mestrado história

Luiz Antonio Belletti Rodrigues defendeu a dissertação no último dia 21 de fevereiro na UFJF (foto: Luiz Carlos Lima/UFJF)

“Meu avô era italiano, sempre me dizia que os estrangeiros sofreram uma perseguição em Juiz de Fora, mas eu não encontrava isso escrito nos livros de história.” A partir dessa inquietação, o mestrando do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Luiz Antonio Belletti Rodrigues, decidiu desenvolver o estudo “Perseguições a estrangeiros em Juiz de Fora durante o Estado Novo: autoritarismo e repressão no contexto da Segunda Guerra Mundial.”

A pesquisa propõe um olhar local, com fontes pouco exploradas, sobre um período histórico importante, entre 1937 e 1945, que geralmente é retratado apenas sob a perspectiva de grandes centros urbanos. “Trabalhei no arquivo histórico de Juiz de Fora e, quando estava lá, recebemos o Arquivo de Crime Municipal, vindo do Fórum. Comecei a ter contato com alguns processos envolvendo os moradores da cidade durante o Estado Novo, descobri coisas que não eram de conhecimento das pessoas”, destaca o acadêmico.

Além dos dados de processos, disponíveis no Arquivo de Crime Municipal, o mestrando analisou documentos da Polícia Política e fez uma intensa pesquisa bibliográfica. “Busquei relatos de autores que tratavam do assunto em outros locais, principalmente na região Sul do país. Analisei também todas as edições de jornais impressos, publicados entre 1939 e 1945, que traziam notícias sobre a perseguição de estrangeiros em Juiz de Fora.”

O pesquisador ressalta que a imprensa executou um papel importante na construção da imagem no Estado Novo, promovendo a perseguição aos estrangeiros que residiam no Brasil. “Conseguimos ver nitidamente o controle da informação, tínhamos um Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que levou uma cidade como Juiz de Fora, fundada por alemães, a se esquecer do passado e perseguir seus moradores estrangeiros.”

Entre os casos analisados, está a perseguição sofrida pelo então prefeito de Juiz de Fora, Rafael Cirigliano, indicado ao cargo pelo interventor Benedito Valadares. “Ele era descendente de italianos e foi duramente perseguido pelo Jornal Sentinela que o acusava de ser fascista. Além disso, outro processo revela que o prefeito recebia ameaças por meio de cartas anônimas. Pouco tempo depois ele foi transferido pelo governo para outra cidade”.

De acordo com o professor orientador da pesquisa, Fernando Perlatto Bom Jardim, um dos diferenciais do estudo é a inter-relação de três níveis de localização: Juiz de Fora, Brasil e Mundo. Com isso, o mestrando propõe um novo olhar para o contexto mundial durante a Segunda Grande Guerra. “O segundo ponto mais relevante é que, geralmente, os estudos sobre o Estado Novo, feitos sob a percepção dos estrangeiros, acabam sendo executados sobre regiões mais centrais, como o Rio de Janeiro que era a capital da época. Entretanto, ainda não há muitas pesquisas sobre olhares mais locais, como a feita por este estudo.”

Luiz Antonio dará continuidade às pesquisas sobre o assunto.  Ele ingressou no doutorado do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), com o intuito de aprofundar as análises a partir dos resultados obtidos durante o mestrado. “O Brasil já passou por diversos momentos autoritários, precisamos utilizar da história para impedir que isso aconteça de novo”, defende o acadêmico.

Contato:
Luiz Antonio Belletti Rodrigues (mestrando)
luizbelletti@hotmail.com

Prof. Dr. Fernando Perlatto Bom Jardim (orientador – UFJF)
fperlatto@yahoo.com.br

Banca examinadora:
Fernando Perlatto Bom Jardim (orientador – UFJF)
Valéria Lobo (UFJF)
Luciano Aronne Abreu (PUC-RS)

Outras informações: (32) 2102-3129 – Programa de Pós-Graduação em História (PPGH)