Planta tradicional na culinária mineira, a ora-pro-nóbis foi tema da tese de doutorado em Ciências Biológicas – Genética e Biotecnologia, de Nícolas de Castro Campos Pinto. Intitulada “Estudo das atividades anti-inflamatória e cicatrizante das folhas de Pereskia aculeata Miller (Cactaceae)” a pesquisa avalia as propriedades medicinais do extrato produzido com as folhas da ora-pro-nóbis, para uso tópico, uma vez que suas propriedades nutricionais já foram intensamente estudadas. Ela é rica em proteínas e ferro e tornou-se, por isso, conhecida como “carne dos pobres.”

A Pereskia aculeata despertou o interesse de Nícolas quando ele tomou conhecimento de sua utilização na medicina popular para o abrandamento de processos inflamatórios e a cicatrização de feridas. E o objetivo foi confirmar essa potencialidade curativa da planta. O acadêmico desenvolveu, então, um produto que melhora inflamações da pele e cuida, por consequência, da parte psicológica.  “A inflamação é um distúrbio caracterizado pela presença de rubor, calor, edema, dor e perda de função do tecido ou órgão atingido. Além desses sintomas, as lesões causadas pela inflamação da pele são, muitas vezes, acompanhadas de prurido e aspecto desagradável, o que contribui para a diminuição da autoestima”, explica.

Nícolas de Castro também ressalta que grande parte dos agentes terapêuticos disponíveis no mercado apresenta reações adversas quando utilizados por longos períodos. “As feridas de pele crônicas são um dos graves problemas de saúde pública da atualidade. E os tratamentos nem sempre produzem os resultados esperados”, conta.

A professora orientadora, Elita Scio Fontes, do Departamento de Bioquímica da UFJF reitera a importância do trabalho. “O INSS e o Ministério da Saúde apontam que este problema afeta a rotina de aproximadamente cinco milhões de brasileiros, sendo uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil. Muitas vezes, o aspecto desagradável das feridas também pode fazer com que o paciente se sinta estigmatizado e, se o tratamento não for adequado, pode até mesmo ocasionar a perda do membro afetado”, destaca.

Inflativ

A formulação farmacêutica desenvolvida a partir dos princípios ativos extraídos da ora-pro-nóbis foi denominada Inflativ. De acordo com o doutorando, os estudos pré-clínicos realizados em animais comprovaram que o produto apresenta atividades anti inflamatória e cicatrizante, com grande potencialidade para ser utilizado no tratamento de diferentes tipos de dermatites e na cicatrização de feridas de pele. O produto apresenta ainda, segundo ele, capacidade de auxiliar na hidratação da pele e na prevenção ao envelhecimento.

No futuro, Nícolas e a professora Elita esperam que o produto possa ser utilizado como tratamento fitoterápico, destinado a pacientes portadores de feridas provocadas por acidentes, lesões ou diabetes e também para aqueles com doenças inflamatórias de pele, como a psoríase, eczema e dermatites crônicas, por exemplo. “Nos testes que desenvolvemos não observamos nenhum efeito colateral, mas são necessários mais estudos para confirmar sua toxidade”, conta o doutorando.

A próxima fase é a busca por parcerias para dar continuidade aos trabalhos, que incluem a realização de ensaios clínicos realizados em humanos.

Contatos:
Nícolas de Castro Campos Pinto
nickbioquimica@hotmail.com

Profa. Dra. Elita Scio Fontes
elita.scio@ufjf.edu.br

Banca Examinadora:
Elita Scio Fontes (orientadora – UFJF)
Jacy Gameiro (UFJF)
Luciana Moreira Chedier (UFJF)
João Xavier de Araújo Júnior (UFAL)
Lucíola da Silva Barcelos (UFMG)

Outras informações: (32) 2102-3220 – PPG em Ciências Biológicas – Genética e Biotecnologia

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