Escrever um artigo acadêmico pode ser um dilema para alunos dos mais variados cursos. Para ajudar estudantes de Direito nessa tarefa, foi realizada a palestra “O ensino jurídico e as publicações acadêmicas”, ministrada pelo professor Siddharta Legale, nesta segunda, 19, como parte da programação do Seminário Jurídico da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Docentes e alunos estiveram presentes para ouvir as dicas e sugestões do professor Legale, mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor do curso de Direito da UFJF – Governador Valadares. Depois da palestra, os ouvintes puderam fazer uma oficina. Na opinião de Legale, o ponto de partida para uma boa publicação acadêmica é o aluno escolher um tema de seu interesse.
“Eu acho que temos que começar por algo que a gente goste. Algo autêntico, ter desejo de conhecer, de aprofundar o tema, de se qualificar. Depois, é pensar em como estruturar esse assunto que você quer investigar: tema, problema, hipótese, plano de trabalho. Debater, de repente apresentar em um congresso antes de submeter a uma revista. É recomendável escolher a revista da sua área. Eu dei a dica de olhar o WebQualis, que tem um ranking das revistas estratificadas pela Capes. Mas há outras revistas não rankeadas e que também são interessantes para publicar”, afirma.
O aluno deve considerar a própria experiência na hora de publicar um trabalho. Existem publicações adequadas para cada tipo de estudante, seja ele da graduação, mestrado ou doutorado.“Se você está na graduação, comece pela revista de aluno. Por exemplo, a Alethes (UFJF), In Verbis (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN), a Revista dos Monitores da UFF. São revistas que têm a preocupação de serem geridas por alunos e para alunos. Então o estudante da graduação pode começar por aí, porque essa revista vai ter um cuidado na avaliação, mais do que simplesmente selecionar o artigo para divulgar. Também tem um papel pedagógico de dar dicas, de ensinar, porque o público dela está em processo de formação enquanto pesquisador, aprendendo esse tipo de redação que tem um padrão próprio. E aos poucos ir subindo o grau de exigência, à medida que se for aumentando a titulação. Conseguiu mestrado, vá às revistas B. No doutorado, tem que começar a tentar as revistas A”, avalia.
Postura ativa
Para Legale, a incursão de alunos de graduação no mundo dos artigos acadêmicos, contribui para incrementar a formação, à medida que faz o estudante ter contato com tipos de leitura diferentes dos manuais. “Faz o aluno sair da postura passiva. Só assistindo aula, lendo manual. O material passa não só a vir até você, como você passa a ir até o material. E o estudante passa a ter outros tipos de leitura. Não ler só o manual, porque o manual é um básico. É uma espécie de resumo. O manual é um ponto de partida. Ver outros tipos de redação: artigo, dissertação, tese, ajuda a ter um olhar mais complexo para as questões jurídicas. E verter isso em texto vai te colocar em uma postura ativa, de sujeito da própria formação. E não apenas de receptor de um conteúdo pré-pronto.”
Outros temas, como desafios e perspectivas para o ensino do Direito, métodos inovadores para o acompanhamento da produção científica e o ensino jurídico empreendedor à luz das empresas juniores, também foram debatidos no Seminário de Ensino Jurídico da Faculdade de Direito.