Com o objetivo de alinhar Engenharia e responsabilidade social foi criado há 13 meses, por alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o núcleo juiz-forano da organização não-governamental Engenheiros Sem Fronteiras. Consolidada em novembro de 2015, a ONG conta com 20 alunos das engenharias de Produção, Civil, Mecânica, Elétrica e Ambiental. Eles atuam em projetos de engenharia e ações sociais voltadas para a comunidade, sejam entidades filantrópicas ou pessoas e famílias carentes.
Atualmente, o grupo de alunos trabalha no desenvolvimento de um aquecedor solar produzido com material reciclado, como garrafas pet e embalagens longa vida. “Estamos na fase de finalização do protótipo, que passará por uma etapa de testes. Conforme for comprovada a eficiência, pretendemos disponibilizá-lo a alguma entidade que necessite de aquecimento nos dias de inverno. O benefício será a economia de energia e a redução na conta de luz”, explica a presidente Bianca Ruback, aluna do curso de Engenharia Civil. O grupo ainda planeja atuar em escolas públicas da cidade, com um labirinto eletrônico, dispositivo lúdico que tem o objetivo de despertar nos estudantes o interesse pelas engenharias.
No último ano, os Engenheiros Sem Fronteiras de Juiz de Fora realizaram bazares, palestras, projetos de usucapião, campanhas de arrecadação de alimentos e roupas, capacitação em informática para idosos, workshops e reformas residenciais. “Nesses 13 meses realizamos várias atividades, pensando em como usar as técnicas das engenharias para melhorar as vidas das pessoas. Então, são ações que visam impactar as comunidades carentes de forma positiva.”
Os trabalhos têm obtido sucesso. Um dos destaques foi o Bazar de Inverno, realizado em junho deste ano, na Praça dos Três Poderes, no Centro de Juiz de Fora. Durante um mês, a ONG espalhou 17 pontos de coleta de roupas e de cobertores a serem doados aos moradores de rua da cidade. O diferencial foi a entrega das três mil peças arrecadadas às pessoas atendidas. “Simulamos o ambiente de uma loja a céu aberto, para manter a dignidade das pessoas em situação de rua. Eles iam ao bazar e tinham a oportunidade de escolher as roupas que queriam, experimentar, e decidir se iam ficar com elas. Foi algo muito positivo”, considera Bianca.
Outra ação interessante foi a realização do workshop em Educação Ambiental, oferecido a professores da rede pública e voltado à produção de brinquedos com material reciclável. O curso rápido foi incrementado com uma palestra sobre eficiência elétrica no dia a dia, que ensinou maneiras simples de reduzir a conta de luz, como a substituição de lâmpadas incandescentes pelas de LED para os ambientes de casa. Os alunos contam com o apoio de empresas privadas para a realização de diversas ações.
Professores apoiam a iniciativa
A ONG conta com o apoio de diversos docentes da Faculdade de Engenharia, especialmente os professores Jordan Henrique de Souza, do Departamento de Transportes e Geotecnia, e Vanderli Fava de Oliveira, do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica. Segundo Oliveira, a organização é uma atividade acadêmica bastante incentivada mundo afora e, embora esteja no início em Juiz de Fora, já tem levado aos discentes experiências enriquecedoras. “Unindo a responsabilidade social com a questão ambiental, esses estudantes conseguem chegar ao conceito de sustentabilidade. O principal é o fato de ser uma iniciativa dos alunos e esta prática vai ser muito útil para a vida deles, tanto no âmbito profissional, como pessoal.”
O professor Jordan Henrique de Souza também elogia a iniciativa. Para ele, o despertar para a função social do engenheiro, além das questões técnicas e financeiras que envolvem a profissão, é um importante ganho. “No Engenheiros Sem Fronteiras, os próprios alunos assumem a dianteira, identificam o problema e buscam as soluções, por seus próprios meios. Assim, eles desenvolvem compromisso social, liderança, relacionamento interpessoal, trabalho em equipe e a visão interdisciplinar da engenharia, mostrando muita sinergia entre a nossa profissão e áreas afins.”
Quem pode participar
Os Engenheiros Sem Fronteiras de Juiz de Fora admitem novos membros a cada semestre. Podem participar estudantes de qualquer curso da Faculdade de Engenharia da UFJF. No início do próximo ano letivo está previsto um novo processo de seleção que conta com análise curricular, entrevista e apresentação de trabalho.
Pelo mundo
Entre os pilares dos Engenheiros Sem Fronteiras do Brasil estão a engenharia, a educação, a sustentabilidade e o voluntariado. Fundada na França, nos anos 1980, a organização espalhou-se pelo mundo e hoje atua em 60 países, como Espanha, Itália, Canadá, Reino Unido, Argentina, Alemanha e Suécia. No Brasil, são 35 núcleos, em dez estados, que contam com quase 800 membros.
Engenheiros sem Fronteiras-Juiz de Fora