A mestranda Vanessa Cerqueira Teixeira, do Programa de Pós-graduação em História, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), defendeu nesta sexta-feira, 17, a dissertação “Fé e cultura barroca sob o manto mercedário: hierarquias, devoções e sociabilidade a partir da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês de Mariana”. A acadêmica optou por uma perspectiva cultural para promover discussões sobre temáticas como a escravidão, a religiosidade, a sociedade diversificada do período e as irmandades mineiras.
O estudo analisou a Irmandade de Nossa Senhora das Mercês, enquanto instituição social e devocional em um recorte espacial focado na cidade de Mariana (MG). Nesse contexto, a pesquisa também foi ampliada em um recorte temporal para Minas Gerais nos séculos XVIII e XIX, períodos colonial e imperial da História do Brasil e da história mineira. A partir da análise histórica das Irmandades, apontou-se questões como o fato de que estas eram divididas de acordo com as camadas sociais em um contexto hierárquico desigual e segregador entre templos de africanos escravizados, seus descendentes crioulos, pardos e brancos.
O trabalho foi segmentado em duas etapas, sendo a primeira centrada na busca pela compreensão do contexto social em que a irmandade estava inserida, a partir de questões como a construção de identidades, hierarquização e sociabilidades em que diferentes grupos buscam espaço e desenvolviam possibilidades de relações. Em um segundo momento, analisou-se a religiosidade e a constituição de uma cultura barroca na sociedade colonial mineira, uma vez que as irmandades também se consagraram pela função de assistência frente às doenças e à morte.
Observou-se ainda o amplo espaço que essas associações conquistaram, o que possibilitou reflexões nas âmbitos político, econômico, social, cultural, religioso e artístico. “Esse passado deve ser sempre investigado, e são as pesquisas históricas que permitem a atualização do nosso conhecimento sobre nós mesmos, nossas tradições e nossas origens. Aí também está a importância da disciplina nas escolas, pois a atualização das pesquisas sobre diferentes temáticas direcionam a renovação dos materiais didáticos”, aponta Vanessa.
A professora orientadora, Célia A. Resende Maia Borges, destaca a importância em conhecer a força e a expressão das irmandades no Brasil colonial, uma vez que fazem parte da nossa história. “Somente em Minas foram criadas cerca de 365 associações. A Coroa portuguesa proibiu a fixação de ordens religiosas regulares na região mineradora e expulsou algumas que tentaram se instalar. Dessa forma, as irmandades foram as grandes promotoras da vida religiosa e as responsáveis pela edificação da maior parte das igrejas que vemos hoje no interior de Minas do período colonial. Além disso, a produção artística do interior de Minas deveu-se ao investimentos dos membros dessas confrarias.”
Contato:
Vanessa Cerqueira Teixeira (Mestranda)
vanessa.teixeira@ufv.br
Célia A. Resende Maia Borges (Orientadora)
celiarmb@yahoo.com.br
Banca examinadora:
Célia A. Resende Maia Borges (UFJF)
Mônica Ribeiro de Oliveira (UFJF)
William de Souza Martins (UFRJ)
Outras informações: (32) 2102-3129 – Programa de Pós-graduação em História