Os estudos da composição florística e da estrutura da vegetação dos campos de altitude do Parque Estadual da Serra do Papagaio (PESP) fundamentaram a dissertação de mestrado da acadêmica Júlia Gaio Furtado de Mendonça. A pesquisa foi apresentada na última segunda-feira, 19, no Programa de Pós-Graduação em Ecologia.
No trajeto do estudo, a pesquisadora realizou 16 trabalhos de campo, entre maio de 2015 e outubro de 2016. Em todos os meses desse período, Júlia Mendonça esteve na unidade de conservação do PESP, localizado na região sul de Minas Gerais. “Minha pesquisa ocorreu em altitudes elevadas, entre 1550 e 2100 metros. Então, todo mês eu passava em torno de quatro a cinco dias lá no parque, andando, subindo a serra, procurando as flores dos campos, coletando e trazendo para o herbário aqui da Universidade para poder identificar essas espécies. Além disso, usei uma metodologia para quantificar e analisar a estrutura da vegetação dos campos.”
Segundo a mestranda, foi possível encontrar alguns resultados marcantes: “a grande riqueza florística das formações campestres de altitude, alto índice de endemismo de espécies restritas, espécies ameaçadas e percebi, ainda, que existe uma dissimilaridade entre as regiões de campo de altitude do PESP e de outras formações vegetacionais, o que demonstra que são áreas únicas e que também são áreas frágeis e que necessitam de atenção especial para conservação.”
Além disso, Júlia destaca que existe uma substituição gradual das espécies de acordo com o aumento da altitude. “A medida que a altitude vai se elevando, as espécies vão sendo substituídas por conta de adaptações morfofisiológicas que elas precisam ter para poderem se estabelecer com sucesso nos ambientes que possuem diversos filtros ambientais que restringem esse processo.”
Para a professora orientadora, Fátima Regina Gonçalves Salimena, a importância da pesquisa para o campo acadêmico está associada ao pouco conhecimento da riqueza florística da unidade de conservação. “Essa é uma área que ainda não foi estudada do ponto de vista da riqueza florística. Essa flora de altitude, para nós, representa no Brasil pontos como se fossem ilhas isoladas, onde não há muita comunicação com outras áreas adjacentes por causa da altitude elevada.” Além disso, a professora destaca a importância do conhecimento da área como forma de preservação. “Como se trata de uma unidade de conservação que ainda não tem visitação pública, é importante saber ‘o que tem e onde está’ para, assim, conduzir um plano de manejo de forma a conservar a flora, evitando a abertura de trilhas onde não possa ser visitado por ocorrência da presença de alguma planta endêmica, rara, no local.”
Contatos:
Julia Gaio Furtado de Mendonça (mestranda)
juliagaiofm@gmail.com
Profª. Drª. Fátima Regina Gonçalves Salimena (orientadora)
frsalimena@gmail.com
Banca Examinadora:
Profª. Drª. Fátima Regina Gonçalves Salimena (UFJF)
Prof. Dr. Fabrício Alvim Carvalho (UFJF)
Prof. Dr. Luiz Menini Neto (UFJF)
Profa. Drª. Rafaela Campostrini Forzza (Jardim Botânico – RJ)
Outras informações: (32) 2102 – 3227 – Programa de Pós-Graduação em Ecologia