Um estudo de doutorado realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) identificou um processo de morte celular programado em bactérias de ecossistemas aquáticos, antes visto apenas em organismos eucariontes mais complexos. A descoberta foi feita pelo doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFJF, Thiago Pereira da Silva, sob orientação da professora Rossana Corrêa Netto de Melo. A defesa ocorreu na última sexta-feira, 9.
Segundo Thiago, morte programada é um mecanismo celular próprio que ativa módulos genéticos internos, como fragmentação de DNA, por exemplo, diante de agentes estressantes, como altas temperaturas e antibióticos. O acadêmico desenvolveu um novo método para a visualização e identificação dos processos de morte celular programada em bactérias de ecossistemas aquáticos, por meio de técnicas de microscopia por luz, com uso de citocentrifugação e de marcadores fluorescentes que indicam vida ou morte dessas bactérias.
Thiago analisou bactérias aquáticas encontradas em amostras colhidas nos rios Negro e Solimões e na Represa de Chapéu D’Uvas, submetendo-as a aumento de temperatura e a ataque viral. “Houve redução na proporção de células viáveis – que consideramos vivas – nos dois casos, sendo que as maiores taxas ocorreram nas duas primeiras horas do aumento da temperatura e na primeira hora da infecção por vírus.”
Os resultados do trabalho indicaram que as bactérias também dispõem de morte celular programada. Entre as alterações celulares identificadas estão condensação citoplasmática, perda da forma, alongamento no formato da célula e dano no envoltório celular. “Os estudos corroboram que as bactérias de ecossistemas aquáticos possuem maquinaria bioquímica para realizar a morte por apoptose, considerada uma morte programada”, acrescenta Thiago.
A professora orientadora, Rossana de Melo, ressalta o caráter multidisciplinar da tese, por envolver as áreas da ecologia e da biologia celular, além de utilizar técnicas avançadas de avaliação do funcionamento celular. “A tese traz uma descoberta que é a identificação de um processo de morte celular observado, até então, apenas em células eucarióticas. Nesse estudo, é visto também em bactérias de ecossiStemas aquáticos, com implicações bastante significativas na sobrevivência das comunidades bacterianas na resposta a processos fisiológicos importantes na ecologia.”
Outras informações: (32) 2102 – 3227 – Programa de Pós-Graduação em Ecologia