Veículo: O Tempo
Editoria: Política
Data: 25/04/2017
Título: Bancada de Minas é apenas a 20ª em aprovação de projetos
Apesar de possuir a segunda maior bancada de deputados na Câmara Federal, Minas Gerais não tem tido uma atuação relevante na nesta legislatura, iniciada em 2015. Levantamento feito por O TEMPO indica que o Estado aprovou menos projetos de lei do que bancadas com menos parlamentares, como Rio Grande do Sul e Paraná. Na média, considerando-se o número de representantes e o de proposições aprovadas, os mineiros também vão mal: aparecem na lanterna do Sudeste e em 20º no Brasil, apresentando resultados semelhantes aos Estados do Norte e do Nordeste, como Pará e Piauí.
Para o coordenador da bancada mineira, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), a razão para o baixo número de projetos aprovados é ideológica e não indica uma dificuldade dos mineiros em articular aprovações.
“Temos trabalhado com a ideia contrária, a de que precisamos reduzir o número de leis no país. Não adianta lotar de lei. Isso só cria burocracia e dificulta as relações. Inclusive, defendo a realização de uma nova Constituinte para que possamos, de fato, reduzir a legislação”, argumenta.
Ao todo, desde 2015, os parlamentares do Estado conseguiram aprovar apenas 23 projetos de lei na Câmara. São Paulo, maior bancada estadual na Casa, com 70 representantes, aprovou 62 proposições. Já os cariocas, com sete parlamentares a menos que Minas, conseguiram a aprovação de 47 propostas.
Na avaliação do professor Paulo Roberto Figueira Leal, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por ser o Estado com o maior número de municípios do país, Minas acaba elegendo uma bancada focada nas bases eleitorais.
“É um Estado pulverizado, o que acaba criando verdadeiros ‘vereadores federais’, que focam suas atuações em pautas regionais. Por possuírem bases locais muito específicas, são parlamentares de pouca opinião”, analisa.
Leal compara a situação mineira com a do Rio de Janeiro: “No Rio, a gente vê símbolos muito presentes dos campos ideológicos da direita e da esquerda. São parlamentares que possuem votação expressiva em todas as regiões do Rio, como Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ). Não temos isso em Minas”, diz.
Se o número de projetos aprovados não é alto, a quantidade de deputados mineiros que tiveram sucesso em aprovar um texto é ainda menor. Ao todo, na atual legislatura, somente 13 parlamentares conseguiram passar suas ideias pelas comissões e pelo plenário da Casa. Isso representa apenas 24% da bancada estadual. Os outros 40 deputados do Estado ficaram a ver navios nessa questão.
‘Fator Cunha’ é apontado como entrave
Crise política. Alguns parlamentares e assessores justificam as dificuldades do Estado para aprovar projetos no conturbado cenário político no país e, em especial, em Minas.
Aos amigos. Um deputado federal argumentou que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) dificultou a articulação de projetos. “Cunha trabalhava muito com as bancadas próximas dele. Quando ele rompeu com o governo Dilma (PT), do qual boa parte da bancada mineira era próxima, as coisas pioraram”, diz.
Explicações
“Ter mais leis não significa ser melhor. Muito pelo contrário. Atualmente, batalhamos pela redução da legislação, que burocratiza e atrapalha as relações. Precisamos focar é o trabalho para Minas Gerais, solucionar os problemas do Estado que representamos.”
Fábio Ramalho (PMDB-MG)
“Tem gente que está há décadas na Câmara e não consegue aprovar nada. Em 20, 15 anos, aprovou um ou dois textos. É muito difícil passar a proposta pelos ritos regimentais da Casa.”
Toninho Pinheiro (PP-MG)
“Minas Gerais é o Estado com o maior número de municípios do Brasil. Isso gera uma pulverização que resulta na criação destes ‘vereadores federais’, que, basicamente, focam sua atuação em bases eleitorais e em regiões de maior influência. Temos deputados de pouca opinião.” Paulo Roberto Figueira Leal, professor da UFJF
Falta de ministros também é indício de fraqueza do grupo
A composição do ministério de Michel Temer (PMDB) também levanta dúvidas quanto à capacidade de influência da bancada mineira, já que, no primeiro escalão do peemedebista, não há nenhum nome indicado pelo grupo. Segundo Fábio Ramalho (PMDB), a ausência de mineiros no ministério não significa que a bancada não seja importante: “Não estamos preocupados com ministério algum. Ministério não resolve problema de ninguém. A gente quer é resolver e solucionar as coisas que Minas precisa, como a reestruturação de rodovias. Precisamos focar o partido Minas Gerais”, ressalta.
Em agosto, o deputado Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) chegou a ser escolhido como novo ministro da Defesa, mas, após reclamações vindas das Forças Armadas, o mineiro acabou sendo cortado da lista.
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Veículo: Vermelho.org
Editoria: Movimentos
Data: 25/04/2017
Link: http://www.vermelho.org.br/app/noticia/295989-1
Título: Pesquisadores e intelectuais lançam manifesto em apoio à UERJ
Quase 700 pesquisadores, professores e intelectuais de todo o Brasil lançaram nesta terça-feira um manifesto de apoio à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que enfrenta sua mais grave crise. Entre os apoiadores do manifesto estão Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo, Bresser-Pereira, Renato Janine e Maria Victória Benevides. Além de fazerem a defesa da Uerj, cobram do governo estadual soluções para o pleno restabelecimento das atividades da universidade.
O manifesto em apoio à Uerj expressa a solidariedade dos professores, pesquisadores, intelectuais e gestores que o assinam à comunidade universitária daquela instituição diante da grave situação em que ela se encontra. O texto destaca o atraso e o parcelamento dos salários de professores e funcionários, o não pagamento das bolsas de pesquisa para professores e estudantes e o fechamento do bandejão. Apesar disso, os docentes não decretaram greve e estão em funcionamento a grande maioria dos programas de pós-graduação e recentemente foram retomadas as atividades da graduação.
Os subescritores do manifesta denunciam que “diante da dificuldade de se viabilizar o pleno funcionamento da universidade, o próprio governador do Estado do Rio de Janeiro vem ameaçando, de forma irresponsável, cortar salários de professores e funcionários da Uerj, como se eles fossem responsáveis pela caótica situação”. O manifesto alerta ainda que “a crise da Uerj tem sérias e negativas implicações para o futuro do ensino superior e para o próprio desenvolvimento econômico e social do Rio de Janeiro”.
Leia abaixo a íntegra do manifesto e quem o assina:
Manifesto em apoio à Uerj
Os professores, pesquisadores, intelectuais e gestores abaixo assinado, de várias instituições de do Brasil, vêm manifestar sua solidariedade diante da grave situação dos nossos colegas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A Uerj é uma das maiores universidades do país, com contribuições marcantes em várias áreas do conhecimento. Atenta à sua função social, foi pioneira na implementação do sistema de quotas para o ensino superior.
Os professores e funcionários da Uerj estão com salários atrasados e parcelados, sendo que os professores estão sem receber bolsa de pesquisa (Prociência) por meses. Em situação semelhante encontram-se seus alunos bolsistas.
Mesmo sob essa precária situação, os docentes da Uerj não decretaram greve. Exemplo desta postura está na continuidade do funcionamento da grande maioria dos programas de pós-graduação, e a retomada recente das atividades da graduação, em que pese as condições precárias de operação da universidade, sem funcionamento da bandejão.
Diante da dificuldade de se viabilizar o pleno funcionamento da universidade, o próprio governador do Estado do Rio de Janeiro vem ameaçando, de forma irresponsável, cortar salários de professores e funcionários da Uerj, como se eles fossem responsáveis pela caótica situação. A crise da Uerj tem sérias e negativas implicações para o futuro do ensino superior e para o próprio desenvolvimento econômico e social do Rio de Janeiro.
Repelimos esta tentativa de sucateamento da universidade e conclamamos as autoridades governamentais do Estado do Rio de Janeiro a buscarem soluções efetivas para restabelecer o pronto e pleno funcionamento das atividades da Uerj e o necessário diálogo com os representantes de seu corpo de docentes, funcionários e alunos.
O manifesto é assinado por quatro docentes da UFJF: André Drumond, Fernanda Henrique Cupertino Alcântara, Jorge Chaloub e Marta Mendes da Rocha .
Acesse aqui para ter acesso à lista completa de todos os signatários.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 26/04/2017
Título: UFJF espera inaugurar Moradia Estudantil no primeiro semestre deste ano
O regimento da Moradia Estudantil foi aprovado nesta semana pelo Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A expectativa da instituição é que os locais possam ser habitados ainda no primeiro semestre deste ano.
Os prédios oferecem 113 vagas para alunos que não sejam de Juiz de Fora e se enquadrem nos critérios socioeconômicos exigidos pelo documento. Ele fica na Rua José Lourenço Kelmer, no Bairro São Pedro, próximo do portão Norte.
As deliberações sobre a retomada das obras da moradia foram expostas no Fórum Permanente de Assistência Estudantil, que conta com sete representantes indicados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e sete funcionários da Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proae), que se reúnem mensalmente, com o intuito de discutir questões envolvidas na política estudantil da UFJF.
De acordo com a universidade, as reformas necessárias e a compra de utensílios foram discutidas com os estudantes. As obras, acabamento dos prédios e implantação das lavanderias foram concluídas no início deste ano.
A moradia estudantil da UFJF começou a ser construída em 2009. Na época, o então reitor Henrique Duque anunciou a conclusão no prazo de um ano, mas o prédio só ficou pronto em 2014.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Arte e vida
Data: 26/04/2017
Link: http://www.tribunademinas.com.br/os-olhos-do-outro/
Título: Os olhos do outro
Americano faz referência àquele nascido ou naturalizado em qualquer canto do continente. De Norte a Sul. Toda subversão ao conceito implica silenciamentos e resulta em hierarquizações irreais. “Temos essa cultura de sempre achar que o melhor está lá em cima, e o que temos (na parte baixa do globo) é horrível. Quase tudo o que temos sobre América Latina e Estados Unidos é comparativo. E normalmente trata-se de uma comparação dizendo o que falta. Estudamos a nossa história, dizendo o que faltou para (o país) ter dado certo, buscando no período colonial pontos que justifiquem ter dado errado. Os Estados Unidos, ao contrário, estudam a história deles mostrando as origens do sucesso. Richard Morse relativiza isso tudo, dizendo que como norte-americano não considera essa história tão bem-sucedida. Logicamente, não há comparação entre a economia norte-americana e a latino-americana. O ‘point’ dele está na questão cultural, em outra riqueza. O fato de um país ter mais dinheiro que o outro não quer dizer que todos os aspectos da cultura e da civilização desse devam servir de modelo para outro país”, explica a pesquisadora Beatriz Helena Domingues, professora da UFJF e organizadora do livro “Cidades e cultura política nas Américas” (Editora UFMG), que reúne seis artigos escritos pelo brasilianista norte-americano Richard M. Morse, com lançamento nesta quarta-feira, às 19h, no Arteria, em Juiz de Fora.
Generoso em seus estudos, Morse reconheceu um Brasil que nem mesmo os viventes foram capazes de enxergar. “Ele diz que o mais lamentável não é que os Estados Unidos façam isto, mas que nós, latino-americanos, introjetemos essa inferioridade cultural em relação aos norte-americanos. Na verdade, aceitamos o código deles, porque eles se chamam de América. Quando fui dar aulas e estudar nos Estados Unidos, falava que pesquisava ‘História da América’, e eles entendiam: ‘Ah! História dos Estados Unidos?!’. Eu respondia que não. Percebe: História da América para nós é tudo menos o Brasil, no Chile também é o restante do continente, em Cuba a mesma coisa. Mas os Estados Unidos se identificam como americanos”, pontua Beatriz, cujo doutorado foi, parcialmente orientado pelo pensador de Nova Jersey que viajou ao Brasil pela primeira vez em 1947.
Influência
“Ele foi meu grande amigo, um pouco pai e mentor. Foi meu padrinho de casamento. Virou uma relação muito próxima, emotivamente e intelectualmente, porque me deu muitos textos para ler. Depois que ele morreu, percebi que, além de ter sido influenciada pelas ideias do Morse, gostaria de transformá-las em meu objeto de estudo. É um clássico que as pessoas não estão estudando. Desde então, comecei a pesquisar o trabalho do Morse”, conta a brasileira, que ao se deparar com as ideias do teórico, em 1991, assistiu a uma palestra sua no Rio de Janeiro. Após um café no dia seguinte da palestra e uma aproximação intelectual, Beatriz foi convidada a ser sua orientanda e, então, partiu com duas filhas para os Estados Unidos.
Do intercâmbio surgiu um interesse genuíno que já resultou no livro “O código Morse”, além de outro, inédito e no prelo, traçando um comparativo entre a história da América e dos Estados Unidos na obra de Morse. Autora de “Tão Longe, tão perto: a Ibero-América e a Europa Ilustrada”, “A reinvenção da roda: A política nuclear no Brasil entre 1964 e 1978″ e “Tradição na modernidade e modernidade na tradição: A modernidade ibérica e a revolução copernicana”, Beatriz defende a urgência em tratar as questões levantadas por Morse. Segundo o jornalista e pesquisador Matthew Shirts, também seguidor do pensador, há uma complexidade instigante no trabalho de Morse. “O pensamento de Richard M. Morse costuma provocar desconforto em quem está acostumado com premissas economicistas, positivistas e contratuais, seja do lado que estiver do espectro ideológico”, afirma em prefácio do novo livro.
Alto e lânguido
Publicados em revistas científicas, os seis artigos inéditos em língua portuguesa auxiliam na
compreensão do raciocínio de “O espelho de próspero”, livro que causou bastante polêmica em 1988, quando foi lançado no país. “Ele defendia uma ideia contra a corrente dominante, que afirmava que era tudo ruim em nossa herança portuguesa e espanhola, ibérica. O Morse polemizava mostrando que aquela tradição tinha seus méritos, inclusive algumas coisas para ensinar aos Estados Unidos. Ele mandava o próspero, os Estados Unidos, se sentar diante do espelho e aprender um pouco, inclusive com a América Latina, para onde os norte-americanos só prescreviam e prescrevem regras”, aponta Beatriz, acrescentando o peso da prática filosófica no trabalho de seu “mentor”.
“O Morse toma a filosofia escolástica como tema de estudo, porque acha que a dificuldade de
compreensão da cultura latinoamericana, por parte dos intelectuais, vem do fato de procurarem questões com instrumentos que só servem aos Estados Unidos. Por exemplo: procura-se aqui uma possível influência do liberalismo para dizer que não tem. Mas não tem porque essa é a chave de compreensão norte-americana. John Locke é uma influência importante para os Estados Unidos e não para nós. Morse defende que, para compreender um país é preciso entender seus próprios termos, e não procurar ausências. Em nossa colonização, temos a influência do pensamento tomista (São Tomás de Aquino), que era predominante na Península Ibérica, tanto em Portugal quanto na Espanha, e isso reflete no Brasil e nos países da América colonizados pelos espanhóis”, completa a professora da UFJF.
Em “Cidades e cultura política nas Américas”, para além do pesquisador encantado pelo Brasil e pela América Latina, está o estudioso que, com destreza, manipula outra cultura e outras vivências em todas as suas originalidades. “Morse carregava sua vasta erudição com leveza, em parte, talvez, por entender que a sabedoria mais profunda é algo frágil e para a qual a aprendizagem vinda dos livros oferece apenas, e na melhor das hipóteses, acesso incerto”, defende o pesquisador Thomas M. Cohen, em prefácio do livro.
Tradutora do novo trabalho, Maria Bitarello encarou como desafio não apenas a conversão para o português dos seis grandes textos em inglês, mas, principalmente, a tradução da escrita e do estilo de um autor cuja personalidade ela descreve no texto que encerra a obra. “Morse era bem alto. Alto e lânguido. Ele já era meio velhinho quando nossos caminhos se cruzaram e, no entanto, se deslocava com graça e leveza pelos quatro pisos de sua residência, descendo e subindo escadas, conforme a necessidade, para encontrar aquela citação ou livro que queria compartilhar com amigos. E sabia precisamente onde encontrar o que procurava. Usava óculos, uma dentadura que tirava para comer, tinha mãos e pés muito grandes e uma longa mecha de cabelo ao lado da orelha direita que ele, com muito estilo, usava para cobrir a testa e repousar atrás da orelha esquerda”, conta a jornalista, que, filha de Beatriz, conviveu alguns anos com o pensador de grande generosidade e pouco cabelo. “Ele não conseguia camuflar sua careca e vivia caindo em seu rosto, conforme as horas e garrafas passavam pela mesa.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 26/04/2017
Link: http://www.tribunademinas.com.br/jovem-e-atacado-por-ser-gay-e-negro/
Título: Jovem é atacado por ser gay e negro
No último dia 12, Lucas Ferreira, de 21 anos, acordou para trabalhar na certeza de que seu dia seria igual aos demais. Mas não, um grupo de sete rapazes, munidos com bastão de madeira e usando touca e capuz, interceptou o seu caminho. Um deles, com um artefato na mão semelhante a um coquetel molotov, arremessou o explosivo contra o rapaz. Naquele momento, Lucas, que é negro e gay, ouviu das bocas dos agressores: “Não queremos viado andando na nossa área.” Em razão do estouro, ele sofreu queimaduras de segundo grau na cabeça, face, tórax e braço. Segundo o rapaz, se não fosse a ajuda de um taxista que passava pelo local, ele poderia ter sido morto. O caso aconteceu na Avenida Sete, no Bairro Costa Carvalho, Zona Sudeste, e registrado pela Polícia Militar cinco dias depois, quando o jovem teve forças para procurar as autoridades para denunciar a violência. No boletim de ocorrência, a causa presumida para o ataque, conforme a PM, foi a homofobia.
Na segunda-feira, Lucas prestou depoimento ao delegado da 6ª Delegacia de Polícia Civil, Vitor Fiuza, que abriu inquérito para apurar o crime e identificar os agressores. Ontem a assessoria da Polícia Civil afirmou que o caso foi encaminhado para a Delegacia Especializada em Homicídios para dar continuidade às investigações, já que a ocorrência foi considerada tentativa de homicídio. A atitude de levar a violência a público por parte de Lucas é aclamada pela militância LGBTI de Juiz de Fora, uma vez que tende a tirar do armário outros casos, contribuindo para que providências sejam adotados e que esse tipo de agressão não fique impune. O Movimento Gay de Minas Gerais (MGM) já registrou em 2017 oito casos de homofobia.
Lucas, depois da agressão sofrida, não quis publicizar os fatos. Trabalhando como cuidador de idosos, tinha medo de perder o emprego. Todavia, todo o cuidado que teve para não deixar vir à tona o crime não foi bastante para mantê-lo no local de trabalho. Como teve que se afastar alguns dias para cuidar da sua saúde, o jovem foi demitido na última segunda-feira
e, por isso, achou que não tinha mais motivos para guardar os fatos. “Cercaram-me, e fiquei sem reação. Disseram que não queriam viado naquela área. Fui cercado e não consegui falar nada. Só ouvia: viado, viado, viado, quando tamparam o artefato contra mim. Era uma rua que costumava transitar, e foi tudo muito rápido. Se tivessem com uma arma de fogo, seria muito pior, e acho que nem estaria vivo”, desabafa o jovem.
Ele conta que a violência só não foi extrema, porque um taxista passou pelo local, levando os agressores a fugirem. “O motorista do táxi me levou para casa e lá fiquei até amanhecer, pois não estava enxergando nada, quando fui até a Regional Leste. “Não tive sequelas na minha visão, mas não conseguia dobrar o braço devido à queimadura. Agora, já consigo fazer isso. Não imaginava que isso aconteceria aqui em Juiz de Fora e, infelizmente, aconteceu comigo. Falta de respeito comigo e com toda a sociedade, pois meus amigos estão revoltados. Não me deixam mais sair para rua à noite. Estou com medo de caminhar pela Avenida Sete. Também considero que o fato de ser negro tenha sido outro motivo para a agressão que eu vivi.”
Comissão da OAB quer identificação de agressores pela polícia
Assim que teve conhecimento dos fatos, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Juiz de Fora procurou a vítima para lhe oferecer apoio jurídico e encontrar um novo trabalho para ela. Segundo a presidente da Comissão, Cristina Guerra, Lucas deixou sua família muito cedo e não conta com a ajuda dos pais, situação que é confirmada pelo cuidador de idosos. “A família não o aceita porque ele é gay. Ele conta com o companheiro que mora com ele e, por isso, decidimos ajudá-lo também. Acionamos a Polícia Civil a fim de que esses agressores sejam identificados e presos. Lucas teve sorte porque um motorista de táxi passou e fez os agressores fugirem. Os próprios taxistas estão nos ajudando a procurar esse grupo de agressores”, ressaltou que acrescenta: “É um caso escancarado de homofobia. Não podemos deixar que esse tipo de violência migre para Juiz de Fora. É um grupo homofóbico, que pode agir com intolerância contra outros segmentos, como negros e mulheres. Juiz de Fora não pode compactuar com essa barbárie”, enfatiza. Segundo ela, no dia em que foi até o local do crime, colheu depoimentos na área e soube que há outro rapaz gay que mora naquela região que está em pânico e se recusa a sair de casa sozinho, só saindo acompanhado pela mãe. “Isso não pode virar moda em Juiz de Fora. Temos que lutar contra esse tipo de preconceito. A gente espera que, com a divulgação, outros casos possam vir à tona, e talvez ajude a encontrar os agressores”, defende Cristina.
Para MGM, violência que era invisível agora tem sido denunciada
A violência contra Lucas foi parar no Facebook depois que um amigo dele postou a história e
fotografias do jovem após a agressão. Imediatamente, o caso foi compartilhado dezenas de vezes e diversos pessoas postaram mensagens contra a homofobia, comparando os sete agressores com a forma negativa de atuação dos skinheads. Para o diretor do Movimento Gay de Minas (MGM), Marco Trajano, a denúncia do rapaz é fundamental para dar visibilidade à questão da homofobia. “Se não denunciada, essa violência fica encoberta, como uma violência urbana, cotidiana normal, que também é lamentável, mas que, no nosso caso, tem um rigor maior. Além disso, tem o agravante racial. Acho que a homofobia tem saído do armário, pois sempre existiu, mas não conseguíamos fazer esse tipo de diagnóstico, era uma violência invisível. Agora, com essa repercussão, está ficando mais às claras. Começamos a saber disso com mais frequência e nomeá-la, porque antes não era”, avalia Trajano, ressaltando que Lucas tem a sua disposição a estrutura do MGM no que diz respeito a apoio jurídico e psicológico. “Estamos há 20 anos trabalhando com denúncia, e parece que a sociedade LGBT passa agora a dar importância ao ativismo político e a se considerar merecedora de direitos”, conclui.
Integrante do grupo Visitrans da Faculdade de Psicologia da UFJF, a militante Bruna Leonardo, também prestou apoio a Lucas juntamente com a Comissão de Direitos Humanos da OAB. Para ela, o que o jovem sofreu foi uma tortura. “Muito assustador que em Juiz de Fora isso tenha acontecido. Eu já fui vítima de homofobia, outras pessoas que conheço também, mas nunca de uma forma tão cruel. O que fizeram com ele foi uma tortura e poderiam tê-lo levado à morte, pois foi encurralado e queimado. Ele poderia ter ficado cego ou até sido morto se o taxista não tivesse o ajudado. É assustador saber que estão partindo para a tortura, pelo simples fato de o outro ser gay, além do fato de ser negro. As pessoas acham que podem fazer o que quiser, quando acham que alguém é pobre, negro e gay. Acham que suas atitudes vão ficar por isso mesmo”, dispara Bruna.
Bruna também reconhece o papel importante da divulgação dos fatos. “Serve para mostrar aos agressores e para os homofóbicos que a sociedade de Juiz de Fora não irá compactuar com isso, pois sempre foi vanguarda nos movimentos LGBTTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis e intersexuais). Vamos lutar para que esse caso não fique impune e que não aconteça mais. A divulgação serve para repudiar qualquer tipo de violência contra as pessoas que são diferentes. Não dá para ficar indiferente.”
A professora da Faculdade de Educação da UFJF, Daniela Auad, que integra o Observatório de Gênero e Raça de Minas Gerais e é líder do coletivo e grupo de pesquisa Flores Raras, observa que a violência e o preconceito devem ser debatidos em todos os espaços da sociedade como forma de combatê-los.
Outros casos chocaram a cidade nos últimos anos
Os casos de violência motivados por homofobia não são raros em Juiz de Fora, embora sejam pouco notificados. Só nos últimos cinco anos, pelos menos quatro ocorrências ganharam repercussão e chocaram pela crueldade. Um dos crimes culminou no homicídio de um servente de 29 anos, brutalmente assassinado a pedradas em via pública, em outubro de 2015. Ele teria tentado defender um rapaz, que teria sido agredido por um adolescente, 16, possivelmente por motivos homofóbicos, no Bairro Bela Aurora, na Zona Sul. Depois de questionar a vítima sobre o porquê de ela estar defendendo o outro, o adolescente começou a golpeá-la com socos e chutes. Quando o servente tentou escapar das agressões, foi surpreendido por uma pedrada na cabeça e caiu no chão. Não satisfeito, o jovem desferiu pisões e chutes na cabeça dele e mais duas pedradas fatais. No local, ainda foram recolhidos três blocos de cimento, que teriam sido usados nas agressões.
No mesmo mês, uma jovem, 18, e o companheiro dela foram indiciados por tentativa de homicídio duplamente qualificado pela agressão cometida contra um adolescente, 17, motivada por homofobia. O crime aconteceu no Bairro Nova Benfica, Zona Norte. O jovem foi agredido a pauladas, socos e chutes por um grupo de quatro pessoas, que ainda teria insultado a vítima com xingamentos homofóbicos. Ele teve o rosto desfigurado e ficou com diversos hematomas nas costas, só conseguindo se desvencilhar do grupo com a ajuda de um amigo que passava no momento. O caso causou comoção, mobilizando inclusive os moradores do bairro em uma passeata.
Em dezembro de 2013, três homens, de 32, 36 e 40 anos, tiveram a casa invadida enquanto dormiam e foram agredidos por dois bandidos, um deles armado com faca, no Bairro Jardim Casablanca, Cidade Alta. Segundo as vítimas, as agressões teriam sido motivadas por homofobia. Os suspeitos também provocaram danos na residência e em utensílios domésticos. Eles teriam dito ainda que iriam saquear o imóvel durante a ausência dos moradores. Os homens contaram aos policiais que já teriam sofrido ameaças de morte dos supostos autores, os quais não desejariam a presença de homossexuais no bairro.
Já em janeiro de 2012, um cabeleireiro, 19, foi violentado sexualmente e agredido a pauladas no Bairro Santa Maria, Zona Norte. A vítima foi vista saindo de um matagal em estado de choque, apenas vestindo cueca e uma camisa de malha. O jovem teria sido estuprado por dois homens, além de um terceiro ter ejaculado em sua face. Uma mulher, que teria servido de isca para atrair a vítima, teria fotografado toda a ação dos abusadores. Na época, o cabeleireiro contou que estava recebendo ameaças e já havia registrado um boletim de ocorrência. O crime foi tratado como estupro, com motivação homofóbica.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria:
Data: 26/04/2017
Título: Restaurante Universitário da UFJF terá entrada eletrônica
O sistema de entrada do Restaurante Universitário (RU) da UFJF passará a contar com sistema de catracas eletrônicas a partir do dia 5 de junho. A mudança, segundo a coordenação, agilizará o processo de entrada dos usuários, reduzindo o volume de filas durante os horários de pico no espaço.
Com o novo sistema, a entrada só será permitida por meio da apresentação da carteirinha, que será verificada eletronicamente por um sistema vinculado ao Siga nas catracas. Para aderir, os estudantes e servidores que frequentam o RU contarão com um esquema especial de atendimento, com um cronograma de datas para adesão de alunos a partir das iniciais de seus nomes. Pessoas com os nomes começados com as letras de A até D, têm até o dia 29 para efetuar o cadastro no RU Campus.
Para a inclusão no novo sistema, o estudante deverá levar apenas a carteirinha, e não será possível a adesão por terceiros.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 27/04/2017
Link: http://www.tribunademinas.com.br/sindicatos-patronais-garantem-dia-normal/
Título: Sindicatos patronais garantem dia normal
A maioria dos sindicatos patronais e representantes do poder público ouvidos pela Tribuna considera que esta sexta (28) será de expediente normal. Inicialmente sem condenar os movimentos, quase todos foram unânimes que esperam que os trabalhadores compareçam a seus postos de trabalho. Em um único caso, há a orientação para que os empregadores descontem o dia dos que aderirem a paralisação. Tal posicionamento foi defendido pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe Sudeste).
Em nota, o Sinepe considerou inoportuna a paralisação pelo entendimento que o ato tem claros vieses políticos. “O direito de greve deve ser respeitado, assim como o direito e nosso compromisso de manter as escolas abertas.” A presidente da entidade patronal, Anna Gilda Dianin, confirmou a orientação de corte de ponto e entende que a doação não é uma punição. “É uma questão de respeito àqueles que vêm trabalhar”, afirmou Anna.
Presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora, Emerson Belloti também afirmou que os comerciantes aguardam a presença dos funcionários nas lojas. Sobre a possibilidade de corte de ponto, afirmou que não há qualquer orientação do Sindicomércio. “Cada comerciante vai adotar o critério que julgar conveniente.” O mesmo foi manifestado pelo presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétrico (Sindimetal), José Tadeu Filgueiras. “Ao mesmo tempo que respeitamos o movimento, sabemos que nem todos aderem. Estaremos atentos para que não ocorram atos de insubordinação. Entendemos que cada empresa tome procedimentos individuais cabíveis.”
Já Consórcios Integrados do Transporte Urbano de Juiz de Fora (Cinturb) – consórcio responsável pelo serviço de transporte público no município – afirmou que “vão fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que o sistema de transporte urbano de Juiz de Fora funcione normalmente nesta sexta-feira”. Em nota, diz que “o objetivo é garantir o direito de ir e vir aos usuários e funcionários, independente do horário em que o sindicato da categoria defina como período de adesão ao movimento”.
Com relação à paralisação de servidores, tanto a Prefeitura quanto o Estado adotaram posicionamentos similares. Em nota, a PJF afirmou que “mantém a expectativa de que a prestação de todos os serviços ao cidadão não sofra qualquer prejuízo”. A nota, no entanto, não faz alusão sobre a possibilidade de corte de ponto. Já o Governo de Minas Gerais também reforçou o entendimento que o dia será de expediente normal nas repartições do Estado. Não há previsão sobre corte de ponto. NA UFJF, como de costume, a instituição reforçou respeito à posição definida por professores e servidores.
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Veículo: Tribuna Minas
Editoria: Cidade
Data: 27/04/2017
Link: http://www.tribunademinas.com.br/pressao-contra-as-reformas-chega-as-ruas-em-jf/
Título: Pressão contra as reformas chega às ruas em JF
Juiz de Fora deve viver uma sexta-feira diferente. Seguindo agenda nacional de manifestações contra as reformas trabalhistas convocadas por centrais sindicais e movimentos sociais contrários às propostas de reformas trabalhistas e da Previdência defendidas pelo Governo do presidente Michel Temer (PMDB) e debatidas no Congresso, várias categorias de trabalhadores prometem aderir à greve geral convocada para todo o dia, que tem como ato principal mobilização com concentração às 9h, na Praça da Estação. Em todo o país, os protestos já são interpretados tanto como prova de fogo para Temer, como teste de força para a atual oposição ao Governo peemedebista.
Os sinais iniciais da paralisação que se desenha já deverão ser sentidos nas primeiras horas do dia. Em alinhamento fechado na tarde desta quinta (27) com o Fórum Sindical e Popular, que lidera a organização do ato, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte e Trânsito (Sinttro) chegou a definir convocação para que motoristas e cobradores do transporte coletivo urbano paralisassem as atividades desde a meia-noite de quinta. Contudo, à noite, o presidente do sindicato dos rodoviários, Vagner Evangelista, voltou a afirmar que a paralisação deve se iniciar às 8h30 desta sexta.
Nesta quinta, mais duas categorias confirmaram a adesão à greve geral. Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e Região (Stim), Fernando Rocha confirmou que a entidade mobiliza a categoria para engrossar a paralisação. Até a noite de quinta, contudo, as lideranças metalúrgicas ainda definiam como a ação se daria na prática. Servidores ligados ao Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário de Minas Gerais (Sitraemg) que trabalham na 1ª Vara do Trabalho de Juiz de Fora também prometem interromper as atividades. A paralisação deve resultar, entre outros, na remarcação de audiência trabalhistas inicialmente marcadas para esta sextafeira. De acordo com Nilson Jorge Moraes, coordenador-executivo do Sitraemg, além de participar do ato marcado para a Praça da Estação, os funcionários da Justiça do Trabalho realizam ato em frente ao prédio do órgão, na Avenida Rio Branco, a partir das 13h. De acordo com Nilson, a mobilização pontual deve reunir ainda magistrados e representantes do braço local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Durante a semana, a organização dava como certa a realização de um ato substancioso, com mais de 50 categorias. Além de rodoviários, metalúrgicos e servidores da Justiça do Trabalho, também confirmaram adesão ao ato professores das redes municipal, estadual, federal e privada, médicos municipais, bancários, policiais civis, servidores da Prefeitura e comerciários, profissionais dos Correios, técnico-administrativos das instituições de ensino superior, entre outras grupos de trabalhos. Assim, há a previsão de comprometimento de vários tipos de atividades.
Cronograma
Segundo lideranças do Fórum, a manifestação deve sair em caminhada pelas ruas centrais após a concentração na Praça da Estação – em que são comuns as explanações das diferentes entidades envolvidas no protesto. O roteiro da marcha deve seguir o mesmo trajeto de mobilização do último dia 31, partindo da Av. Francisco Bernardino; passando pela Rua São Sebastião, a Av. Getúlio e Vargas e a Rua Halfeld; até a dispersão no Parque Halfeld (ver quadro). Contudo, o trajeto pode ser revisto conforme a situação de momento.
Atos isolados também estão programados. Além dos servidores da Justiça do Trabalho, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Conselho de Centros e Diretórios Acadêmicos (Concada) definiram uma agenda de mobilização na UFJF pela manhã. A partir das 8h, está prevista uma marcha de estudantes a partir do campus em direção ao Bairro Dom Bosco, de onde os manifestantes descerão pela Av. Itamar Franco até a Rio Branco. No local, eles se encontrarão com secundaristas e partirão em direção à Praça da Estação.
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Veículo: Gazeta do Povo
Editoria: Livre Iniciativa
Data: 27/04/2017
Título: “Vale do Silício” de Recife procura talentos para programa de empreendedorismo
Acabam neste domingo, 30 de abril, as inscrições para o Summer Job do Cesar, centro de inovação de Recife que atende tanto empresas instaladas na região, como a IBM e a Microsoft, como de outras partes do país, como a Electrolux, aqui em Curitiba.
O programa, cuja primeira edição ocorreu ainda em 2010, tem como objetivo desenvolver jovens talentos por meio da vivência do ambiente de inovação que é o Cesar e de uma mentoria intensiva para que eles saiam de lá com a experiência de terem desenvolvido um produto e um modelo de negócios para esse produto. E tudo precedido de aulas em áreas como design thinking. Ao todo são seis semanas de aprendizado e trabalho, de 3 de julho a 11 de agosto.
O foco são os estudantes que estão no 4.º período e em diante de cursos de graduação em Ciência da Computação, Engenharia, Administração, Economia, Design e afins. As inscrições precisam ser feitas pelo site do programa.
Junto com a inscrição, além de comprovações quanto à matrícula na graduação, será exigida uma carta de apresentação, em que o candidato terá de justificar, por meio de suas experiências pessoais e profissionais, por que quer participar do Summer Job.
“O Summer Job é ideal para os estudantes que desejam se aprimorar profissionalmente e ter uma vivência real de mercado. Durante todo o programa, os participantes serão envolvidos em projetos no Cesar, junto com uma equipe técnica altamente qualificada”, explicou Eduardo Peixoto, Executivo Chefe de Negócios do Cesar.
“Um dos grandes diferenciais é que temos no programa empresas patrocinadoras que trarão diversos desafios nos quais os estudantes deverão trabalhar, bem como direcionamentos reais de mercado”, reforçou Peixoto.
Além disso, para esta edição, o Cesar irá criar um grupo misto com estudantes estrangeiros e brasileiros, o que favorece o compartilhamento de conhecimento e troca de experiências.
O curso será ministrado em inglês, por isso a fluência na língua é imprescindível. O programa oferece uma ajuda de custo no valor de R$ 2 mil.
Desde 2010, já participaram do Summer Job alunos de instituições como o ITA, UFPE, Insper (SP), USP (SP), PUC-Rio (RJ), UEA (AM), UFJF (MG), UPE, Universidade Católica de Pernambuco e UFPB, entre outras.
O Summer Job sempre conta com o patrocínio de empresas que fazem parte do Porto Digital, espaço criado em 2000 em Recife com o objetivo de fomentar a área de tecnologia da informação e comunicação da região e que conta hoje com pequenas e médias empresas da área, mas também multinacionais como IBM, Motorola, Samsung e Microsoft. Algumas das empresas patrocinadoras das últimas edições foram: Deca, Gerdau, Verify Brasil, Motorola, Sky e Insper.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Arte e vida
Data: 27/04/2017
Link: http://www.tribunademinas.com.br/o-protagonismo-do-coadjuvante/
Título: O protagonismo do “ coadjuvante”
Esta reportagem, obviamente, não é sobre mim, o repórter Júlio Black, mas precisa ser iniciada pelo chamado “olhar estrangeiro” de quem não é natural da cidade – e que jamais havia colocado os pés em terras juizforanas até se mudar para cá, há pouco mais de três anos. As poucas referências eram, entre outros, o ex-presidente Itamar Franco, o Tupi, Murilo Mendes, Ana Carolina e o fato de o primeiro passo efetivo para o Golpe de 1964 ter acontecido aqui. Por isso, das coisas que mais me fascinam ao conhecer o passado de Juiz de Fora estão as personalidades que fizeram a história da cidade, como Olavo Bastos Freire, Pantaleone Arcuri, Mariano Procópio, Bernardo Mascarenhas. A lista é enorme, e aumentou um pouco mais com o nome de Geraldo Magela Tavares, que tem sua história contada no documentário “Histórias do Magela”, de Flávio Lins, que será lançado nesta quinta-feira, às 19h30, no Mamm.
Com pouco menos de 60 minutos de duração, o documentário recupera algumas das histórias vividas por este mineiro de Rio Novo, que veio para Juiz de Fora ainda na infância, e mostra como sua trajetória se mistura à história da cidade por mais da metade do século XX e nos primeiros anos do século XXI, culminando com sua morte, aos 87 anos, em 8 de maio de 2015. Sem seguir uma linearidade temporal, “Histórias do Magela” reúne alguns dos depoimentos que Magela deu a Lins entre setembro de 2012 e fevereiro de 2013, num total de aproximadamente 60 horas de entrevistas em encontros semanais.
O filme ajuda a desvendar as diversas facetas de Geraldo Magela. A primeira delas é a do jogador de futebol que decidiu abandonar a carreira após uma contusão no joelho, pois preferiu não operar por medo das sequelas. Depois surge o treinador de futebol que passou pelo Rio de Janeiro, Paraná, mas, principalmente, por Minas em geral e Juiz de Fora em particular, onde treinou o Sport, o Tupynambás e o Tupi, ajudando que o Carijó tivesse, na década de 60, o apelido de “Fantasma do Mineirão” ao derrotar no estádio os três grandes da capital (Cruzeiro, Atlético e América). Há o cronista esportivo, radialista e apresentador de TV, tendo passado pelas rádios Industrial e Nova Cidade e as emissoras TV Industrial, TV Tiradentes e TVE, sendo o criador de programas que marcaram época, como o “Camisa 10″ e “Mesa de debates”.
Esteve ainda fortemente ligado ao carnaval, tendo sido diretor de carnaval na Prefeitura de Juiz de Fora, ajudado a organizar alas das escolas de samba e até mesmo participando das transmissões radiofônicas e televisivas dos desfiles. A política também foi outra área em que atuou: teve presença discreta, mas marcante, nas campanhas de eleição de Itamar Franco à Prefeitura, e, anos depois, estava ao lado do ex-prefeito Alberto Bejani, que também era radialista.
Magela multimídia
O documentário faz parte de um projeto tocado por Flávio Lins, professor do curso de comunicação de UFJF, que inclui um livro e um site dedicado ao Geraldo Magela, ainda em desenvolvimento. Todo o trabalho, até agora, foi realizado com recursos próprios de Flávio, que fez as vezes de entrevistador, pesquisador, cinegrafista, diretor e editor – neste último, com o auxílio da jornalista Regina Gaio. “Todas as entrevistas foram registradas com uma câmera de vídeo analógica, posteriormente digitalizadas. Não havia preocupação com iluminação, microfone de lapela, o importante era a informação”, explica o diretor, que se reunia de uma a duas vezes por semana com Geraldo Magela para as entrevistas. Um dos motivos, segundo ele, para a realização do documentário é seu interesse pela história da mídia, tanto que seu primeiro documentário, “Cariocas do brejo entrando no ar”, de 2012, é ligado ao mesmo tema e foi premiado no Recine (Festival Internacional de Cinema de Arquivo). A escolha de Magela para o próximo projeto vai ao encontro desse interesse, por se tratar de figura tão ligada à história dos meios de comunicação (“ele era multimídia quando ainda não se utilizava esse termo”) na cidade e por ter uma trajetória tão ligada a Juiz de Fora nas últimas décadas. “E também há um lado sentimental. Meu avô, Isaac da Silva Lins, o ‘Zazá’, também foi jogador de futebol e igualmente desistiu da carreira por conta de uma contusão no joelho. Ele se tornou sapateiro, assim como o Magela durante um período.”
Sem papas na língua
Flávio Lins recorda que Geraldo Magela – com quem trabalhou na virada das décadas de 80 e 90 na extinta TV Tiradentes – era conhecido por ser uma figura de comentários ácidos tanto no rádio quanto na TV, de não ter “papas na língua”, mas ao mesmo um apaixonado pela família e um trabalhador incansável, capaz de trabalhar na rádio de manhã e no início da tarde, depois seguir para comandar os treinamentos do Tupi e, à noite, participar do “Camisa 10″ na TV Industrial.
Como destaca Flávio Lins, Geraldo Magela mostra nas entrevistas memória prodigiosa para lembrar as histórias, com direito a datas, nomes e outros detalhes, ajudando a trazer à tona nome de figuras que muitas vezes ficaram por baixo da poeira que toma conta do passado. Nestes relatos, é notável perceber, por exemplo, a forma como trata Itamar Franco, de quem mostra um lado humano distante da mítica muitas vezes atrelada a seu nome. “Mas ele sempre deixa claro que, apesar de ter trabalhado com política, jamais enriqueceu por conta dela”, acrescenta Flávio, ressaltando ainda a franqueza com que o Geraldo fala a respeito dos anos em que trabalhou com Bejani.
Um homem discreto, mas sempre presente
Outro ponto a se destacar em “Histórias de Magela”, segundo o diretor, é o fato de que, mesmo quando era protagonista, Geraldo sempre primou pela discrição, apesar de ser pessoa de palavras firmes, fortes, mas que ao mesmo tempo sabia ficar no seu canto quando era o coadjuvante, jamais tentando trazer para si os louros e holofotes que pertenciam a outros. “Ele tinha uma memória impressionante, lembrava todos os detalhes. Só a história do jogo do Tupi com o Southampton, da Inglaterra, dura mais do que a própria partida em si”, diz. “O mesmo se deu com os detalhes sobre o que ele acompanhou do Golpe de 1964, que teve início aqui em Juiz de Fora e com o anúncio feito por meio dos microfones da Rádio Industrial.”
Pesquisa a fundo
Além das entrevistas, Flávio Lins diz ter realizado um trabalho de pesquisa que durou anos, em que reuniu fotos e recortes de jornal que estão no documentário, obtidos em pesquisas na Biblioteca Municipal Murilo Mendes e eventualmente obtidos com o próprio Magela, além de registros audiovisuais que ele utilizou em “Cariocas do brejo…”. De acordo com Flávio, Geraldo topou dar as entrevistas por ter a preocupação de que suas histórias se perdessem com o tempo. Ele, porém, não chegou a ver a produção finalizada. “O Geraldo já estava com problemas de saúde quando voltou a entrar em contato comigo, e eu disse que o documentário ainda demoraria a ficar pronto. Ele disse que seria melhor assim, que fosse lançado apenas depois de sua morte”, relembra.
Após o lançamento, o plano de Flávio Lins em relação ao documentário é continuar a realizar
exibições públicas e gratuitas do filme, especialmente em centros universitários e escolas, além da participação em festivais. “Não acredito na distribuição de DVDs, que vão ficar jogados, esquecidos. Essas exibições são muito mais válidas para fomentar o debate a respeito da vida do Magela e também da história da cidade”, argumenta.
Quanto aos desdobramentos do projeto, Flávio espera ter o site na internet em 2018, com o livro lançado em 2019. Ele planeja entrevistar outras pessoas contemporâneas de Geraldo Magela para a biografia e tem em mente obter apoio para as duas iniciativas apresentando uma proposta de projeto de extensão para a UFJF ou se inscrever em leis de incentivo, como a Murilo Mendes. Tudo para manter viva a memória de uma das figuras mais peculiares de Juiz de Fora, que ajudam a cidade a ter uma história e personalidades próprias em nosso país. E que é capaz de impressionar a quem acabou de “conhecê-lo”.
“Histórias do Magela”
Lançamento de documentário de Flávio Lins, nesta quinta-feira, às 19h30, no Mamm (Rua Benjamin Constant 790)