Uma pesquisa de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde (PPGS), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), investigou a relação entre movimentos involuntários dos batimentos cardíacos e alterações na pressão arterial. A doutoranda Isabelle Magalhães Guedes Freitas apresentou a tese no último dia 5, com o título “Função barorreflexa arterial espontânea da frequência cardíaca em pacientes com hipertensão arterial resistente.”
“Pesquisamos os ajustes nos batimentos cardíacos como consequências das oscilações da pressão arterial. Esses ajustes são definidos como reflexos, pois acontecem por meio do sistema nervoso autônomo e, portanto, são independentes do controle voluntário do indivíduo”, explica a acadêmica.
A pesquisadora esclarece que esta ação é denominada como “função barorreflexa arterial”, uma função reflexa que envolve a ativação de receptores, localizados nas principais artérias do nosso corpo, que medem as alterações da pressão arterial. “A transmissão e a modulação dessas informações no sistema nervoso central e as respostas de ajustes cardiovasculares e renais objetivam manter a pressão arterial controlada, mais estável.”
O estudo utilizou avaliações espontâneas e não invasivas para investigar a função barorreflexa em três grupos diferentes. O primeiro era composto por 17 pessoas saudáveis, sem pressão alta, e o segundo, por 17 pacientes hipertensos que controlam a pressão arterial por meio de acompanhamento médico. O terceiro grupo era composto por 18 pacientes que possuem resistência ao tratamento medicamentoso.
A pesquisa verificou que a sensibilidade desse reflexo está mais prejudicada nos pacientes com hipertensão arterial resistente quando comparados a pacientes hipertensos não resistentes e indivíduos não hipertensos. “Isso significa que pacientes com hipertensão resistente precisam de variações maiores da pressão arterial para ativar ajustes cardiovasculares que podem controlar a pressão arterial. Além de precisarem de variações maiores, esses pacientes ainda demoram mais para apresentar essas respostas.”
A acadêmica explica que, por meio dos resultados, foi possível inferir que, além das características físicas e de condições de saúde, as alterações da função barorreflexa podem explicar um dos principais mecanismos para manutenção da pressão arterial elevada, mesmo sob o uso de medicamentos. “Esses pacientes, que apresentam prejuízo do controle da pressão arterial e, portanto, grande variação dos valores pressóricos diariamente. Com isso, podem apresentar maior risco de complicações cardiovasculares como infarto, insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico.”
A pesquisa foi publicada pela revista científica internacional Clinical Autonomic Research, considerada fonte essencial de novas informações para os profissionais que trabalham em áreas envolvendo o sistema nervoso autônomo. O professor orientador da pesquisa, Mateus Camaroti Laterza, destaca que o estudo tem uma grande relevância clínica. “A intenção agora é verificar se esses hipertensos resistentes, quando são fisicamente ativos ou estão embutidos em treinamentos físicos ou realizam dietas, conseguem obter um melhor controle da função barorreflexa arterial.”
Contatos:
Isabelle Magalhães Guedes Freitas (doutoranda)
isabelleguedes@yahoo.com.br
Mateus Camaroti Laterza (orientador)
mateuslaterza@hotmail.com
Banca examinadora:
Prof. Dr. Mateus Camaroti Laterza – UFJF (Orientador – UFJF)
Profa. Dra. Lilian Pinto da Silva – UFJF
Prof. Dr. Maycon de Moura Reboredo – UFJF
Prof. Dr. Lauro Casqueiro Vianna – UnB
Profa. Dra. Gabriela Alves Trevizani – FACSUM/UNIPAC
Outras informações: (32) 2102-3848 – Programa de Pós-Graduação em Saúde (PPGS)