Eles chegaram à Juiz de Fora no século XIX e se tornaram figuras importantes para a estruturação e o desenvolvimento local. Ao andar pelas ruas da cidade facilmente percebemos a influência deixada pelos imigrantes italianos, principalmente, quando observamos os imponentes prédios da região central.
Partindo dessa percepção e da vontade de estudar suas origens, o mestrando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e descendente de italianos, Rafael de Souza Bertante, decidiu estudar a forma como a imigração italiana ocorreu na cidade por meio da dissertação “Um olhar sobre a sociabilidade maçônica da Unione Italiana Benso Di Cavour”. O estudo foi apresentado nesta quarta-feira, 15.
A pesquisa teve como recorte temporal o período de maior intensidade da chegada dos italianos, entre o fim do século XIX e a década de 1920. Com isso, foi possível identificar que estes imigrantes chegavam a Juiz de Fora para ocupar empregos urbanos, a maioria na construção civil.
“O projeto busca identificar os meios de sociabilidade desses italianos, analisando as formas como eles se agregaram em grupos de ajuda mútua e como isso proporciona estabilidade tanto para permanecer socialmente e economicamente na cidade”, explica o acadêmico.
O associativismo possibilitou a união dos italianos, a preservação da cultura e promoveu uma interação com a população local. “Eram nas associações que eles comemoravam as datas mais importantes do calendário italiano. Além disso, conseguiam convidar outros moradores da cidade para participarem dessa interação”, destaca Rafael.
Ainda de acordo com o mestrando, era também nesses espaços que se faziam parcerias de trabalho. “O Pantaleone Arcuri buscava dentro das associações outros italianos, que trabalhavam com a construção civil ou setores relacionados, promovendo uma união com objetivo de obter um trabalho de maior qualidade”.
O principal espaço de associativismo analisado pela pesquisa é a Loja Maçônica Unione Italiana Benso Di Cavour, fundada em 1902. “Quando os italianos maçônicos começaram a sair da Itália, levaram consigo a formação de lojas maçônicas de carácter étnico e esta foi a única com essa característica e denominação que encontramos aqui no Brasil”, revela o pesquisador.
“A ideia deste trabalho não é esgotar o tema, mas manter uma pesquisa e, sobretudo, chamar a atenção para a imigração italiana em Minas Gerais, pois vemos muitos trabalhos sobre o assunto no estado de São Paulo quando a nossa região também recebeu essas pessoas”, defende o mestrando.
Para o professor orientador da pesquisa, Marcos Olender, o trabalho ajuda a compreender a participação dos imigrantes italianos na estruturação política, econômica e social da cidade. “Um estudo como este aponta várias possibilidades e caminhos de pesquisa, em um recorte temporal bem preciso, com possibilidade de se aprofundar diversas questões.”
Contato:
Rafael de Souza Bertante (mestrando)
rbertante@gmail.com
Prof. Dr. Marcos Olender (orientador)
olender@terra.com.br
Banca Examinadora:
Marcos Olender (orientador – UFJF)
Ronaldo pereira (UFJF)
Antonio Decuggiero (Puc-RS)
Outras informações: (32) 2102-3129 – Programa de Pós-Graduação em História