mestrado Artes

Rafael Gonçalves defendeu a dissertação “Individualidade, Narratividade e Interação em Música Popular Improvisada”. no dia 7 de março, na UFJF (foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Um estudo de mestrado analisou os conceitos de improvisação e o trabalho de intérpretes de Jazz e Música Instrumental Brasileira. Na dissertação, o acadêmico Rafael Gonçalves discutiu como se dá a narratividade das improvisações na música popular improvisada, por meio da análise das apresentações de artistas como Jonathan Kreisberg, Jacob do Bandolim, Izaías Bueno, John Coltrane, Miles Davis, Paul Motian Trio, Trio Corrente e outros. A pesquisa foi apresentada no  Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagem (PPGACL), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Rafael é músico e explica que este estudo está intimamente ligado à prática musical desenvolvida por ele, pois reflete seu repertório de trabalho e seu musical. “No primeiro capítulo, discutimos a busca de cada intérprete pelo desenvolvimento da sua ‘voz’ ou de sua individualidade como improvisador, por elementos como, seu vocabulário melódico de improvisação, a busca pela sua sonoridade, o desenvolvimento de sua técnica.”

O acadêmico esclarece que o termo “música popular improvisada” sugere que existe um aspecto espontâneo e não programado. “Improvisar é como se o artista estivesse recombinando as habilidade dele a cada momento que ele toca, são como cartas na manga. Quando você pega as gravações de um artista, consegue identificar que eles têm um nível grande de espontaneidade quando tocam, mas tem  muitas coisas que são premeditadas.”

Para verificar esta hipótese, o pesquisador fez dois estudos de casos. Um deles, analisou dois improvisos do guitarrista americano Jonathan Kreisberg, reconhecido por ter uma carreira sólida no cenário de Jazz internacional. No segundo, “analisamos três performances do choro ‘Lamentos’ pelo Trio Corrente, um grupo de Música Instrumental Brasileira que vem ganhando destaque e reconhecimento nos últimos anos, sendo premiado com o ‘Melhor álbum instrumental’ no Grammy  Latino de 2014.”

Durante estes estudos, o acadêmico escutou os artistas tocando, depois passou as apresentações para partitura, com o intuito de observar os tipos de elementos musicais que foram usados por eles, para, assim, analisar a improvisação de cada músico. Com isso, foi possível “identificar alguns mecanismos que os artistas usam para fazer suas performances musicais, tanto de arranjo quanto de improvisação.”

O acadêmico ressalta que os músicos analisados pelo estudo são contemporâneos e, por conta disso, não existem muitas pesquisas acadêmicas sobre eles. “Isso é um ponto relevante do estudo, porque, geralmente, a musicologia trata mais de artistas com produções de mais de 100 anos. Buscamos falar de temas atuais e de artistas que não estão muito presentes na literatura e, de alguma forma, introduzir esses artistas relevantes que ainda não são estudados na academia.”

Segundo o professor orientador da pesquisa, Luiz Eduardo Castelões Pereira da Silva, o estudo “confirma a vocação dos programas da UFJF que envolvem Composição Musical, isto é, o Bacharelado nesta área, o PPGACL e o Grupo de pesquisa em composição musical da UFJF (COMUS), de integrar saberes tidos como ‘eruditos’ e ‘populares’, estimulando a emergência de uma música, e de um estudo da música, potencialmente sem fronteiras.”

Contato:
Rafael Gonçalves (mestrando)
rafaelxgoncalves@gmail.com

Banca examinadora:
Prof. Dr. Luiz Eduardo Castelões Pereira da Silva (orientador – UFJF)
Prof. Dr. Luiz Carlos leite da Cunha de Melo (UFJF)
Prof. Dr. Fausto Borem de Oliveira (UFMG)

Outras informações: (32) 2102-3362 – Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagem (PPGACL)