dissertação ecologia

Diego Nascimento destacou que os estudos de impactos ambientais no Brasil geram interesse internacional (foto: Jade Uchoas/UFJF)

O mestrando Diego Raymundo Nascimento defendeu nesta quinta-feira, 16, a dissertação “Artificial Reservoirs Affect Tree Functional Components Of Tropical Dry Forests”, em tradução livre “Reservatórios Hídricos Artificiais Afetam os Componentes Funcionais da Vegetação Arbórea em Florestas Tropicais Secas” . O trabalho foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPG-Ecologia/UFJF) e é composto inteiramente em inglês, o que é parte de um projeto para gerar interesse no exterior sobre o estudo realizado.

Dry forest é um termo que marca o contexto internacional que o estudo almeja. Em uma tradução livre, as “florestas secas”, se caracterizam por regimes sazonais de chuvas e estações mais bem definidas. No Brasil, os biomas Cerrado, que foram alvo do estudo, e a Caatinga são representações desse tipo de vegetação. Ao redor do mundo, é encontrada em locais como savanas africanas, Austrália, Índia e México.

Não é de hoje que os estudos de impactos ambientais no Brasil geram interesse internacional. A dissertação de Nascimento tem respaldo do professor Lourens Poorter, da Wageningen University, na Holanda, que almeja uma cooperação com o trabalho para a produção de um artigo científico que será endereçado para alguma das principais revistas sobre Ecologia do mundo. O orientador do trabalho, professor do PPG-Ecologia da UFJF, Fabrício Alvim Carvalho, indica que a internacionalização é um grande objetivo “O artigo para uma revista internacional auxilia a aumentar o conceito dos nossos projetos. Nós incentivamos os alunos a essa cooperação. E é algo que conta com grande interesse exterior.”

Diego Nascimento teve seu estudo focado nas imediações de uma hidrelétrica no Triângulo Mineiro, área considerada parte do Cerrado. A análise foi realizada em parceria com o Laboratório de Ecologia Vegetal da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Segundo o acadêmico, uma das grandes importâncias foi a abrangência do estudo: “o grupo monitora áreas inundadas por reservatórios pelas hidrelétricas há dez anos. São observações não só em termos de espécies, mas também as características funcionais e dinâmicas do local.”

O trabalho foi realizado com base em um inventário das espécies vegetais encontradas na região após dez anos da construção da barragem, e a consequente chegada da água na proximidade da vegetação. Segundo Nascimento, com estes estudos, foi possível traçar as características locais: “A partir dessas informações de dinâmica florestal, utilizamos bancos de dados com características de cada espécie para analisar como a comunidade mudou ao longo do tempo, em relação à diversidade de espécies, características funcionais de cada espécie e qual a real influência da represa.”

Alterações na densidade da madeira e nas folhas compostas foram as mais significativas encontradas pelo estudo. Densidades mais altas são características de vegetação com pouca disponibilidade de água no solo. Esse cenário foi alterado após a construção da hidrelétrica. O grupo esperava encontrar uma diminuição na quantidade de espécies de folhas compostas, comuns em ambientes com alta luminosidade, o que não se concretizou. Segundo o mestrando, os resultados foram demonstrativos da influência causada pelo homem: “de forma geral, nossos resultados indicam que a represa pode alterar a funcionalidade de florestas tropicais secas, seja por fatores como aumento da água ou por fatores como aumento da incidência de luz.”

As alterações encontradas vão na contraposição do senso comum de que a energia a partir das hidrelétricas é limpa e, portanto, de baixo impacto ambiental. Segundo Nascimento, “nosso estudo evidencia mais um potencial efeito que a construção desses empreendimentos pode gerar, dessa vez, em comunidades arbóreas.” O mestrando indica, ainda, as potenciais consequências destas construções: “comunidades arbóreas apresentam um papel fundamental na conservação da biodiversidade e estoque de carbono na terra, e a construção de barragens pode ser um alterador desses sistemas. E também é um ótimo estudo de caso para ajudar a prever como florestas se adaptarão às mudanças climáticas.”

Contato:

Fabrício Alvim Carvalho (orientador):
fabricio.alvim@ufjf.edu.br

Diego Raymundo Nascimento (mestrando)
diegoraynascimento@gmail.com

Banca examinadora:
Fabrício Alvim Carvalho (UFJF)
Simone Jaqueline Cardoso (UFJF)
Marcelo Leandro Bueno (UFV)

Outras informações: (32) 2102-3227 – Programa de Pós-Graduação em Ecologia