dissertação de Física

Rodolfo Rocha destaca a maior interação e cooperação entre os estudantes com o uso da tecnologia (foto: Luiz Carlos Lima/UFJF)

 O ensino da física pode estar na palma das mãos, mais precisamente no telefone celular. Essa é a proposta do produto desenvolvido pelo acadêmico do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rodolfo de Souza Rocha, que defendeu sua dissertação nessa segunda-feira, 13. Com o título “Utilização das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação para a Aplicação da Metodologia Peer Instruction no Ensino de Física no Ensino Médio”, o trabalho visa aulas menos expositivas e com mais participação dos alunos.

A metodologia peer instruction ou instrução pelos colegas foi inventada pelo professor Eric Mazur, da Universidade de Harvard, e é simples. Após ter um contato prévio com o conteúdo da aula de Física, com leituras em casa, por exemplo, os alunos ouvem uma breve exposição do assunto feita pelo professor. Depois, os estudantes são convidados a responder, pelo celular, a questões de múltipla escolha sobre o tema e, dependendo do resultado, devem discutir entre si porque consideram as respostas certas ou erradas. Um pequeno debate antecede a reaplicação das questões, quando o professor revela a resposta correta.

Com as respostas em mãos, o professor é capaz de estimular discussões entre os alunos sobre cada uma das perguntas. O desafio é convencer o colega de classe de que a sua resposta é a certa. “As vantagens da metodologia são a maior interação e cooperação entre os estudantes; o reforço da prática da argumentação; o fato de que os alunos estão cognitivamente mais próximos uns dos outros, facilitando a troca de informações e a redução do tempo de aula expositiva”, defende Rocha.

O diferencial do trabalho do mestrando é a aplicação da metodologia por meio do celular. Rocha desenvolveu um sistema de votação eletrônica, em que os dispositivos móveis dos alunos são conectados a uma rede wi-fi local, ancorada no computador do professor. As respostas enviadas dos celulares dos estudantes alimentam instantaneamente um planilha no computador do docente, que pode aferir os resultados com mais velocidade. “O uso da tecnologia torna mais rápida a aquisição dos dados, mais fácil o armazenamento, mais difícil de haver a cola nas respostas e é muito mais atraente para os alunos”, ressalta o acadêmico.

Usando o HTML para a visualização nos celulares, o PHP no computador central e um banco de dados em SQL, Rocha aplicou a metodologia e o sistema na Escola Estadual de Ensino Médio Monsenhor Miguel de Sanctis, no município de Guaçuí (ES), onde trabalha. No total, 155 alunos do 1º ano do Ensino Médio, divididos em quatro turmas, participaram das aulas interativas. Eles responderam sete questões sobre a 1ª e a 3ª leis de Newton, da inércia e da ação e reação, respectivamente.

“Essa experiência criou um ambiente diferenciado em classe. Os alunos gostaram muito e queriam que todas as aulas fossem nessa metodologia. Eles vibravam quando acertavam as questões, mesmo os mais introvertidos. Em alguns momentos, parecia um programa de auditório. Os estudantes achavam interessante e prático usar o celular e o sistema se mostrou muito eficiente e fácil de montar. Além de ter, claro, ajudado no entendimento dos conceitos da física, já que muitos alunos mudavam de opinião para as respostas certas, após os momentos de discussão com os colegas”, avalia o mestrando.

A professora orientadora Giovana Trevisan Nogueira acredita que o ensino da física ganha muito com a aplicação da metodologia peer instruction e do sistema informatizado. “Na física, há muitas questões conceituais que podem ser discutidas, aulas assim fogem do ensino tradicional que limita a física às aplicações matemáticas e fazem os alunos mudarem de opinião sobre a matéria. A grande novidade desse projeto foi a automatização, pois deixa a aula mais dinâmica, o professor consegue armazenar as respostas para análise posterior e a aula tem um atrativo. Sem contar que a metodologia é muito usada no ensino superior, mas pouco difundida no ensino médio.”

Contato:

Giovana Trevisan Nogueira – giovana@fisica.ufjf.br

Banca examinadora:
Giovana Trevisan Nogueira (orientadora – UFJF)
José Luiz Matheus Valle (membro interno – UFJF)
Rickson Coelho Mesquita (membro externo – Unicamp)

Outras informações: (32) 2102-3322 – Programa de Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF)