Dentre os municípios pertencentes à região do Médio Rio Doce, Governador Valadares destaca-se no cenário das doenças endêmicas regionais, como uma das cidades de maior prevalência em casos de dengue, tuberculose, leishmaniose e hanseníase. Em relação à hanseníase, o diagnóstico de casos novos em menores de 15 anos evidencia a presença de focos recentes de transmissão. Em estudos recentes realizados na cidade, pela professora Lúcia Fraga, do Departamento de Ciências Básicas do campus avançado de Governador Valadares Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), com o apoio da Secretaria Municipal da Saúde e da equipe do Centro de Referência em Doenças Endêmicas e Programas Especiais (CREDENPES), para acompanhamento de contatos domiciliares assintomáticos (sem nenhum sintoma da doença) utilizando a técnica molecular chamada Reação em cadeia da polimerase-quantitativa, verificou-se que 24% desses contatos estavam infectados.
As informações geradas pelo estudo descrito acima corroboram a ideia central de associar ferramentas laboratoriais a processos operacionais de monitoramento de contatos domiciliares de hanseníase para a obtenção de um controle mais eficaz da doença. Entretanto, para que se possa pensar em alcançar a meta para eliminação da doença, novas estratégias de vigilância e educação continuada em saúde devem ser implementadas.
Pensando nisso, a professora Lúcia Fraga criou o projeto “Educação continuada em saúde: ações de prevenção, promoção e controle da hanseníase em comunidades de alto risco”, que entre os dias 6 e 10 de março realizou atividades junto aos estudantes da Escola Municipal Professora Laura Fabri e aos usuários do Posto de Saúde do bairro Azteca. “Tais práticas são de grande relevância no contexto da hanseníase, especialmente nas comunidades que apresentam alto risco de adoecer. Sendo assim, o presente projeto propõe atividades educacionais que têm sido desenvolvidas contemplando crianças em idade escolar, professores, familiares, equipes de saúde do Centro de Referência e das Estratégias de Saúde da Família e treinamento de estudantes do curso de medicina para suspeição diagnóstica e para a realização de atividades de educação em saúde”, destacou Fraga.
O projeto é desenvolvido com a participação de Lorena Bruna, Rafael Gama e Pedro Henrique, professores da Univale e doutorandos dos programas de Pós-Graduação da UFJF em Juiz de Fora e Governador Valadares.
Estudantes dos cursos de saúde da UFJF-GV e Univale participaram das atividades junto às crianças de cerca de oito anos, que escutavam atentamente as informações transmitidas através de brincadeiras e rodas de conversa. “Falamos sobre conceito de saúde, a importância da percepção dos sintomas da hanseníase e de procurar os postos de saúde em caso de surgimentos destes sintomas”, destacou Ananda Carvalho Martins, acadêmica do segundo período de Medicina da UFJF-GV.
“Foi uma experiência interessante, pois os estudantes da escola sabiam algumas coisas aprofundadas sobre o tema, apesar da pouca idade. Foram receptivos e participaram de todas dinâmicas”, afirmou Gustavo Andrade Alencar, também estudante do segundo período do curso de Medicina da UFJF-GV.
Participaram ainda das atividades no bairro Azteca, os médicos do Serviço de Saúde do Município, Rosemary Ker e Kennia Anastacio, bem como a enfermeira Érica Magueta, da UFJF-GV, e a professora Maria Gabriela Bicalho, do Departamento de Medicina da UFJF-GV.
Confira as fotos: