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Soldados britânicos e alemães durante pausa, na zona de fogo, no dia 26 de dezembro de 1914 (Foto: Museu Imperial de Guerra)

Morte. Perdas. Dor. Primeira Guerra Mundial. Em dezembro de 1914, há 102 anos, a guerra estava com uma nova dinâmica: já havia chegado à Bélgica e, em especial, à região de Ypres, e tanto as tropas do exército imperial alemão quanto as tropas britânicas e francesas haviam marcado suas posições por meio de trincheiras: um cerco prolongado de trincheiras estáticas ao longo de 750 km.

Durante meses anteriores, combatentes dos dois lados estavam morrendo em um ritmo intenso; os ataques eram variados e consistiam em bombardeios, tiros com rifles de assalto e tentativas de avanço territorial. A rotina era essa e não havia previsão nenhuma para uma possível trégua.

Às vésperas do Natal, o inverno se intensificou. Há controvérsias sobre como de fato foi a festa natalina para aqueles homens: quem deu o primeiro passo para uma trégua temporária, como exatamente aconteceu. Mas, o mais importante, e o ponto em que todas as histórias convergem é de que os soldados retrocederam no combate.

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Soldados enterram compatriotas mortos na batalha ocorrida em 18 de dezembro de 1914 (Foto: Museu Imperial de Guerra)

Foi possível observar, de uma trincheira para outra, alguns soldados em clima festivo, dividindo seus fumos, bebendo e comendo sem se importar de serem vistos pelos inimigos. Essa postura, inicialmente isolada, outros participantes do conflito na área. Em outras regiões, no entanto, o conflito permaneceu.

Por fim, soldados saíram das trincheiras, atravessaram a zona de fogo (conhecida como “terra de ninguém”, onde os combates mais sangrentos aconteciam), para desejar “Feliz Natal” aos rivais e, eventualmente, trocar comida e charutos. A trégua momentânea também foi uma oportunidade para resgatar corpos de compatriotas mortos para serem enterrados e fazer reparos nas trincheiras.

A chamada Trégua de Natal de 1914 ocorreu somente cinco meses após o início da guerra na Europa. O clima do Natal, que era uma festa comum às nações envolvidas no conflito, contribuiu para um momento de confraternização. Mas “alguns oficiais ficaram insatisfeitos com a pausa e preocupados se ela poderia reduzir o espírito de luta”, conforme o Museu Imperial de Guerra, na Inglaterra. Nos anos seguintes de batalhas, que duraram até 1918, houve esforço dos comandos de guerra para que novas tréguas não ocorressem.  Apesar disso, houve novas pausas esporádicas e isoladas entre soldados, não apenas no Natal.

Fontes: Museu Imperial de Guerra e Museu de Imagens