natureza, temos que respeitar alguns prazos, que não são instantâneos. Ainda não temos como prever o quanto vai custar, até porque há vários processos envolvidos, e tudo precisa ser feito com muito cuidado. O objetivo é a melhora na qualidade da água, para consequentemente, melhorar a paisagem do museu”, destaca a doutora Marcela.
O trabalho de Marcela começou em 2012 com uma análise mensal da qualidade da água, que manifestava florações de alga. O monitoramento foi feito até 2014. No ano seguinte, foram realizados experimentos em laboratório, com testes para remoção das algas. Em 2016, parte da água do lago foi cercada e utilizada para testar o experimento feito no laboratório. O estudo foi realizado em parceria com instituições de pesquisa de Rio (UERJ), São Paulo (USP) e Holanda (Universidade de Wageningen).
Recuperação é a meta
“Temos um lago raso em que a luz do sol chega até o fundo. É o ambiente propício para o desenvolvimento das cianobactérias. Atualmente, ele é alimentado pelas águas da chuva e um poço artesiano pequeno, com uma vazão de 4.400 litros por hora, o que é muito pouco. Esse lago tem 12 mil metros quadrados de superfície de lâmina d’água”, diz Dirceu Falce, que tem a expectativa de recuperar o lago. “É um trabalho científico que foi feito sobre uma base muito boa, com excelentes orientações. Nossa meta é que os juiz-foranos possam desfrutar do lago do museu como era antes, até mesmo com o pedalinho.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cultura
Data: 15/07/2017
Título: Edição de julho da série Concerto na Filarmônica acontece neste sábado
A Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora recebe neste sábado mais uma edição da série Concerto na Filarmônica, evento que apresenta todo mês músicos da cidade e convidados que apresentam um repertório variado que vai do clássico ao popular e contemporâneo. A entrada é franca.
Para esta edição, os convidados são o violonista fluminense Henrique Lowson. Natural de Nova Friburgo, o jovem músico ganhou recentemente o prêmio Jovem Músico BDMG. O repertório de sua apresentação terá o “Prelúdio II”, de Heitor Villa-Lobos, e os movimentos I a IV da sonata “Omaggio a Boccherini”, de Mario Castelnuovo-Tedesco. Quem também se apresenta é o pianista inglês Daniel Roberts, que desde 2013 tem se apresentado em cidades brasileiras como São Paulo, São João del Rey e Petrópolis. Em seu retorno a Juiz de Fora, ele vai apresentar interpretações para obras de Gershwin, Chopin, Liszt e Debussy.
A última atração do Concerto na Filarmônica é a de Michelle Flores, e a integrante do Coro Acadêmico da UFJF vai interpretar “Coração triste”, de Alberto Nepomuceno, “Alguém igual a você” (versão de “Someone like you”, de Frank Wildhorn) e “Crudele? Ah, non mio bene!… Non mi dir”, da ópera “Don Giovanni”, de Mozart.
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Veículo: Estadão
Editoria: Blog Estado da Arte
Data: 15/07/2017
Link: http://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/cormac-mccarthy/
Título: ‘Dark Like Souls In Want’: As Teodiceias de Cormac McCarthy (Parte 1)
Muitos certamente sabem que após a Experiência “Trinity”, o primeiro teste nuclear da história, Robert Oppenheimer, numa alusão ao Bhagavad Gita, diálogo entre o príncipe guerreiro Arjuna e Krishna (encarnação de Vishnu), declamou os seguintes versos: “Tornei-me a Morte, a Destruidora dos Mundos”.
A imagem poética em questão refere-se à manifestação da forma universal da divindade, um ser de aspecto terrível (e todo deus é terrível) e sublime, com incontáveis bocas e olhos. A despeito da opinião de especialistas em sânscrito de que o termo “morte” é mais adequadamente traduzido como o “tempo destruidor de mundos”, a referência e a ocasião são emblemáticas.
A ideia de que o homem tenha talvez alcançado o status de uma divindade destrutiva é, sob certos aspectos, a consequência inevitável da divinização da técnica, a exaltação do domínio sobre a natureza. Mas ainda assim permanece um ressaibo ou nostalgia dentro daquilo que os religiosos chamam de “coração”: há o temor de uma divindade faminta, potência bruta e consumidora, espreitando de uma cornija no cosmos, ou, nas palavras de Stanilaw Lem, em seu Solaris, “um deus desesperado”, sendo “as novas e as supernovas… as velas de seu altar”.
Aliando essas duas percepções, a obra de Cormac McCarthy é o testemunho vociferante de um profeta do mundo sem Deus, bem como a teologia, por assim dizer, de uma “divindade sangrenta e bárbara”, conforme o título da obra de Petra Mundik, que analisa a influência do gnosticismo e de correntes esotéricas no universo ficcional do autor americano.
A tese de Mundik é que as obras, quando lidas em sua unidade simbólica, constituem uma espécie de teodiceia às avessas, uma obsessão com relação à ausência sensível (com perdão do oximoro) da divindade na terra. E o romancista, embora ateu, apresenta, recorrente e essencialmente, sua visão sobre a existência do mal em um mundo em que chamas tênues alumiam somente uns passos à frente daquele que porta o fogo.
Meridiano de Sangue ou o Crepúsculo Vermelho no Oeste, de McCarthy, nos dizeres de Harold Bloom, é o “Western supremo”, “a culminação de todo potencial estético que a ficção Western possui”, “encerrando, pois, a tradição”. Grosso modo, escrito numa linguagem ao mesmo tempo épica, arcaica, escriturística e hipnótica, o romance narra a campanha de escalpelamento conduzida por John Joel Glanton e subsidiada por autoridades texanas e mexicanas, de 1849 até o ano seguinte. A intenção primordial era a limpeza dos corredores sudoestes – leia-se o extermínio de índios americanos – até as minas de ouro.
Neste tocante, entretanto, McCarthy não inocenta o culpado: Apaches (que chegaram à América do Norte posteriormente, por volta de 1650) e os Comanches (que vieram ainda mais tarde à região) são descritos como assassinos, raptores e escravizadores – e, claro, escalpeladores. E do mesmo modo o exército do general mexicano José María Elias, cruéis ao ponto de aniquilarem todos os desvalidos ou feridos abandonados pelas expedições.
Acompanhamos a jornada do personagem Kid (o garoto), em nenhum momento designado com seu nome próprio, também produto residual de um mundo mais genesíaco do que social, coroado por caos e violência, que definirá não somente sua associação ao grupo de Glanton, mas também “seu gosto pela violência insana”.
Todavia, a principal figura – o ponto nodal em que convergem todos os assassinatos, discórdias e crimes e no qual culmina toda a escala da violência desencadeada já no princípio da obra – é o juiz Holden, um gigante albino de mais de dois metros de altura, robusto e forte ao ponto de segurar um canhão (e matar alguns infelizes) somente em seus braços.
Holden é o guia espiritual do grupo de exterminadores, assassino, estuprador, aliciador de crianças, dançarino e violinista exímio, conhecedor de todas as línguas e dos mais variados saberes: jurisprudência, geologia, astronomia, filosofia, paleontologia e desenho técnico – com o qual registra detalhadamente os objetos, “os ossos das coisas… as palavras de Deus”, com o intuito declarado de eliminá-los do mundo.
Curiosamente, todos os membros do grupo de Glanton tiveram um encontro com o juiz antes de se juntarem à expedição, o que mais uma vez adensa a sua aura preternatural. As partes mais vigorosas e memoráveis do romance de McCarthy são os discursos e reflexões de Holden, quando ele apresenta ao grupo sua teologia da violência, a ideia de que a guerra, essa força quase ctônica que traz unidade aos homens, é deus. Conversando com um ex-padre que então integrava o grupo, Holden expõe suas ideias sobre as origens da terra a partir de uma análise de minerais que tem em mãos: “uma ordenação de éons proveniente do caos arcaico”. Mais do que um gnóstico, o juiz é, no entendimento de Bloom e Leo Daugherty, uma entidade demiúrgica, um deus do caos ou da guerra.
Sem necessidade de descanso e afirmando que há de viver para sempre, Holden é o princípio de violência que impera e rege não somente a história americana, como alguns críticos interpretaram essa genealogia da violência, mas uma encarnação psicopata do mal, um ente anunciando que a história humana é erigida sob o signo da violência.
Nesse e noutros aspectos, McCarthy retoma todo o imaginário sombrio do gótico sulista norte-americano e sua obsessão com o mal metafísico, as perversões da alma humana e a violência incontida ou que ruma à destruição absoluta. Nesta linha que abarca Faulkner, Melville, Davis Grubbs, Flannery O’Connor e especialmente Tennessee Williams, McCarthy nos apresenta, em Meridiano de Sangue, um Caim maldito que perpassa e influencia os eventos, especialmente os fundantes de uma civilização.
Portanto, Holden é uma espécie de Shiva, um deus múltiplo e destruidor, que calca aos pés a criação, tornando-a uniforme e homogênea por meio da violência, com o intuito de remoldá-la. No romance, encontramos uma das cenas mais sombrias que corroboram essa analogia: o juiz toma para si, para fins sádicos, um deficiente mental, numa de suas caçadas por escalpos. Após matar ou causar a discórdia dos demais integrantes do grupo, Holden passa a caçar o Kid e o ex-padre, e vem conduzindo à sua frente, com uma coleira, o retardado: a Ignorância precedendo o Mal, ou, como Shiva, na sua dança destruidora-criadora, pisoteando o anão da ignorância.
Ao final do romance, vemos Holden tocando seu violino e dançando eximiamente após o reencontro com Kid, que naquele momento já tinha sua visão turvada pelas cenas de truculência e morte que presenciara. Seja como um deus hindu que não se contenta em destruir nada menos que o cosmos, seja como a morte celebrada pelos atos humanos, Holden “está dançando, dançando. Ele diz que jamais há de morrer”.
Fabrício Tavares de Moraes é tradutor e doutor em Literatura (UFJF/Queen Mary University London)
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