O quanto a desigualdade de renda e acesso à educação pode refletir na saúde das pessoas? Esse é uma das interrogações que a dissertação de mestrado “Classe Social, Renda, Escolaridade e Desigualdade de Saúde no Brasil” buscou responder.  A pesquisa foi apresentada nessa segunda-feira, 20, pelo mestrando Renan Marcelo Alves Coimbra, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCSO) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Segundo o mestrando, pessoas situadas em classes sociais mais baixas têm desvantagens em relação às condições de vida e trabalho e maior propensão a comportamentos insalubres. “Melhor remuneração significa oportunidades mais amplas de gastos com alimentação, lazer e habitação, além de redução de riscos, como o estresse e o sofrimento. Para aqueles com saúde debilitada, retarda a progressão de doenças e propicia-lhes maior qualidade de vida por meio de uma melhor possibilidade de aquisição de cuidados de saúde, de modificação do local de trabalho e de ambientes domésticos”, contextualiza o acadêmico.

Neste sentido, a pesquisa destaca que pessoas mais próximas do topo da pirâmide social têm melhores condições de saúde, não necessariamente pelo acesso a tratamentos avançados e pela oportunidade de irem ao médico com frequência. “Este é um aspecto importante. Porém, os tipos de padrões de vida mais seguros, confortáveis e menos estressantes propiciados pela posse de recursos, como mostra a literatura internacional, são os principais fatores ligados à ausência de doenças e à maior longevidade”, avalia o pesquisador.   

A desigualdade no acesso à educação também é vista como fator determinante para a saúde do indivíduo. Comportamentos adquiridos na infância têm maior chance de permanecer ao longo da vida, para o bem ou para o mal. Para Renan Coimbra, “condutas aprendidas na infância, como a influência do estilo de vida familiar, têm maiores chances de serem mantidas nas fases seguintes da vida que aquelas não aprendidas. Por outro lado, a socialização junto a comportamentos saudáveis, além de menor exposição, influencia na identificação e cuidados diante dos fatores de risco.”

Para o professor orientador da dissertação, José Alcides Figueiredo Santos, a saída para a redução na desigualdade de saúde está na correção das “causas das causas” do adoecimento. De acordo com o professor, “é necessário resolver as desigualdades pré-existentes em recursos como a educação, para evitar riscos ou minimizar as consequências da doença quando ela ocorre. Um caminho potencial para melhoria da saúde da população são as intervenções ou alterações que beneficiam a base da pirâmide social”, conclui.

Contato:
Renan Marcelo Alves Coimbra (mestrando)
renan.coimbra@educacao.mg.gov.br

Prof. Dr. José Alcides Figueiredo Santos (orientador)
jose.alcides@ufjf.edu.br

Banca Examinadora:
José Alcides Figueiredo Santos (orientador – UFJF)
Luiz Flávio Neubert (UFJF)
Flávio Alex de Oliveira Carvalhaes (UFRJ)

Outras informações: (32) 2102-3113 – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCSO)