“Um ano de lama na bacia do Rio Doce: a tragédia que não acabou” foi a temática discutida em mesa-redonda realizada no II Simpósio Mineiro de Geografia e no IV Seminário de Pós-graduação em Geografia (SIMGEO), nesta terça-feira, 29. A mesa-redonda contou com a presença dos professores Bruno Milanez (UFJF), Luiz Jardim Wanderley (UERJ), Alfredo Costa (UniBH) e mediação de Miguel Fernandes Felippe (UFJF).

O foco foi o debate sobre o licenciamento ambiental das barragens de rejeito de Minas Gerais, os contextos de probabilidade de riscos e os impactos socioambientais do rompimento. A mesa foi inaugurada pela fala do mediador Miguel Fernandes Felippe, que deu boas vindas e se sentiu agradecido pela realização do evento num contexto político difícil e por ter tido a oportunidade de debater sobre a tragédia que atingiu o Rio Doce.

Partindo do que causou o rompimento de Fundão, o professor Bruno Milanez falou sobre os aspectos econômicos, institucionais e de monitoramento de barragens da empresa Samarco. “O rompimento de uma barragem não acontece de vez em quando e, no caso de Fundão, não foi diferente. O rompimento de barragem é uma ação estrutural da atividade mineral. E  foi por conta do excesso dessa atividade que aconteceu essa tragédia”, ressaltou Milanez.

Sobre a questão do licenciamento ambiental, o professor  Alfredo Costa começou a sua fala mostrando uma imagem do Rio Doce um dia antes do rompimento. “O Rio Doce já sofria há pelo menos 80 anos um processo de urbanização considerado denso e que, por falta de responsabilidade no trabalho de uma empresa, hoje se encontra devastado.” O professor também destacou que é “impossível dissociar a sociedade do meio ambiente e dos processos sociais, físicos e culturais.”

Concluindo a apresentação, o professor Luis Wanderley,  pontuou os impactos socioambientais e as barragens de mineração. “O rompimento da barragem é só mais um elemento que foi desconsiderado durante muito tempo. Porque antes, as barragens eram soluções para os problemas dos rejeitos e não um problema gerado pelos rejeitos. Nessa tragédia, no ponto de vista da história da mineração no Brasil, os atingidos, infelizmente não são lembrados”, enfatizou.

O aluno do 8º período de Geografia da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), Igor  Paula, veio especialmente para o  evento e o considera importante para a ciência geográfica, tanto no contexto do estado de Minas Gerais, como para o país. “ Acredito que é sempre um momento de reflexão para temas de grande relevância, como o desastre ambiental em Mariana, pois é uma oportunidade de debater a questão política atual e o papel da Geografia dentro desses temas”, ressaltou.

A graduanda do 10º período do Bacharelado de Geografia da UFJF, Thaís Mendes, destacou que o encontro contribui  para a troca de aprendizado entre os  alunos. “Eventos, como o simpósio, possibilitam a permutação de conhecimentos, tanto para nós alunos da própria instituição, como para os pesquisadores e estudantes que estão nos visitando. Cada um de nós tem muito a transmitir e a aprender”, acentuou.

II SIMGEO

O II Simpósio Mineiro de Geografia e do IV Seminário de Pós-graduação em Geografia (SIMGEO) teve início no último dia 28 e segue até a próxima sexta-feira, 2. O evento é voltado para a comunidade acadêmica de Minas Gerais e é promovido pelo Departamento de Geociências e pelo curso de Geografia da UFJF. A iniciativa conta com o lançamento de livros, mesas-redondas, apresentação de trabalhos e palestras.

A programação completa do evento pode ser acessada neste link.

Outras informações: (32) 2102-3108 / 3121 – Geografia