A formação inicial de professores de Ciência e Biologia para a Educação Ambiental foi abordada nos estudos da tese de doutorado da acadêmica Elizabeth Bozoti Pasin. Essa temática é considerada obrigatória na grade curricular de todos os níveis de ensino, desde a Lei 9795/1999. A pesquisa, intitulada “A formação de professores de biologia atuantes no Ensino Básico e a construção de uma perspectiva interdisciplinar na Educação Ambiental (EA)”, foi apresentada no último dia 20, no Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) .
Atuando como docente há quase 20 anos, a doutoranda acredita que a escola é um espaço privilegiado para refletir sobre a crise ambiental, e os professores de Ciência e Biologia são elementos-chave para estimular esta reflexão. Por isso, se interessou em pesquisar quais são os discursos que os licenciandos em Ciências Biológicas têm contato durante sua formação acadêmica e quais destes apresentam maior influência sobre os sentidos que eles elaboram a respeito da educação ambiental escolar. “De acordo com a legislação educacional, a EA deve incluir aspectos sociais, políticos, históricos e culturais, além dos ecológicos. Entretanto, os currículos escolares habitualmente trabalham essa temática de forma superficial, pontual e fragmentada, focando primordialmente nos aspectos ecológicos e biológicos”, explica Elizabeth.
Diante desse cenário, a pesquisa se constituiu na análise de documentos legislativos, ementas e os conteúdos de disciplinas que compõem a grade curricular da licenciatura em Ciências Biológicas da UFJF. A acadêmica também analisou as respostas a um questionário de licenciandos, professores de EA dos colégios onde eles estagiam e de docentes universitários apontados pelos próprios graduandos por trabalharem o conceito de EA . Os pesquisadores analisaram, ainda, o discurso dos professores e dos futuros colegas de profissão, por meio do referencial teórico-metodológico da Análise de Discurso Francesa. Esta linha de pensamento destaca, de uma maneira geral, que nenhum discurso se origina isoladamente, mas sim por meio das relações entre as pessoas.
“Concluímos que o papel desempenhado por professores de Ciências e Biologia nas escolas como disparadores e articuladores de discussões relacionadas à EA demanda uma interação mais aprofundada e regular na sua formação inicial com discursos que não se restrinjam a aspectos biológicos e que tratem não apenas da conservação da natureza”, expõe a doutoranda. Ela destaca, ainda, que esta visão mais restrita sobre a educação ambiental se relaciona com a formação e é influenciada pela primeira legislação brasileira em EA, a Lei 6938/1981. Para Elizabeth, “os resultados trazem indícios sobre os discursos que estarão circulando nas escolas nos próximos anos e também subsidiam reflexões sobre aspectos da Licenciatura.”
Contato:
Elizabeth Bozoti Pasin (Doutoranda):
bethpasin@gmail.com
Prof. Dr. Reinaldo Luiz Bozelli (Orientador):
bozelli@biologia.ufrj.br
Banca examinadora:
Reinaldo Luiz Bozelli (UFJF)
Cristhiane Cunha Flôr – (UFJF)
Vicente Paulo dos Santos Pinto – (UFJF)
Alexandre Ferreira Lopes – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Celso Sánchez Pereira – UNIRIO
Outras informações: (32) 2102 – 3227 – Programa de Pós-Graduação de Ecologia