A exposição diária a diversos ruídos no ambiente profissional é prejudicial à saúde do funcionário e, por consequência, à rotina do trabalho realizado. Para medir e analisar os efeitos dessa poluição sonora, três estudantes da Faculdade de Medicina do campus avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) realizaram uma pesquisa junto aos funcionários do Hospital Municipal de GV (HMGV). O estudo foi desenvolvido sob orientação da professora Ione Matos, e resultou na publicação do artigo “Medida do nível de ruído hospitalar e seus efeitos em funcionários a partir do relato de queixas”.
Estudantes da UFJF-GV com o decibelímetro usado na pesquisa. (Foto: divulgação)
A pesquisa foi idealizada em 2013, a partir da disciplina de Biofísica, ministrada à época pela professora Ione. Durante as aulas, a equipe estudou as ondas sonoras e sua interferência no ser humano, o que incentivou Kléber Proietti, Loraine Oliveira e Rodrigo de Paiva a aprofundarem a abordagem e utilizarem o Hospital Municipal como referencial de pesquisa.
Durante uma semana, foram coletadas as medidas do nível de ruído no HMGV, através de um equipamento chamado decibelímetro. Para a análise, foram escolhidas áreas como enfermarias, pediatria, UTI neonatal, pronto-socorro e maternidade. Além disso, 235 funcionários do hospital preencheram um questionário sobre a exposição aos ruídos. Segundo a professora Ione Matos, foram necessários muitos estudos científicos para embasar a pesquisa e adaptar a metodologia à realidade do Hospital. “Contamos com a preciosa colaboração do Professor Luiz Gonzaga, meu colega e professor de Fisiologia e Biofísica, para nos orientar no manuseio e na calibração do decibelímetro”, relembrou.
Após a análise dos dados, foram constatados elevados níveis de ruído nos setores da maternidade, UTI neonatal, enfermarias masculina e feminina, pediatria e pronto socorro, e ainda queixas dos funcionários sobre desconforto e zumbido antes e após a exposição ao barulho. Quanto à percepção sobre o ruído no contexto hospitalar, foi observado que os trabalhadores consideram o local de trabalho ruidoso, e se incomodam com o barulho.
Para o discente Rodrigo de Paiva, ao longo da pesquisa, foi possível detectar a interferência negativa do ruído no cotidiano dos pacientes. “O barulho em excesso pode interferir na recuperação do pós operatório, e, muitas vezes, no desenvolvimento de um recém-nascido, como no caso da UTI neonatal. Espero que nossa pesquisa e os resultados sirvam de base para uma conscientização da importância do manejo da poluição sonora”, comentou.
Com o estudo, é possível apontar a necessidade do desenvolvimento de ações que modifiquem a gestão e manutenção de equipamentos geradores de ruídos, bem como informações aos profissionais de saúde e áreas afins sobre os efeitos nocivos da exposição ocupacional ao ruído. Quando exposto a ruídos, o organismo entende uma situação de estresse, e, dessa forma, responde a este quadro com o aumento dos níveis séricos de adrenalina e cortisol. Esse aumento pode interferir na recuperação de um paciente hospitalizado.
O trabalho foi realizado com autorização da direção do HMGV. Clique aqui para acessar o artigo publicado na Revista CEFAC.