A desigualdade social é um assunto frequentemente discutido no meio político brasileiro, pois afeta áreas como a economia, a educação, os relacionamentos interpessoais e um setor em especial: a saúde. Para entender de forma sistemática a situação brasileira em relação à saúde, o professor do Departamento de Ciências Sociais da UFJF, José Alcides, utilizou dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Saúde (IBGE) no ano de 2013.
A PNS é formada por questionários que visam três perspectivas. A primeira refere-se à avaliação qualitativa que o indivíduo faz da própria saúde física e emocional. Na segunda parte atém-se a fatores de risco à saúde associados à qualidade de vida no que diz respeito a alimentação, prática de atividades físicas e uso de entorpecentes. O terceiro ponto alia as respostas às questões anteriores à possível ocorrência de doenças familiares.
Tendo os dados brutos disponibilizados pela pesquisa, o professor José Alcides procurou ao longo dos três anos como Bolsista em Produtividade e Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) detalhar estatisticamente os dados encontrados, verificando se há alterações na distribuição dos efeitos entre as diferentes categorias socioeconômicas. A pesquisa encontra-se em fase final e tem previsão de ser concluída no fim deste ano.
Etapas da pesquisa
Em um primeiro momento, a pesquisa buscou entender as discrepâncias oriundas da desigualdade social na população brasileira. Para dividir a sociedade em classes, José Alcides utilizou alguns fatores como marca socioeconômica: “a questão de classe tem um papel central nesse estudo, mas para isso utilizei alguns indicadores que são empregados pela sociologia, como a educação no sentido de circunstância e a renda”, afirma o professor.
Os indicadores foram importantes para entender a evolução temporal em relação às pesquisas dos anos anteriores. Ao comparar o professor pode perceber que “o estado da saúde piora para todos, mas a desigualdade diminui pois os grupos que têm maior renda perdem mais”. De acordo com o pesquisador, a pesquisa traz ainda como aspecto inovador “a distinção entre capital e interior de todos os Estados brasileiros, o que aponta a variação entre as regiões”.
Ao tomar como exemplo os resultados iniciais a respeito da desigualdade no acesso à saúde de qualidade entre homens e mulheres, José Alcides concluiu que “a probabilidade média da mulher não ter saúde boa é de 27,1%, contra 22% do homem. Sendo que essa desigualdade de gênero persiste mesmo quando são controladas as diferenças de níveis de educação e de renda entre homens e mulheres”. José Alcides ressalta o interesse dos alunos pela temática da pesquisa. “Atualmente tenho seis bolsistas e dois orientandos de mestrado e doutorado sobre o tema da pesquisa”.