Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 01/04/2017

Link: http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2017/04/comecam-inscricoes-para-ocupar-o-cine-theatro-central-em-juiz-de-fora.html

Título: Começam inscrições para ocupar o Cine-Theatro Central em Juiz Fora

De acordo com o edital, 30 agendamentos estão destinados a espetáculos de teatro adulto, teatro infantil, dança, música, conferências, palestras, formaturas e eventos afins.

Outras 25 datas serão para demanda espontânea de produtores de teatro, dança, música, palestras e propostas que solicitarem a ocupação do teatro num período de antecedência mínima de 30 dias do evento.

Se as vagas destinadas ao projeto Luz da Terra não forem ocupadas totalmente, serão direcionadas à modalidade de demanda espontânea.

Os projetos inscritos passarão por um processo de triagem, no qual será verificada a apresentação de informações e documentação necessária. Em seguida, os projetos classificados serão julgados pelo Conselho Diretor do Cine-Theatro Central com base em quatro critérios: mérito (originalidade, criatividade e inovação nos conceitos e/ou execução); exequibilidade; relevância cultural (reconhecimento de valores culturais importantes advindos da proposta); e diversidade (abrangência de áreas diversas no projeto). Cada um deles poderá receber até 25 pontos. O edital prevê os critérios para desempate.

O edital foi publicado quatro dias depois da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) assinar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o 4º Batalhão de Bombeiro Militar em reunião no Ministério Público Federal nesta segunda-feira (27). O acordo libera a realização de novos eventos, apenas com a capacidade da plateia do primeiro andar. A UFJF se comprometeu a dar sequência às obras que precisam ser feitas.

Está aberto até 10 de abril o período de inscrições para ocupação do Cine-Theatro Central. O edital de Chamada Pública contempla 55 das 70 datas disponíveis no período de 15 de maio a 31 de outubro de 2017. As outras 15 são reservadas para o projeto Luz da Terra, que terá edital à parte, voltado exclusivamente para produção local a preços populares.

Segundo o Cine-Theatro Central, o objetivo de realizar a ocupação do espaço via edital é dar transparência ao processo e tornar democrático o acesso de produtores e artistas ao mais antigo teatro da cidade.

O resultado da seleção dos projetos será divulgado dia 13 de abril, havendo possibilidade de pedido de recurso até 18 de abril. A lista final será divulgada no dia 20.

Os projetos podem ser inscritos tanto por pessoas jurídicas (produtores teatrais, associações de classe, entidades, grupos de artistas em teatro, entre outros) quanto por pessoas físicas, com limite de até seis projetos por proponente.

Os interessados podem comparecer no Cine-Theatro Central na Praça João Pessoa, no Centro, de terça a sexta, de 9h a 12h e de 14h a 17h. Também há a opção de enviar o formulário e as documentações exigidas para o e-mail cinetheatrocentral@ufjf.edu.br, com assunto “Inscrição Edital de Ocupação”. Outras informações podem ser solicitadas pelo telefone (32) 3231-4051.

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Veículo: MGTV – TV Integração

Editoria: Memória MGTV

Data: 01/04/2017

Link: http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/videos/v/memoria-mgtv-celebra-os-88-anos-do-cine-theatro-central-de-juiz-de-fora/5769683/

Título: ‘Memória MGTV’ celebra os 88 anos do Cine-Theatro Central de Juiz de Fora

Resumo: O quadro resgata uma reportagem do ano de 1994, feita pela então repórter Cristina Musse, hoje professora da Faculdade de Comunicação da UFJF. Na matéria, Musse leva o telespectador a conhecer o Cine-Theatro.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Arte e vida

Data: 01/04/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/amor-e-tragedia-imortais/

Título: Amor e tragédia imortais

Amor que não se mede? É aquele capaz de ir até as profundezas infernais para salvar a amada. E poucas histórias conseguem refletir isso de forma tão cristalina quanto “O mito de Orfeu e Eurídice”, que a Cia. Teatrando apresenta neste domingo, às 18h30, no Teatro Solar, dando início às comemorações dos dez anos do retorno às atividades teatrais do grupo.

Com texto e direção de Adryana Ryal, “O mito de Orfeu e Eurídice” parte da tragédia grega original para criar uma versão da história, em que elementos dos mitos gregos, do teatro contemporâneo e da ópera “Orphee et Eurydice” (1774), de Christoph Willibald Gluck, criam uma nova narrativa. Além de ser o músico mais talentoso da Grécia, Orfeu é apadrinhado por Apolo, Deus do Sol e das Artes, que apaixona-se e é correspondido pela mais bela das ninfas, Eurídice. Em um momento de descuido, ele deixa a amada sozinha, e o invejoso Aristeu, também caído de amores pela ninfa, aparece na história. Quando retorna, Orfeu descobre que Eurídice morreu e foi enviada para o submundo, e consegue ter a

permissão dos deuses para chegar até Hades, onde lutará para trazer a amada de volta à vida.

Segundo Adryana Rayal, dois fatores contribuíram para a criação da peça. Uma delas é a disposição da companhia em resgatar as histórias clássicas, entre romances e tragédias, assim como os grandes autores. E a tragédia de Orfeu e Eurídice foi a escolhida devido à paixão de seus integrantes pela tradição grega, mas aliada ao teatro contemporâneo. O projeto teve início em 2013, quando conseguiram ser aprovados na Lei Murilo Mendes, com as pesquisas sendo iniciadas no ano seguinte, junto à seleção de atores, músicos e composição de uma trilha sonora original, executada ao vivo. “Houve um processo de estudos sobre a política e a religião da Grécia Antiga com o professor Fábio Fortes, da UFJF. Essa parte foi muito importante, porque não há registros teatralizados de ‘Orfeu e Eurídice’. Foi tudo baseado nesses relatos dos mitos antigos, e continuamos a travar esse diálogo narrado escrevendo a partir dessas informações.”

Ocupando lacunas

A principal diferença apontada pela diretora são as entrelinhas criadas pelo texto. “Você encontrará nos livros de mitologia passagens sobre a história dos dois, e nós demos asas às entrelinhas da história, como o encontro de Orfeu e Eurídice, como se apaixonaram, como Aristeu tentou seduzir a ninfa, a história de Caronte, responsável por transportar as almas em seu barco, Cérbero, que ao invés de ser um cão de três cabeças, passa a ter uma imagem humanizada, transformado num ser debochado, cínico. Até mesmo Hades é humanizado, mostrando que ele também amou um dia”, conta Adryana Rayal.

Além da pesquisa nas fontes mitológicas, “O mito de Orfeu e Eurídice” busca na ópera de Christoph Willibald Gluck e no teatro contemporâneo os ingredientes para não se ter mera reprodução do que já é conhecido. “Aproveitamos partes da ópera para criar uma versão teatralizada dela, mas não abrimos mão de a música ser clássica, antiga e ao vivo. A ópera é algo que já é trágico e comovente por si, e o teatro é uma forma de comunicação que adentra o tempo; acredito que não perdemos a raiz do tradicional, mas também não vamos apresentálo rígido, é preciso que o público seja afetado, provocado. Por isso pegamos a linguagem contemporânea, se usássemos a linguagem rebuscada seria mais difícil atrair o público.”

Nesse aspecto contemporâneo, também faz parte a proximidade com o público. “O Orfeu é o homem simples que quer conquistar essa mulher. Ele vai perguntar ao espectador quem é ela, ‘quem é essa jovem?’. Queremos o espectador respondendo ali, na hora.”

A apresentação de domingo será a primeira em um palco italiano, ao contrário do que vinha sendo feito desde a estreia, no ano passado, em que a história era encenada em um palco grego. “Propomos que essa arena seja um local intimista, as pessoas já estavam sentadas ao nosso lado desde o primeiro espetáculo. Foi uma experiência que funcionou. O público, para nós, é divino, então por que não fazê lo sentir-se divino, mexer com o imaginário do espectador. Quem não quer saber quem é Hades, Caronte?”, indaga Adryana. A tragédia de Orfeu e Eurídice ainda encontra espaço no ideário romântico, acredita Adryana Ryal. “Quem não quer ouvir uma história de amor além da vida? Ela se perpetua além do espaço, mas isso tem se perdido. As pessoas estão perdendo seu lado humano, e Orfeu traz essa humanidade, essa paixão, de se recusar a perder a amada, desafiar os deuses, ir até Hades para salvá-la.

Não se vê esse romantismo hoje, sendo que precisamos de mais romantismo, amizade, fantasia, imaginação. Hoje é tão fácil se matar por amor, brigar ao invés de reconciliar. Cobiçar o do outro é fácil, conquistar pra si é difícil. É preciso nos ligar ainda mais aos laços que nos unem”, acredita.

Maratona de celebrações

Peça que estreou em maio de 2016, “O mito de Orfeu e Eurídice” inicia as comemorações dos dez anos de retorno às atividades da Cia. Teatrando, criada por 1990 por Sebastião Alvim ainda com o nome Grupo Teatrando. Depois da dispersão ocorrida em 2002, alguns dos antigos integrantes decidiram reativar o grupo, agora como uma Companhia, em 2007. “Decidimos iniciar as comemorações com ‘O mito…’ porque é um espetáculo que sempre teve casas lotadas na região, conquistou prêmios em festivais e que virá com novidades para o público”, explica.

Além da tragédia grega, a Cia. Teatrando apresenta no próximo domingo, também no Teatro Solar, o espetáculo infantil “Era uma vez… 1, 2, 3 – Teatrando ludicamente”, também premiado em festivais. Para maio, a previsão é realizar dois Cafés Culturais em local ainda a definir, em que serão discutidos o processo criativo da Companhia; em junho, mês em que se completa os dez anos de retorno, os planos são ainda maiores.

“Queremos fazer o Circuito Teatrando, com quatro espetáculos. A ideia é realizar novas apresentações de ‘O mito de Orfeu e Eurídice’ e ‘Era uma vez…’, além de reapresentarmos ‘O casulo de memórias resignadas’ e estrear o espetáculo ‘As sementes de aço’, com quatro atrizes e cuja temática é a guerra”, encerra.

O MITO DE ORFEU E EURÍDICE

Com a Cia. Teatrando. Domingo, às 18h30, no Teatro Solar (Avenida Presidente Itamar Franco 2.104).

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Arte e vida

Data: 02/04/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/carenciaelementar/

Título: Carência elementar

No topo da Garganta do Dilermando, extensão da Avenida Rio Branco inaugurada em 1972, um painel em concreto homenageava os trabalhadores. A placa permanece. A reverência, no entanto, tornou-se virtual. A inscrição em bronze – “Artífice do progresso – Juiz de Fora reconhece a imortalidade do seu trabalho” – resta como sombra na placa cuja lateral esquerda apresenta relevo de uma fábrica. Referências a uma cidade que em 1976, ano em que a peça foi instalada, perseguia a industrialização tão cara a seu passado. O tempo tratou de suprimir todas as informações contidas no monumento tombado pelo município em 2000, junto de outros 29 elementos urbanos de Juiz de Fora.

Em estilo moderno, a peça dialoga com as jardineiras ortogonais e as pedras circundantes. Tudo degradado. Bastante suja e cercada por oferendas religiosas e por abrigos de moradores de rua, a placa compartilha da mesma realidade vivida por monumentos mais populares na cidade, como o arruinado Painel do Centenário, de Di Cavalcanti, instalado na Praça da República, diante do Cemitério Municipal.

Ainda que possua dispositivos prevendo a conservação de bens tombados, a cidade não dispõe de mecanismos que regulem a manutenção de esculturas públicas. Segundo a Lei Nº 10.777, sobre a proteção do patrimônio cultural local, o tombamento de elementos urbanos como o “Monumento ao Trabalhador” pode ser justificado por ser portador “de referência à identidade juizforana” e sua conservação ser de interesse público.

Contraditoriamente, o inventário de proteção do patrimônio cultural produzido pela Divisão de Patrimônio Cultural (Dipac), setor da Funalfa, descrevendo a situação do bem em 2013, confirma a posse e responsabilidade da Prefeitura para com o elemento e aponta a deterioração. Passados mais de três anos, o cenário é o mesmo. De acordo com informações da assessoria da Secretaria de Atividades Urbanas, elementos como “os bustos que são públicos e instalados em locais públicos” são limpos pela Empav, que em sua página na internet não faz qualquer referência aos monumentos locais.

O que contam as paisagens

Desprovido de suas características originais, o “Monumento ao Trabalhador” tem sua finalidade – a homenagem – usurpada, e sua permanência, então, só se justifica e se ampara pelo tombamento. Segundo o arquiteto e urbanista e professor do programa de pós-graduação em ambiente construído da UFJF Antônio Colchete Filho, “todo o amplo conjunto de elementos urbanos, que se instala nas cidades, tem sentidos e/ou funções variados. Podem ter sentido simbólico e função utilitária (um mero poste de luz que é referência para uma cidade!) ou podem ter intenção simbólica e serem vistos como de mera função utilitária (um busto que se tornou apoio para uma barraca de camelô!).”

“A cidade e seus cidadãos dão sentido a esses elementos ao longo do tempo, para além de sua condição inicial”, aponta o pesquisador, pontuando a diversidade presente em Juiz de Fora. “Alguns são históricos e consagrados, como o Cristo, outros tantos passam despercebidos. É assim mesmo, as cidades não comportam o excesso de informação nos espaços públicos. Há, também, uma recente instalação de elementos artísticos em ruas e praças, que deve ser vista com cuidado, pelo risco de saturação da paisagem.”

Em seu artigo 13, o Código de Posturas do município reconhece estátuas e monumentos como mobiliário urbano e, no artigo seguinte, prevê a autorização do Poder Executivo para que sejam instalados no espaço urbano. Entretanto, inexistem critérios fixados para que haja uma instalação ordenada de esculturas públicas, o que é feito pela Secretaria de Atividades Urbanas. Conforme informações da assessoria de imprensa da pasta, para a fixação de um monumento “é necessário entrar com uma petição em qualquer um dos Espaços Cidadão da Prefeitura”.

Presentes em diferentes pontos – na maioria trevos – da cidade, marcos das associações Rotary Club e Lions Club passaram, segundo a Prefeitura, por tal processo de aprovação. Curiosamente, no entanto, foi permitida a instalação de um marco do Lions justamente no trevo que leva o nome do juizforano Arlindo Daibert, um dos artistas visuais mais reconhecidos e aclamados da cidade. Para Eveline Amaral, irmã do artista, trata-se de um contrassenso de difícil compreensão.

“As cidades não comportam o excesso de informação nos espaços públicos. Há, também, uma recente instalação de elementos artísticos, que deve ser vista com cuidado, pelo risco de saturação da paisagem”

Signos da história da cidade

Em fase de conclusão, a dissertação de mestrado do arquiteto e urbanista Fabrício Teixeira Viana, pesquisador do Núcleo Ágora/CNPQ, na UFJF, carrega o título “Marcos na paisagem urbana de Juiz de Fora” e mergulha na história dos elementos locais. “A inserção de monumentos iniciou-se em 1894 com a colocação de um obelisco em comemoração ao início das obras de rede de esgotos na cidade, no espaço onde hoje fica a Praça Antônio Carlos. Antes disso, a bibliografia referente à história local relata apenas a existência de alguns cruzeiros, que garantiam a ocupação religiosa, além de chafarizes, elementos de importância para a infraestrutura urbana da época. Foi a partir do século XX que o espaço público, principalmente da sua área central, começou a receber monumentos diversos”, pontua, destacando o deslocamento da peça, que “passou pelo Largo do Riachuelo e hoje se encontra na praça Mariano Procópio”.

De acordo com a arquiteta e urbanista Camila Caixeta Gonçalves, da mesma turma de Fabrício no Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído da UFJF, é importante que a história dos elementos seja conhecida. “A cidade é representada através desses elementos, capazes de revelar informações sobre as relações sociais que existiram e ainda existem nos espaços públicos. Os monumentos são signos da história urbana e entendidos como grandes referenciais na cidade, servindo de suporte para as memórias, sentimentos e experiências dos habitantes da cidade”, analisa a estudiosa, reforçando a potência da educação patrimonial para revitalização local.

Descontinuidades

Financiadas pela Lei Murilo Mendes, dispositivo de incentivo cultural da Prefeitura, as seis esculturas criadas pelo artista visual Adauto Venturi que ocuparam pontos distintos da cidade devem ser retiradas dos locais onde foram instaladas ainda neste mês. Como contrapartida do investimento público, Venturi doou duas delas ao município: a releitura do deus Atlas, na Praça Jarbas de Lery, em São Mateus, e a escultura “Ex-escravo louvando aos céus pela sua libertação”, no trevo em frente ao Parque da Lajinha.

Após assinar um termo de doação, o artista repassou, também, a responsabilidade pela manutenção das obras. “Já encontrei a placa de identificação quebrada e a luz queimada. Antes eu cuidava, mas agora passei a bola e não sei quem irá cuidar”, afirma Venturi que, reconhecido por suas pinturas, idealizou o projeto numa viagem à Europa, em 2010. “Nos três meses em que viajei, deparei-me com muitas obras e instalações nas ruas. Haviam exposições nas praças, cada semana uma diferente.”

“Quando retornei, vi que não temos nada, só os bustos no Parque Halfeld e outros poucos. Nada mais”, comenta ele, referindo-se a peças que preservam, sobretudo, ideários, alguns inesperados, como a homenagem da comunidade lusitana a Camões, o poeta, outros questionáveis, como a reverência ao ex-presidente Getúlio Vargas, na Praça do Riachuelo. “Juiz de Fora agradecida”, diz a placa instalada abaixo da estátua de corpo inteiro – formato raro na cidade – do político que em nada guarda relação singular com a localidade.

Para Venturi, “essas homenagens são necessárias, mas não só isso. É preciso ir além, ver a expressão dos artistas da cidade”. Após quase dois anos da instalação do primeiro trabalho, o artista é otimista e acredita ter tido um saldo positivo: “Apesar de uma das obras ter sido depredada em determinado momento, as outras cinco permaneceram intactas”, comenta ele, na expectativa de que suas duas obras doadas não partilhem do mesmo destino de “Relógio solar”, do artista Álvaro Lobo. A obra, instalada no canteiro entre os bairros Cascatinha e Estrela Sul, chega a seu sétimo ano completamente suja, quebrada e repleta de rachaduras. Ironicamente, o mesmo Poder Público que financiou e recebeu a escultura, é o que a negligencia.

O exemplo mora ao lado

“A rua é o aplauso dos medíocres, dos infelizes, dos miseráveis da arte”, escreveu João do Rio, o cronista que definiu a alma da urbe carioca. Sobretudo humana, essa rua da concepção literária do jornalista justifica, segundo Mariana Várzea, a configuração do Rio de Janeiro como um “museu a céu aberto”. Autora de “Arte ambiente cidade” (Editora Uiti), a museóloga e subsecretária de Cultura do Estado defende uma disposição natural da ex-capital brasileira para reunir diferentes e expressivos monumentos públicos. No livro escrito em parceria com o arquiteto Roberto Ainbinder, com fotografias de Cesar Duarte, Mariana inventaria 570 obras, dentre chafarizes, estátuas e esculturas em ferro.

“O Rio tem obras do século XVII, mais jesuíticas e monumentais, e também do século XXI. Isso proporciona caminhar pelas ruas compreendendo a história da arte e a história dos monumentos”, afirma a pesquisadora, pontuando o vanguardismo da cidade. “Quando faz os Arcos da Lapa (pensado para ser um aqueduto), no século XVII, a cidade cria outro nível de intervenção, oferecendo um olhar artístico para a rua.” De acordo com Antônio Colchete Filho, autor de “Praça XV: Projetos do espaço público” (Editora 7 Letras, Faperj), a permanência da cidade como suporte de importantes intervenções transcende a política e atinge camadas mais subjetivas da construção social.

“O Rio é um lugar de forte identidade nacional, logo intervir ali é uma possibilidade de ter grande visibilidade de ações. O espaço público ajuda a consagrar uma intervenção que é bem aceita pela população, assim como tem o poder de rejeitar também. Nesta relação complexa da obra com o lugar se constrói grande parte da memória e identidade urbanas. A Torre Eiffel, que era um monumento temporário, foi rejeitada inicialmente em Paris, e depois a população se armou de paus e pedras para impedir sua retirada”, analisa o professor e pesquisador.

Educação patrimonial

Ainda que não disponha de regulamentações precisas acerca da aquisição e conservação de seus elementos urbanos, a capital fluminense alcança status exemplar no país por apostar em tais dispositivos para revitalizar espaços. “Quando um espaço público ganha uma obra de arte pública ganha, também, potência de revitalização. A esquina deixa de ser esquina para ser um pequeno salão de arte. O lugar ganha tridimensionalidade simbólica”, aponta Mariana, destacando um programa municipal da década de 1990 que incentivou a aquisição de novas peças.

Responsável pela manutenção de 1.374 monumentos públicos cariocas, entre bustos, chafarizes, lagos e ruas com calçamento em pé-de-moleque, a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente da cidade possui uma gerência exclusiva para esses elementos. De acordo com informações da assessoria da pasta, “quando o caso é de reposição de peças em bronze de um monumento e existe a necessidade de restauração do mesmo, por exemplo, é necessário que seja elaborado um orçamento para um projeto com as especificidades da peça e para contratação do serviço. Isso não faz parte do orçamento destinado à gerência, e é necessária a aprovação do secretário para a sua execução.

Segundo Mariana Várzea, para a gestão eficiente e historicamente justa de monumentos públicos, é necessário que exista um programa complexo, resultante de parcerias entre comunidade, Poder Público e órgãos de pesquisa histórica e cultural. “A conservação da arte pública é um combinado entre a ação da prefeitura e uma sensibilização da população em relação à sua importância. A gente só preserva o que conhece”, adverte. O desconhecido, portanto, como o “Monumento ao trabalhador”, na Garganta do Dilermando, pode ser, apenas, ruína a simbolizar decadências muito mais profundas.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 02/04/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/o-saber-e-a-vitalidade-de-um-povo-sinto-que-posso-ser-util-socialmente/

Título: “ O saber é a vitalidade de um povo”

De blazer, vestido estampado, saltinho e cabelos bem-feitos, ela chegou à Estácio de Sá. “É ela!”, dissemos juntos eu e o repórter fotográfico Leonardo Costa, enquanto víamos a senhora esguia se aproximando, de bolsa a tiracolo e andar firme. “Vocês são da Tribuna?”. A confirmação de que precisávamos. Chegava Dona Nilzia Fontes de Oliveira, 83 anos, recém-formada em direito, que havia colado grau na noite anterior. Desculpou-se pelo atraso que não cometeu, “ontem fui me deitar mais tarde por causa da formatura”, e com a serenidade de quem sabe o que diz, conduziu-nos a uma sala de aula para podermos conversar. “Tem uma sala que fica vazia neste horário”. Assim seguimos.

Dona Nilzia, que completou 83 anos no último dia 31, tem mais duas formações superiores: pedagogia, em que ingressou quando já era mãe, com seus 30 anos; e jornalismo, que cursou como um sonho a ser realizado, e uma herança familiar a ser pleiteada. Sobrinha de Pedro Gonçalves de Oliveira, um dos fundadores da PRB3 e pioneiro da radiofonia juizforana, Nilzia também era filha de jornalista. Seu pai era Jônatas de Oliveira, irmão do radialista. “Cursei pedagogia na UFJF, e na época achava que não tinha base para tentar jornalismo que era meu sonho, porque eu vinha do supletivo e já trabalhava como servidora da saúde do estado. Queria me informar, entender o mundo, e a pedagogia também me proporcionou isso. Mas essa minha veia para a comunicação era muito forte, algo presente na minha vida desde sempre”, diz ela.

Como ninguém duvidaria ao ver Dona Nizia falar sobre sua trajetória de vida, o desejo em ser jornalista se realizou. Quando já aposentada como servidora, aos 72 anos, ela ingressou no curso da Estácio de Sá. “Não cheguei a ter vínculo contratual, mas sigo escrevendo artigos, resenhas, poesias e trovas. Sinto falta de quando saíamos para fazer coberturas com o equipamento da faculdade, eu carregava câmera, microfone, tudo, cada dia era uma história”, relata ela, que ocupa a 28ª cadeira da Academia de Letras da Manchester Mineira e tem dois livros no prelo, um de escritos livres e outro que relata a história da Rádio Solar em Juiz de Fora, tema que abordou em sua monografia de conclusão de curso no jornalismo. “Perdi

tudo com um HD queimado, e os técnicos estão fazendo de tudo para recuperar.”

‘Sinto que posso ser útil socialmente’

Com duas graduações, uma aposentadoria, viúva, morando sozinha, desacelerar aos 78 anos não fazia parte dos planos de Dona Nilza, o que já nem surpreende a essa altura da conversa. “Os fatos, os acontecimentos me incomodam de tal forma que tenho vontade de participar, melhorar, fazer minha parte como cidadã. Com minha vivência e conhecimento, sinto que posso ser útil socialmente. E por isso fui fazer direito, como complemento da comunicação. A sociedade precisa de quantas pessoas esclarecidas puder ter”, conta ela, que já sente saudades dos colegas de turma e do corpo docente. “Tive muito carinho de todos, inclusive fui homenageada na colação por ser a aluna mais velha e por me considerarem um

exemplo. Eu espero que, formados, a gente consiga equilibrar a Justiça com atitude e verdade, pois ela, como o STF e outras instituições brasileiras, estão completamente desacreditadas”, conta ela, que foi aplaudida pela filha Maria Lúcia, de 60 anos, seus netos e mais familiares enquanto recebia o diploma.

A idade pode até não permitir mais alguns luxos, como ler sem os óculos e relaxar com a alimentação (“Quando ia lanchar com a turma, ficava atenta ao que podia comer”), mas não ofuscaram o senso crítico de Dona Nilzia, ou fizeram com que ela se omitisse em suas opiniões, mesmo as mais sujeitas a polêmicas. “Minha monografia do direito foi sobre a redução da maioridade penal para 16 anos. Não há distinção entre os crimes, e nem instituições preparadas para ressocializar os jovens. Eles são jogados em lugares sem estrutura, verdadeiras escolas do crime. Qual o bem social disso?”, questiona a recém-formada.

Com seus anos de janela, Nilzia assiste com tristeza à tensão política, social e econômica que assola o país na atualidade. “As pessoas estão apáticas porque não entendem o que está acontecendo no Brasil. Estudei e estudo tanto porque o saber é a vitalidade de um povo. Compartilhar este saber com quem não pode tê-lo é obrigação de quem tem acesso a ele. Uma sociedade que não sabe se sujeita à situação em que o país está hoje, um dos piores momentos de nossa história.”

Poucos dias antes da colação de grau, Dona Nilzia andou hospitalizada, coisa boba, uma gripe mais forte. “Queria só tomar um soro, mas me reviraram toda, fizeram até tomografia, vê se pode”, diz ela, feliz por ter se recuperado antes dos festejos. Depois de nossa conversa, iria até o Núcleo de Prática Jurídica para se informar sobre cursos de pós-graduação. A área que pretende estudar? Direito Criminal. “Quero descansar só um pouquinho, mas já tenho a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pela frente e a área criminal pode até ser desgastante para mim, porque mexe muito com sentimentos e subjetividades, e eu já tenho alguma idade. Mas escolhi não me entregar às limitações da velhice, e se Deus me fez tão dinâmica, tenho que corresponder.”

Cheia de planos, Dona Nilzia sabe bem seu lugar na vida, no mercado e na sociedade: onde ela quiser, e faz jus à máxima. “A emancipação da mulher caminha lentamente. Minha mãe não poderia fazer o que estou fazendo. Ainda somos mais vítimas do que cidadãs, a política e o mercado ainda nos discriminam… Mas a mulher tem que ir para o campo de batalha, as que puderam estudar e as que não. O importante é nos unirmos para formar uma outra mentalidade sobre o papel e os direitos da mulher.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 02/04/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/ainda-temos-que-trabalhar-muito-para-reduzir-a-desigualdade/

Título: ‘Ainda temos que trabalhar muito para reduzir a desigualdade’

Acadêmico radicado há doze anos nos Estados Unidos; professor da Universidade de Tulane, em Nova Orleans; graduado em jornalismo e mestre em ciências políticas pela Universidade de Brasília e doutor em comunicação social pela Universidade da Califórnia, em San Diego. Com currículo invejável, Mauro Porto visitou o Brasil no início do mês passado para ministrar palestras sobre relações entre a mídias e a crise política brasileira. Em visita a Juiz de Fora, como convidado pela UFJF, o docente recebeu a reportagem da Tribuna para uma entrevista exclusiva e falou sobre o cenário nacional e as ameaças a preceitos democráticos com a polarização social e a crescente onda conservadora mundial.

Tribuna – À distância, como a comunidade acadêmica internacional tem observado a atual situação política do Brasil?

Mauro Porto – A crise brasileira apresenta uma dificuldade muito grande de entendimento tanto para os cientistas sociais como para pesquisadores da área de humanas. Na realidade, ninguém previa o desfecho dos acontecimentos da forma que ocorreram. Passamos de um período em que havia grande euforia com relação ao Brasil como país emergente, que estava na fronteira do processo não só de consolidação democrática, como de inclusão social. Há muita perplexidade de entender como a situação se transformou de forma tão rápida e tão dramática. É um tema que a academia tanto brasileira como de brasilianistas tem tido muita dificuldade de explicar.

Mas já é possível explicar de alguma forma esta “confusão” na qual se meteu o pais?

Qualquer esquema interpretativo muito simplista não vai dar conta de fatores que expliquem a crise brasileira. Alguns são mais importantes. Em que pese todo o processo de inclusão social, de redução da pobreza e da desigualdade social, o país falhou ao não enfrentar algumas de suas reformas mais importantes. Uma delas, sem dúvidas, foi a incapacidade de se fazer uma reforma política. O Brasil tem um dos sistemas partidários mais fragmentados do mundo, o que gera óbvias dificuldades de governabilidade, o que gerou um presidencialismo de coalizão muito difícil de ser gerenciado. Em que pese também todas as conquistas dos dois mandatos do ex-presidente Lula – particularmente, a redução da pobreza e da desigualdade, houve uma agenda que priorizou algumas questões que certamente geraram consequências negativas. Agora está cada vez mais evidente que o caixa dois era um processo que perpassava todos os partidos e todo o sistema eleitoral do Brasil. O não enfrentamento do financiamento de campanha e da fragmentação partidária, tudo isso, gerou muitas dificuldades posteriores.

Você falou da necessidade de uma reforma política no país. Você acredita que o Brasil tenha perdido o “bonde da história”?

Tivemos momentos mais oportunos para fazer uma reforma política de peso. Tanto nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique – principalmente no primeiro mandato, quando havia maior capital político, maiores índices de aprovação e mais base de sustentação , quanto nos

dois mandatos do presidente Lula, quando havia altos níveis de popularidade. Agora, temos um quadro de polarização política e de crise institucional muito grave em que acordos políticos são muito mais difíceis. Creio que, pelo menos, teremos que esperar as próximas eleições presidenciais para tentar gerar alguma condição de debate.

Vemos hoje em dia uma discussão que se desenha cada vez mais extremada, pautada em rótulo de direita versus esquerda. Há algum fenômeno social que tenha levado a isto?

Temos várias polarizações no Brasil. Há uma polarização partidária. Desde 1994, as eleições presidenciais estiveram polarizadas entre os dois principais partidos: o PSDB e o PT. Porém, a principal polarização que se estabeleceu no país com a redução da desigualdade social é a polarização entre ricos e pobres. Estamos em um país tão desigual que a classe média tradicional é vista como parte da elite. Existem pesquisas de opinião pública feita com as chamadas classes A e B que demonstram certo incômodo destas classes com o processo de inclusão social e com o que alguns chamam da “nova classe média” ou da “nova classe C”. A base da mobilização dos mais ricos tem a ver com certo ressentimento com relação aos processos de inclusão social. Um exemplo é a regulamentação do trabalho doméstico, que torna o tradicional emprego doméstico mais caro e mais difícil para as classes que historicamente se beneficiaram de uma mão de obra feminina e relativamente barata. Quando há um processo de inclusão social, que expande os direitos trabalhistas para um grupo de trabalhadores que tinham uma função mais frágil, gera um certo ressentimento da classe média tradicional. Outros acadêmicos também chamam a atenção para o incômodo que a classe média sentiu quando seus espaços tradicionais como aeroportos e restaurantes passaram a ter a presença de um novo ator – que alguns chamam de “nova classe média” ou “nova classe C”. Isto faz parte do caldo de cultura que alimenta uma nova onda conservadora no país.

Fiz meu “dever de casa” e sei que você não gosta muita da “nova classe média”. Por qual razão você não considera este um termo adequado para definir esta parcela da sociedade?

Não é uma nova classe social. Temos que ser mais cuidadosos. A distinção a partir desta classificação A, B, C, D e E vem do mercado publicitário e tem mais a ver com capacidade de consumo do que sua posição social. Renda é absolutamente central para definir pobreza, mas o aumento da renda não necessariamente significa a superação da pobreza. Há estudos que ressaltam que, para isto, também serão necessários acessos a terra e a saneamento básico, por exemplo. Acredito que buscou-se classificar muito rapidamente estes novos setores incluídos como uma nova classe social, quando, na verdade, a inclusão foi parcial, apesar de importantíssima e de tirar cerca de 30 milhões de brasileiros da pobreza. Porém, estas pessoas continuaram enfrentando condições de vida muito difíceis e continuaram tendo aspirações como, por exemplo, um modelo de transporte menos caro e melhores condições de moradia. O processo foi incompleto. Houve, sim, uma melhora nas condições de vida daquilo que alguns economistas chamam de subproletariado, que são assalariados como os empregados domésticos, trabalhadores de pequenos negócios, do setor informal da economia… Estes trabalhadores têm uma condição mais frágil que a classe trabalhadora tradicional, que é sindicalizada e detém direitos trabalhistas. Houve uma melhora, mas isto não quer dizer que nós assistimos a uma nova classe social. Há uma distância enorme entre a classe média tradicional e estes setores. Quando se fala a “nova classe C” estes setores que supostamente adentraram a “classe C” ainda estão muito mais próximos da “classe D” do que da “classe B”. O rótulo de “nova classe média” ou “nova classe C” superestima a dimensão da inclusão. Ainda temos muito o que trabalhar para diminuir a desigualdade no Brasil.

Vemos hoje o crescimento de discursos de extrema-direita, o que pode ser exemplificado pela eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos e pelo fato de o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) pontuar significativamente em pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais do ano que vem. O senhor acredita que exista algum fator mundial que abra espaço para esta linha mais radical?

Não há dúvida nenhuma que estamos enfrentando uma onda global conservadora. As evidências disto são claras. Não só pela eleição de governantes de coalizões mais conservadoras, como também por surpreendentes resultados eleitorais como o “Brexit”, no Reino Unido e de Trump nos Estados Unidos… Contudo, as causas desta onda são diferentes em diferentes regiões do mundo. Fenômenos como o “Brexit” e o Trump me parecem que estamos colhendo as consequências de um processo de globalização marcado por políticas neoliberais. Se olharmos a região dos Estados Unidos que determinou a eleição do Trump, ela tem conexões claras com o processo de globalização neoliberal ao qual estou me referindo. Trump perde nacionalmente por quase três milhões de votos, mas a vitória no colégio eleitoral acontece nos estado que eles chamam de “upper midwest”, como Michigan, Illinois, Ohio… Trata-se do setor da antiga economia industrial, que passa por dificuldades financeiras exatamente devido a políticas neoliberais que levaram a uma desindustrialização daquela região sem nenhuma política pública por parte do Governo federal que fornecesse alguma alternativa de sustentação econômica e social. Este é o quadro dos Estados Unidos e um pouco do quadro que compõem a explicação do Brexit. No Brasil, as causas são mais complexas. Há um realinhamento político eleitoral impressionante. Há uma crise da esquerda e uma dificuldade deste grupo de mobilizar a base da pirâmide social, da mesma forma que Lula conseguiu fazer em 2006 e transferir para sua sucessora (Dilma Rousseff, PT).

Seria então a eleição do Trump uma espécie de recado de setores insatisfeitos, com a opção por um outsider? No Brasil, nas eleições do ano passado, também tivemos candidaturas vitoriosas de nomes que se pautaram pelo descolamento da política, como João Dória (PSDB), em São Paulo, e Alexandre Kalil (PHS), em Belo Horizonte. Isto também seria uma espécie de “recado”? Esta negação da “política” não seria algo prejudicial à sociedade?

O quadro é preocupante. A medida em que a crise política se aprofunda todas as forças institucionais podem ser comprometidas pela mesma perda de credibilidade. Temos um quadro em que quase todos os partidos são vistos como agentes contaminados pela corrupção, o que abre espaço para projetos político até de natureza não democrática. Temos razões para estar muito preocupados com esta onda “antipolítica”. Qualquer candidato que se apresente como “antipolítico”, ele próprio está fazendo um ato político. Qualquer eleitor que diga que não gosta de político está fazendo um ato político. Temos que procurar resolver nossos conflitos dentro do marco democrático. Há sim a preocupação de que este sentimento de insatisfação seja mobilizado por atores não democráticos. Isto é um perigo real.

Qual o papel da população neste momento de ruptura e polarização? É uma vítima manipulada ou tem manifestado um anseio real?

Os anseios populares não estão dados. Existem anseios importantes e legítimos que qualquer sistema representativo deve buscar atender. Mas os atores políticos têm um papel importantíssimo de mobilizar e canalizar estes anseios. Existem razões legítimas para a população estar indignada. Mas temos que estar conscientes de que há possibilidade de, de forma oportunista, alguns atores políticos tirarem proveito disto não para criar um sistema que dê mais resposta aos anseios populares, mas, pelo contrário, criar um sistema político que elimine qualquer possibilidade de representação democrática e impeça avanços importes de setores mais desprotegidos.

Este cenário é um fomento à chamada crise de representatividade, uma vez que temos um Congresso formado por uma maioria de homens, brancos, ricos e de meia-idade, enquanto minorias sociais não conseguem se ver representadas no sistema?

Um parlamento para ser representativo precisa representar minimamente os diversos interesses e grupos sociais que compõem a sociedade. No Brasil, temos uma situação lamentável. Com relação à participação das mulheres, estamos abaixo de países onde a mulheres têm seus direitos restritos. O mesmo vale para os negros. Este tipo de representação não pode funcionar bem. Isto é um grave entrave à democracia brasileira, que só pode ser superado através de políticas públicas. Se quisermos melhorar a representação, temos que melhorar os mecanismos em todas as esferas e a forma como os diversos grupos sociais são representados simbolicamente na sociedade. Me refiro ao modo como diversos grupos sociais são representados na mídia e nos programas de televisão e imprensa, particularmente a população negra e os mais pobres. Lá fora, muitos ainda se surpreendem com certos padrões que ainda temos na mídia brasileira de vieses racistas.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 03/04/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/convenio-viabiliza-parceria-entre-ufjf-e-santa-casa/

Título: Convênio viabiliza parceria entre UFJF e Santa Casa

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Santa Casa de Misericórdia firmaram convênio que viabiliza a realização de estágio curricular e residência médica em Ginecologia e Obstetrícia nas instituições. Na última semana, representantes das entidades se reuniram com objetivo de formalizar a parceria. Com o acordo, alunos de graduação em Medicina da UFJF e residentes da Santa Casa e do Hospital Universitário poderão integrar os dois serviços.

As instituições estão ligadas historicamente, e o novo convênio representa a retomada de uma antiga parceria. A expectativa é de que a ação colabore para avanços nas duas entidades e também no Hospital Universitário (HU), permitindo que os alunos ampliem suas atividades na área envolvida e tenham experiências práticas por meio do SUS.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 03/04/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/evento-na-ufjf-debate-desenvolvimento-do-turismo-na-zona-da-mata/ 

Título: Evento na UFJF debate desenvolvimento do Turismo na Zona da Mata 

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) sedia, nesta terça- feira (4) uma reunião entre a Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, o Circuito Turístico Caminho Novo e setores de turismo de Juiz de Fora. No encontro, que acontece a partir das 13h, no anfiteatro do Instituto de Ciências Humanas (ICH), serão abordados aspectos para o desenvolvimento do turismo na Zona da Mata e alguns roteiros a serem aplicados na região. A reunião é aberta ao público. Confira a programação:

13h – Apresentação dos Programas do Estado para o desenvolvimento do turismo nos municípios – deputado estadual Ricardo Faria

13h20 – Apresentação institucional sobre a Secretaria de Turismo de Minas Gerais, com o secretário Márcio Ribeiro

– Nova Estrutura da Secretaria de Turismo

– Mapa do Turismo Brasileiro

– Agrupamento dos Circuitos Turísticos

– ICMS Turístico – Diretrizes Básicas

14h30 – Gestão do Circuito – Desafios e perspectivas para o ano, com Daniele Feyo

15h Palavra Franca

15h30 – Encerramento

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Arte e Vida

Data: 03/04/2017

Link: http://www.tribunademinas.com.br/cine-theatro-central-abre-inscricoes-para-ocupacao/

Título: Cine-Theatro Central abre inscrição para ocupação

Interessados em utilizar o Cine-Theatro Central já podem se inscrever para a ocupação de 30 vagas entre os dias 15 de maio e 31 de outubro. Podem participar do pleito pessoas jurídicas (produtores teatrais, associações de classe, entidades, grupos de artistas, entre outros) ou pessoas físicas, com limite de até seis projetos por proponente. As inscrições podem ser feitas presencialmente, de terça a sexta, das 9h ao meio dia e das 14h às 17h, ou pela internet, com envio de email para cinetheatrocentral@ufjf.edu.br , com assunto “Inscrição Edital de Ocupação”, até o dia 10 de abril. Tanto os formulários de cadastro quanto a declaração de representação estão disponíveis no site do teatro.

O resultado dos projetos selecionados será divulgado no dia 13 de abril. Caso haja pedido de recurso, uma nova divulgação deverá ser feita no dia 18 de abril, com lançamento final no dia 20. Os projetos inscritos passarão por um processo de triagem, no qual será verificada a apresentação de informações e documentação necessária. Os projetos classificados nesta fase serão, em seguida, avaliados pelo Conselho Diretor do Cine-Theatro Central, que os julgará com base em quatro critérios: mérito (originalidade, criatividade e inovação), capacidade de execução, relevância cultural e abrangência de áreas diversas no projeto.

Além das 30 vagas atuais, ainda serão disponibilizadas outras 40, sendo 25 voltadas à demanda espontânea, cuja inscrição pode ser feita a qualquer momento, entre 21 de abril e 31 de outubro, e ao Edital Projeto Luz da Terra, que, ainda sem data para ser aberto, ofertará 15 datas à produções locais.