Mundialmente conhecida pela sua qualidade, a educação da Finlândia foi tema de debate na palestra “Sistema educacional finlandês e o treinamento dos professores”, na última quinta-feira, 18, no Colégio de Aplicação João XXIII, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A apresentação, ministrada pelas mestrandas da Universidade de Tempere (Finlândia), Jenna Toivanen e Juulia Koskela, detalhou o funcionamento do sistema educacional no país e mostrou como ele tornou-se referência internacional.
Durante a apresentação, Juulia Koskela detalhou o contexto histórico da educação finlandesa e seus principais diferenciais. De acordo com a palestrante, a partir da reforma ocorrida entre 1972 e 1978, o sistema educacional passou a ser gratuito e igualitário, delegando a responsabilidade das escolas para os municípios. No país, as escolas são majoritariamente geridas pelos municípios e pelo Governo finlandês. Entretanto, existem instituições particulares de ensino, que recebem do governo o valor da mensalidade de cada estudante (voucher). Segundo Juulia, dentro da educação básica, menos de 2% dos estudantes estudam em escolas geridas pelo sistema privado.
Além do voucher, o Governo finlandês oferece outros benefícios para seus estudantes, como comida, transporte e materiais escolares. Os subsídios, entretanto, variam de acordo com o nível de educação de cada aluno. Na educação básica, por exemplo, comida, transporte e materiais escolares são totalmente providos pelo estado. Já no ensino médio, transporte e materiais escolares são parcialmente subsidiados.
Qualidade do ensino
Em outro momento, Jenna Toivanen abordou aspectos relacionados à avaliação da qualidade do ensino finlandês. A medição ocorre através de um exame nacional que afere o nível de conhecimento dos alunos após a conclusão do ensino médio geral ou profissionalizante. Através dessa prova e da checagem dos currículos de formação dos professores, o Governo consegue verificar a eficácia e o andamento de suas políticas educacionais.
Segundo Jenna, o debate sobre políticas educacionais na Finlândia tem girado em torno da última reforma curricular, em vigor desde 2016. O objetivo das mudanças, que relacionaram a base de aprendizagem com aspectos como experiências de vida, emoções e interações com outras pessoas, é solucionar os problemas relacionados à insatisfação dos estudantes com o local da escola.
“Atualmente, com a nova reforma curricular, as escolas são livres para dar ênfase a determinados conteúdos, o que tem gerado um problema, pois os pais estão escolhendo as escolas que se adequem ao comportamento que querem dar ao seu filho”, opina Juulia sobre um dos problemas que a nova base curricular tem gerado em seu país.
Ainda segundo a mestranda, uma das diferenças que percebeu entre a educação brasileira e finlandesa foi a interação dos alunos com os professores. “Durante essas semanas que estou aqui, notei uma maior interação mais dentro da sala de aula com os professores. Na Finlândia, há um maior distanciamento entre professor e aluno e um maior rigor com a disciplina.”
Importância da palestra
De acordo com a diretora geral do João XXIII, Andréa Vassalo Fagundes, a apresentação ampliou os horizontes da escola para outros povos e outras perspectivas. “É importante essa relação e esse intercâmbio de conhecimento. Como temos compromisso com a formação de professores, essa vinda nos traz o contato com uma outra realidade educacional, como a da Finlândia.”
A palestra foi fruto de uma conversa estabelecida no Conselho de Dirigentes das Escolas Básicas das Instituições Federais de Ensino Superior (Condicap) entre o João XXIII e a Escola de Educação Básica (Eseba) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Outras informações: (32) 3229 – 7602 (Colégio de Aplicação João XXIII)