Veículo: Blasting News

Editoria: Brasil

Data: 07/07/2017

Link: http://br.blastingnews.com/brasil/2017/07/jovem-transgenero-tira-a-propria-vida-em-juiz-de-fora-001829071.html

Título: Jovem transgênero tira a própria vida em Juiz de Fora

Faleceu na última quarta-feira (5) o jovem #Transgênero Nicholas Domingues, aluno do curso de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Nicholas era natural de São José dos Campos e será enterrado nessa sexta-feira (7), às 10 horas, no Cemitério Horto São Dimas.

Militante pelas causas LGBT, ele era filiado ao PCB e lutava incansavelmente contra o preconceito e a #Transfobia que sentia na pele, inclusive dentro da universidade. Segundo amigos de Nicholas, um professor de psicologia insistia em tratá-lo no feminino, desrespeitando sua identidade de gênero.

O medo de uma possível rejeição por parte da família, que soube de sua transexualidade havia pouco tempo, foi o estopim para que o jovem tirasse a própria vida.

Ao informar o falecimento do garoto, o pai o fez usando seu nome de batismo e termos no feminino.

O #Suicídio de Nicholas, infelizmente, não é um caso isolado: pessoas LGBT têm maior probabilidade de atentar contra a própria vida e, de acordo com pesquisa feita em 2016, 66,4% dos homens trans brasileiros dizem já ter pensado em suicídio, sendo que 41,5% dos entrevistados realizou ao menos uma tentativa.

Ainda segundo a pesquisa, 71,6% dos homens trans relataram ter sofrido algum tipo de violência transfóbica, sendo a sua maior ocorrência dentro de casa (73,9% desses casos), seguida pela escola (59,6% dos casos), por hospitais (20,5%), unidades de saúde (18,6%) e clínicas especializadas (17,4%). Isso mostra que os lugares que deveriam representar as maiores fontes de apoio para transgêneros se revelam como palcos de rejeição.

O fato de um professor universitário não aceitar a transgeneridade está muito mais relacionado com a crença do que com a falta de informação. Ao tratar um aluno cuja identidade de gênero é masculina como mulher, ele age com violência e, sendo formado em psicologia, conforme relataram amigos de Nicholas, ele tem consciência do que faz.

A transfobia generalizada faz com que esses indivíduos enfrentem a discriminação cotidiana, e a institucionalização dessa violência simbólica transforma questões que deveriam ser facilmente resolvidas em verdadeiros empecilhos burocráticos que podem durar por anos a fio. Não se trata apenas da incompatibilidade entre a aparência do indivíduo e o que consta em seus documentos não-retificados, mas, antes, de um grande despreparo por parte de todas as pessoas para lidar com o sujeito transgênero, permitindo que suas crenças [VIDEO] pessoais se sobreponham a seus deveres profissionais.

— —

Veículo: SIMI

Editoria: Notícias

Data: 07/07/2017

Link: http://www.simi.org.br/noticia/fapemig-divulga-resultado-de-chamada-de-apoio-a-nits.html

Título: Fapemig divulga resultado de chamada de apoio a NITs

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) divulgou o resultado da chamada 04/0217 de apoio a núcleos de inovação tecnológica. De um total de 29 propostas apresentadas, 12 foram aprovadas para contratação.

O total investido nos projetos será de R$ 499.191,06. Entre as propostas aprovadas existem projetos de universidades federais, como as dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e de Juiz de Fora (UFJF), de institutos federais, como o de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IF Sul de Minas) e da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).

Os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) são responsáveis pela implementação de medidas de sustentação dos processos e ações de inovação tecnológica no Estado. Eles gerem a política de inovação das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs), órgãos ou entidades da administração pública ou entidades privadas sem fins lucrativos, que executam atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico.

Outras informações podem ser obtidas com a Central de Informações da FAPEMIG pelo e-mail ci@fapemig.br

— —

Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Coluna Cesar Romero

Data: 07/07/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/07-07-2017/coluna.html

Título: Clima de festa

Luiz Oscar Martins, Dilourdes Magalhães, Anselmo Salgado, Regina Oliveira e Valter Paulo coordenam o encontro dos médicos que formaram em julho de 1977, na UFJF. A comemoração pelos 40 anos de formatura começa hoje e vai até domingo, no Green Hill Hotel. Integrante da turma, Antonio Jorge D’Almeida vai lançar seu livro “Amores proibidos”.

— —

Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Esportes

Data: 08/07/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/noticias/esportes/08-07-2017/uberabinhaufjf-encerra-participacao-no-mineiro-com-um-empate-e-uma-derrota-para-o-atletico-mg.html

Título: Uberabinha/UFJF encerra participação no Mineiro com um empate e uma derrota para o Atlético-MG

O Uberabinha/UFJF encerrou a sua participação no Campeonato Mineiro de base com um empate e uma derrota para o Atlético-MG, neste sábado (8), em Belo Horizonte. No primeiro jogo da categoria sub-15, a equipe de Juiz de Fora saiu perdendo, mas conseguiu arrancar o empate de 1 a 1. Já os meninos do sub-17 seguraram o empate até os 15 minutos do segundo tempo, mas acabaram perdendo por 4 a 0 para o Galo da Capital. Com os resultados, o Uberabinha/UFJF ficou de fora da próxima fase da competição, que classificava duas equipes de cada grupo. O sub-15 terminou na quarta colocação do grupo, com 11 pontos, enquanto os mais velhos terminaram em terceiro, com 15 pontos conquistados. Apesar da eliminação, o coordenador de futebol da equipe, Marcelo Matta, avaliou como positiva a participação dos garotos. “Foi positiva não só para os alunos, mas também para os professores e acadêmicos, pois no ano passado conseguimos o acesso à primeira divisão e esse ano conseguimos nos manter na elite do estadual de base”, comemora.

— —

Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 08/07/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/noticias/cidade/08-07-2017/alunos-e-unidades-aguardam-decisao-da-ufjf-sobre-especializacoes.html

Título: Alunos e unidades aguardam decisão da UFJF sobre especializações

A abertura de cursos de especialização pagos está suspensa pela Universidade Federal Juiz de Fora (UFJF) desde 2014, quando alunos entraram na Justiça pedindo reembolso do valor investido no curso, com o argumento de que uma instituição federal deveria oferecer a formação gratuitamente. Desde então, a universidade aguardava uma decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (STF) para repensar a oferta desse tipo de formação. No dia 26 de abril deste ano, três anos após a suspensão dos cursos lato sensu, como são conhecidos tecnicamente, o STF admitiu a cobrança de mensalidades por essa modalidade. A resposta do Supremo foi dada em votação, nove dos 11 ministros entenderam que a gratuidade do ensino só se aplicaria à graduação e às pós-graduações stricto sensu, mestrados e doutorados.

Diante da decisão que tem repercussão geral, a sentença deverá ser aplicada em casos com as mesmas características em todo país. No entanto, apesar da decisão favorável à retomada das especializações e com a demanda verificada nas unidades, o Conselho Superior (Consu) da UFJF ainda não se manifestou de maneira definitiva sobre a matéria.

De acordo com a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Mônica Ribeiro, o setor estuda as resoluções que falam sobre as pós-graduações lato sensu, mas ainda não há prazo para uma resposta final. Segundo ela, o assunto está sendo debatido no Consu, e um posicionamento da instituição deve ser dado quando a avaliação sobre o material terminar de ser feita.

Atualmente, a UFJF oferece apenas quatro cursos lato sensu gratuitos: Educação Financeira Escolar e Educação Matemática, em Ciências Exatas; Filosofia, Cultura e Sociedade; Ciência da Religião, nas Ciências Humanas; Ortodontia; Nefrologia, nas Ciências Biológicas e da Saúde. Em 2014, quando as especializações foram suspensas, um total de 38 cursos pagos eram oferecidos nos diversos campos de conhecimento.

Atrativo da UFJF

Enquanto os cursos não são liberados, quem busca por dar continuidade à formação deixa de ter o lato sensu como opção. Depois de viver alguns anos em Belo Horizonte, o diretor de arte e professor Arnaud Gribel voltou a morar em Juiz de Fora e foi surpreendido pela suspensão dos cursos de especialização. “Fiquei triste, porque um dos principais atrativos para quem vem de outra cidade é a facilidade de acesso à vida acadêmica, e a UFJF cumpre essa função de integração. Quando cortam essas ramificações, que permitem a democratização da pós-graduação, dificultam essa vivência, e a continuidade da formação.” Entre as vantagens desse formato, Gribel destaca a facilidade de incluir as aulas e atividades em uma agenda de dia a dia, permitindo conciliar carreira profissional, formação e compromissos pessoais.

“Você pode aquecer a musculatura para descobrir os seus caminhos e fazer um networking acadêmico. É uma porta de entrada mais suave que o mestrado ou o doutorado, que têm perfis muito mais seletivos e exigem uma dedicação muito maior. Na lato sensu, temos a oportunidade de encontrar profissionais, fazer uma rede e acrescentar. Esse fator humano é muito importante para a cidade, que é deliciosa. Se perdemos esse contato, deixa de ser atrativo, porque se pensarmos apenas em retorno financeiro, não ficamos aqui”, detalha Gribel.

Uma jornalista que prefere não se identificar também aguarda a retomada desses cursos para continuar seus estudos. “Na minha área, a UFJF costuma oferecer três especializações. Duas delas me interessam muito. Elas representam uma oportunidade de incrementar o currículo. Gostaria que os cursos oferecidos pela UFJF voltassem, porque ainda não tenho condições de lidar com os custos em cursos de outras cidades”, pontua. Com a formação toda dentro do ensino privado, ela não vê problema em pagar por esse conhecimento, mesmo que oferecido dentro de uma instituição pública. “Não sendo um preço abusivo, é possível se programar para lidar com os gastos. Também é interessante pelo método de seleção em que todos os inscritos têm a mesma chance, não é como nas pós -graduações stricto sensu, em que há critérios subjetivos para avaliação dos projetos”.

Demanda dentro nas faculdades

As unidades da UFJF também recebem a demanda de pessoas que buscam por esse tipo de formação. Na Faculdade de Engenharia, por exemplo, a especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho teria uma turma fechada, contando com os atuais interessados. “O nosso coordenador, inclusive, está trabalhando para a volta do curso, mas dependemos do posicionamento da universidade. A procura é muito grande, e o curso tem utilidade pública, porque estamos olhando para a segurança e a preservação do trabalhador. Além disso, esse é um importante nicho de mercado hoje”, afirma o diretor da Faculdade de Engenharia da UFJF, Hélio Antônio.

O diretor concorda com a decisão do Supremo sobre a matéria. “No meu entendimento, os cursos lato sensu são destinados ao interessado em progredir na carreira, eles não conferem grau, apenas fornecem um certificado de especialista. Portanto, é uma formação opcional na carreira de qualquer profissional, por isso, a cobrança é possível. A universidade não tem que se preocupar com esses custos. As verbas precisam ser concentradas em cursos de graduação, mestrado e doutorado e deixar que a sociedade lide com o lato sensu”, avalia.

O diretor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC), Gilmar José dos Santos, também diz ser legítima essa fonte de financiamento. “Há quem critique, dentro da própria universidade, rotulando de ‘privatização’ do ensino público, o que não é verdade. Os cursos que conferem grau, como os bacharelados, as licenciaturas, os mestrados, os doutorados e os de tecnologia continuarão gratuitos; para isso, sempre lutaremos. Os cursos lato sensu não conferem grau, apenas fornecem um certificado de especialista. Portanto, é uma formação opcional na carreira de qualquer profissional.” Na FACC, também há demanda de potenciais alunos interessados nos cursos de especialização que eram oferecidos pela unidade.

O coordenador do curso da especialização em Moda, Cultura de Moda e Arte, Javer Volpini, explica que o investimento viabiliza esse formato. “Tentamos manter um intercâmbio de pessoas em diferentes áreas, com atuações distintas, justamente para ter um olhar amplificado sobre a moda, que é o nosso caso. Isso gera um gasto, porque não trabalhamos somente com professores do curso de Artes e Design. Esses profissionais convidados recebem um pró-labore e arcamos com custos como transporte, alimentação e hospedagem.”

De acordo com Volpini, ainda cobrando, o valor não é alto porque não visa ao lucro. “Esse dinheiro é destinado totalmente à estrutura do curso. Até porque a UFJF subsidia boa parte do que precisamos, como energia e espaço físico. Em função disso, o valor do curso costuma ser abaixo da média de mercado”, frisa o coordenador.

A especialização em moda também tem procura intensa. Segundo Volpini, desde que o curso foi suspenso, a caixa de e-mail começou a ficar cheia de mensagens de interessados, aguardando o retorno sobre a retomada da oferta da formação. “Temos quase duas centenas de pessoas aguardando retorno. Recebemos alunos não só da moda, mas de áreas como jornalismo, saúde, direito, administração, que pretendem atuar profissionalmente ou que têm interesse em adquirir cultura. É uma oportunidade de ter contato com outras áreas que é muito o perfil do lato sensu.”

Para o diretor da FACC, Gilmar José dos Santos, embora as instituições particulares ofereçam cursos similares, a oferta ainda é menor do que a demanda. “Já tínhamos uma tradição e um e know how na oferta desses cursos. É importante retomarmos, antes que toda essa experiência e conhecimento se percam”.

— —

Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Coluna Cesar Romero

Data: 08/07/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/08-07-2017/220805.html

Título: Voo livre

Os 40 anos de formatura da turma de julho/1977, na Faculdade de Direito da UFJF, serão comemorados, hoje, Poleiro do Galo. Na coordenação, Eduardo Leal, Neide Severo, Paulo Falce e Alaor Silveira.

— —

Veículo: The Intercept Brasil

Editoria: Notícias

Data: 08/07/2017

Link: https://theintercept.com/2017/07/08/usp-adere-cotas-raciais-mas-racismo-ainda-e-determinante-na-academia/

Título: USP ADERE COTAS RACIAIS, MAS RACISMO AINDA É DETERMINANTE NA ACADEMIA

CONSELHO DA USP (Universidade de São Paulo) aceitou a instituição de cotas sociais e raciais para o seu concorridíssimo vestibular a partir de 2018 na última terça-feira(4). A repercussão da notícia, tanto nas redes sociais, quanto nos sites, dá a dimensão da importância de uma instituição como a USP se incluir entre as universidades públicas que reconhecem a necessidade de instrumentos que possibilitem o acesso e a reparação, via sistema de cotas raciais, das desigualdades que distanciam, sobretudo, jovens negros e negras, das mais importantes universidades do país.

Mas o dilema vai muito além disso. Em junho, o Coletivo Nuvem Negra, fundado em 2015 por alunos negros e negras da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio, divulgaram uma pesquisa, fruto da campanha “Quantos professores negras/os tem na PUC-Rio?”.

Dados de 2016 gerados pelo Sistema de Gerência Universitária (SGU) da universidade apontaram que apenas 4,3% do corpo docente da PUC-Rio é negro. Mais precisamente: 1,6% de professoras negras e 3,2% de professores negros. Ou seja: apenas 86 dos 1985 professores e professoras da prestigiada universidade da Zona Sul do Rio de Janeiro., A pesquisa também diz – e aqui é extremamente importante observar – que, se for mantido o ritmo dos últimos 10 anos, o número de professores negros na universidade  só irá igualar o de brancos em 2136. Estes 120 anos de intervalo são quase os 128 anos de intervalo da assinatura da Lei Áurea em 1888 até aqui. É um intervalo emblemático, porque, mais de um século depois, a população negra no Brasil não tem sequer os mesmos patamares na medição do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, medido pela ONU), que a população branca.

Nenhuma instituição representa tanto a ideia de “produção de saber” do que a universidade. Por isso é tão significativo que o recorte racial dos professores das instituições brasileiras receba a devida atenção.

Se a universidade representa o lugar da produção de saber, não é razoável desconsiderar que a condição social e racial influencie no saber produzido?

A USP, que só agora se abre às cotas sociais e raciais como possibilidade de acesso, é a mesma que, em pesquisa publicada em 2005,  no livro de José Jorge de Carvalho, tinha apenas 0,2% de professores negros no seu quadro docente, em 2005. Dos mais de 4,5 mil professores que possuía então, apenas cerca de dez professores eram negros. Isso numa pesquisa que identificava os professores negros como apenas 1% de todo o corpo docente das universidades brasileiras Mesmo a UnB (Universidade de Brasília), pioneira na adesão das cotas raciais, possuía, em 2016, apenas 1,77% de professores negros no seu quadro docente.

Se a universidade representa o lugar da produção de saber, não é razoável desconsiderar que a condição social e racial influencie no saber produzido?

Há de se perguntar, por exemplo, pela ausência de pesquisadores e intelectuais negros nas bibliografias dos cursos de graduação do país. Lélia González, Guerreiro Ramos, Abdias Nascimento, Muniz Sodré, Sueli Carneiro, Jurema Werneck, Luiz Gama, Conceição Evaristo, Nei Lopes, Joel Rufino dos Santos são muitas as referências  para as diversas áreas do pensamento brasileiro que são absolutamente invisibilizados e sua contribuição sempre posta à margem do “cânon” acadêmico.

E o que dizer da ausência da obra de Guerreiro Ramos nos estudos de relações raciais e sobre a condição do negro no Brasil? Em que universidade ele divide o lugar obrigatório de referência ao lado de Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda? Ao que parece, talvez apenas Milton Santos fura parte (e apenas parte) desse bloqueio, dado sua presença referencial na bibliografia dos cursos de Geografia.

Na própria PUC-Rio, a antropóloga Lélia González tem a sua trajetória acadêmica, construída ali nesta mesma universidade, completamente esquecida. Lélia chegou a ser diretora do departamento de Ciências Sociais na PUC-Rio, mas sua produção é apagada da bibliografia da graduação na própria universidade, ao passo que Roberto DaMatta, também antropólogo, também professor na mesma instituição, habita o Olimpo acadêmico e desfruta de ser literatura obrigatória na bibliografia não só da PUC-Rio, mas de qualquer departamento de antropologia no país.

Não quero, evidentemente, diminuir a importância de DaMatta, e, inclusive deve-se considerar a produção extremamente distinta dos dois, mas não podemos deixar que apenas esta diferença seja a explicação da relevância e influência de um e o esquecimento e marginalização de outra.

Quantos professores negros você tem?

A campanha do coletivo da PUC-Rio não é a primeira com a intenção de despertar a atenção da sociedade, ou, no mínimo, da academia, para a segregação racial das universidades brasileiras. Em 2015, a Diretoria de Ações Afirmativas da UFJF (Universidade Federal d e Juiz de Fora) lançou a campanha “Quantos professores negros você tem?”, espalhando cartazes gigantes pela cidade e a universidade. Em cada carta, a foto do professor e a frase eram acompanhadas da hashtag #NãoÉCoincidência. E parece não ser mesmo.

Há uma dificuldade histórica no Brasil de se reconhecer os danos da escravidão do período colonial e imperial, além da condição subalternizada e sub-humana das pessoas negras no período republicano, de negras e negros livres, mas em situações absolutamente miseráveis.

A naturalidade com que a presença mínima de professores negros é tratada, sempre abaixo dos 5% em qualquer universidade públicas e particulares de ponta, como PUC e FGV, mostra, de maneira nítida e constrangedora, que os esforços continuam tímidos, e o problema continua não sendo olhado de frente

Mesmo no caso da adesão das cotas pelo Conselho da USP, as cotas raciais entraram como destaque, e não estavam na proposta inicial, que era apenas de cotas sociais. As cotas raciais vieram como fruto de uma pressão de cerca de 300 professores, que exigiram um passo mais ousado na reparação desta desigualdade histórica.

Campanhas como a do Coletivo Nuvem Negra da PUC-Rio vêm nos dizer que nos mantemos distantes do núcleo da questão, distantes de tocar na ferida causada pelo racismo estrutural.

Saberes também disputam, também compõem relações de forças. Há de se perguntar por que vinga o conceito dedemocracia raciale cai no esquecimento, marginalização ou na invisibilidade o conceito de quilombismo”. Como sai vitorioso o conceito de “homem cordial”e como é ignorado e minimizado o conceito deamefricanidade”. O coração da estrutura de poder permanece intacto. E branco.

— —

Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 09/07/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/noticias/cidade/09-07-2017/nao-e-um-mal-entendido.html

Título: Pai e filha que denunciaram episódio de racismo na UFJF tomam medidas jurídicas

“Nunca pensei que fosse passar por tamanha humilhação na vida. Sempre circulei pela universidade me sentindo em casa, hoje não tenho coragem de voltar lá”, conta, com muitas pausas e algumas lágrimas, um homem de 64 anos, pai de uma aluna do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF. Com apoio do coletivo Descolônia, de alunos e artistas negros do IAD, pai e filha fizeram uma denúncia de racismo institucional em vídeo pela página do movimento, sobre um caso que teria ocorrido no dia 2 de junho, no estacionamento do IAD. Na gravação de seu depoimento, o senhor conta ter sido abordado por vigilantes armados quando entrou em seu próprio carro, trajando um capuz e segurando um berimbau.

Já orientados por uma advogada, a estudante e seu pai têm processos abertos na esfera institucional, criminal e civil. “Não vai apagar a dor que eu senti ao ver meu pai se sentindo culpado, envergonhado, dizendo que não conseguia mais se olhar no espelho. Mas denunciar e tomar as medidas jurídicas cabíveis é o que pode garantir que outras famílias negras não passem por isso no campus. E é também uma forma de pressionar a universidade para um treinamento melhor para os profissionais. Não é um mal-entendido, como quiseram dizer para nós, porque só acontece com a população negra. Até agora só me ofereceram apoio psicológico, mas é preciso tomar medidas que garantam que isso não vai mais acontecer”, diz a estudante em entrevista à Tribuna. “Eu antes cortava caminho pelo campus, ficava passeando para esperar minha filha sair da aula. Hoje para mim é muito difícil voltar à UFJF, não quero que meus netos sintam isso lá ou em qualquer lugar”, completa o pai da aluna.

Para Paula Duarte, integrante do coletivo, é fundamental que o caso seja reconhecido como um episódio de racismo institucional. “É uma questão de conjuntura, não de personificar o ato em si em um culpado. A falta de treinamento, que levou a um ato de racismo, é um problema institucional. O racismo precisa ser discutido nas rotinas profissionais também, do campus como um todo, inclusive pelos brancos. Casos como este deixam muito evidente que estamos muito sós, nós por nós mesmos.”

Apuração em âmbito institucional é prioridade

Segundo a advogada Lia Manso, titular do caso, apurar o ocorrido em âmbito institucional é uma prioridade, feita a partir de um registro de ocorrência junto à instituição, para apurar a conduta dos agentes terceirizados e do servidor responsável pela segurança envolvidos no episódio. “Infelizmente, a equipe de segurança impediu que minha cliente registrasse a ocorrência no momento em que ela aconteceu (uma sexta-feira), orientaram que ela retornasse na segunda-feira. Mas quando ela chegou, o registro já havia sido feito pelos próprios vigilantes, e, com muitas barreiras e não sem orientação legal, ela conseguiu fazer a retificação de vários pontos, como a de que o pai portava um bastão em vez de um berimbau e a de que ele ‘circulava’ pelo estacionamento”, explica.

A profissional explica que, feita a retificação, a Diretoria de Segurança e a Diretoria de Ações Afirmativas foram acionadas para que tomem as medidas necessárias para o andamento das investigações. “Esta instância é de maior importância neste momento porque permite a responsabilização dos agentes diretos, que sacaram a arma e vulnerabilizaram a segurança da aluna e do pai dela. A partir do andamento do caso na frente institucional, eles também poderão figurar no processo criminal. Isso dará celeridade à ação na esfera criminal porque, muito provavelmente, os depoimentos serão colhidos com mais rapidez pela universidade do que por um delegado de polícia”, esclarece Lia. “Já solicitamos acompanhamento das investigações internas e vistas no processo, para saber o que foi apurado. Além disso, solicitamos imagens do circuito de câmeras, áudio do rádio dos vigilantes e estamos aguardando resposta da instituição.”

Segundo Lia, na esfera civil fala-se em “ilícito criminal”, imputada a um dano de natureza extrapatrimonial. “Foi o que aconteceu com a estudante e seu pai. Não foi um dano patrimonial, não estragaram o carro ou um celular, foi um dano à própria livre afirmação da existência dos dois. Por isso, vamos pedir a reparação por danos morais não apenas por parte dos seguranças, mas também da UFJF_ que é responsável pelas pessoas que exercem as atribuições que ela delega, sendo terceirizados ou não”, diz a advogada.

No boletim registrado junto à Polícia Civil, o episódio não foi registrado como racismo, crime imprescritível e inafiançável pelo artigo 5º da Lei 7716 de 1989, mas como “constrangimento ilegal”. “Tipos criminais como estupros e injúrias raciais costumam ser registrados assim numa tentativa de reduzir as situações reportadas, os índices criminais. Mas isso não interfere na ocorrência, porque o boletim segue para investigação e, quando isso acontece, os fatos serão relatados novamente e quando as vítimas descreverem que um segurança sacou uma arma para um homem negro de capuz e segurando um berimbau, é a autoridade civil que colhe o depoimento que poderá avaliar o caso como racismo ou não, independentemente do que tenha sido registrado em um primeiro momento”, pontua Lia.

Reitor da UFJF expôs situação em reunião

A UFJF informou, por meio da Imagem Institucional, que o reitor Marcus David expôs o caso em uma reunião do Conselho Superior (Consu) realizada na última semana, e a Ouvidoria Especializada e o Departamento de Vigilância estão apurando o ocorrido. A universidade informou, ainda, que a Diretoria de Ações Afirmativas fez acolhimento à estudante e seu pai assim que tomou conhecimento do ocorrido. Ainda conforme a instituição, o curso de capacitação para vigilantes, terceirizados e do quadro da UFJF, está em sua quarta etapa. O Departamento de Vigilância informou que a família foi atendida posteriormente e que todas as solicitações de inclusão e alteração de informação foram feitas e que a estudante teria sim, sido ouvida no local do ocorrido.

A Comissão de Direitos Humanos da OAB está acompanhando o caso para verificar se as normas de direitos e cidadania estão sendo observadas em cada uma das esferas jurídicas em que ela tramita, atuando, inclusive para exigir que as leis sejam cumpridas caso haja alguma omissão ou demora fora do razoável no andamento das investigações, por exemplo.

‘Se eu não chegasse, o que teria acontecido?’

Para a estudante do IAD, o episódio teve vários agravantes, como o fato de nem o pai nem ela terem sido ouvidos para tentarem se explicar. “Quando cheguei ao estacionamento, vi sete vigilantes, alguns de arma sacada, e meu pai dentro do carro. Pensei que o podiam estar sequestrando, assaltando, sei lá. Em todas as vezes que tentei falar, me identificar e identificá-lo, fui completamente invisibilizada, silenciada. No registro de ocorrência, sequer consta que eu estava lá no momento. E ainda assim, não consigo parar de pensar: se eu não chegasse na hora, o que teria acontecido com meu pai?”, indaga a estudante, emocionada. Ela relata, como o pai, também se sentir insegura agora no campus. “É difícil voltar às aulas sabendo que os vigilantes conhecem a placa do nosso carro, sabem onde estudo, fico com medo. Mas se não denunciasse, estaria sendo omissa não só com o que aconteceu, mas com possíveis futuras vítimas”, diz a aluna.

Para a advogada Lia Manso, em casos como o relatado pela estudante e seu pai, as vítimas devem procurar uma orientação junto a movimentos sociais e profissionais do direito tão logo seja possível. “Neste caso, a estudante e o pai tinham consciência de que haviam sofrido racismo, e o Descolônia os direcionou a mim, que além de advogada sou negra e militante, então tenho uma postura mais empática como operadora do direito. Esta consciência é muito positiva, pois nem sempre as pessoas conseguem identificar que foram violadas em seu direito de existir igualitariamente em sociedade. Movimentos sociais como o coletivo Descolônia, neste caso, ajudam a dar um direcionamento para que as ações jurídicas possam ser tomadas o quanto antes for possível.”

Para Paula Duarte, do Descolônia, o momento abre oportunidade para refletir sobre o racismo em diversos ambientes. “Sempre que chego em um lugar, faço um ‘censo’ mental, conto quantos negros há no ambiente. A universidade, como a maioria dos espaços, ainda é majoritariamente branca. Essa solidão da pessoa negra traz consequências para a saúde física, mental, para o convívio social, a vida afetiva, a autoestima, em diversos níveis. É preciso fazer com que o homem negro deixe de ser ‘elemento suspeito’”, opina ela.

— —

Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 09/07/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/noticias/cidade/09-07-2017/jf-e-2a-do-pais-em-idosos-vitimas-de-atropelamento-no-transito.html

Título: JF é a 2ª do país em idosos vítimas de atropelamento no trânsito

Juiz de Fora é a segunda cidade do país na estatística de idosos vítimas de atropelamento no trânsito, apesar de ter a 37ª maior população e a 48ª maior frota de veículos emplacados (ver quadro). O levantamento surpreendente, baseado em banco de dados do Ministério da Saúde, aponta que, de janeiro a abril deste ano, 103 pessoas com mais de 60 anos deram entrada em hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS) depois de terem sido atingidas por veículos motorizados ou não-motorizados. Ou seja, uma internação a cada 27 horas. Nesta estatística, o município está atrás apenas de São Paulo, a maior cidade da América Latina, com população que supera 11 milhões de pessoas e frota de 7,8 milhões de veículos. Isso é, aparece na frente de centros urbanos grandiosos, como Boa Vista (Roraima), na terceira colocação; Fortaleza (Ceará), na quarta; e a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, na quinta posição.

Nas últimas semanas, a questão tem ganhado holofotes. No mês passado, dois idosos, de 75 e 91 anos, morreram atropelados no trânsito. O mais novo, no dia 19, foi atingido por um ônibus enquanto atravessava na faixa, na Avenida Rio Branco, próxima à Rua Silva Jardim. O outro, dois dias depois, morreu atropelado por um trem, na passagem de nível da Avenida Francisco Bernardino nas proximidades da sede social do Tupi. Nesta última quinta-feira (6), duas senhoras, de 72 e 73 anos, foram atingidas por carros na área central em um intervalo inferior a sete horas nas avenidas Rio Branco e Getúlio Vargas. Felizmente, ambas foram socorridas com vida e levadas para hospitais de Juiz de Fora, sem riscos de morte.

Mais que destacar os números, a realidade apontada exige uma compreensão de onde a cidade erra. Para fim de comparação, em igual período, no ano passado, foram 83 internações de idosos no SUS vítimas de atropelamentos e, há cinco anos, em 2012, 46. Em cinco anos, o percentual de acidentes mais que duplicou. Conforme o censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentado em 2010, 13,6% da população do município são de idosos, concentração acima da média nacional e estadual.

Olhar para a população

Como proteção a este público, destaca-se iniciativas importantes, como a comissão de Defesa dos Direitos dos Idosos da Câmara Municipal; o Núcleo de Atendimento ao Idoso, da Polícia Civil; e ainda os programas sociais da Prefeitura, como o Centro de Convivência do Idoso, da Amac. Mas todos estes olhares voltados a esta parcela da população não têm sido suficientes para reduzir este quadro.

Imprudência e risco nas travessias

Nas ruas da cidade, os dados estatísticos são percebidos em fatos que colocam os idosos não apenas como vítimas, mas também como responsáveis e produtores de riscos. Em poucos minutos em avenidas de grande movimento, como a Andradas, Rio Branco e Getúlio Vargas, é possível observá-los atravessando fora das faixas de travessia, com o semáforo verde para os carros e até mesmo desatentos com celulares em mãos. O aposentado Antônio Mezzonato, 89 anos, anda por todo o Centro e afirma que vê muita imprudência. “Tem muito velho que é abusado. Não olha para os lados e atravessa em qualquer lugar.” Mesmo assim, ele reforça a parcela de culpa dos motoristas. “Falta compreensão e respeito aos mais velhos.”

Na Rio Branco, próxima à Getúlio, a reportagem observou o vendedor de água de coco Miguel Pereira de Assis, 77 anos. Pacientemente, ele aguardou dois ciclos semafóricos para concluir a travessia nos dois lados da via. Na sua avaliação, o temporizador deveria ter prazo estendido. “O movimento é bravo demais. Se a gente perde um segundo, já não é possível concluir com segurança. Sem contar que muitos carros e motos passam com sinal amarelo e não obedecem a sinalização.”

Onde ele trabalha, na Andradas, o idoso afirma flagrar cenas de desrespeito a todo o momento. “É imprudência toda hora. Tem motorista que já está tão estressado que causa acidente e nem fica. Prefere ir embora, xingando. A vida é esta.”

Cidade não está preparada para os idosos, apontam especialistas

Para o gerontólogo José Anísio da Silva, o Pitico, o número crescente de idosos atropelados está diretamente relacionado à maior atuação da terceira idade no cotidiano. Ou seja, o “velho”, como ele mesmo diz, não é mais aquele que fica em casa, lendo jornais e assistindo televisão. Hoje este grupo é formado por pessoas ativas, que vivem e participam da rotina da cidade. Mas apesar de saudáveis e lúcidos, as limitações físicas já são evidentes.

“A mobilidade está reduzida, muitos tomam vários medicamentos por dia, então como vai atravessar um semáforo em até 30 segundos? A verdade é que as cidades não estão preparadas para receber suas demandas. Se faz necessário uma reestruturação geral, que contemple todas estas especificidades. O grande desafio é fazer este conceito sair do papel, de forma a contemplar o idoso como um ser plural que, assim como nós, tem características e necessidades distintas.”

Mesmo assim, Pitico lamenta o fato de a desatenção ainda ser a vilã e causadora dos acidentes. Por isso, ele defende uma campanha educativa e permanente, que amplie o alcance por meio de cartilhas, palestras e abordagens diretas, não apenas nos núcleos específicos de atendimento, como também nos bairros e distritos. “Alcançá-los é muito difícil, e eles precisam ser ouvidos. Defendo que participação autêntica, democrática e cidadã é convidar este público para expressar e vocalizar suas demandas e interesses.”

‘Péssimo indício’

Para o arquiteto e historiador Marcos Olender, que é professor do Departamento de História da UFJF, o fato de Juiz de Fora, que é uma cidade de médio porte, aparecer na frente de grandes metrópoles, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza, é um “péssimo indício do planejamento urbano”. “Podemos concluir que, se a maioria das cidades brasileiras tem problemas relacionados a mobilidade, em Juiz de Fora estes problemas são muito maiores.”

Na avaliação do especialista, se faz necessário que a cidade se desenvolva tendo como norte o conceito de acessibilidade universal. Ou seja, pensar uma forma de contemplar e atender, de forma segura e agradável, os mais diferentes tipos de pessoas. Seja o idoso, a criança, a pessoa com deficiência física e visual. “Uma cidade que respeita os seus moradores é uma cidade que tem a garantia da acessibilidade, isso significa menos barreiras de locomoção e para segurança viária”, pontuou.

Ainda segundo Olender, Juiz de Fora tem, de forma pontual, indícios do conceito de mobilidade universal. Como exemplo, ele citou calçadas padrão em parte da área central, rampas para cadeirantes e faixas de travessias elevadas. “Mas ainda é exceção, e não regra. Pergunte não só um idoso, mas qualquer pessoa que seja, se ela consegue sair da UFJF e caminhar de forma segura até a Avenida Olegário Maciel. Infelizmente, o município ainda privilegia a sua centralidade em detrimento de outras regiões.”

Necessidade de ampliar conscientização

Desde 2012, a Câmara Municipal mantém uma comissão voltada a abordar o direito da população idosa. Atualmente o trabalho é presidido pela vereadora Ana Rossignoli (PMDB), que afirma discutir assuntos diversos pertinentes a este grupo, desde a questão da violência até aquelas voltadas ao trânsito. Apresentada ao levantamento da Tribuna, na última terça-feira, a vereadora lamentou a realidade e afirma que atua no intuito de reduzir o número de ocorrências registrado no município.

A vereadora foi questionada se ações da comissão ainda não seriam pontuais e restritivas a um grupo de idosos interessados em debater e discutir o problema. Ela concordou, dizendo da dificuldade de alcançar este público. “A comissão promove palestras constantes, mas a gente percebe que a participação do idoso ainda é pequena. Temos, sim, que fazer um trabalho de conscientização para aumentar o número de pessoas nestas palestras. Em união com outros setores que participam da nossa comissão, como a UFJF, as secretarias de Saúde e Assistência Social, nós vamos, a partir de agosto, criar palestras temáticas para chegar a este público. A questão do trânsito será discutida e expandida para os bairros e outros lugares onde eles estiverem. Não podemos esperar que eles se interessem pelo problema.”

Palestras chegam a um grupo restrito

A supervisora de Educação para o Trânsito da Settra, Renata Vianna admite a dificuldade em atingir a população idosa nas campanhas desenvolvidas. Segundo ela, há uma boa aceitação no público que comparece a palestras feitas em locais como o Polo do Envelhecimento da UFJF, Sesc e Pró-Idoso, mas, ainda assim, trata-se de um grupo restrito. “Para atender a população, de um modo geral, precisaríamos pensar em algo maior, mas, para isso, seria necessário verba e estudos, além do apoio da mídia. Sem isso, infelizmente ficamos limitados ao site da Prefeitura e as palestras.”

Nestes encontros, Renata afirmou que ouve muitas demandas da população idosa, e a principal delas está relacionada ao tempo do semáforo. Segundo ela, o cálculo da travessia é feita mediante análises das equipes de Engenharia de Tráfego, e, em muitos casos, é preciso ter paciência. “Há cruzamentos da cidade em que a travessia deve ser feita em dois ou até três estágios, e isso exige paciência. Em vias extensas, quando há mais um equipamento semafórico, isso indica a necessidade de aguardar o próximo ciclo para concluir o trajeto com segurança.”

Renata também falou do desrespeito dos condutores, embora tenha afirmado que o motorista infrator é assim com qualquer pedestre. Para minimizar estes riscos, ela disse que a Settra promove palestras voltadas ao público infantil, de forma a trabalhar a conscientização de toda uma geração.

— —