doutorado Ciências Biológicas

Michélia Gusmão destacou oportunidade de aprendizado no laboratório de Estrutura e Função de Proteínas do Departamento de Bioquímica da UFJF  (foto: Jade Uchoas/UFJF)

A esquistossomose é uma doença tropical que acomete milhões de pessoas em todo o mundo. A falta de vacina para essa patologia helmíntica impulsiona a busca por moléculas antigênicas (que têm a capacidade de gerar anticorpos), oriundas dos parasitos do gênero Schistosoma. Dentre as moléculas consideradas como promissoras, se encontra a proteína ATP-difosfohidrolase de Schistosoma mansoni.

A tese “Caracterização Imunológica e Indução de anticorpos IgE por epitopos compartilhados entre asSmATPDases de Schistosoma mansoni e a apirase de Solanum Tuberosum” desenvolvida pela doutoranda Michélia Antônia do Nascimento Gusmão pesquisa como as proteínas da família das ATPdifosfohidrolase, que se comportam como antígenos (proteínas estranhas ao organismo) seriam capazes de estimular a indução de anticorpos IgE –  o que pode contribuir no tratamento de pacientes acometidos pela esquistossomose. O estudo foi apresentado no dia 17 de fevereiro, no Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (PGCBIO), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

O trabalho foi desenvolvido aplicando a proteína da batata em camundongos; posteriormente, esses animais foram infectados com o parasito Schistosoma mansoni, que causa a doença popularmente conhecida como xistosa, ou “barriga d’água”. Segundo a pesquisadora, os resultados obtidos com o método apontam para um envolvimento destas proteínas com o estímulo a fabricação de anticorpos IgE – o que seria inédito na literatura científica.

“Observamos que houve uma redução da área dos granulomas (estruturas formadas pelas células de defesa do mamífero e pelos ovos do verme que ficam retidos em órgãos como o fígado), os quais são responsáveis pelos agravos da doença. Além disso, os soros desses animais e soros de pacientes doentes, com esquistossomose, foram capazes de reagir com anticorpos da classe IgE, sugerindo que as regiões comuns e compartilhadas entre as proteínas da batata e do parasito seriam responsáveis pela indução desses anticorpos, comumente encontrados ao longo da infecção pelo verme.  Desta forma, os resultados obtidos comprovam que as proteínas da família das ATP difosfohidrolases, que se comportam como antígenos (proteínas estranhas ao organismo) seriam capazes de estimular a indução de anticorpos IgE”, afirma.

A professora Priscila de Faria Pinto, do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) – que orientou o trabalho, reitera a importância dos estudos envolvendo essas substâncias. “Estamos trabalhando com uma família de proteínas ainda pouco explorada, principalmente em parasitos. Esta proteína pode estar diretamente envolvida nos mecanismos pelo qual estes parasitos interagem e sobrevivem em seu hospedeiro mamífero, sendo inclusive proposta como provável alvo terapêutico no combate a estes parasitos.”

Ainda segundo a docente, o resultado do trabalho assinala possíveis aplicações do objeto de estudo na melhora dos pacientes afetados pela esquistossomose e outras enfermidades. “Isso possibilitará o emprego destas proteínas como terapia ou imunoterapia para algumas doenças, nas quais precisamos elevar o aumento policlonal de anticorpos IgE, tais como asma e alergias; com isso, seríamos capazes de reduzir os sintomas maléficos.”

A pesquisa contou com a colaboração da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e da Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro (FIOCRUZ/RJ) e de Minas Gerais (FIOCRUZ/MG). A riqueza de informações obtidas só foi possível com o apoio destas instituições.

“Trabalhar com pesquisa é algo que exige muito estudo, dedicação e investimento. Além disso, ninguém trabalha sozinho, sempre aprendi no laboratório de Estrutura e Função de Proteínas do Departamento de Bioquímica da UFJF que somos uma equipe e precisamos de apoio de colegas de dentro da Instituição e de fora dela. Por isso, agradeço muito a  colaboração valiosa de instituições parceiras, e espero que a UFJF possa continuar proporcionando e financiando essas parcerias para que novos trabalhos sejam concretizados”, finaliza a acadêmica.

Contato:
Michélia Antônia do Nascimento Gusmão (doutoranda)
micheliajf@oi.com.br

Prof. Dra. Priscila de Faria Pinto (orientadora)
priscila.faria@ufjf.edu.br

Banca examinadora:
Priscila de Faria Pinto (orientadora – UFJF)
Olavo dos Santos Pereira Júnior – UFJF  
Juciane Maria de Andrade Castro – UFJF
Marcos José Marques – Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL)
Luiz Cosme Cotta Malaquias – UNIFAL
Eveline Gomes Vasconcelos – UFJF (Suplente Interno)
Ivo Santana Caldas – UNIFAL (Suplente Externo)

Outras Informações: (32) 2102 – 3220 – Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (PGCBIO)