Um estudo de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Economia analisou se os colegas de classe, definidos como pares, influenciam o desempenho escolar de alunos do ensino fundamental. A pesquisa do acadêmico Filipe Rodrigues Vianna se baseou nos resultados de testes de proficiência em português e matemática desses estudantes.
Os resultados do estudo foram mensurados a partir de uma pesquisa longitudinal do Projeto Geração Escolar (GERES). Foram observados dados de estudantes de mais de 300 escolas, das redes pública e particular, matriculados em turmas de 1ª a 4 ª série entre os anos de 2005 e 2008. Os municípios envolvidos foram Belo Horizonte, Campinas, Campo Grande, Rio de Janeiro e Salvador.
“Os alunos foram acompanhados em cinco ocasiões distintas ao longo do projeto. A primeira delas foi no início da 1ª série, quando foram aplicados o primeiro teste e o primeiro questionário, que visava coletar informações pessoais e sobre o contexto familiar dos alunos. Os demais testes foram aplicados ao final de cada série, sendo que apenas em mais de uma dessas ocasiões foi aplicado um novo questionário para obter mais informações sobre os alunos”, explica Filipe.
A pesquisa indicou a presença de efeitos negativos dos pares sobre a proficiência. O professor orientador, Ricardo da Silva Freguglia, afirma que alguns mecanismos explicam esse comportamento. “Os alunos podem ser afetados negativamente por pares com um melhor desempenho, por questões de mal comportamento dos pares ou quando os professores voltam suas aulas e seus esforços para alunos com melhor nível de aprendizado. Além disso, os alunos com resultados muito distantes de seus pares podem adotar um comportamento de desistência. Nesse caso, em vez de aumentarem os esforços para melhorarem seu desempenho e se aproximarem de seus pares, podem se desmotivar e diminuir os esforços. Em relação aos efeitos contextuais, o nível socioeconômico e o gênero dos alunos foram as características dos pares que apresentaram maior relevância.”
O mestrando Filipe Vianna ressalta, ainda, a importância social do estudo. “Se conhecermos bem a relevância dos efeitos dos pares e os mecanismos desses efeitos, podemos dizer se é melhor alocarmos alunos de forma homogênea ou heterogênea entre as turmas. Essa é uma política que pode melhorar o aprendizado agregado e de forma gratuita, já que não são gastos recursos para realocar alunos entre turmas.”
Contatos:
Filipe Rodrigues Vianna (mestrando)
filipevianna92@hotmail.com
Ricardo da Silva Freguglia (orientador)
ricardo.freguglia@ufjf.edu.br
Banca examinadora:
Prof. Dr. Ricardo da Silva Freguglia (UFJF)
Prof. Dr. Marcelo Aarestrup Arbex (University of Windsor)
Prof. Dr. Marcel de Toledo Vieira (UFJF)
Prof. Dr. Vladimir Pinheiro Ponczek (FGV/SP)
Outras informações: (32) 2102 – 3543 – Programa de Pós-Graduação em Economia