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O projeto da Rampage conta com 28 membros, pertencentes aos mais diversos cursos de Engenharia e do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF (Foto: Gessica Leine)

Ir aos Estados Unidos disputar a competição internacional da Sociedade de Engenharia Automotiva (SAE) com um carro off road construído pelos próprios alunos. Este é o grande sonho da equipe Rampage Baja da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que ainda tem muitas etapas antes de chegar ao mais alto escalão da SAE. A sociedade promove no Brasil para a categoria Baja competições regionais, e uma nacional, neste ano realizada em São José dos Campos, em março, e que será a estreia da Rampage no âmbito brasileiro.

O projeto da Rampage conta com 28 membros, pertencentes aos mais diversos cursos de Engenharia e do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF. O objetivo da equipe é participar das competições da SAE no âmbito estudantil automotivo, que exigem que estes construam um modelo monoposto para disputar em terrenos off roads, com obstáculos que vão desde pedras a pedaços de madeira. Este tipo de disputa, o estilo Baja, também é promovida pela SAE em outros três países: Estados Unidos, Índia e México.

Existem duas fase de avaliação para as competições Baja. A primeira é estática, sendo composta pelos processos de um projeto: projeção, construção e validação a partir de testes. Neste momento, critérios como a segurança e a viabilidade financeira do modelo são levados em conta. Posteriormente, ocorrem as avaliações dinâmicas, que englobam atribuições como velocidade e aceleração, e o principal quesito, a resistência, que exige dos competidores para que o carro consiga percorrer o circuito off road por um período de quatro horas.

O projeto desenvolvido pelos alunos passa por duas fases de avaliação nas competições, sendo uma delas prática e outra dinâmica. (Foto: Gessica Leine)

Na última fase regional, que ocorreu no ano passado em Piracicaba (SP), a Rampage teve problemas na fase estática, e acabou não conseguindo disputar a dinâmica. Esta foi a primeira competição que a equipe, criada em 2015, conseguiu disputar. Pensando na participação nacional, o grupo busca inovação com uma carenagem desenvolvida por um novo equipamento, dos próprios estudantes, o que segundo a aluna do sétimo período de Engenharia Mecânica, Brenda Felix, “possibilita fazer uma carenagem mais simples, e portanto, podendo ficar mais atraente. Dentro da competição é avaliado a viabilidade do carro no mercado. Então, um carro que não é ‘quadrado’, acaba sendo um atrativo”. O desenvolvimento da carenagem é uma das atribuições dos estudantes do IAD no projeto.

O aluno do nono período do IAD, Daniel Braga, avalia a experiência de contribuir em um projeto multidisciplinar como este: “É muito bom estar aqui. É uma oportunidade prática de ver tudo aquilo que tivemos em sala de aula. Além disso, é um diálogo muito bom, e você aprende com outras áreas, com jeitos de pensar diferente e jeito de projetar diferente.” O aluno ainda aponta a importância de se aprender a equilibrar partes do projeto como o design e a técnica.  Para o professor do departamento de Engenharia Mecânica e de Produção da UFJF e coordenador do projeto, Romir Soares, este equilíbrio é fundamental: “Todas as profissões precisam de outras áreas, atender a critérios, e de negociar. Há conflitos entre a técnica, a aparência e a parte financeira”.

Soares também vê como positiva a experiência adquirida pelos alunos na Rampage. “É fantástico em termos de completar ao que os alunos aprendem no curso. Ali estão todos os desafios para a construção: a equipe tem de ter uma gestão de projeto, o financiamento, além da parte técnica”. A oportunidade de aprimorar as relações pessoais é um dos pontos apontados como mais positivos no projeto pela aluna Brenda Felix : “Ter a oportunidade de aprender a lidar com as pessoas. Nós sairemos daqui como profissionais, e teremos de saber gerir as pessoas, para todos estarmos no mesmo objetivo. É importante para nosso crescimento pessoal”.

A Rampage corre contra o tempo para conseguir custear sua participação na fase nacional. A equipe busca promover ações de arrecadação com pessoas próximas, além de expor o trabalho ao público em geral, como detalha Brenda: “Estamos pensando em fazer uma rifa, além de uma ação de divulgação do projeto sábado agora (dia 28), no Centro. Vamos mostrar para a população, para eles verem o que estamos fazendo aqui na Universidade. Iremos inclusive ligar o carro. E buscamos patrocínio, de forma financeira, em serviços ou em peças, que é o que mais conseguimos até agora.” Até o momento, quase 90 concorrentes já se inscreveram para a disputa nacional.

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A oportunidade de aprimorar as relações pessoais é um dos pontos levantados como mais positivos no projeto pelos alunos participantes (Foto: Gessica Leine)

Apesar do foco em disputar a competição nacional em São José dos Campos (SP), os membros da Rampage não escondem o sonho de chegar à fase internacional nos Estados Unidos. É o que demonstra o coordenador Soares: “Temos de ter ambição. A curto prazo, o que temos é o nacional, nossa primeira competição. Daqui dois anos, podemos ser mais competitivos. E no horizonte de longo prazo, queremos conquistar melhores resultados”.  

A animação gerada pela perspectiva também é endossada pelo estudante do sétimo período de Engenharia Mecânica, Otávio Arruda: “Essa expectativa de competir internacionalmente é um sonho da equipe, vislumbrando o futuro. Estamos partindo para a consolidação da equipe como projeto de base da UFJF, um projeto que abre uma grande gama de oportunidade aos alunos.” Pensando em longo prazo, os membros da Rampage esperam abrir mais uma seleção no final de 2017.

A SAE é uma sociedade fundada em 1905, que tem como foco desenvolvimentos em engenharia. Além disso, conta com Henry Ford, criador da empresa Ford e filantropo, como um de seus membros fundadores. No Brasil, além das competições Baja, a sociedade realiza disputas entre estudantes em áreas como a aeronáutica e carros Fórmula.

Outras informações: Rampage Baja UFJF