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Crianças cantando músicas tradicionais da infância (Foto: Victor Marcelino)

Crianças assistidas pela Associação de Apoio a Crianças e Idosos (AACI) apresentaram nesse sábado, 20, no Centro Cultural de Benfica, o espetáculo “InVentaÇão”, baseado na obra de Manoel de Barros. O evento é resultado do projeto de extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) “Circo, Dança, Musicalização e Teatro” e teve como objetivo principal levar cultura e arte às crianças em situação de vulnerabilidade da Zona Norte de Juiz de Fora.

Na parte inicial, as 15 crianças trabalharam com a inventação que, segundo Manoel de Barros, remetia a brincadeiras e rememoração da infância. A apresentação contou com um “capacete de inventação”, criado pelo grupo. A ideia por trás do objeto era mostrar que quando a cabeça “fica vazia”, as pessoas se tornam automáticas.

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O circo entra em cena no espetáculo (Foto: Victor Marcelino)

Em seguida, foram retratadas mais duas características marcantes dos escritos do autor: a vida no campo e a infância. Vestidas como moradores de áreas rurais, as crianças cantaram músicas tradicionais da infância, como “Escravos de Jó” e “Ciranda Cirandinha”. E foi no último ato que o circo entrou em cena com os garotos como malabaristas, contorcionistas e palhaços.

“Ficamos todos muito felizes com o resultado final. Mas a gratificação maior é proporcionar às crianças um pouco de cultura e muito amor e carinho. Com pouco recurso e vontade política é possível fazer a diferença. Esse projeto serviu para trabalhar a autoestima das crianças e valorizar o trabalho da ONG”, avaliou Flávio Galone, um dos coordenadores da AACI.

A coordenadora executiva do grupo Fluxo em Nova Era, Fernanda de Oliveira, que trabalhou com as crianças desde outubro de 2016, pretende levar esse espetáculo para outros pontos da cidade. “É só o começo. Já conseguimos nosso objetivo, que era plantar a semente em cada criança. O processo da dança enquanto criação, o teatro como trabalho para tirar a timidez, e o circo como a magia dos malabares e pirâmides, está registrado. Ainda tem a leitura. Acredito que nenhum deles vai esquecer Manoel de Barros”, afirmou Fernanda.

O resultado foi presenciado por dezenas de pessoas que encheram o Centro Cultural de Benfica para ver a apresentação do grupo. A emoção maior ficou por conta dos pais. “Foi maravilhoso. O Edney está se desenvolvendo na escola, onde não tinha amizade. Agora está interagindo e melhorou também nas notas. Antes chegava e não tinha nenhum dever copiado e hoje já é o contrário. Está sensacional, estou adorando isso”, disse Alexandra Coelho, mãe de Edney Venâncio Coelho, de sete anos, um dos mais novos do grupo.

“A emoção é indescritível, principalmente quando vejo os pais, vizinhos e amigos lotando o teatro. A importância disso tudo é a formação das nossas crianças, que são o nosso futuro”, afirmou Cléber Littieri, pai de Rhayanne Littieri, de 11 anos.

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Crianças gostaram da experiência e querem continuar apresentando o espetáculo (Foto: Victor Marcelino)

Para aqueles que subiram no palco e protagonizaram o emocionante espetáculo, a sensação era de uma mistura de ansiedade,  felicidade e desejo de apresentar mais vezes. “Agora estamos tranquilos, sem preocupação. As apresentações saíram como nos nossos ensaios”, contou a sorridente Laís Gabriel, de nove anos.

“No início, quando começamos a ensaiar, achei que era mentira. Quando falaram que era verdade e marcaram o dia da apresentação, fiquei desesperado. Mas, agora, depois de tudo, estou bem mais tranquilo. É muito legal fazer teatro e quero apresentar de novo”, afirmou o irmão gêmeo de Laís, Lucas Gabriel, também de nove anos.

O projeto de extensão da UFJF foi realizado com recursos de emenda parlamentar da deputada federal Margarida Salomão com o objetivo de levar educação, cultura, arte e formação infantil para uma das áreas mais vulneráveis da cidade.

“É muito gratificante ver um teatro como este na Zona Norte, que é uma área tão carente de cultura para as crianças, possibilitando que essas crianças realizem sonhos, aprendam e se divirtam, como foi o espetáculo que vimos aqui. Isso só faz a gente ter a certeza de que a Universidade está cumprindo o seu papel”, destacou Márcio Guerra, coordenador do projeto de extensão.

O projeto “Circo, Dança, Musicalização e Teatro” também contou com a participação de artistas juiz-foranos, como Marcos Bavuso, Lúcio Rodrigues, Júlio Phenix, Bia Simões e o grupo musical 3,2 Único, formado por Bebeto Castro e Zé Roberto.