O mestrando Luis Carlos Henriques Monteiro pesquisou de que forma a figura do inspetor escolar pode interferir na emissão de diplomas para alunos concluintes do ensino médio nas escolas estaduais e como tal trabalho burocrático também acarreta desafios no dia a dia deste profissional. O acadêmico defendeu a dissertação de mestrado intitulada “Os Desafios da Inspeção Escolar da Regional Metropolitana I, em Nova Iguaçu/RJ, na certificação dos alunos concluintes das escolas estaduais e extintas”, na última sexta-feira, 17. O estudo foi desenvolvido por meio do Programa de Pós-graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O trabalho aponta como os inspetores escolares que atuam em Nova Iguaçu ficam responsáveis pela certificação dos alunos concluintes e os desafios pelos quais passam para garantir que os estudantes tenham seus diplomas. Conforme explica o professor orientador, André Bocchetti, no Estado do Rio de Janeiro, os inspetores ainda detém para si a chancela final sobre a certificação dos alunos. “Esse é um padrão que se mantém em pouquíssimos estados do Brasil e a forma como essa certificação se dá causa problemas que são enfrentados por toda a rede fluminense de ensino.”
Para fundamentar seu texto, Monteiro estudou documentos em quatro escolas estaduais da cidade de Nova Iguaçu (RJ) no período de 2009 a 2014. Ele identificou que, do total de alunos concluintes, apenas 24,18% tiveram suas certificações publicadas no período normal. Outros 66,56% foram certificados com atraso e 9,26% sequer receberam certificação. Ele também realizou entrevistas com os diretores regionais, com os coordenadores de gestão de pessoas, de inspeção escolar e de escolas extintas, com os diretores e secretários escolares, além de aplicar questionários aos inspetores escolares.
Entre os problemas que causam o atraso está o grande controle que os inspetores detém sobre os processos burocráticos de toda a rede, agravado pela escassez de profissionais. Dificultam, ainda, a burocracia em excesso, a falta de autonomia das escolas e a despreocupação dos familiares dos alunos. “Há uma despreocupação de pais e responsáveis em providenciar a documentação pessoal e escolar antes do fim do curso, assim como a falta de consciência dos possíveis efeitos dessa situação. Nas unidades educacionais, a preocupação é quase que exclusiva dos secretários e equipe.”
O professor orientador do projeto, André Bocchetti, acredita que o trabalho contribui por ser um problema pouco estudado. “O aluno efetivamente foi estudar as questões burocráticas e os limites da certificação, mas aponta para uma situação social importante. Se a certificação não for solucionada, o problema atinge a um grupo grande de alunos, já que o diploma tem uma função social. Ao levantar essa questão, a pesquisa ajuda a discutir o poder de controle do supervisor frente a real função do cargo”, avalia.
Contato:
André Bocchetti (orientador)
andreb.ufrj@gmail.com
Luis Carlos Henriques Monteiro (mestrando)
luiscmonteiro@gmail.com
Banca examinadora:
André Bocchetti (Orientador -Caed UFJF/UFRJ)
Elisabeth Gonçalves de Souza (membro interno -Caed UFJF/CEFET-RJ)
Jane do Carmo Machado (membro externo – UCP)
Outras informações: (32) 4009-9319 – PPG em Gestão e Avaliação da Educação Pública